PONTO DE VISTA.
O COMANDO DA EMPRESA PÚBLICA.
Política é a arte de conduzir os negócios de um estado e as empresas públicas são partes deste negócio. Se deficiência existe na condução de algumas empresas pública esta deficiência é da política e não da empresa em si, o que nos leva a entender que não é possível superar tal deficiência de dentro para fora. Ela vem de fora para dentro e os defeitos que apresentam deverão ser corrigidos na forma de conduzi-la.
Vícios na condução das políticas públicas têm levado os governantes a utilizarem as empresas estatais como base de poder político. Este comportamento vem adulterando os elementos indispensáveis para que a empresa pública tenha bom desempenho, notadamente no que se refere à escolha da sua direção. Um político não precisa entender de administração de empresa, assim como não precisa entender de engenharia, de medicina, de física ou de outra profissão qualquer. Mas precisa entender de gente, para poder avaliar a capacidade das pessoas e escolher corretamente quem vai nomear para dirigir uma empresa pública. Nenhuma outra qualidade deve ser exigida para quem é designado para administrar uma empresa pública além da de bom administrador de empresa com especialização no setor público, assim como nenhuma outra qualidade deve ser exigida do médico que irá operar nosso apêndice além da de bom cirurgião. Pela mesma razão que nos leva a não escolher o administrador da empresa pública por ser nosso correligionário político.
Toda empresa dispõe de recursos para produzir o que se propõe: recursos físicos, recursos financeiros e recursos humanos. Destes três componentes básicos de uma empresa destacamos os recursos humanos como os únicos dinâmicos. Os demais são estáticos, isto é não se movimentam por si mesmos.
Dos recursos humanos depende o funcionamento de uma empresa, seja ela pública ou privada. Estes recursos se encontram divididos em todas as suas áreas de atividades: de decisão, de gerenciamento, de operação, de manutenção e de apoio. A distribuição correta destes recursos em todas estas áreas responde pelo seu melhor ou pior desempenho. Se a distribuição é bem avaliada o desempenho é bom; se for realizada sem avaliação o desempenho será ruim, o que geralmente costuma acontecer no setor público em razão dos critérios de distribuição de cargos sofrerem interferência política onde quase sempre não é priorizada a capacitação, ou mesmo a aptidão do indicado para exercê-lo. Nesta prática encontramos umas das principais diferenças entre empresa pública e privada.
No processo de gestão e gerenciamento as distorções na distribuição dos cargos provocam resultados ainda piores. Um mau gerente não apenas deixa de aproveitar os recursos humanos, mas até impede que estes sejam aproveitados, mesmo quando adequadamente distribuídos. Um bom gerente é aquele que consegue, não apenas administrar conflitos, como normalmente é dito, mas o que consegue aproveitar o máximo dos recursos humanos à sua disposição. Na empresa pública, no entanto, mesmo o bom gerente não consegue aproveitar os recursos humanos disponíveis porque o conjunto da empresa, de caráter político, não tem compromisso com o fazer, mas com o dar a impressão de fazer, obedecendo à norma de avaliação política que considera mais importante do que o fato, a repercussão do fato. A empresa privada que não tem caráter político, mas sim empresarial, avalia sua gerência pelo resultado da produção no setor gerenciado. Cai-se a produção o gerente é afastado. Já a empresa pública se avalia pelo seu trabalho. Se o gerente trabalha é considerado bom gerente, independente dos resultados da sua gerência. Esta forma de avaliação leva os gerentes a apresentarem trabalhos em forma de pomposos, longos e irreais relatórios; de projetos básicos baseados em realidade não examinada; de propostas de normas escritas, onde nunca consta punição para quem não as cumpre e outras tantas papeladas inócuas, porque sabem que é através deste tipo de trabalho que são avaliados.
Normalmente a empresa pública, ou de economia mista, é dirigida por políticos do partido que se encontra no poder ou de partidos aliados. Logo, a principal preocupação dos membros de sua diretoria é satisfazer os interesses políticos de quem lhe nomeou. Se a política do governo é priorizar o atendimento das populações de favelas, por exemplo, toda a empresa é voltada para esta finalidade política, passando a negligenciar as demais atividades, o que sempre provoca um desequilíbrio na sua estrutura organizacional. Os setores não diretamente ligados ao atendimento das populações de favelas são considerados secundários e passam a ser um entrave ao trabalho dos que tratam das prioridades políticas.
As reuniões de Diretoria da empresa pública são na maioria das vezes longas e cansativas, porque cada diretor se obriga a detalhar tudo o que foi ou deixou de ser feito na sua área de atuação. Por não serem executivos empresariais, não têm idéia do conjunto da empresa e estão sempre propensos a acreditar que a parte mais importante é a que se encontra sob sua responsabilidade. Político que são, a preocupação de cada um é ser notado e, não raro, usam o cargo para se projetarem politicamente, construindo uma base para a próxima campanha eleitoral.
Não desejamos que as observações acima sejam interpretadas como críticas aos gestores de empresas públicas. Entendemos que, como o gerente da empresa, o diretor não pode ser considerado culpado pela forma que dirige, ou tenta dirigir. Pretendemos que a nossa opinião supere protestos ou denúncias vazias, pois não acreditamos que a simples substituição de um diretor possa melhorar o desempenho de uma empresa pública. Poderíamos substituir toda sua direção e nada mudaria nesse sentido se os critérios de escolha continuar priorizando a questão política sobre a aptidão e especialização técnica.
Não é, pois, a insuficiência de recursos humanos, mas sim o não aproveitamento destes recursos que torna ineficiente a empresa pública. Não são também os gestores, diretores ou gerentes destas empresas os responsáveis pelas suas deficiências, mas sim a subordinação cega deles aos interesses políticos estranhos a seus objetivos. É uma questão não apenas estrutural, mas também conjuntural.
Se o comando das empresas públicas é político e não empresarial; se seus recursos humanos não são corretamente distribuídos; se seus gerentes estão mais preocupados em dar a impressão de estarem fazendo alguma coisa do que mesmo em gerenciar, surpreende-nos o fato de que estas empresas venham, mal ou bem, cumprindo sua tarefa de defender os interesses ou atender as necessidades da sociedade, algumas até com razoável desempenho. Na busca de uma causa para este intrigante fenômeno tivemos que parar na abnegação dos seus servidores que, apesar de tudo isso, vem conseguindo apresentar uma produção visível. Esta opinião, não é corroborada pelos políticos nem pela própria sociedade que atribuem à inoperância das empresas públicas exatamente a seus empregados subalternos.
Amaury Cardoso
e-mail: amaurycardosopmdb@yahoo.com.br
http://www.amaurycardoso.blogspot.com/
O COMANDO DA EMPRESA PÚBLICA.
Política é a arte de conduzir os negócios de um estado e as empresas públicas são partes deste negócio. Se deficiência existe na condução de algumas empresas pública esta deficiência é da política e não da empresa em si, o que nos leva a entender que não é possível superar tal deficiência de dentro para fora. Ela vem de fora para dentro e os defeitos que apresentam deverão ser corrigidos na forma de conduzi-la.
Vícios na condução das políticas públicas têm levado os governantes a utilizarem as empresas estatais como base de poder político. Este comportamento vem adulterando os elementos indispensáveis para que a empresa pública tenha bom desempenho, notadamente no que se refere à escolha da sua direção. Um político não precisa entender de administração de empresa, assim como não precisa entender de engenharia, de medicina, de física ou de outra profissão qualquer. Mas precisa entender de gente, para poder avaliar a capacidade das pessoas e escolher corretamente quem vai nomear para dirigir uma empresa pública. Nenhuma outra qualidade deve ser exigida para quem é designado para administrar uma empresa pública além da de bom administrador de empresa com especialização no setor público, assim como nenhuma outra qualidade deve ser exigida do médico que irá operar nosso apêndice além da de bom cirurgião. Pela mesma razão que nos leva a não escolher o administrador da empresa pública por ser nosso correligionário político.
Toda empresa dispõe de recursos para produzir o que se propõe: recursos físicos, recursos financeiros e recursos humanos. Destes três componentes básicos de uma empresa destacamos os recursos humanos como os únicos dinâmicos. Os demais são estáticos, isto é não se movimentam por si mesmos.
Dos recursos humanos depende o funcionamento de uma empresa, seja ela pública ou privada. Estes recursos se encontram divididos em todas as suas áreas de atividades: de decisão, de gerenciamento, de operação, de manutenção e de apoio. A distribuição correta destes recursos em todas estas áreas responde pelo seu melhor ou pior desempenho. Se a distribuição é bem avaliada o desempenho é bom; se for realizada sem avaliação o desempenho será ruim, o que geralmente costuma acontecer no setor público em razão dos critérios de distribuição de cargos sofrerem interferência política onde quase sempre não é priorizada a capacitação, ou mesmo a aptidão do indicado para exercê-lo. Nesta prática encontramos umas das principais diferenças entre empresa pública e privada.
No processo de gestão e gerenciamento as distorções na distribuição dos cargos provocam resultados ainda piores. Um mau gerente não apenas deixa de aproveitar os recursos humanos, mas até impede que estes sejam aproveitados, mesmo quando adequadamente distribuídos. Um bom gerente é aquele que consegue, não apenas administrar conflitos, como normalmente é dito, mas o que consegue aproveitar o máximo dos recursos humanos à sua disposição. Na empresa pública, no entanto, mesmo o bom gerente não consegue aproveitar os recursos humanos disponíveis porque o conjunto da empresa, de caráter político, não tem compromisso com o fazer, mas com o dar a impressão de fazer, obedecendo à norma de avaliação política que considera mais importante do que o fato, a repercussão do fato. A empresa privada que não tem caráter político, mas sim empresarial, avalia sua gerência pelo resultado da produção no setor gerenciado. Cai-se a produção o gerente é afastado. Já a empresa pública se avalia pelo seu trabalho. Se o gerente trabalha é considerado bom gerente, independente dos resultados da sua gerência. Esta forma de avaliação leva os gerentes a apresentarem trabalhos em forma de pomposos, longos e irreais relatórios; de projetos básicos baseados em realidade não examinada; de propostas de normas escritas, onde nunca consta punição para quem não as cumpre e outras tantas papeladas inócuas, porque sabem que é através deste tipo de trabalho que são avaliados.
Normalmente a empresa pública, ou de economia mista, é dirigida por políticos do partido que se encontra no poder ou de partidos aliados. Logo, a principal preocupação dos membros de sua diretoria é satisfazer os interesses políticos de quem lhe nomeou. Se a política do governo é priorizar o atendimento das populações de favelas, por exemplo, toda a empresa é voltada para esta finalidade política, passando a negligenciar as demais atividades, o que sempre provoca um desequilíbrio na sua estrutura organizacional. Os setores não diretamente ligados ao atendimento das populações de favelas são considerados secundários e passam a ser um entrave ao trabalho dos que tratam das prioridades políticas.
As reuniões de Diretoria da empresa pública são na maioria das vezes longas e cansativas, porque cada diretor se obriga a detalhar tudo o que foi ou deixou de ser feito na sua área de atuação. Por não serem executivos empresariais, não têm idéia do conjunto da empresa e estão sempre propensos a acreditar que a parte mais importante é a que se encontra sob sua responsabilidade. Político que são, a preocupação de cada um é ser notado e, não raro, usam o cargo para se projetarem politicamente, construindo uma base para a próxima campanha eleitoral.
Não desejamos que as observações acima sejam interpretadas como críticas aos gestores de empresas públicas. Entendemos que, como o gerente da empresa, o diretor não pode ser considerado culpado pela forma que dirige, ou tenta dirigir. Pretendemos que a nossa opinião supere protestos ou denúncias vazias, pois não acreditamos que a simples substituição de um diretor possa melhorar o desempenho de uma empresa pública. Poderíamos substituir toda sua direção e nada mudaria nesse sentido se os critérios de escolha continuar priorizando a questão política sobre a aptidão e especialização técnica.
Não é, pois, a insuficiência de recursos humanos, mas sim o não aproveitamento destes recursos que torna ineficiente a empresa pública. Não são também os gestores, diretores ou gerentes destas empresas os responsáveis pelas suas deficiências, mas sim a subordinação cega deles aos interesses políticos estranhos a seus objetivos. É uma questão não apenas estrutural, mas também conjuntural.
Se o comando das empresas públicas é político e não empresarial; se seus recursos humanos não são corretamente distribuídos; se seus gerentes estão mais preocupados em dar a impressão de estarem fazendo alguma coisa do que mesmo em gerenciar, surpreende-nos o fato de que estas empresas venham, mal ou bem, cumprindo sua tarefa de defender os interesses ou atender as necessidades da sociedade, algumas até com razoável desempenho. Na busca de uma causa para este intrigante fenômeno tivemos que parar na abnegação dos seus servidores que, apesar de tudo isso, vem conseguindo apresentar uma produção visível. Esta opinião, não é corroborada pelos políticos nem pela própria sociedade que atribuem à inoperância das empresas públicas exatamente a seus empregados subalternos.
Amaury Cardoso
e-mail: amaurycardosopmdb@yahoo.com.br
http://www.amaurycardoso.blogspot.com/
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