sexta-feira, 7 de março de 2008

FRAGILIZAÇÃO DO ENSINO: UM DESAFIO, AINDA, A SER VENCIDO. Artigo / Nov de 2011

Os sucessivos resultados que nos são revelados referentes à situação educacional em nosso país, têm mostrado que ao invés de avançarmos na universalização do ensino público de qualidade, estamos ampliando a desigualdade educacional, com o agravante da constatação da permanência da baixa qualidade do Ensino Básico, onde a grande maioria dos alunos não dispõe das ferramentas essenciais para prosseguir e acompanhar os níveis seguintes, ou seja, nossas crianças têm encontrado barreiras para atravessar o chamado “Ciclo de Alfabetização”, ficando, com isso, com dificuldade para aprender outras disciplinas.


Essa precariedade na base da pirâmide educacional é fatal para o futuro do nosso país. O Brasil precisa investir muito acima do que hoje investe no Ensino Básico, pois se não o fizer estaremos condenados eternamente à condição de meros receptores das novas tecnologias desenvolvidas pelo mundo, nos reduzindo a uma situação análoga àquela que vivemos durante o período colonial, com uma insuperável dependência do exterior e impossibilitado de consolidar as conquistas econômicas e sociais que nos colocaram entre os países emergentes.

O trabalho de recuperação da base do sistema educacional é a condição indispensável para que sejam criadas as condições para se estimular a ideal capacidade cognitiva dos nossos jovens, para que no futuro eles possam ser os agentes criadores do desenvolvimento científico, econômico e social, dotando o Brasil dos recursos humanos que, ao lado dos abundantes recursos naturais de que dispõe, o levará a cumprir a sua vocação geopolítica de grande potência.

As dificuldades reveladas nos resultados dos exames deixam claro que no mesmo caminho do Ensino Fundamental, o desempenho do Ensino Médio é baixo, e o núcleo do problema está relacionado às diferenças nas condições socioeconômicas dos alunos das redes pública e particular. Antes de ser uma questão de capacidade, educação é uma questão de oportunidade, que não é igual para todos.

A lentidão da evolução da qualidade da educação no Brasil, já compromete a nossa posição como país emergente, revelando ser o principal entrave ao avanço do país no mercado global. Um Ensino Fundamental fraco se transforma em um Ensino Médio atrasado, deficiente, e em um Ensino Superior pobre, não competitivo.

De nada adianta só avançarmos na economia, que tem crescido nos últimos anos oferecendo novas oportunidades, com uma educação beirando os últimos lugares a nível internacional, com isso, criando uma barreira em razão da ausência de recursos humanos qualificados, evidenciando os desencontros entre as oportunidades que estão surgindo no mercado de trabalho em nosso estado, em especial no município do Rio de Janeiro, e os jovens que potencialmente poderiam aproveitá-las.

Muito já se falou sobre a necessidade de se definir um currículo escolar atualizado de acordo com a realidade, de se oferecer aulas de reforço, capacitar e reciclar os professores, de se melhorar a infraestrutura das escolas tornando-as atrativas ao interesse das crianças e jovens, de acordo com as mais modernas concepções pedagógicas desenvolvidas por pessoas reconhecidamente competentes na área, como o Professor Celso Antunes.

Outro ponto importante que merece ser observado é a questão da profissionalização do ensino médio, que não é uma discussão nova, embora, seja atual. Na década de 70, através da Lei 5692, houve uma tentativa mal sucedida de implantar ensino profissional na rede estadual, porém na prática a teoria não deu certo por falta de professores qualificados e instalações adequadas, além da falta de um planejamento a médio e longo prazos, como também da falta de pesquisas confiáveis que determinassem as carências no mercado de trabalho que justificassem os cursos oferecidos. Essas observações ainda persistem no momento atual modificadas pontualmente devido as inovações tecnológicas e o aumento considerável da demanda discente, mas inalteradas em sua essência.

Outro detalhe importante é o fato da não obrigatoriedade em toda a rede privada, o que caracteriza um tratamento diferenciado, gerando especulações pertinentes:

1. Os jovens inseridos na rede pública são na sua maioria oriundos das classes subalternas, enquanto os da rede privada vêm da classe média em diante;

2. O salário dos profissionais da rede pública não atende as suas necessidades em toda a amplitude;

3. O tempo de permanência dos alunos nas unidades escolares é insuficiente havendo necessidade de ampliação para que seja preferencialmente em tempo integral.

Uma questão curiosamente em aberto refere-se à suspeita de que essa iniciativa na rede pública sugira uma tentativa subjacente de se inserir no mercado de trabalho, prematuramente, jovens das classes sociais inferiores, desestimulando o seu ingresso no ensino do terceiro grau, inibindo, ainda, a formação de intelectuais orgânicos nessas classes, além de restringir parcialmente às classes médias e elites o ingresso ao ensino universitário.

Entendemos que essa resposta ao dilema educacional não atende as verdadeiras necessidades e aspirações populares, e o debate democrático é a melhor opção para se encontrar as soluções desejadas e necessárias, entre elas o aumento real da qualidade educacional, visando amenizar a distância existente, devido a fragilidade do ensino em nosso país, entre os países desenvolvidos e, até, os países emergentes.

A obviedade da frase tão conhecida por nós, passada de geração à geração, de que "o futuro do Brasil depende da educação..." nunca esteve tão atual.

Por estes motivos a questão da Educação continua como o eterno desafio brasileiro, cujos caminhos para a sua solução, pelo menos alguns deles, foram comentados nesta oportunidade, restando apenas saber até quando esta absurda situação vai permanecer.

Amaury Cardoso

E-mail: amaurycardosopmdb@yahoo.com.br

Blog: www.amaurycardoso.blogspot.com

Sites: www.trabalhoeverdade.com.br

www.fug-rj.org.br

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