sexta-feira, 7 de março de 2008

A DESCONSTRUÇÃO DOS VALORES (FEV/2007)

PONTO DE VISTA
A DESCONSTRUÇÃO DOS VALORES

Temos que deixar de hipocrisia, pois sabemos que enfrentamos não é a violência em si, e sim o que a vem causando, ou seja, sua origem. Nosso egoísmo individualista e corporativo, reflexo do sistema em que vivemos, está impedindo o país de se ver como um todo, de olhar o futuro com responsabilidade e definir seu rumo. Quando tomaremos consciência que já avançamos da hora da reação, deixar de enfrentar as mazelas sociais que aniquilam valores morais e éticos de uma sociedade agonizante, e aprofundar a nossa falência no campo educacional é decretar a aniquilação da nossa juventude e de nossas esperanças.
Precisamos refazer nossa estrutura social, começando a modificar nossas relações sociais, retomar os laços familiares e é claro, repensar o nosso falido sistema educacional.
Entendendo serem esses pontos o inicio da reconstrução de uma alternativa para alicerçarmos um novo conceito social, uma nova sociedade onde as nossas crianças e jovens passem a usufruir de benefícios advindo da educação, da cultura, do esporte e do lazer. Aí sim estaremos mudando a sociedade, resgatando valores, principalmente morais e éticos, que a tornem mais rica e justa oferecendo ao jovem oportunidades e emprego. Não vejo outro caminho. Não vai adiantar ficarmos discutindo no vazio, a procura de soluções imediatistas. Culpar o despreparo da polícia que é um reflexo da nossa sociedade, reduzir a idade da maioridade penal, manter os criminosos mais tempo na cadeia, nada disso vai resolver. Temos sim, cada um de nós, que eliminar o nosso egoísmo, conter o nosso instinto individual, e buscarmos revigorar o sentimento de solidariedade e responsabilidade social, este é o difícil desafio.
Nossos dirigentes relutam em atuar com responsabilidade e vigor em três questões fundamentais que se auto-alimentam e que devem ser tratadas em conjunto. Me refiro a violência, a desigualdade e a corrupção.
A corrupção tem causado um mal enorme as instituições com reflexos fortes na sociedade.
Há o entendimento de que a educação reduz a desigualdade, a violência e a corrupção, porém, com resultados de longo prazo.
Hoje a sociedade precisa perceber que a violência e a corrupção estão sendo enfrentadas com repressão. Clama por cadeia para criminosos e corruptos de hoje que são revelados a todo dia, e o que é pior, nas três instancias do poder: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Quanto ao crime organizado, e aí se inclui as milícias, é fundamental que se declare guerra em razão de ter adquirido características de terrorismo. Nessa guerra não basta só assegurar mais recursos para a segurança, não basta só melhorar o salário dos profissionais da segurança, não basta só montar um sistema eficiente de inteligência contra o crime sem moralizar e agilizar o processo de depuração no interior da própria instituição policial, aperfeiçoando seu processo de seleção.
A crise que se criou na segurança publica como aparecimento de um outro poder paralelo “as milícias”, ameaça a todos: os cidadãos, os Estado de Direito, a ordem constituída e a democracia.
“Permitir o seu avanço é apostar na degradação do Poder Público”.
É necessário acabar com o clima de impunidade e não me refiro só na criminal, mas nas demais instancias principalmente.
Termino com uma reflexão:
“Triste a sociedade dominada pelo medo. O que estamos assistindo é a desconstrução dos valores morais, éticos, espirituais e políticos”. E complemento com a síntese de Arnaldo Bloch “A morte do menino João evidenciou algo que já estava no ar: o Brasil está dividido entre o amor e a ira. O que tornou tudo mais claro foi o fato de ter acontecido no Rio, a cidade brasileira onde se vive mais dividido entre o amor (que se sente por ela) e a ira (de vê-la tão destroçada) ... o amor pelo filho perdido, por sí próprio, pela cidade, pelo Brasil, pelo mundo é tão grande que em suas palavras, não evocam vingança, não falam em pena de morte, não questionam o conceito de direitos humanos...”. O que se espera da sociedade brasileira é que ultrapasse a fase da indignação, não permitindo, como ocorreu em vários outros casos de crueldade, que o seu clamor vá diminuindo e termine no silêncio. Se o sacrifício do menino João, através dos minutos de martírio que passou, não tocou em cada um de nós o suficiente, nada mais tocará.
Amaury Cardoso
amaurycardosopmdb@yahoo.com.br

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