sexta-feira, 7 de março de 2008

OS DESAFÍOS DA ZONA OESTE.(MAI/2009)

PONTO DE VISTA.


OS DESAFÍOS DA ZONA OESTE.

É nossa intenção, nesse artigo, procurar oferecer uma pequena contribuição, para o conhecimento da Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, seus problemas, suas carências, necessidades e possíveis soluções dentro da atual conjuntura.

Sabemos que a antiga correlação positiva entre o crescimento econômico e oferta de empregos já não é a mesma. Hoje se pode crescer sem empregar, devido ao desenvolvimento tecnológico. A chamada crise mundial também tem sua parcela de responsabilidade pela retração da oferta de empregos e desemprego. A estatística brasileira confirma a percepção geral: a oferta de empregos no país expande-se com vigor apenas na faixa de salários baixos ( até dois salários mínimos), isto é, no setor primário.

A Zona Oeste como não poderia deixar de ser, também sofre as conseqüências do atual momento, sendo no município do Rio de Janeiro a região que é atingida mais duramente, pois sua realidade social ser a mais precária, onde se concentra o contingente populacional de mais baixa renda. Paradoxalmente é a região onde o Rio de Janeiro ainda pode crescer dada a existência de vastas áreas com possibilidade de expansão residencial bem como industrial e comercial. Tradicionalmente uma região de vocação agrícola, tanto que, até décadas atrás era conhecida como zona rural, porem hoje a Zona Oeste mudou radicalmente seu perfil. Consideramos de vital importância a definição de uma agenda para essa região da nossa cidade, e que aumenta de amplitude quando verificamos que ao lado da possibilidade de dinamização econômica, existem importantes problemas de infraestrutura urbana e de situação social. Fomentar o desenvolvimento da cidade do Rio de Janeiro e de suas regiões, em particular da Zona Oeste, passa pela ampliação das reflexões e pesquisas sobre a realidade local e a criação de fóruns, para a integração entre o poder público com entidades empresariais e atores locais existentes na Zona Oeste.

Dados confiáveis levantados por uma pesquisa feita em parceria entre a UFRJ e a FAETC apontam para o fato de que entre o período de 1998 e 2006, a cidade do Rio de Janeiro mantém um crescimento pífio, sendo que do ponto de vista do emprego formal ocorre um crescimento para o total de todos os setores de atividade econômica de apenas 11,6%, contra um crescimento na cidade de São Paulo de 23,7% e na cidade de Belo horizonte 17,1%. Na mesma direção, para o total da indústria extrativa de transformação a evolução do emprego na cidade do Rio foi negativa em 1,5%, contra um crescimento na cidade de São Paulo de 7,4% e na cidade de Belo Horizonte de 20,1%.

Entre 1998 e 2006 a Zona Oeste – devido ao crescimento populacional bastante superior ao ocorrido na cidade do Rio de Janeiro e da ampliação de investimentos ocorridos na região- apresenta um crescimento para o total das atividades econômicas e para a indústria extrativa e de transformação bem mais consistentes que o da cidade do Rio de Janeiro, de respectivamente 29,5 % e 12,0%.

Em período mais recente, a cidade e o estado do Rio de Janeiro vêm apresentando um incremento do dinamismo econômico fruto da ampliação de investimentos privados no estado e de investimentos públicos, como os vinculados aos gastos para o Panamericano realizado em 2007 e os mais recentes vinculados ao PAC.

No ano de 2008, por exemplo, o estado do Rio de Janeiro e sua capital apresentaram um crescimento do emprego formal de respectivamente 5,48% e 5,28%, contra um crescimento para o total do país de 5,01%. Na Zona Oeste, da mesma forma, ocorre uma significativa dinamização tendo em vista os investimentos imobiliários ocorridos e investimentos privados, com a obra da TK-CSA e as ampliações da GERDAU e MICHELIN e a chegada de novos empreendimentos nos distritos e zonas industriais de Campo Grande e Palmares.

Neste diagnóstico fica claro que a Zona Oeste vem apresentando um significativo crescimento econômico e populacional e que é a região da cidade com maior densidade industrial, possuindo forte “potencial para o desenvolvimento industrial e tecnológico, ainda que as atividades comerciais sejam bastante relevantes pela ótica do número de estabelecimentos e empregos locais”.

Em síntese, segundo dados do relatório já citado, os principais dados econômicos da Zona Oeste são: comércio 49%; serviços 40%; indústria extrativa e de transformação 7,5%; construção civil 2,4%; agricultura 0,4% e serviços industriais de utilidade pública 0,2%.

Principais atividades empregatícias: serviços 48%; comércio 32%; indústria extrativa e de transformação 17,5%; construção civil 2,1%; serviços industriais de utilidade pública 0,3%; agricultura 0,1%.

Desse modo a região seria um local com atributos interessantes para a instalação de um pólo metal-mecânico em razão da sua expansão industrial e dos macroinvestimentos que vem ocorrendo nos últimos anos. Porem devemos destacar a existência de sérios problemas com relação à qualificação da mão de obra empregada na Zona Oeste, os indicadores sociais, da infraestrutura urbana, da ocupação do uso do solo e da segurança pública. Isso demonstra a necessidade, inadiável, de ampliação da articulação na região entre as grandes empresas e os demais setores da sociedade civil da Zona Oeste visando gerar encadeamentos empresariais, novos empregos e um desenvolvimento sustentável, onde com isso evitaríamos a dicotomia existente entre um crescimento populacional e o pouco dinamismo na criação de novos empregos.

Finalizando, observamos a existência de uma carência de cursos técnicos que contemplem todas as áreas industriais, em expansão nessa região, sendo necessária a criação de cursos técnicos direcionados para o atendimento dessa necessidade.

Em linhas gerais penso serem esses os principais desafios a ser enfrentados pelos nossos representantes, onde a atual gestão em nosso município, em razão da parceria com os governos estadual e federal, tem tudo para avançar colocando-se na vanguarda com ações integradas, o que, por conseguinte, elevaria nosso atual prefeito no alto patamar junto a opinião pública.

Amaury Cardoso.

e-mail: amaurycardosopmdb@yahoo.com.br

Blog: www.amaurycardoso.blogspot.com

2 comentários:

  1. Acredito no potencial de nosso bairro mas ainda falta muito para que a cidadania tome aqui por moradia. Enquanto cidadã comprometida, faço parte da câmara setorial de dança e no dia 04 de Outubro recebemos aqui em CG a secretaria Jandira Feghali. Apresentamos à mesma nossa angústia quanto ao atraso cultural de nosso bairro. Somos responsáveis por 40% da economia carioca, juntos somos o maior celeiro eleitoreiro do RJ, mas não há política pública de investimento em cultura aqui. Nossos teatros são defasados, peças de conteúdo crítico mais elevado não vem para cá... Tive 18 alunos aprovados no ballet do Teatro Municipal do RJ e não puderam ficar devido à distância... Há um projeto há mais de 5 anos com a Solange Amaral, e nossa intenção era fazer a primeira Escola Municipal de Ballet em Campo Grande, estruturou-se grade curricular, e reconhecimento técnico para que os alunos saíssem da escola com formação técnica. Mas muito nos foi prometido e nada cumprido... Há quem queira ainda que Campo Grande se emancipe. Mas tenho receios, pois aqui em CG o interesse é na mào de obra barata e no consumo, mas na cultura, pouco se pensa... Em 2004 tivemos que brigar através de um abaixo assinado para não permitir que o Teatro Arthur Azevedo fosse transformado em um bandeijão. Vencemos, em parte, ele não virou um bandeijão, mas passou para o Estado e continua com acentos arcaicos e pouco disponibilizado para a comunidade. Estamos brigando e vamos continuar nossa luta na Conferência Municipal de Cultura. Sou uma lutadora e não desisto, pois o desenvolvimento somente acontece se vier de mãos dadas com a cultura.

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  2. Amigo Amaury você tem toda Razão. Nossa Região é maravilhosa, acolhedora, mais as coisas até pouco tempo por aqui eram muito superficiais. Posso lhe afirmar a Zona Oeste cresceu nesses anos com a extensão de um oceano mas com a profundidade de uma piscina. O que isso representa? Somente eramos uma Barriga de Aluguel para aqueles que exploravam nossa região, seja no setor privado ou público.
    Mas hoje tenho a certeza que respiramos um novo AR e que apesar de muitas dificuldades temos um povo mais bem informado e que reamente busca a cidadania como remédio contra aqueles que só se aproveitaram de todos nós.
    Pois hoje somos menina dos olhos do Mercado além de termos em vários Orgãos do Setor Público pessoas que nasceram e conhecem a fundo nossa Região.
    Juntos Seremos cada vez mais fortes!

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