sexta-feira, 7 de março de 2008

A CRISE NA POLÍTICA. (MAR/2009)

PONTO DE VISTA.



A CRISE NA POLÍTICA.


Inicio este artigo destacando a visão do sociólogo Demétrio Magnoli, ao afirmar: “A corrupção é a face complementar da degradação do parlamento...”.

Destaco, ainda, as declarações, em entrevista, publicada na revista VEJA do senador, pelo PMDB, Jarbas Vasconcellos sobre a “Corrupção institucionalizada no PMDB...”, onde afirma textualmente: “Hoje o PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte. É uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos”. Estas declarações causaram inquietação não só dentro do PMDB, que levaram o senador Pedro Simon a comentá-las, afirmando: “O PMDB não é mais corrupto que o PT ou PSDB...”, bem como nas demais instituições partidárias, além de traduzir o sentimento que avança na sociedade brasileira nos últimos tempos.

Recentemente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acostumamos ver usando seu prestígio e popularidade, hoje ancorada em 84% de aprovação, defendendo políticos envolvidos em escândalos, como os casos dos envolvidos com esquema do “Mensalão”, o ex-presidente da Câmara dos Deputados – ex-deputado Severino Cavalcante-, o ex-presidente do Senado – senador Renan Calheiros-, o Dep. Jader Barbalho, só para citar os casos que tiveram maior repercussão junto à opinião pública. Segundo matéria publicada no Jornal O GLOBO, de 01/03/09- pag. 10, onde se referindo a polêmica sobre o afastamento do presidente e diretor de investimentos do fundo de pensão dos funcionários de furnas-Real Grandeza-, que administra um patrimônio de R$ 6,3 bilhões, teria declarado: “A bancada do PMDB do Rio na Câmara Federal tem uma Ganância sem limites...”. Aliás, a visão do hoje presidente Lula sobre o processo de corrupção na Câmara dos Deputados é antiga. Quem não se lembra da celebre frase, e se não fosse ela teria tido uma passagem obscura, do então Deputado Federal Luiz Inácio Lula da Silva ao afirmar: “... a câmara dos deputados possui cerca de trezentos picaretas, corruptos com anéis de doutor...”.

O que fica claro para grande parcela da população é a sensação do desmanche das instituições, sendo a instituição partidária a mais atingida. No entanto o que mais preocupa é a tentativa de alguns em banalizar uma questão vital ao processo democrático, que é o de estancar a hemorragia provocada pelo crescimento da corrupção com seqüelas severas ao comportamento ético.

Não há dúvidas que a população brasileira esta cansada diante de tantos escândalos, e dos falsos discursos, vazios, que assistem e desqualificam.

Acredito que, como eu, milhões de brasileiros estejam torcendo para que a retomada da discussão trazida pelas declarações dos senadores citados ganhe força alimentando a nossa indignação fazendo com que ocorra profunda reflexão sobre a necessária mudança no sistema partidário através de sua reforma política. Caso esse choque de moralidade e ética não ocorra é certa a falência da instituição política partidária com conseqüências séria à democracia.

Por isso é que ao observar o cenário político nacional multifacetário, onde os partidos que teoricamente deveriam unir nacionalmente seus correligionários, simpatizantes e eleitores em torno de propostas comuns de interesse coletivo, estão a mercê de projetos pessoais regionalizados, um verdadeiro esquartejamento partidário descaracterizando seus objetivos maiores. Estatutos são desrespeitados, violentados, em função de acordos eleitorais patrocinados pelos caciques do momento. A opinião pública perplexa vê os antes inimigos políticos mortais se confraternizarem cinicamente em função de cargos e posições. Adversários históricos da noite para o dia viram “amigos” de infância em troca de diretorias e verbas. Um escárnio para os cidadãos que ainda possuem um mínimo de dignidade e consciência. Esperamos que a luz da esperança não se apague totalmente diante dessa avalanche de obscuridade.

Finalizo citando um trecho de um artigo recente do escritor, acadêmico, João Ubaldo, onde afirma: “... a coisa pública é conduzida como um feudo, aceita-se tudo e não se responde por nada, dentro de um sistema podre, imoral e delinqüente, sem valores que não os da pilhagem, sem ética que não a do silêncio conivente, sem ideal que não a prosperidade pessoal. O país é governado por decretos leis com o nome artístico de medidas provisórias. O congresso, para o povo, não é nada, não serve para nada além de roubar e dar despesas. E ainda falam em imagem. Nem se olhem no espelho, que o espelho ou quebra ou cospem em vocês. E, sim, inferno existe, pensem nisso”.
Amaury Cardoso.
e-mail: amaurycardosopmdb@yahoo.com.br
www.amaurycardoso.blogspot.com

Um comentário:

  1. Muito interessante essa última matéria meu nobre amigo Amaury, esclarecedora e nos eleva a um nível sócio-cultural desconhecido do cidadão comum, nos faz acreditar que podemos sair dessa estagnação cultural que nos encontramos ha décadas, nos emociona ao relembrar os grandes homens, brasileiros, que mantem erguida a bandeira da educação e da cultura em nosso pais, tão rico em história, artes e outros valores, porém ainda tão pouco divulgados aquelas camadas mais desassistidas de nossa sociedade, nos levando a assistir fatos tão lamentáveis e de conseqüências óbveis, por conta do abandono no necessário trato cultural negado a nossa sociedade, por intenções inconfessáveis dos maus administradores da causa pública, felizmente, temos em nosso meio, homens como aqueles citados em sua matéria, e temos lideranças como vc Amaury, que nos brinda com essas pérolas, tão agradáveis de serem lidas e repassadas, parabéns, mais uma vez, conte sempre comigo meu nobre amigo Amaury Cardoso do Brasil.

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