sexta-feira, 7 de março de 2008

AS INSTITUIÇÕES PARTIDÁRIAS E SEU DESTINO. (JAN/2009)

PONTO DE VISTA.
AS INSTITUIÇÕES PARTIDÁRIAS E SEU DESTINO

Os índices de descrédito nas instituições políticas e nos políticos, revelados nas pesquisas de opinião, são preocupantes por atingirem o processo de solidificação da democracia. Os partidos brasileiros não se distinguem por seus programas, suficientemente vagos para acolher quase todas as idéias disponíveis, todos eles defendem elenco amplo de boas intenções: justiça social, desenvolvimento econômico, saúde universalizada, educação de qualidade, segurança pública, dentre outras.

Os partidos políticos e seus filiados são como a sociedade da qual fazem parte, heterogêneos onde convive o que há de pior: idealistas, realistas, individualistas, arrivistas, representando cada um a si mesmo e aos grupos dos quais fazem parte e, ou, se subordinam.

O PMDB não é exceção à regra. Interesses múltiplos o fragmentam e em época eleitoral se unem como convém. O PMDB, que se funda no pragmatismo eleitoral, consegue ser o que é exatamente porque se esquiva de nítida identidade ideológica. Nascido para opor-se ao governo militar, dentro dos limites conhecidos, teve que administrar os grupos ideológicos, assumindo a divisão entre autênticos e moderados. Findo o bipartidarismo, coube-lhe o papel de partido de centro, com facções à direita e à esquerda, mas essencialmente interclassista e nacional em seu amplo sentido.

Caso os partidos políticos venham a ser chamados a formularem propostas e programas inovadores que proponha mudanças, receio que não estejam à altura de fazê-los pelo fato de não terem acompanhado as profundas mudanças na sociedade e a sua revalorização de valores face as grandes mudanças ocorridas com o processo da globalização da comunicação, do conhecimento e dos mercados.

A vida em sociedade sofre mudanças profundas e constantes, fazendo com que as instituições políticas busque legitimação se transformando em intérpretes das novas aspirações da cidadania e, também, capazes de materializá-las.

Os partidos políticos no Brasil ainda funcionam com estruturas ultrapassadas e estanques, cada vêz mais distantes da sociedade ficando seus representantes políticos sem conexão com a realidade sem conseguirem interpretar as aspirações da população.

Os partidos políticos passam por um momento de desgaste na forma como se relacionam com os eleitores. Cresce o entendimento sobre a incapacidade dos partidos traduzirem os reais interesses dos cidadãos.

As instâncias decisórias dos partidos se distanciam daqueles a quem deveriam representar. Os acordos de gabinete e a desimportância das convenções partidárias são fatores relevantes para afastar o eleitor comum da vida partidária. Nesse contexto os partidos não conseguem vocalizar de maneira efetiva o que desejam os seus eleitores. Mantêm as mesmas formas atrasadas e centralizadas de decisão, afastando ainda mais os possíveis interessados numa vida partidária ativa.

“Se as instituições partidárias quiserem resgatar o respeito, o interesse e a confiança da sociedade, tem de proceder a um profundo saneamento ético da pratica política e partidária, e a retomada esta na mudança de comportamento através de estudos sobre temas de real interesse da sociedade (ecologia, desenvolvimento sustentável, aborto, casamento homossexual, legalização das drogas) que devem entrar na plataforma política dos partidos passando a se posicionarem claramente com relação a estes temas, devem criar mecanismos de “produção do saber”, e o pleno exercício da democratização interna com substância doutrinária e respeito as instâncias de decisões que são suas bases.”

“O papel do partido político é dar voz, canalizar as demandas da sociedade e as políticas públicas, intermediando os interesses entre sociedade civil e estado.”

Finalmente, devemos destacar outro fator que tem influenciado no enfraquecimento dos partidos que tem haver com o formato das campanhas eleitorais com mais propagandas na mídia, bem feitas, com mais imagens do candidato e menos do partido, o que personalizou muito a política. Os partidos políticos perderam, até certo ponto, o controle sobre o processo eleitoral. O sucesso eleitoral do candidato depende quase que exclusivamente dele, e obviamente da construção do seu marketing.

Concluo afirmando que em tempos de globalização as influências internacionais são inevitáveis e os reflexos e efeitos do que ocorre no mundo estão presentes em todos os setores da realidade, conjuntura e estrutura formando um só corpo, tornando esse quadro aparentemente irreversível.

Como parte desse processo não temos ilusões muito menos somos ingênuos para crer em mudanças, que embora necessárias e saneadoras, possam ocorrer à curto prazo. O processo é lento e doloroso, e com a tecnologia hiper-avançada faz com que o moderno e atual fiquem ultrapassados rapidamente. O processo social não tem o mesmo ritmo, avançamos socialmente dando um passo a frente e em seguida um e meio para traz. Daí o sucesso dos programas assistencialistas e dos políticos messiânicos.

Como o maior partido do Brasil, o PMDB tem uma tarefa importantíssima e daqui para frente pode alcançar a vanguarda histórica do processo político. As mudanças podem ocorrer exatamente em suas bases, diretórios zonais e municipais, e as lideranças devem estar atentas a esse fato para que não se surpreendam, pois são as bases que carregam seu destino.



Amaury Cardoso

e-mail: amaurycardosopmdb@yahoo.com.br http://www.amaurycardoso.blogspot.com/

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