sexta-feira, 7 de março de 2008

ZONAS DE EXCLUSÃO, UMA AGRESSÃO A DEMOCRACIA.(AGO/2008)

PONTO DE VISTA

ZONAS DE EXCLUSÃO, UMA AGRESSÃO A DEMOCRACIA.

A situação social a que estamos submetidos é resultado de um longo processo de degradação das instituições, dos valores morais – onde o conceito de certo e errado foi relativizado -, a educação pública enfraquecida e a mídia manipuladora investindo na cultura mediocrizada e imediatista onde os sucessos instantâneos substituem a qualidade pela quantidade, produtos comerciais são postos na “moda”, sejam políticos, mercadorias, programas, fazendo da sociedade um imenso balcão de negócios. O certo foi trocado pelo que convêm.

Olhando de perto a situação do município do Rio de Janeiro, que ainda é a capital cultural do país, mesmo a trancos e barrancos, verificamos a necessidade de mudanças radicais, posturas públicas enérgicas, atitudes inequívocas para que volte a soprar ventos de esperança em nossa população. O estado em que nos encontramos, sendo vítimas do cerceamento das liberdades, acuados por grupos paramilitares e facções criminosas que delimitam territórios a exemplo das capitanias hereditárias e o coronelismo rural fazem hoje o município do Rio de Janeiro uma cidade sitiada por uma espécie de coronelismo urbano onde regiões da nossa cidade são excluídas pelo poder público e massacradas, a mercê do “poder paralelo” que impõe suas leis, estabelecendo seus tribunais marciais de execução sumária. Garantir a legitimidade do sistema representativo é assegurar o exercício da cidadania que não pode se sentir coagida.

Precisamos nesse pleito eleitoral, em que se apresentam os postulantes a gestor público da nossa cidade, estar atentos as propostas a serem apresentadas e escolhermos aquele candidato que, verdadeiramente, assegure a implantação de políticas públicas que venha promover o avanço social, o desenvolvimento econômico e a integração das diferentes regiões da nossa cidade. Torna-se imperioso termos no executivo municipal um gestor com conhecimento profundo da realidade do nosso município. Que conheça os seus gargalos, e que se dedique a solucioná-los. Acima de tudo que tenha compromisso e coragem de tocar em questões delicadas, ligadas a interesses políticos, que alimentam a degenerescência dos serviços municipais, em especial a educação, a saúde e o transporte urbano, áreas sensíveis que afetam diretamente o cidadão.

Queremos um prefeito que tenha a capacidade de executar um governo sem discriminação, que não coloque a nossa cidade a serviço de seus interesses próprios, e busque pautar a sua administração integrada ao executivo estadual e federal visando o bom entendimento administrativo voltados ao interesse do nosso município. Agindo dessa forma temos a certeza de que o futuro prefeito abrirá a possibilidade de alcançarmos, efetivamente, mudanças e transformações capazes de recolocar nossa cidade, hoje carente em todos os sentidos, novamente nos trilhos assegurando a melhoria da qualidade de vida a muito perdida, e com isso criando um antídoto contra o avanço dos feudos do crime, evitando que grupos nocivos à sociedade se infiltrem na atividade política. Que Deus guie a nossa decisão.



Amaury Cardoso.
e-mail: amaurycardosopmdb@yahoo.com.br
http://www.amaurycardoso.blogspot.com/

Um comentário:

  1. Caro Dr. Amaury Cardoso,

    Seu apurado espírito crítico tem a peculiaridade de conseguir focar o macro sem deixar escapar o micro. Prova que não adianta a adoção de medidas espetaculosas sem criar teias que propiciem sua sustentação. Tenho a impressão que, em seu íntimo, os governantes passados sempre tiveram consciência disso. Infelizmente, para alguns, a ética depende da ótica, e assim, nossas políticas públicas sempre procuraram criar estereótipos e modelos virtuais, em detrimento de soluções reais.
    Aproveito para comentar que lendo seus artigos de abril último (A criminalização da pobreza) e os de agosto e novembro de 2006 (Meninos de rua I e II) julguei muito interessante sua visão em relação às carências das comunidades menos favorecidas, principalmente no que toca ao acesso a serviços essenciais e quando aos aspectos que envolvem a problemática dos menores de rua, com os quais nós bombeiros tivemos estreita experiência.
    No que diz respeito às comunidades, as ações que se fazem necessárias e que alguns "inteligentes" criticam por julgar não ser obrigação do executivo, na realidade são cidadania e direito constitucional.
    Só o diagnóstico de uma comunidade, seja ele na área de saúde, educação, economia, estrutura familiar, etc., já é um grande avanço como estratégia para políticas públicas. A oportunidade de implementar medidas saneadoras então, é investimento saudável, com retorno certo. O custo benefício é extremamente positivo, a população aplaude e a alma do servidor fica leve (O Criador Agradece).
    Meus trinta e cinco anos como bombeiro militar, principalmente através de nossas ações pioneiras na área social, empiricamente me permite enxergar em suas palavras a certeza de que nós não estávamos errados quando nos aventuramos por esse campo.
    Eu tive a oportunidade de acompanhar de perto os fatos que envolveram a “Chacina da Candelária” e lembro que na época, achávamos que o clamor público não nos permitiria tornar a ver fatos semelhantes. Ledo engano. Hoje, nossas crianças de rua, as poucas que sobraram, já são quase avós de rua. Criou-se a “indústria do menor” e outros absurdos do tipo, mas soluções mesmo até hoje nada, embora existam.
    Corroboro com sua esperança de que nosso próximo executivo municipal tenha não só a visão crítica do problema, mas também um pacote de ações reais. Também concordo que uma andorinha só não faz verão. Está mais que na hora da sociedade, em todos os seus seguimentos, arregaçar as mangas e assumir suas responsabilidades. Mais do que esperança, eu tenho fé.
    Agora é aguardar, mas sem deixar de fazer a nossa parte. Tenho certeza que, a nossa maneira, estamos trabalhando para o bem estar social. Avante!!!
    E parabéns pelo artigo.

    Atenciosamente.

    Cel BM Carlos Ortiz

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