sexta-feira, 7 de março de 2008

A REPÚBLICA DOS PARADOXOS. Artigo / Set

PONTO DE VISTA.

ARTIGO: SETEMBRO/ 2010.

Às vésperas da conclusão do processo eleitoral que definirá o presidente da república pelos próximos quatro anos, temos observado incríveis contradições na política brasileira que, evidentemente, tendem a influir no segundo turno da eleição e, justamente por isso, merecem a nossa atenção.

Dentre os casos a serem abordados, inicio pelo que considero ser o mais emblemático, que é o recente processo de capitalização da Petrobras que foi um retumbante sucesso. Nem poderia ser diferente, já que o governo comprou tudo o que não foi adquirido pelos outros acionistas. Contudo, seria muito bom se isso não significasse um grau bem maior do que o desejado de intervencionismo estatal numa empresa de capital aberto, que negocia suas ações no mercado internacional e que tal paradoxo gera tamanha insegurança para o investidor, que o valor das ações caiu em um quarto da cotação anterior. Capitalização com perda no valor das ações não é ma paradoxal incoerência?.

O governo federal tem divulgado cifras que chegam a trilhões para falar do programa do PAC, mas o orçamento deste ano só destinou ao referido programa 45 milhões. O investimento federal, no geral, esta em 1,3 % do PIB, bem próximo ao patamar do governo FHC, porém o atual governo aumentou bastante a despesa com custeio, pessoal, previdência e impostos equivalentes a 1/3 do PIB. O presidente Lula, quando oposição, não se cansava de criticar os programas assistências do seu antecessor. Uma vez governo, ampliou e muito tais programas, o que lhe garantiu a grande popularidade que hoje desfruta. Foi ácido na crítica á política econômica de FHC, mas uma vez empossado, deu continuidade total a esta política a ponto de declarar que FHC estava certo.

Quando nos lembramos do Lula sindicalista, lutador pelas liberdades democráticas, principalmente a de livre expressão, e vemos o que esta ocorrendo atualmente através do desrespeito às instituições democráticas como a imprensa, o Congresso e o Poder Judiciário, sob sua inspiração, temos motivo para ficarmos realmente preocupados.

As tentativas constantes de cerceamento de liberdade de imprensa são inaceitáveis sob qualquer pretexto, mais ainda quando vem de um homem com a sua investidura que tem por obrigação cumprir e fazer cumprir a constituição que assegura esta liberdade, e que diz ter toda uma vida de luta contra o arbítrio e contra este e outros atentados às instituições democráticas.

É paradoxal que o presidente da república enseje um manifesto, junto à CUT, FORÇA SINDICAL, UNE e outras instituições classistas contra “excessos” da imprensa. Estes “excessos” seriam a divulgação de episódios de improbidade administrativa e outras ações questionáveis de órgãos e membros do governo. Na realidade, a imprensa presta um grande serviço à nação e ao próprio governo, dando o balizamento necessário para eventuais correções de rumo.

A liberdade de imprensa, paradoxalmente sob ataque de um governo que se autodenomina de esquerda, e defendida por intelectuais e, por incrível que pareça, pelos militares que a cercearam outrora; é uma das garantias para o perfeito funcionamento das instituições democráticas, ameaçadas por estas tentativas de cerceamento e pelos recentes ataques do poder executivo federal ao poder judiciário.

Lula pasmem, já chegou a dizer que a sua eleição foi graças a Getúlio Vargas, prócer do trabalhismo e das leis que protegem, ainda hoje, o trabalhador brasileiro, muito embora seu governo tente flexibilizar ou acabar com estas leis, em mais um paradoxo. O que Lula não aprendeu com Getúlio é que os homens passam, mas as instituições permanecem e o povo precisa confiar nelas. Durante o ESTADO NOVO Getúlio Vargas não corrompeu as casas legislativas, as fechou para governar por decreto; não usou as forças armadas nem o judiciário para reprimir e julgar crimes políticos, mas criou uma polícia especial e tribunais especiais para agirem nesses casos. Não por acaso que em 1946, quando do retorno á normalidade democrática, a credibilidade das instituições junto ao povo fez deste o período áureo da democracia brasileira, tanto que assegurou a Getulio a sua eleição pela via democrática anos depois.

Apesar disso mantemos a confiança que o atual presidente, oriundo da classe operária, não se deixe levar pelas atitudes de colegas tragicômicos como Hugo Chaves, o paradoxal misto de democrata com ditador que se declara a reencarnação de Simon Bolívar. Esperamos que se mantenha fiel ás suas origens pessoais e políticas, para assegurar ás futuras gerações de brasileiros a estabilidade social, econômica e política que só instituições independentes, fortes e confiáveis podem oferecer aos filhos dessa grande nação, sem qualquer tipo de paradoxo.

Amaury Cardoso
e-mail: aurycardosopmdb@yhaoo.com.br
Blog: www.amaurycardoso.blogspot.com

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