sexta-feira, 7 de março de 2008

O CONHECIMENTO COMO INSTRUMENTO DA GLOBALIZAÇÃO. (MAI/2009)

PONTO DE VISTA.



O CONHECIMENTO COMO INSTRUMENTO DA GLOBALIZAÇÃO.
(Síntese de um trabalho que apresentei na minha passagem pela ESG- Escola Superior de guerra.)


A crescente internacionalização dos mercados implica na emergência de um novo padrão de competitividade econômica. Os recursos do Brasil (convencionais) são impotentes ante a valorização do recurso supremo: o conhecimento.

O Brasil atual sobrevive numa “economia lenta”, processos econômicos obsoletos, políticas governamentais e ações empresariais, com mínimas exceções, que perpetuam modelos ultrapassados de gestão. Vejo como condição para que o Brasil se consolide entre os BRICs como país emergente e assegure sua posição como nação desenvolvida em futuro próximo, a necessidade de alcançar rapidez a partir das seguintes tendências ou fatos:
* o conhecimento amplia-se a cada 4 ou 5 anos, em função da acelerada expansão da informação e do próprio conhecimento;
* aceleração de inovações tecnológicas;
* novos bens e serviços produzidos mais rapidamente.

Segundo o Embaixador Marcos Henrique Cortês, na produção industrial o insumo básico principal é a inteligência humana e não (mais) a matéria prima.

O tempo para o ingresso de economias e empresas na “aldeia global” é a utilização da mente humana para geração de conhecimento como recurso supremo. O Brasil precisa vencer barreiras dramáticas, como a imensa legião de crianças e jovens ignorantes. As instituições públicas e privadas devem gerar condições para que as pessoas liberem seu potencial criativo e promovam as inovações necessárias às novas circunstâncias. A qualidade e a capacidade de inovar dos recursos humanos é que farão a diferença.

O domínio da alta tecnologia passa a ser a chave para a conquista do mercado. A alta tecnologia, com ênfase na biotecnologia, na telemática, na robótica, na microeletrônica, entre outras, é o produto por excelência do estudo científico. Entende-se como tecnologia, tanto a parte física (maquinas e equipamentos), como o conhecimento científico e tecnológico, habilidades técnicas, talento, criatividade, valores, cultura geral, educação, experiência e conhecimento, a organização institucional e os produtos que são os bens ou serviços, resultantes de interdependência dos três componentes anteriores.

A evidência da importância da ciência e tecnologia para o avanço econômico-industrial e para a segurança e soberania das nações se colocou de modo enfático para o mundo contemporâneo. O domínio da técnica é condição fundamental par o alcance de padrões de vida característicos das grandes potências do norte, ricas, urbanas e industrializadas.

O domínio da tecnologia, a posse de uma eficiente infraestrutura de pesquisa técnico-científica, a formação de recursos humanos especializados e altamente treinados, o desenvolvimento da pós-graduação nas universidades, a transferência dos resultados da pesquisa para indústria. Tudo isso passou a fazer parte dos objetivos constantes dos planos de desenvolvimento, de soberania e segurança de uma nação.

Para os países em desenvolvimento, foi justamente a experiência tardia com a industrialização que os levou a procurar necessariamente o encontro da questão do desenvolvimento científico e tecnológico. Para estes, a essência desta questão tem consistido na aquisição de capacidade para aportar os requisitos científicos e tecnológicos necessários para a produção dos bens e serviços demandados pelas suas sociedades. Tem consistido também na capacidade de realizar esse aporte apesar das dificuldades colocadas por uma estrutura produtiva mundial cada vez mais integrada e de concorrência cada vez menos perfeita, cuja tendência é diferenciar e especializar as sociedades a partir de seus papéis específicos no sistema econômico mundial.

O desenvolvimento de capacidade técnico-científica nos países periféricos, portanto, não pode se dar de maneira espontânea, como ocorreu nos países centrais. O desafio que se coloca aos países pobres é não apenas o de encontrar recursos e condições para desenvolver sua capacidade técnico-científica, mas fazê-lo de acordo com suas culturas e valores, ao mesmo tempo em que se articula esse esforço para superar as limitações estruturais herdadas da nossa história recente.

O enfrentamento deste desafio é uma prerrogativa do Estado. Faz parte das funções do Estado moderno criar condições infraestruturais e humanas que estimulem a produção e a utilização de conhecimentos técnico-científicos necessários à vida social contemporânea.

Dados disponíveis informam que o Brasil tem gasto entre 0,5 a 0,9 do PIB em ciência e tecnologia. Esta percentagem é semelhante à de outros países em desenvolvimento como México, Argentina, Correia do Sul e Índia, mas é significativamente inferior à dos países centrais.

A descentralização industrial progressiva tende a minar a soberania dos países. Soberania econômica não significa autarquia ou isolacionismo em matéria de investimento, produção, desenvolvimento tecnológico e mercado internacional. Embora os governos costumem valorizar a interdependência atual do mundo econômico, o que é relevante, entretanto, é a autoconfiança e o auto-direcionamento da capacidade industrial, como resposta às necessidades e prioridades dos países. Soberania econômica significa, portanto, o controle nacional das decisões básicas que afetam a economia.

Observando a estrutura produtiva instalada no Brasil, quantitativamente já foi a oitava economia do mundo, constatamos que não se apóia em nossa cultura ou criatividade. E não serve às necessidades do nosso povo. O choque entre interesses da nação brasileira e os das grandes corporações estrangeiras, ligadas a grupos econômicos e de poder de seus países de origem, já se tornou evidente. Qualquer denúncia de ações grosseiras de oligopólios estrangeiros que ameaçam a sobrevivência de empresas nacionais, ou seja, contrárias aos legítimos interesses do povo brasileiro logo é distorcida como um ataque à “livre” iniciativa e à economia de mercado, essa abstração tão ao gosto dos economistas.

O imenso potencial energético brasileiro para tornar-se realidade, em benefício da nação, necessita de um desenvolvimento tecnológico autônomo, mesmo porque não se encontram, em evolução, tecnologias adequadas as nossas circunstâncias, em qualquer outra parte. Ou nós as desenvolvemos dentro das nossas pujantes características ou elas não surgirão espontaneamente. É vital sairmos da armadilha em que nos encontramos e trilhar outros rumos que nos leve a libertação e a um sadio desenvolvimento.

O Estado Brasileiro não pode esperar para se tornar uma potência ascendente, sob pena de ser excluída do processo e perder sua soberania. Entretanto, soberania nacional é fruto do desenvolvimento e da segurança desse desenvolvimento. Assim sendo, para que essa inserção se faça menos traumática é importante que o Estado Nacional atente, e alcance os seus objetivos e, paralelamente ofereça os meios e instrumentos para que a economia seja dinamizada de forma competitiva a fim de concorrer internacionalmente.


Amaury Cardoso.
e-mail: amaurycardosopmdb@yhaoo.com.br
Blog: www.amaurycardoso.blogspot.com

Um comentário:

  1. Concordo com o termo usado neste artigo onde o foco é o conhecimento
    Neste caso as autoridades do poder público, devem ter uma ótica voltada para o ser humano,e não dos interesses obscuros que norteiam a conduta de tais governantes. Porisso entendo que falar, escrever,e argumentar através dos mais variados meios de comunicação as nossas opiniões é importante, mais acima de tudo o grande desafio para chegarmos onde a globalização quer nos levar, é ter homens e mulheres comprometidos com os reais interesses da população Brasileira, de maneira bem clara lutar por esta representatividade. seja através de poderes municipais, estaduais, ou federais, com mandatos ou sem, mas acima de tudo com honra e fervor.
    Vamos trabalhar em favor do conhecimento, com instrumentos que estiverem ao nossos alcance, dando ênfase a talentos que muitas no anonimato não consequem chegar próximo das oportunidades existentes hoje, no Brasil que cresce e almeja chegar ao lugar de destaque diante das grandes potências Mundiais.

    Elcio Ribeiro

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