sexta-feira, 7 de março de 2008

O DESAFIO DE RESGATAR A DÍVIDA SOCIAL E CONSTRUIR A CIDADANIA – PARTE I Artigo / Dez de 2011

Todas as ações pela Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, visando criar um clima de normalidade nas áreas onde estão sendo implantadas as UPPs, são vistas, de modo geral, pela sociedade carioca como medidas positivas que geram na sociedade brasileira e na comunidade internacional repercussões favoráveis não apenas na área da segurança pública, mas também no setor de turismo e nos investimentos da iniciativa privada, fundamentais para o desenvolvimento do nosso estado.

A ampla cobertura da mídia, usando os recursos da comunicação e da informação, dá a esses eventos uma conotação massificadora como se no momento em que essas ações são implementadas, só elas fossem importantes para a população e todas as outras notícias ficam relegadas a um segundo plano, numa clara demonstração do impacto social de tais medidas junto á sociedade como um todo, transformando uma questão policial numa questão política de alcance social muito mais amplo, graças à atuação dos órgãos da mídia em geral.

Voltando às questões comunitárias propriamente ditas, se faz essencial, após a pacificação das comunidades, dar prosseguimento através de medidas paralelas nas áreas da ação social e da educação, conforme o projeto original das UPPs, já que muitos jovens se tornam mão-de-obra do tráfico por ficarem à deriva, sem qualquer perspectiva de inserção na sociedade que lhes garanta os meios necessários à sua sobrevivência e de suas famílias. Algumas dessas medidas são a criação de programas de qualificação profissional; o atendimento social e psicológico; a reintegração social; o investimento na reestruturação familiar; as formas de inserção digital; entre outras.

Sabemos ser esta uma tarefa nada fácil, pois os investimentos necessários são gigantescos e somente uma vontade política férrea é capaz de encarar esses desafios e não permitir que essas ações sejam executadas apenas com objetivos eleitoreiros, mas para o definitivo resgate da dívida social que a nossa sociedade excludente contraiu com os mais humildes, para fazer com que o Rio volte a ser a saudosa cidade maravilhosa de outrora.

Ressaltando que muito embora o governo estadual, ao anunciar o projeto de ocupação das comunidades dominadas pelo chamado “Poder Paralelo”, tenha afirmado que se tratavam de ações emergenciais e que outras medidas complementares, necessárias à solução das mazelas sociais dessas comunidades, seriam tomadas ao longo do tempo, entendemos que essas afirmações são meramente tranqüilizadoras, pois o que se precisa realmente é enfrentar os problemas acumulados em todos esses anos nos quais nada ou quase nada foi feito, sendo que em razão da diversidade e da complexidade das carências, são exigidas ações coordenadas para que se obtenham os resultados esperados.
Nunca é demais lembrar que um dos fatores mais significativo enraizado tanto na realidade do quotidiano, quanto no imaginário popular relativo a essas comunidades é o cultural. Desde há décadas formou-se a cultura do medo, do silêncio e da intimidação, que associada ao descaso da sociedade e do Poder Público criou uma espécie de comportamento coletivo de “Ghetto” e de exclusão, que só poderá ser revertido com intervenções estruturais sérias, efetivas, emergenciais e conseqüentes, para que se possa iniciar um novo momento de construção da cidadania e de uma nova realidade.

É o que esperamos.

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