PONTO DE VISTA.
Sabemos que é através da educação que se pode unicamente formar um cidadão, construir um caráter. Educação é o princípio, meio e fim na formação da cidadania, do homem em todo seu contexto, de suas idéias, de suas ações. A educação é a mola mestra de toda engrenagem da vida, é a fonte vital e inesgotável que alimenta cada mente humana. Todo cidadão é reflexo de suas construções ou vítima de suas destruições. Aprender, compartilhar experiências, momentos, perceber-se como ser integrante e totalmente mutável em um ambiente que transforma e que se transforma com nossas ações, são instrumentos que fazem parte da construção de caráter de um cidadão.
Percebo que muito já se discute a respeito das diversas modalidades de ensino existentes e das diferentes abordagens que podem ser adotadas. Mas, o que efetivamente está sendo posto em prática pelos educadores? Será que a “nova escola” esta adequada a nova realidade? Estará em sintonia com o constante processo de mudança social? Estará atenta a variação de valores e atuando no sentido de discuti-los e determiná-los? Penso que o problema que envolve o sistema educacional é mais amplo. Senão vejamos:
O pífio desempenho das escolas estaduais do Rio de Janeiro, na recente avaliação nacional, tem alguns indicativos que são sintomáticos. Enquanto as escolas da rede pública vão de mal a pior, as escolas particulares se firmam no cenário como as melhores do estado.
Desde que se iniciou o processo de desacreditar e reduzir a importância do papel estatal em alguns setores da sociedade, entre os quais a educação, nota-se a queda acentuada da qualidade dos serviços oferecidos à população, pois se iniciou um desmonte e descrédito da coisa pública visando beneficiar à iniciativa privada.
Somos do tempo que a escola pública era uma referência e as vagas eram disputadas ferreamente, pois se sabia da excelência da escola pública, ficando a iniciativa privada em segundo plano em razão de não terem como acompanhar o ritmo implementado pela rede pública, como por exemplo:
1- A grade curricular do antigo ginasial, hoje da sexta a nona série, incluía três línguas estrangeiras, o latim (indispensável ao domínio da língua pátria), o francês e inglês. Além disso, havia o desenho técnico, canto orfeônico e trabalhos manuais.
2- O aluno repetente ficava sujeito à “jubilação”, não podendo ficar reprovado duas vezes na mesma série sob pena de estar impedido de matricular-se na rede pública, sendo compelido a migrar para as escolas da rede privada que não tinham o mesmo nível de dificuldade e para isso, quem não podia pagar recorria à chamada bolsa de estudos.
3- A maioria das escolas particulares não podia dar-se ao luxo de exigir muito dos alunos, pelo fato de não poder correr o risco de não ter a renovação da matrícula, dependendo desta para sua sobrevivência.
Com o decorrer do tempo, veio a massificação do ensino, a construção de novas escolas, a facilidade de acesso a educação, tudo isso de grande importância para o desenvolvimento social, porém priorizando a quantificação estatística e valorizando a quantidade de alunos matriculados e a quantidade de alunos aprovados, independente de seu aproveitamento e conhecimento, passando o sistema a despejar pessoas no mercado desqualificadas, enquanto a rede privada tomou a dianteira exigindo mais, oferecendo educação de melhor qualidade fazendo com que a classe média optasse por matricular seus filhos nela.
Embora o governo estadual faça um esforço investindo em tecnologia e melhorias prediais, esse foco demonstrou-se ineficaz não resultando em melhorias para o ensino, vide as últimas avaliações nacionais. Na verdade deve-se repensar a carga horária dos alunos, remuneração digna aos professores, opção de arte e cultura mais efetiva, avaliação diagnóstica ao final de cada ciclo com reforços permanentes para a retirada de dúvidas e verificação de possíveis insuficiências, além da urgente revisão dos parâmetros curriculares nacionais. O assunto é vasto e complexo merecendo um longo debate e uma atenção prioritária daqueles que sonham, como nós, com uma grande nação que se constrói e sedimenta-se a partir de uma educação séria, responsável e conseqüente.
A educação deve ser considerada, além de seu aspecto acadêmico, social e psicológico, como o alicerce sobre o qual se desenvolve o espírito humano em toda sua plenitude.
Amaury Cardoso
e-mail: amaurycardosopmdb@yahoo.com.br
Blog: www.amaurycardoso.blogspot.com
Interessante esse seu artigo, já li um bem parecido! PARABÉNS.
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