sexta-feira, 7 de março de 2008

DESESPERANÇA: A FACE DA NOSSA JUVENTUDE (MAR/2007)

PONTO DE VISTA
DESESPERANÇA: A FACE DA NOSSA JUVENTUDE

Começo com a questão central que vem atrasando o nosso desenvolvimento fazendo com que o nosso crescimento nas últimas décadas tenha sido pífio, chegando a ser vergonhoso. Me refiro a nossa imensa desigualdade social.
A alta concentração de renda tem sido um permanente desafio para os governos. Como é possível para um país conviver com 54 milhões de pobres, dos quais 25 milhões são indigentes, sem acesso aos serviços de saúde, educação e habitação.
O que se constata é que a nossa democracia está esvaziada de conteúdo social. O modelo econômico adotado faz com que o país continue a exibir taxas de atraso social com destaque no campo educacional.
A construção do futuro depende, acima de tudo, da educação em todos os níveis, da Pré-escola à Pós-graduação. Só romperemos a barreira que nos impede de definitivamente trilhar no vetor do desenvolvimento, se promovermos uma verdadeira revolução no sistema educacional que permita o acesso igual à educação. Não trabalhar nesse vetor é, certamente, aprofundar a vulnerabilidade social, contribuindo para o aumento da pobreza e aprofundamento das desigualdades, ou seja, decretar a nossa exclusão.
Estou seguro ao afirmar que a violência, que tem crescido assustadoramente, está correlacionada a falta de perspectiva de futuro para uma camada cada vez maior da sociedade. De acordo com pesquisas, a violência que atinge principalmente o jovem na faixa etária dos 15 aos 25 anos, vitimados por arma de fogo, - na proporção de 20 rapazes para uma moça – (Fonte: DATASUS), está diretamente relacionada a falta de freqüência escolar no Ensino Básico. No Brasil, 57% de jovens vítimas da violência, na faixa citada acima, não concluíram o Ensino Fundamental. No Estado do Rio de Janeiro esse percentual cai para 43% (Fonte: Censo Escolar PNAD - IBGE).
Esses dados deixam claro que a violência tem como forte alimentador a precária educação básica em nosso País.
Para os jovens, especialmente, a vida parece terrível demais e, o que é pior, para a maioria não há saída, pois vivem na total miséria sem nenhuma perspectiva de mudança onde dignidade e decência lhe fogem a noção.
Desesperança, essa é a nova face da nossa juventude.
Percebo que os jovens se sentem impotentes na busca de realizar os seus sonhos em razão de sentirem que não terão oportunidades diante desse sistema perverso que lhes tira a condição de vencer.
Essa imensa desigualdade faz com que se sintam enraivecidos e traídos, tornando-se indiferentes, descrentes, não se interessando pela política partidária. É triste verificar que grande parcela dos jovens passaram a ver a política como algo sem importância e até desprezível.
Entendo ser fundamental mudarmos esse quadro. Os jovens precisam ser motivados através de exemplos de decência, com valores e princípios éticos. A educação de qualidade deve ir além da transmissão de conhecimento e informação, precisa ser a matriz de formação de valores éticos e morais e desenvolvimento de caráter.
No momento em que o governo em parceria com diversos segmentos da sociedade que pensam educação apresentam um “Plano Educacional para o País” seria importante conseguirmos conferir à escola o seu papel de agente de transformação social.
O Senador Cristovam Buarque tem sido, ultimamente, o principal porta-voz em defesa da transformação do ensino básico, chegando a propor a criação de um Ministério para tratar de Políticas Públicas voltadas apenas para o ensino básico, diante da certeza de que a solução da questão educacional estaria na nacionalização da educação, defendendo a tese de “Nacionalizar a responsabilidade, com descentralização gerencial e liberdade pedagógica”. Concordo e parabenizo o homem público Cristovam Buarque, arriscando dizer que dentre os principais pensadores e incentivadores de uma educação básica de qualidade, como: Paulo Freire, Anísio Teixeira, Darci Ribeiro para ficar só nesses, se vivos fossem, estariam ao lado do Senador da educação reivindicando a criação desse importante Ministério. Diante da impossibilidade, só nos resta torcer para que este novo plano educacional traga algum avanço.
Amaury Cardoso
amaurycardosopmdb@yahoo.com.br

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