PONTO DE VISTA.
Mudanças climáticas, desmatamento, crise de alimentos integram uma lista cada vez maior de problemas ambientais do planeta. No entanto, existe uma questão ligada a todas estas outras, essencial para cada um dos mais de 6 bilhões de seres humanos: A ÁGUA. Sem ela, não há vida no planeta. Não estaremos incorrendo em erro, ou o risco de sermos chamados de alarmistas, ao afirmar que sua escassez caminha para um estágio mais avançado do que se supunha, onde o desperdício acentuado, no último século, fez com que crescesse a disputa e o interesse pelo seu domínio. A água se tornou uma emergência ambiental, em razão de ser um elemento chave do clima e base da produção de alimentos, cuja a escassez aumentará a pobreza, as doenças infecciosas, além de agravar o aquecimento global.
As atenções de todas as nações do nosso planeta estão voltadas para nossa Floresta Amazônica, não apenas pela sua imensa biodiversidade e seu inestimável patrimônio para o nosso incerto futuro, mas, também, pela Bacia Amazônica, a mais extensa rede hidrográfica da terra, sendo que o Rio Amazonas possui o maior volume de água do mundo.
Muito embora ser a água o recurso natural mais valioso existente, que pode ser a diferença entre a prosperidade e a ruína ambiental; esta vem sendo tratada com descaso, poluída e desperdiçada. Com o crescimento da população, aumenta a sua demanda e a necessidade de seus serviços básicos, agravando o panorama de escassez.
Segundo estudos da UNESCO, apontados em relatório, em 2009; se não forem tomadas medidas contra o desperdício e contra a dificuldade de acesso á água potável, este quadro se agravará no mundo, como acontece, por exemplo, em Londres, na Inglaterra, onde a água é racionada há anos. A grande demanda, o uso intenso em agricultura, indústria e residências, além das mudanças climáticas, formam um todo que pressiona os estoques de água em todo planeta, como aponta a pesquisadora alemã Claudia Ringler.
A falta de saneamento básico, segundo estimativas da UNESCO, atingirá em 2030 5 bilhões de pessoas, sendo que só no continente Africano meio bilhão padecem com o problema.
Continuar a tratar a água como questão secundária em relação a outros temas mundiais é um absurdo. Sem água não há vida. Falar de água, hoje, é falar de sobrevivência e de segurança nacional/mundial.
Segundo os especialistas, a boa gestão desse valioso recurso natural é a diferença entre um desenvolvimento sustentável e um desequilíbrio ambiental.
Nenhum lugar do mundo possui tanta água quanto o Brasil. O país, onde vive apenas 3% da população mundial, detém cerca de 13% da água do planeta, onde 74% deste montante encontra-se na região Amazônica.
Diante dos abusos climáticos, que vem sendo cometidos ao longo das últimas décadas, temos que num futuro não muito distante, o conceito de desenvolvimento sustentável se tornará crucial.
Em razão da má distribuição dos recursos hídricos no planeta, causando uma desproporção e vulnerabilidade hídrica imensa; o Brasil poderá ter um papel decisivo, principalmente na agricultura, pois, diante da escassez de água de outros países, muitos deles vão importar nossos alimentos, e, porque não, nossa água.
A agricultura é o setor que mais consome água no mundo, cerca de 70%, e com o crescimento da população haverá uma maior demanda por alimentos. Projeções da UNU indicam que, em 2050, o planeta, que hoje tem quase 7 bilhões de habitantes, terá 9 bilhões de pessoas. É muita gente para pouca água e consegui-la de forma racional, desde já, é uma questão imperiosa de sobrevivência. Devemos lembrar que devido aos autos índices de poluição ambiental, já existem registros do comprometimento de lençóis freáticos, o que torna a situação ainda mais assustadora, principalmente agora, em que foi descoberto o chamado “Aqüífero Guarani”, que é o maior lençol subterrâneo do mundo, cuja a maior parte localiza-se em território brasileiro.
Diante dessas observações, passarei a detalhar nossa posição baseados em dados recolhidos, em pesquisas realizadas referentes aos recursos hídricos do planeta.
O planeta terra mantém a vida animal e vegetal através da água, o que justifica a afirmação de que a água é a base da vida. Mas a vida no planeta se desenvolveu em dois ambientes: na terra e no mar. Nós, humanos, que vivemos na terra, poderíamos protestar junto ao criador por nos ter destinado apenas 0,7% de toda água que colocou no planeta, para manter nossa vida e a dos demais espécies animais e vegetais que se encontram em terra firme. Para manter a vida no mar despejou 97% de toda a água que gerou, tendo o cuidado de salgá-la para não servir a nós outros. Além do mais, nos 3% de água doce, que deveriam ser nossos, congelou 23% nas calotas polares, retirando-a do nosso alcance. Tal distribuição tão desigual poderia até alimentar a crença de que o “Pai Eterno” estava contra nós, os viventes não marinhos, não fosse o fato de que, nos 7% de água doce, duzentos mil quilômetros cúbicos estão diretamente à nossa disposição nos rios e lagos do planeta, mais contamos também com oito milhões e meio de quilômetros cúbicos no subsolo, onde a retirada para uso é bem mais fácil do que a do petróleo. Isso para não falarmos nos treze mil quilômetros cúbicos que se encontram na atmosfera, alimentando o ciclo das chuvas. Verificamos, assim, que o montante representado por estes míseros 3% seria mais que suficiente para manter a vida na parte alta do globo terrestre, não tivesse o homem – este predador universal da natureza, - interferido na obra de Deus, derrubando as florestas que atraiam as chuvas e alimentavam os cursos d’água; modificando a composição físico-química dos recursos hídricos disponíveis, eliminando a parte biológica dos rios e lagos, tornando suas águas impróprias para o consumo animal e até vegetal.
Se não é Deus, mas sim o próprio homem quem reduz o volume de água necessário para manter a vida na parte alta do planeta, cabe a este homem, e não a Deus, tomar as providências para salvar a própria vida. Ocorre, no entanto, que apesar de racional o homem só usa a razão em último caso. Devemos prever que, antes de qualquer medida no sentido de preservar os recursos hídricos disponíveis, o homem tentará se apossar dos existentes em poder de seu semelhante. Com base nesta característica humana fazemos nosso questionamento: Quem dispõe de recursos hídricos deve gerenciá-los ou entregar sua gerência a terceiros? Se a água é base da vida, deveria alguém entregar a outrem os cuidados de assegurar a própria vida? E os que não dispõe de água, não poderiam usar o seu direito natural de preservar as suas vidas, tomando a água do próximo, num ato de legítima defesa da vida?
Nosso país foi privilegiado na distribuição de água doce na terra. Temos cinco mil seiscentos e dezenove quilômetros cúbicos por ano de deflúvio de suas mais extensas e densas redes hidrográficas, o que representa de 13% à 17% dos deflúvios de todos os rios do mundo. Mas também no Brasil a água não se encontra bem distribuída. Cerca de 80% de seu volume encontra-se em região ocupada por apenas 5% da população do país, o que deixa apenas 20% para atender os demais 95%. Por outro lado, os desmatamentos e outros atos de vandalismo ecológico vem provocando o “corte” do curso de rios, principalmente no nordeste, o que torna o povo dessa região o mais carente do país. Mas, mesmo o nordeste não se encontra sem perspectiva como ocorre em muitas regiões no mundo. Os seus mananciais subterrâneos são consideráveis.
Será possível que nenhum outro país esteja cobiçando nossa água? O mais natural é pensarmos que sim. Existem países que já tiveram água e não mais a tem
Amaury Cardoso.
e-mail: amaurycardosopmdb@yhaoo.com.br
Blog: www.amaurycardoso.blogspot.com
Neste blog, tenho como objetivo expor meu ponto de vista sobre variados temas. Nunca aceitei o silêncio covarde ou de conveniência. Quando na política os sentimentos com a causa social, justiça, igualdade de direitos e oportunidades acabam e se ignora a marginalização social, além da dor dos excluídos para dar lugar ao cinismo, estamos abrindo perigosamente as portas da indiferença que ligam a barbárie. Só através do conhecimento e da educação é possível alcançar poder de análise crítica.
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