terça-feira, 30 de janeiro de 2018

UM MERGULHO NO MUNDO OCULTO - ARTIGO: DEZEMBRO/2017




                                                                                       

 “O conhecimento jamais poderá ser completo e perfeito”


Inicio esse artigo reflexivo com uma pergunta que constantemente me faço: Será que compreendemos o mundo em que vivemos? Será que a ciência conseguirá decifrar a mente de Deus, como supõe o físico Stephen Hawking em seu livro “Uma breve história do Tempo”?

O processo civilizatório e as mudanças através de suas descobertas têm revelado que para a ciência não existe verdades finais, absolutas, uma vez que o ser humano tem o ímpeto da busca pelo conhecimento.

Ignorar o passado, ou pior, não entendê-lo, nos impede ter a compreensão exata do presente nos limitando à consciência do nosso destino, fazendo com que nossa percepção da realidade seja incompleta, nos impedindo perceber através de nossos sentidos o que ocorre à nossa volta, tão bem definido na fabula de Saint – Exupéry, quando a raposa disse ao pequeno Príncipe: “O essencial é invisível aos olhos”.

Atravessamos o século XXI e o que podemos afirmar com certeza acerca das propriedades da matéria a energias milhares de vezes mais altas do que o conhecimento adquirido através dos estudos atuais.

A última palavra sobre a essência das ciências empíricas é a da natureza. Se nossa compreensão sobre a natureza que nos envolve é limitada, nosso conhecimento sobre o mundo natural é limitado, conseqüentemente, nosso aprendizado do mundo é limitado pelo fato de não percebermos muitas coisas ao nosso redor em decorrência de nossos limites. Essa miopia provoca a ciência, desafiando a imaginação dos cientistas.

O que sabemos do mundo decorre do que podemos descobrir através do passar do tempo, mas é certo, como ocorreu com nossos antepassados, que não vemos tudo. A realidade é diferenciada entre os seres humanos, uma vez que a percepção é diferenciada, sendo para muitos invisíveis ou inacessíveis.

Será que a compreensão da natureza, da realidade, é apenas questão de ampliarmos os limites da ciência ou devemos aceitar que o conhecimento científico tem limites?

O conhecimento nos proporciona uma visão mais abrangente do mundo, nos permite construir realidades que só serão contestadas através de maior conhecimento, fato que tem sido motivação para ampliarmos as fronteiras do conhecimento, vencendo a ignorância do momento, o que nos leva a concluir que quando o conhecimento cresce a ignorância também cresce. Enquanto a tecnologia progredir a realidade de hoje será superada pela realidade de amanhã. “A crença de que existe uma verdade final é uma fantasia, um fantasma criado pela nossa imaginação”.

O fato que nos parece obvio é que enquanto a ciência avançar aprendemos mais sobre o mundo, e a cada avanço se revela que teremos mais a aprender.

Milan Kundera em seu livro “A Insustentável Leveza do Ser”, coloca que são perguntas sem resposta que definem os limites das possibilidades humanas, que descrevem as fronteiras da existência humana. Já Reinhold Niebuhr em seu livro “A Natureza e o Destino do Homem” afirma que o homem sempre foi o seu problema mais angustiante. Essas duas interpretações me inquietam e me traz a pergunta: Será que podemos entender o mundo sem algum tipo de crença? Porque não crer que a morte não seja o final, mas o início de uma nova existência? Por não crer que a vida se repete em ciclos? Como a primeira vida surgiu, se nada vivo existia para lhe dar a luz? Como o mundo surgiu? Será que podemos afirmar que não existem outras formas de vida inteligente em algum lugar do Cosmos?

Percebo que o desejo de conhecer nossas origens e lugar no Cosmos é uma das características que mais definem a nossa humanidade, ou seja, entender quem somos e compreender o sentido de nossa existência.

Nos registros Históricos do processo civilizatório ocorreu, por volta do século VI a.C, uma profunda mudança de perspectiva na Grécia antiga. Idéias revolucionárias sobre a dimensão social e espiritual do homem apareceram durante esta época na China, com Confúcio e Lao Tse, na Índia, com Sidarta Gautama (Buda), na Grécia com o surgimento da filosofia ocidental, com os filósofos pré-socrates. Que questionaram e argumentaram a natureza fundamental do conhecimento e da existência que redefiniu a relação do homem com o desconhecido.

Esse processo vem se repetindo e se aprofundando através dos tempos, e essa busca constante pelo conhecimento tem causado um preço que nem todos querem pagar. Aprender requer coragem e tolerância, em razão de causar uma profunda e traumática mudança de perspectiva, nos tirando de uma visão cômoda da realidade, nos fazendo rever o que para nós é o certo, nos colocando diante do incerto.

Essas incertezas são tantas que chegam a nos angustiar. Como definir por que o Universo existe? O que causou sua existência? Religiões diversas buscam explicar esse enigma através de uma divindade criadora que existe fora dos limites impostos pelas leis da natureza.

Segundo cientistas físicos que argumentam que a física moderna, em particular a mecânica quântica, possa explicar a origem cósmica, o fato é que explicar a origem do universo apenas através da ciência é um enorme desafio conceitual.

Enquanto essa realidade se manter imposta, ficaremos convivendo com a milenar disputa entre as teses da religião e da ciência, e convivendo com nossa angustia existencial.

Finalizo com essa bela reflexão do matemático e filósofo Blaise Pascal, que traduz o meu sentimento: “Quando considero a curta duração da minha vida, engolida pela eternidade que passou e passará antes e após o pequeno intervalo que preencho, ou que possa ver engolfado pela imensidão infinita de espaços que me são inescrutáveis e que não me conhecem, tenho medo, e me surpreendo de estar aqui e não acolá, agora e não antes ou depois. Quem me pôs aqui? Quem deu origem e direção para que este espaço e este intervalo de tempo sejam ocupados por mim”.

Segundo o físico Marcelo Gleiser, ainda, hoje o terror de Pascal reflete a reação de muitos quando se deparam com revelações da ciência que, três séculos mais tarde, confirmou de forma extraordinária a vastidão espacial e temporal do Cosmos. Se não através da religião, conforme Pascal propõe em sua defesa do Cristianismo, como encontrar sentido em uma existência tão efêmera?


Amaury Cardoso


E-mail: amaurycardosopmdb@yahoo.com.br

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