segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Os efeitos da Globalização e do Tecnocapitalismo no Mundo Contemporâneo. Artigo: Outubro/2023

 


A globalização pode ser entendida como um processo multidimensional que não se restringe só à vertente econômica, mas envolve também dimensões políticas, de segurança, cultural e ambiental. Este processo está associado ao crescimento dos fluxos de comércio e investimentos internacionais, reforço da concorrência, à celeridade e facilidade das comunicações, ou ainda à convergência de valores culturais e da consciência sobre os problemas globais, designadamente os ambientais.

O surgimento deste novo modelo induz os Estados à uma nova condição socioeconômica, obrigando-os a uma reavaliação de seu papel nos processos decisórios e modificação de postura em relação a questões como a desigualdade social, o desequilíbrio no acúmulo de capital e a corrupção, tidos como efeitos causados pela globalização.

Ao mesmo tempo, a evolução tecnológica e a interdependência de mercados internacionais permitem que as mudanças ocorram em um espaço de tempo cada vez menor, causando impactos cada vez mais intensos. Estes impactos provocam a necessidade de acompanhamento do capital humano dos países, principalmente daqueles que estão em processo de desenvolvimento, de modo a se tornarem aptos para concorrerem com outros países no mercado internacional.

Sendo assim, as novas relações tanto políticas, quanto econômicas permitiram que empresas se internacionalizassem graças ao aperfeiçoamento da tecnologia em vários países e, com isso, instaurando um processo de co-dependência entre as nações. Esta condição, do ponto de vista da economia política, resultou no denominado “tecnocapitalismo”, cujas características relacionam-se ao aumento do poder do mercado e ao declínio do Estado nação, acompanhado do crescente poder e influência das corporações transnacionais nas decisões estatais, de modo a facilitar e criar condições favoráveis à reprodução do capital.

Em suma, o capitalismo contemporâneo ou tecnocapitalismo, baseia-se na estrutura do capital e da tecnologia, que produzem novas formas de cultura, sociedade e cotidiano social. Secundo Douglas Kellner, “Nas últimas décadas, a indústria cultural possibilitou a multiplicação dos espetáculos por meios de novos espaços e sites, e o próprio espetáculo está se tornando um dos princípios organizacionais da economia, da política, da sociedade e da vida cotidiana.” (Douglas Kellner, “A cultura da mídia e o triunfo do espetáculo”, In Líbero. São Paulo, vol. 06, n.11, p.05).

Especificamente em nosso país, ocorreram intensas transformações nas últimas décadas, patrocinadas pela mudança de regime político, onde a sociedade obteve o direito de participar das decisões de Estado.  A exemplo de outros países, a nossa economia, passou pelo processo de estabilidade monetária e decréscimo inflacionário desde a década de 90, onde buscou se tornar um país economicamente maduro e seguro, apto a receber investimentos externos e internos, de forma a comportar um crescimento econômico linear e equilibrado, com a finalidade de contemplar e suprir as demandas dos mais variados segmentos da população brasileira.( Infelizmente a partir de 2010 as políticas econômicas adotadas aliadas a generalização da corrupção levaram o Brasil a um retrocesso deste processo.)

Em virtude das mudanças associadas aos efeitos da globalização, houve a necessidade de alterações na normatização legal até então vigente, de forma a compatibilizá-la à nova configuração socioeconômica estabelecida, uma vez que este ajustamento às novas estruturas se evidencia como uma condição sine qua non para o desenvolvimento econômico de qualquer país. 

A exemplo de outros tantos países onde vigora o sistema capitalista, o Brasil também adotou as novas regras e as novas formas de tecnologia com o objetivo de inserir-se ao mundo globalizado, onde as relações econômicas se tornam cada vez mais competitivas. Ressalta-se neste sentido, que não somente aderiram à estas regras os países capitalistas, como também a China, onde as relações socioeconômicas até então, eram essencialmente de cunho socialista.

Por fim, a globalização, em suas diferentes modalidades de expressão e realização, tem o Estado cada vez mais sob o controle das organizações e das corporações transnacionais, onde instituições que normalmente controlam poderes econômicos e políticos se tornam aptas a se sobrepor e impor controle sobre os Estados. Tem poder de influenciar governos, aparelhos estatais, burocracias e tecnocracias e estabelecem objetivos e diretrizes que se redirecionam às sociedades civis, no que concerne às políticas econômico-financeiras.



Amaury Cardoso

Físico/Gestor Público/Especialista em Ciências Políticas

www.amaurycardoso.blogspot.com.br

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

A EVOLUÇÃO DA COMUNICAÇÃO POLÍTICA. - Artigo: setembro/2023.

(Este texto foi elaborado através de estudos do meu curso, em andamento, de MBA Marketing Político Eleitoral, Gestão e Estratégias)

É fato que a genialidade humana é o que muitas vezes provocou as rupturas históricas. Inicio a minha dissertação sobre a evolução dos meios de comunicação destacando a frase de Marshall McLuhan, grande estudioso da comunicação que escreveu na década de 1960 um livro chamado “O Meio é a Mensagem”, que diz: “Os homens criam as ferramentas e as ferramentas recriam os homens”.

Marshall McLuhan não conheceu a internet, pois veio a falecer em 1980, mas ficou conhecido por vislumbrar a internet quase trinta anos antes dela ser inventada. Ele falava que a televisão iria aproximar os cantos mais distantes da terra e transformar a grande civilização mundial numa “Aldeia Global”, termo cunhado por ele. Acredito que essa frase citada acima sintetiza vários momentos históricos que provocaram grandes transformações.

Feita essa introdução, passo a expressar o meu ponto de vista sobre a evolução dos meios de comunicação que levou, também à evolução da comunicação política. O impressionante desenvolvimento dos meios de comunicação, ao longo do século XX, modificou todo o ambiente político. O contato entre líderes políticos e sua base, a relação dos cidadãos com o universo das questões públicas e mesmo o processo de governo sentirem, e muito, o impacto da evolução tecnológica da mídia.

Já no começo do século XX, fez-se notar a presença do rádio, um importante veículo de comunicação que contribuiu muito para formar opinião por tratar-se de um veículo ágil que passa o sentimento de se dirigir exclusivamente ao indivíduo e não a multidão por conta de sua técnica de construção textual e oral, que dá a impressão de falar com emoção com cada ouvinte em exclusividade, razão pela qual se transformou em um canal de forte apelo popular, se mostrando um importante instrumento de propaganda. Os novos meios exigiam novos tipos de políticos, que soubessem como utiliza-los. 

Com a chegada da televisão a imagem em movimento passou a ser o grande trunfo desta mídia, ainda mais transformadora, em relação ao rádio e ao jornalismo impresso. O papel da palavra neste veículo, cujos atributos são o imediatismo, a agilidade e a instantaneidade, é dar um apoio ao visual e criar um amálgama tal que transmita a mensagem de maneira clara, sem redundâncias entre o texto e a imagem, sendo necessário a utilização de frases curtas, organizadas na ordem direta, sem intercalações, claras, objetivas e diretas. O bom aproveitamento da mídia televisiva é quando o comunicador consegue tocar o coração das pessoas e criar intimidade com elas.

Com a chegada do século XXI, surgiu a propaganda política na web, um estrondoso desenvolvimento dos meios de comunicação. A internet e as redes sociais vêm ocupando e expandindo seu espaço de comunicação, alcançando uma importância fundamental como veículo de comunicação virtual. A internet se apresenta com uma característica revolucionária ao promover uma democratização da comunicação com um diálogo com fluxo constante entre pessoas, com capacidade de permitir novos relacionamentos, novas formas de consumo informativo, intercâmbio de palavras de áudios e vídeos, toda uma espécie de descentralização do produzir comunicação que antes da chegada da internet estava centrado nas mãos dos veículos de comunicação tradicional.

A internet democratiza o fazer política, e torna-se uma grande arena de debates. As redes sociais passaram a ser uma ferramenta altamente transformadora que pouco a pouco vai ampliando oportunidades, vai permitindo intercâmbios opinativos e informativos que outrora as pessoas não tinham a possibilidade de exercer.

Se nós considerarmos a comunicação impressa, o rádio e a televisão, fica evidente que nesses veículos a comunicação tinha peso de influência maior do emissor da comunicação em relação ao receptor, ou seja, em relação as pessoas que recebiam os conteúdos. Já na internet não, todos somos produtores e receptores de conteúdo. Esses conteúdos podem ser discordância, concordância, elogios, críticas, sugestões e uma série de outras ações que passaram a se potencializar com frequência constante no dia a dia das pessoas. Face a isso, surgem uma nova leva de políticos que precisam saber como dialogar com jovens, pessoas de meia idade e até mesmo com idosos por meio de ferramentas digitais e redes sociais.

Hoje, as redes sociais impõem uma necessidade bastante acelerada de informalidade, uma comunicação mais transparente, mais ágil que simbolizem mais credibilidade, e que possam atingir pessoas das mais variadas camadas sociais e faixa etária. A comunicação nas redes sociais, precisa ser uma comunicação menos formal, menos dura e sisuda. 

Por fim, entendo que cada vez mais a comunicação política precisa ser trabalhada como uma ferramenta importante e estratégica, como uma oportunidade de maximização de conteúdos onde haja profissionalismo, onde não se faça chutômetro ao escuro. É necessário ressaltar que a profissionalização da comunicação política marca a transformação de dois modelos, um marcado por relativo amadorismo e outro caracterizado pelas influências dos consultores políticos.

Amaury Cardoso

Físico/Pós graduado em Gestão Pública – Políticas Públicas e Governo/Especialista em Estratégia Política/Especialista em Ciências Políticas/Cursando MBA em Marketing Político e Eleitoral, Gestão e Estratégias.

Blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br 


segunda-feira, 28 de agosto de 2023

AS CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS DE UM RETROCESSO DOS VALORES MORAIS E ÉTICOS. - Artigo: Agosto/2023

 


A literatura de vários estudiosos da ciências políticas, pensadores das mais diferentes tendências ideológica, tem alertado sobre o alto risco da crescente marcha suicida da política que vêm sendo alimentada pela perda de todo princípio ético e moral presente no perfil de grande parcela dá representação política, que tem como consequências trágicas o crescente descrédito da democracia representativa e a desagregação moral do Estado, ambas tendências avassaladoras e de forte influência degenerativa de uma sociedade.

A crise moral e ética, em especial nos atores políticos, não surgiu inesperadamente e muito menos é um mal do momento. O processo de formação civilizatório, bem como o processo de formação política, está repleto de exemplos de desvios morais e éticos que causaram consequências que levaram a fragilidade do corpo social, por tanto, males profundos que deixaram sequelas nocivas a formação de caráter de gerações que se seguiram, em razão disso afetando os alicerces da sociedade.

No caso específico do nosso país, esse processo de degeneração social tem levado o Brasil a um retrocesso de valores morais e abalado alicerces éticos chegando, em algumas situações, a atingir o âmago da nacionalidade. Mais recentemente, com o fim do regime militar e o início da chamada “Nova República”, a sociedade brasileira, em decorrência da universalização das redes sociais, estarrecida e indignada, têm assistido escândalos de corrupção sistêmica na máquina pública com casos comprovados de desvios de bilhões de seu erário, com o agravante da impunidade de vários atores envolvidos.

No atual momento político da vida brasileira é lamentável constatar-se tanto a corrupção administrativa como a falta de pudor e princípios morais e éticos na vida social e privada, que tem deixado como consequências graves um círculo vicioso que produz a destruição do princípio moral e, como consequência, tem atingido a estrutura familiar e degenerado sequências dê gerações que aprofundam a degenerescência social, com crescentes casos de violência, criminalidade, desrespeito e intolerância social. Diante deste cenário, se não houver uma mudança brusca e profunda, teremos uma sociedade com casos crescentes de pessoas com deformação de caráter contaminando toda uma coletividade cujos os danos socias serão enormes, ameaçadores e de resultados assustadores.

A saída dessa situação que nos levará ao caos social está na criação de condições para a construção da cidadania responsável, elegendo a probidade, a retidão, a ética e a legalidade como alicerce garantidor da formação de indivíduos probos e de sólida formação de valores morais e éticos. Está longe de ser uma utopia a construção de uma sociedade mais desenvolvida e com justiça social, contudo leva tempo e não se pode perder mais tempo em razão da ameaça dê que esse retrocesso venha a contaminar a principal estrutura de uma nação que é o seu povo.


Amaury Cardoso
Bacharel e Licenciatura plena em Física/Gestor Público /Especialista em Ciências Políticas.


segunda-feira, 31 de julho de 2023

O CAMINHO DAS TRANSFORMAÇÕES POPULARES NUNCA FOI CURTO, MAS POR VÁRIAS VEZES CONQUISTADOS! - ARTIGO: julho/2023


Diante do cenário desolador em que se encontra o sistema político/eleitoral em nosso país, não seria exagero afirmar que não percebo a existência de partidos políticos que defendam rupturas com a ordem instituída. Estamos atravessando um cenário político turbulento diante de uma massa social indignada, descrente da política e desconectadas dos seus “representantes políticos”, onde os movimentos sociais, criminalizados, ou se acomodaram com o pouco que lhes foi concedido ou estão isolados e sem forças. O que a tempos atrás era reconhecido como um campo político popular e democrático, com peso político para influir nas decisões políticas, está fragmentado e sem capacidade de falar para o conjunto da sociedade, muito menos influir nas decisões de governo, salvo pequenas variações.

O que se percebe, em razão do grande número de partidos desgastados e desconectados com a sociedade, é que está sendo produzida manifestações de grupos de militantes sociais e políticos que se formam aqui e ali, inconformados com a ausência de um projeto estratégico de transformação social para o Brasil, que discutem, de maneira molecular e atomizada, como criar condições para que o tema seja retomado e se coloque de uma maneira mais ampla em nossa sociedade.

Acredito que às perguntas que persegue muitos brasileiros sejam: Qual o Brasil que queremos para um futuro próximo. Conseguiremos superar esse enorme fosso da desigualdade entre a imensa maioria pobre e a minoria rica. Conseguiremos interromper a devastação ambiental que o atual modelo de desenvolvimento provoca. Será que conseguiremos construir um Estado democrático capaz de impor uma regulação e limites à voracidade do capital.

Infelizmente o que se constata é que não ocorre uma disputa política, nem sequer nas campanhas eleitorais, por alternativas de desenvolvimento. Os partidos políticos não incorporam compromissos com temas relevantes para a sociedade e a grande maioria dos políticos consideram desenvolvimento o que na verdade é eventual crescimento econômico.

Percebo e defendo que as contradições políticas desse momento produzem pequenas e grandes rupturas, e essas abrem espaços para o novo! Para tal, é necessário romper com a barreira das fragilidades que foram impostas a imensa parcela da população, que se encontram incapazes de se tornarem protagonistas das mudanças que tanto anseiam em razão da incapacidade de exercerem um qualificado pensamento crítico ao poder dominador, político e econômico, que mantém e aprofunda a exclusão social e a produção da desigualdade, priorizando a concentração de riquezas.

Por fim, está claro que a dificuldade de se conquistar as transformações que a grande parcela da sociedade brasileira deseja está na incapacidade da grande massa populacional pelo fato de possuir ausência de uma reflexão teórica e coletiva, o que os priva de um ferramental analítico indispensável para a formulação de alternativas, sendo a produção e universalização do conhecimento uma questão nevrálgica.

As formas de opressão que garantem a permanência do atual modelo político estão alicerçadas em discriminações que criam e mantém os cidadãos de segunda classe, chamados de marginalizados, e isso só se supera com educação pública de qualidade, muita democracia, cidadãos participativos e com consciência política. O processo histórico político tem confirmado que só se consegue profundas transformações através de muita pressão social e grandes mobilizações que assegure a sociedade o controle social sobre o governo e suas políticas públicas. O caminho das transformações populares nunca foi curto, mas por várias vezes conquistados!


Amaury Cardoso
Físico/Gestor Público/Especialista em Ciências Políticas.

Blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br  

segunda-feira, 19 de junho de 2023

O DESAFIO DE SE IMPLANTAR UMA NOVA VISÃO MODERNA DE GESTÃO PÚBLICA! - Artigo: junho/2023


Em razão de tudo que tenho visto nestes meus quarenta anos como servidor e gestor público, tendo atuado em várias instancias (municipal, estadual e federal) do serviço público, tenho a segurança ao afirmar que o gestor público precisa se reinventar a cada dia. Faço essa afirmação por reconhecer como é difícil exercer as inúmeras tarefas e cumprir com eficácia as atribuições de gestor público. Essa afirmação está pautada na dificuldade de um administrador público atender inúmeras demandas, muitas das vezes totalmente conflitantes, que surgem diariamente trazidas por diferentes grupos sociais. Fazer políticas públicas diante desse cenário não é tarefa simples em virtude de exigir do gestor público uma gama de informações sobre a situação que se apresenta.

Pensar a gestão de uma cidade é um tremendo desafio, exigindo do gestor experiência, perspicácia e acima de tudo sabedoria para identificar as ferramentas certas que evite erros e garanta o efetivo êxito dás políticas pública a serem aplicadas.

Todo grande gestor necessita ter um amplo e eficaz programa de governo, apoiado em um plano estratégico, com metas objetivas, factíveis e bem representativas no que tange a sua finalidade e alcance da sua ação. Tal resultado só será alcançado se houver uma avaliação rigorosa através de acompanhamento sistemático dos projetos baseado na garantia de dados qualificados, visando com isso viabilizar o devido uso racional dos recursos públicos. Assegurar a transparência nas ações de governo e aplicação dos recursos públicos é imprescindível a um qualificado e bem intencionado gestor público!

Com o objetivo de garantir a melhor atualização dos recursos públicos, entendo que se torna necessário que todas as decisões do gestor público sejam tomadas pautadas em análises rigorosas da efetividade das políticas públicas, que devem ser baseadas em dados seguros e concretos sempre após ter ouvido as manifestações da população a ser beneficiada. Tal procedimento se tornou ainda mais abrangente em razão das novas tecnologias digitais que permitem um canal direto de comunicação entre os agentes públicos e os cidadãos. Afinal, a participação da sociedade é fundamental e garantidora do êxito de qualquer política pública.


Amaury Cardoso

Físico/Gestor Público/Especialista em Ciências Políticas
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terça-feira, 13 de junho de 2023

O AVANÇO DA ESTAGNAÇÃO DEMOCRÁTICA NA AMÉRICA LATINA. - Artigo: Maio/2023.

 


A última década do século XX e a primeira do século XXI revelou que os países latino-americanos apresentaram um cenário de baixa de qualidade em seus sistemas democráticos. É fato que a democracia nas ultimas três décadas na Venezuela sofreu um profundo retrocesso, mas não ficou só nela. Quem se der o trabalho de fazer uma pesquisa dos acontecimentos que tem ameaçado o avanço da democracia na maioria dos países que compõem a América Latina se depara com um processo de baixa qualidade de suas democracias, que tem contribuído para o declínio global da democracia.

O que se constata é que a democracia tem se deteriorado lentamente a partir de 1980. Seis países passaram por erosão e rupturas democráticas. Venezuela e Nicarágua são casos mais preocupantes de regimes completamente autoritários e altamente repressivos, somando-se El Salvador que se tornou um regime autoritário. Percebe-se, também, que houve um desgaste da democracia em dois países populosos da América Latina, me refiro ao Brasil e o México.

Essas “semidemocracias” são apontadas por estudiosos como responsáveis por impedirem que as democracias consigam se tornar mais sólidas e liberais. Afirmam, “a existência de uma onda de democracias de baixo nível em razão de persistentes déficits democráticos, e apontam três razões para tal fato: Primeiro, “grupos poderosos, como redes de organizações criminosas e grupos de interesse que pertenciam à antiga coalizão do governo autoritário que fazem o que podem para bloquear o caminho do avanço da democracia. Não desejam ver os direitos dos cidadãos protegidos, as eleições tornadas mais livres e justas, o poder do Executivo controlado e o controle dos cartéis do narcotráfico, restringidos ou eliminados.”

Em segundo, “os maus resultados de governança na maioria dos países latino-americanos alimentaram a insatisfação com a democracia, abrindo caminho populistas autoritários que protestam contra um establishment malsucedido.”

Em terceiro, “os chamados Estados Híbridos violam os direitos dos cidadãos, não conseguem garantir segurança e serviços públicos de qualidade e são parcialmente capturados por poderosos atores estatais, políticos e grupos de interesse privados, que não querem construir instituições mais eficientes baseadas no Estado de Direito. Estados Híbridos combinam alguns setores burocráticos eficientes e inovadores e outros marcados por corrupção, patrimonialismo, ineficiência e autoritarismo. Juntos, atores coercivos, maus resultados e Estados Híbridos enfraqueceram o comprometimento dos cidadãos com a democracia. Isso prepara o terreno para a estagnação e a recessão democrática.”

A democracia é um regime político caracterizado por: 1- eleições livres e justas para o legislativo e executivo; 2- sufrágio praticamente universal no mundo atual; 3- um amplo conjunto de direitos políticos e civis, como liberdade de expressão, a liberdade de imprensa e a liberdade de organização, entre outros; 4- mecanismos de prestação de contas e responsabilização que possam controlar o poder Executivo; e 5- controle civil sobre os militares e outros atores armados. O aprofundamento democrático significa melhorar uma ou mais dessas características definidoras – por exemplo, tornar o exercício dos direitos mais uniforme – de modo a melhorar o nível geral da democracia.

Segundo levantamento a que tive acesso, atualmente doze países da América Latina são semidemocracias ou têm um nível de democracia de baixo a médio grau, incluindo os gigantes demográficos Brasil (população de 216 milhões) e México (população de 130 milhões), o que caracteriza que a democracia de qualidade mediana ou inferior é o regime mais comum da América Latina sendo a maioria considerada exemplo de estagnação democrática!

 

Amaury Cardoso

Físico/ Gestor Público/Especialista em Ciências Políticas
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domingo, 23 de abril de 2023

A POLÍTICA ME FASCINA AO PONTO DE ME INQUIETAR - Artigo: Abril/2023


A rejeição a todos os políticos, que se faz presente em todas as pesquisas e manifestações populares, está evidenciando que o atual sistema de representação política sofre uma grande crise por estar gasto, envelhecido e ultrapassado. Nossa jovem democracia envelheceu precocemente em razão da presença constante de jogos de conchavos, pelas escolhas erradas dos eleitores, pela mesmice de oligarquias políticas que controlam partes da federação e espaços importantes da administração pública. Uma grande parcela da população está acometida pela sensação de divórcio com a classe política, ou seja, seus governantes.

A cada processo eleitoral tem ficado mais evidente que o atual sistema de representação política está ficando obsoleto. Os processos eleitoras em nosso país tem demonstrado que os eleitores se movimentam por ciclos e que suas decisões nem sempre seguem uma coerência, uma lógica. Tenho afirmado que não devemos ignorar o peso da desesperança presente na grande maioria da sociedade, e que este sentimento tem ligação direta com o desinteresse das pessoas com a classe política em razão do grau de seu descrédito. 

A política está confusa. Os cidadãos não tem mais confiança nos partidos e vivem sonhando com uma reforma que mude tudo. Percebo que nos próximos anos a pressão sobre a classe política vai aumentar, pelo fato dás pessoas terem adquirido mais capacidade de acompanhar a vida parlamentar e as decisões partidárias. O que acontece no meio político vêm desagradando, e até certa medida indignando, a grande maioria da população cujo o resultado é a descrença em grande proporção. É nítido o sentimento de insatisfação e desconfiança com os políticos de um modo geral! A população acha que os governos tem gasto mal o dinheiro que sai do seu bolso, o que de certa forma em alguns setores este entendimento se evidência.

Há anos me somo aos que defendem uma profunda reforma política e eleitoral por estar convencido de que o atual sistema político, nascido no berço de grupos oligarcas que se perpetuam no poder desde do início do Brasil República, é elitista, ultrapassado e excludente. Estou convencido de que não haverá, por mágica, reforma capaz de corrigir todos os defeitos desse sistema político secular, muito menos que consiga atingir o núcleo de sustentação do poder político que se impõe e é responsável pela degradação da democracia representativa. Tentar mudar o atual status quo, que estabelece que os espaços de poder sejam controlados pelas mesmas pessoas que fazem leis e criam regras para benefício deles mesmos, requer um bom nível de conscientização política da sociedade o que “os donos do poder” cuidaram de retirar as condições para que tal ameaça se concretize. Ou seja, “os grupos monopolistas do poder criam proteção para si. Os que ficam abaixo da pirâmide não tem acesso.” Isso ameaça a democracia!

O fato é que implementar essa necessária reforma Política e Eleitoral é o grande desafio que se impõe aos brasileiros. Tenho a consciência que, embora seja imprescindível, não será algo fácil, exigirá muita participação popular e luta constante por mudanças que só virão se houver grandes avanços no sistema educacional que assegure uma educação universal de qualidade que, aí sim, irá permitir o movimento de elevação do pensamento crítico associado a elevação do nível de desenvolvimento humano e social dos mais pobres no Brasil, hoje aprisionados na sua ignorância que os impede de enxercar o núcleo central do sistema de dominação política e social.

Por fim, não há outro caminho senão o combate sistemático contra a pobreza, contra as desigualdades responsáveis pelo continuo crescimento da marginalização social de geração após geração. Interromper esse ciclo perverso é fundamental no sentido de impedir um futuro sombrio que se vislumbra: jovens com baixo nível de escolaridade num mercado de trabalho cada vez mais exigente, população envelhecendo com grandes parcelas de pobres, economia sem dinamismo para enfrentar um mundo cada vez mais competitivo. 

Só iremos evitar esse futuro sombrio se tivermos sucesso no alcance de uma educação pública moderna e de qualidade, associada a criação de condições da manutenção do desenvolvimento econômico e social. Quanto mais o Brasil tiver progresso social, mais forte estará sua economia e mais protegido seu povo e, consequentemente, sua democracia.


Amaury Cardoso

Físico/Gestor Público/Especialista em Ciências Políticas.

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segunda-feira, 13 de março de 2023

A CIDADE PRECISA TER A CAPACIDADE DE SE REINVENTAR AO FIM DOS CICLOS. - MARÇO/2023


Estamos atravessando um século que vislumbra profundas transformações, e dentre tantas que já ocorrem e irão ocorrer, quero trazer o meu ponto de vista sobre o que está acontecendo com as cidades.  Estamos diante da maior onda de urbanização da história da humanidade, que promoverá profundas repercussões junto a sociedade.

De tudo que tenho lido a respeito, me deparo com diversas previsões e prognósticos que se dividem na visão de que essas mudanças sem precedentes pode acentuar o desenvolvimento e promover a sustentabilidade ou pode aprofundar a pobreza e acelerar a degradação ambiental.

Somo aos que acreditam que, em razão de vários governos passados terem errado bastante nas suas épocas, não há muito a fazer, a não ser esperar o crescimento, porque o que está ruim agora, o sufoco das grandes cidades só vai piorar.

Nunca foi tão importante para os atuais administradores/ gestores público pensar de forma revolucionária os espaços urbanos. As cidades vão continuar a crescer em população nas próximas décadas.

Especialistas e estudiosos sobre metrópoles e cidades urbanas afirmam que o futuro dos espaços urbanos, o futuro das cidades nos países em desenvolvimento e da humanidade, depende das decisões que tomarão seus administradores. No entanto, nas últimas décadas a grande maioria dos administradores públicos fizeram menos do que era possível para enfrentar os erros cometidos no passado, quando a primeira onda de urbanização aumentou a demanda por serviços públicos e por moradia nas grandes cidades.

Nosso país acentuou desigualdades que nas primeiras décadas do século XXI estão sendo enfrentadas, favelizou periferias e transformou o trânsito em um caos que desafia os administradores públicos que se veem diante de um desafio impossível de resolver. Milhões de pessoas saem dos pontos mais diversos e distantes da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, e vão a grande maioria para o mesmo lugar: o Centroda cidade do Rio de Janeiro. Importante destacar que os que desembarcam no centro da cidade estão indo trabalhar ou de passagem, por ser o centro o entroncamento obrigatório para outras partes da cidade. Essa é uma das contradições: os Centros das cidades são movimentados e desabitados.

Em virtude do fato da grande maioria da população viverem em áreas urbanas , o administrador público municipal precisa ter claro o desenho da cidade. Um fato relevante é que várias cidades têm mostrado nos últimos anos que podem melhorar a modernização de seus espaços reativando áreas mortas, exatamente o que ocorre no projeto de reformas modernizantes que está em andamento no centro da cidade do Rio de Janeiro, que hoje se transformou, em razão de obras de revitalização, num polo turístico, histórico e cultural, áreas que eram sufocadas por prédios, verdadeiros monstrengos construídos ao longo de décadas. Essas transformações estão sendo de fundamental importância para o Rio, uma cidade de serviços, turismo, criatividade e cultura.

Tenho a percepção que para uma cidade não basta construir a infraestrutura. À cidade precisa ter vida planejada que permita a aproximação de pessoas em torno de interesses comuns, e o sistema de transporte eficiente é fundamental. 

O que dá errado nos projetos das cidades é quando o administrador constrói algo que vai de encontro a sua natureza!

O arquiteto Carlos Leite afirma, em Cidades sustentáveis: “A cidade é a pauta: o século XIX foi dos impérios, o século XX das nações, o século XXI é das cidades. As megacidades são o futuro do Planeta Urbana “. Em todos os aglomerados urbanos procuram-se soluções para problemas que chegaram ao seu limite, como exemplo o nó da mobilidade urbana, pois nos últimos anos as cidades, independente de seu tamanho, estão ficando cada vez mais paralisadas pelo trânsito.

Má outra grande preocupação dos administradores públicos decorre das chuvas intensas, cada vez mais frequente, concentradas em períodos curtos. As cidades de qualquer tamanho, têm que estar preparadas para isso, tanto com obras quanto com equipes de socorro e sistema de alerta. Neste quesito o Rio saiu na frente, tem trabalhado muito.

Li em minhas pesquisas sobre Cidades Urbanas, que Cidades não são infraestrutura, são as pessoas. Quando se pensa em grandes obras devemos perguntar, em primeiro lugar, se elas vão, de fato, melhorar a vida dos moradores e se à cidade na qual se fará o investimento se dedica com eficiência ao principal que é educar as crianças e protegê-las “.

Aprendi em minhas leituras que há uma nova tendência de reorganizar as cidades em torno de pessoas e não mais de carros.  Vito o exemplo de Londres que sempre resistiu à tendência de muitas cidades de abrir vias expressas a qualquer custo.  Mesmo assim, tomou a decisão de dificultar maus a vida dos carros em certas áreas. Existe uma visão urbanística de que é preciso empurrar as pessoas para o transporte público, contudo ele precisa estar minimamente decente e eficiente. Entendo ser esse o grande desafio para o gestor público municipal que já têm excessivos problemas.

Por fim, considero desafiador para os prefeitos que administram cidades litorâneas o enfrentamento, em razão do processo de elevação do nível do mar, dos desafios de amenizar problemas de inundações. Acredito que o plano diretor das cidades que sofrem com essa real ameaça precisa levar em conta essa dramática questão nas suas decisões de localização. 

Outra situação, também, de grande relevância é a questão do saneamento face ao muito que não foi feito. Um enorme esforço terá que ser feito na área de saneamento urbano e no de abastecimento de água. Em geral a reee coletora de água recebe esgoto e despeja in natura diretamente nos rios e mar.

Reduzir as agressões ambientais aos rios, para reduzir o risco de doenças, para cumprir a lei dos resíduos sólidos, para alcançar o título de cidade sustentável se torna imprescindível enfrentar essa grande mazela. Outro grande desafio está no enfrentamento das questões externas. Chuvas torrenciais estão desabando e as cidades precisam se preparar para ter um sistema de alerta, identificação das áreas onde haverá problema para se criar prevenção, investimento em defesa civil.

O futuro vai ser mais desafiador do que os piores momentos do passado, exatamente porque o clima está mudando! “ O custo de preparação é sempre infinitamente menor do que o custo de recuperação depois do desastre “. É impossível controlar tudo, por isso é preciso ter um sistema de reação rápida e ágil diante de um incidente.


Amaury Cardoso 

Físico/ Pós-graduado em Gestão Pública/ Especialista em Ciências Políticas 

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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

O FUTURO SE DECIDE NA EDUCAÇÃO! - Artigo: Fevereiro/2023


Educação em nosso país é um tema que me traz grande preocupação, motivo pelo qual tenho, por vezes, abordado em meus textos e palestras. Entendo que precisamos continuar a promover debates que reafirme a fundamental importância que a educação exerce no desenvolvimento humano, social e econômico. É fundamental acreditar e sonhar com uma educação de excelência e equidade!

É inadmissível e perigoso o fato do Brasil ter se descuidado tanto da educação. Os números e as comparações internacionais confirmam que o Brasil tem feito muito pouco para reduzir a distância e o atraso educacional que nos separa do desejável. O nosso país se pretende ser um país desenvolvido precisa ser mais responsável com um tema tão fundamental para o desenvolvimento de uma nação e investir mais, em todos os níveis e para todas as pessoas independente de classes sociais, em educação.

Investir com o objetivo de garantir uma escola que seja eficaz e ofereça ensino de qualidade e promova inclusão social, dando a todos oportunidades iguais na construção social de suas vidas. Entendo que só com esse propósito se abrirá uma saída que irá tirar o Brasil do labirinto em que se encontra em decorrência dos equívocos cometidos com a educação, em especial, nos últimos cinco séculos.

Há quem, como eu, tenha saudades da escola pública dos anos 60 e 70, no qual se formou parte da elite de hoje, pois tínhamos uma escola de excelência, porém para poucos. Infelizmente já a algum tempo a boa escola pública se encontra no varejo, uma vez que no atacado encontramos muitos motivos para desesperança em razão dos indicadores educacionais apontarem para uma realidade devastadora.

O fato de o Brasil estar durante anos na avaliação do Pisa oscilando entre os últimos lugares ser um indicativo agravante, o pior é que o Pisa assiná-la que metade dos estudantes brasileiros está abaixo do nível 2, linha mínima de eficácia, ou seja, esses estudantes reconhecem os temas mais importantes, mas não conseguem estabelecer conexões mais complexas. Isso é uma complicação quando o mercado de trabalho procura trabalhadores competentes.

A escola precisa ser o grande fator de inclusão, não podemos retroceder na sensação de pertencimento que o aluno tem em relação à escola. Se o aluno não se sente parte da escola ele não fica! A inclusão em massa foi um trabalho importante, mas está comprovado que o Ensino Médio é um funil. Estamos aumentando o número dos que terminam o Ensino Fundamental, porém o sistema não consegue reter os adolescentes na escola, o que é uma realidade gravíssima.

A preparação dos professores é outra gigantesca frente de trabalho. Contudo, é cada vez mais deficitário o quadro de bons professores. Por diversas razões a grande maioria não está na sala de aula. E os que estão se encontram inquietos com a falta de estrutura. É dever de qualquer país que seja governado com responsabilidade e eficácia oferecer a toda população, independente de classe social, a mesma qualidade de ensino. Quantos talentos se perde em razão da má qualidade do ensino! A educação em nosso país está parada no tempo. O Brasil precisa urgentemente rever seu modelo educacional, corrigir seus erros e pensar grande, algo que seja revolucionário na educação. Simon Schwartzman afirma que uma educação focada na memorização de informações, sem entender que sentido têm e como podem ser revistas, reinterpretadas e expandidas é tão oca quanto uma educação voltada para competências vazias.

Cabe destacar que o ensino universitário é outro grande gargalo do Brasil. O nosso país durante muito tempo conviveu com um ensino universitário gratuito apenas para a elite, que estudava em bons colégios particulares e cursinhos, e universidades privadas de qualidade variada passou a ser a opção das classes sociais de baixa renda. Esse processo mantém o sistema de domínio de classes!

Por fim, entendo que o Brasil precisa investir pesado em tecnologia de conectividade. Esse novo paradigma já se impõe no mundo. A sala do futuro tem que usar intensamente a tecnologia, mas não apenas trocando o quadro negro e o giz pela lousa eletrônica, o caderno e o lápis pelo computador. A tecnologia vai impregnar a maneira como ensinamos e aprendemos, de tal forma que nem será uma ferramenta em si, será parte do ambiente. Nesse estágio, o professor não terá que ser o depositário de todo o saber. O que está para vir na educação é um verdadeiro tsunami, e estamos longe de estarmos preparados para suportar esse choque. É imprescindível e urgente pensar o futuro da nossa educação, caso contrário nos aniquilamos enquanto nação próspera e independente!

“Só é realmente livre a pessoa que aprendeu e sabe como continuar a aprender. Só é sólida a democracia formada por seres livres”. O economista Edward Glaeser afirma que “a ligação entre educação e democracia é forte porque a educação criou a democracia”.


 Amaury Cardoso

Físico, Gestor Público e Especialista em Ciências Políticas
Blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

NÃO HÁ TEMPO A PERDER, MUITO MENOS DIREITO DE ERRAR! - ARTIGO: JANEIRO: 2023.


A fome, a miséria, a injustiça, a desigualdade, a escassez de altruísmo quando presentes em alto grau em uma sociedade, deve ser estancado. Entendo que a causa estrutural da miséria tem permitido que a fome permaneça causando sequelas a milhões de pessoas. O gasto do Estado brasileiro com programas de combate a pobreza passou a ser permanente e cada vez mais vultoso, com o agravante da miséria e o fato de não parar de avançar, ampliando a marginalização social, os desassistidos socialmente estão se transformando numa preocupante situação de extrema ameaça ao desenvolvimento econômico, social e humano de uma nação.

Esse caos iminente só será evitado se ocorrer um considerável avanço em áreas fundamentais ao estabelecimento do desenvolvimento humano, tais como: educação de qualidade e universalizada – muitos afirmam que os políticos investem pouco em Educação porque não querem pessoas livres -, saúde com amplitude e eficácia no atendimento, ampla rede de segurança pública e desenvolvimento sustentável em harmonia com o meio ambiente.

Os desafios que se colocam para o terceiro mandato de Lula na presidência são imensos e intensos. Em virtude dessa cruel realidade, deixar de realizar reformas estruturais fundamentais, que irresponsavelmente foram evitadas por diversos governos inclusive nos 14 anos do PT na presidência da República, hoje se tornaram imprescindíveis ao alcance de mais solidez as bases de sustentação de uma nação que pretenda alçar a categoria de país desenvolvido.

Contudo, para tanto, não há tempo a perder, muito menos direito de errar. Avançar com as reformas tributária, administrativa, política e educacional, bem como conduzir os gastos públicos com responsabilidade financeira que assegure o equilíbrio das contas públicas e dessa forma evitando o déficit fiscal, pois sem receita não há investimentos sendo certo que a responsabilidade fiscal não deve ser negligenciada em virtude dela ser de fundamental importância para superar as dificuldades de investimentos que se apresentam.

A vida é assombrosamente breve para se viver e espantosamente longa para se errar! Todas as escolhas têm perdas e consequências. As bajulações, os cortejos, as massagens do ego produzem reações e atitudes inesperadas e imprevisíveis na mente da maioria das pessoas que assumem o poder. Onde há poder existem pessoas querendo tirar vantagens. Pessoas que almejam o poder são capazes de tudo, mesmo que isso signifique trair aos que os conduziram ao poder, e quando agem dessa forma são indignos do poder e têm uma dívida impagável com a sociedade. Muitos políticos amam os bajuladores, em razão de precisarem do som dos elogios para entorpecer o ego. O poder fascina e é viciante! Só é digno do poder quem é desprendido dele e usa seu cargo para servir à sociedade, e não para ser servido por ela. A história de grandes líderes tem revelado que líderes de sucesso fracassam totalmente quando perdem suas origens.


Amaury Cardoso
Físico, Gestor Público e especialista em Ciências Políticas

Blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br

A SOCIEDADE ESTÁ REJEITANDO O ESTABLISHMENT POLÍTICO ALHEIO AO INTERESSE GERAL. - Artigo: Março/2024

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