segunda-feira, 2 de novembro de 2015

A DESESPERANÇA DA SOCIEDADE E SUAS INCERTEZAS DIANTE DA CRISE ECONOMICA, POLÍTICA E MORAL. ARTIGO: NOVEMBRO/2015


Estamos atravessando um ciclo político e econômico de grandes incertezas diante do esgotamento da credibilidade do atual governo, desmoralizado em razão de falsas promessas, mentiras, incompetência na gestão, sobretudo econômica, e contaminada pela corrupção institucionalizada, cujas conseqüências negativas estão levando o país a um caminho temeroso no campo econômico, social, político e moral, cuja saída exige uma profunda reforma estrutural que evite a decadência do país ampliando seu atraso econômico e social.
O Brasil vive a realidade de um país que afunda diante de suas mazelas: Economia desindustrializada, sem competitividade, baixíssima produtividade, sem capacidade de inovação, dívida financeira astronômica chegando a 70% do PIB, orçamento deficitário e um sistema previdenciário insustentável, que, levam o país a uma falência estrutural e financeira que o impedirá de construir o seu futuro.
O país esta a deriva, paralisado pela crise, e a desesperança da sociedade vem em decorrência de não vê no horizonte uma saída clara. Essa falta de perspectiva se aprofunda e a população brasileira sofre com a crise econômica e percebe que o alto grau de corrupção na máquina pública agrava a crise política e moral, se transformando em um multiplicador de incertezas.
No campo político se constata a profunda rejeição da sociedade com a prática ultrapassada da velha política, degeneradas pelo fisiologismo, pratrimonialismo, clientelismo e a corrupção sistêmica. Destaco a citação de Paulo Guedes, em artigo “República de bananas”, onde afirma que se aplica à nossa classe política o diagnóstico de Barbara Tuchman sobre os Papas renascentistas: “Recusam-se a mudar, mantendo em estúpida teimosia o sistema corrupto existente. Não podiam fazer as reformas porque eram parte da corrupção, com ela cresceram e dela depenem. Ignoraram todos os protestos e os sinais de revolta crescente. Colocaram seus interesses privados acima do interesse público, sob a ilusão de um status invulnerável”.
A desesperança, a desconfiança, o descrédito da sociedade com as instituições partidárias desgastadas e a classe política com seus velhos hábitos políticos, só será amenizada quando perceberem a ocorrência de mudanças no funcionamento dos partidos, através da modernização de seus programas, da realização de uma reforma política feita de forma responsável e ampla e na forma de relacionamento da classe política com o cidadão, onde o populismo, clientelismo e assistencialismo deixem de ser a prática, prevalecendo a competência, baseada na capacidade e seriedade no exercício da função, a conduta ética e o zelo no que concerne os aspectos morais. Pode parecer utopia, mas esse é o sentimento que carrega a grande maioria das pessoas de bem, que rejeitam a alta imoralidade, e o desprezo aos valores balizadores da moral.
O rompimento com o sistema de coalização partidária como forma de cooptação e a depuração do nosso sistema político eleitoral é a tarefa mais urgente neste momento, que o congresso e as lideranças partidárias deixaram passar, e única alternativa para a retomada do respeito da sociedade no sistema de Democracia Representativa. As práticas utilizadas pela “velha política” estão ultrapassadas e se tornaram, pela sociedade, inaceitáveis.
Gerações se passaram após o fim do regime de ditadura militar, e o processo de redemocratização, mesmo diante do avanço das liberdades individuais, da amplitude da participação cidadã e do fortalecimento das bases do nosso jovem sistema democrático, não garantiram as futuras gerações a necessária vivência de práticas democráticas. Os jovens não tiveram nas escolas públicas, onde os alunos experimentam a pluralidade, convivem com classes e etnias diferentes, a vivencia política como prática cotidiana. Estamos em um momento de reinvenção da política, pois a política que essa geração assiste não a interessa. Temos uma estrutura de séculos atrás, e a lógica e o mundo são outros. No atual sistema político, o jovem que poderiam revelar vocação política não tem chance de disputar o jogo político da forma como o atual sistema político/eleitoral se impõe.
A geração do século XXI passou a participar fazendo política nas redes sociais, se mobilizando, se indignando, se organizando e fazendo manifestações. As redes passaram a ser uma forma política de participação, efetivamente, uma forma de intervenção política, um sintoma claro de que a juventude procura novos tipos de organizações, sendo a queda significativa de filiação partidária entre os jovens um sintoma claro de seu desinteresse e decepção com as instituições partidárias que, na estrutura atual, não os representa.
Os partidos precisam se reinventar e a classe política precisam mudar a sua prática política. Esse é o grande desafio que se coloca a democracia representativa.

                                                                             Amaury Cardoso
                                                                   Presidente Estadual da FUG/RJ
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