domingo, 24 de maio de 2020

COMO SERÁ O MUNDO PÓS-CRISE? - Artigo: Maio/2020


O mundo vem enfrentando uma tragédia, mas se não a utilizarmos para ganhar sabedoria, ficaremos reféns de um novo evento tenebroso mais à frente. A humanidade tem pressa em sair do isolamento forçado que o obriga ao distanciamento social, e, os governantes e líderes políticos mundiais pressa em sair da paralização da economia que inevitavelmente irá provocar duradouras recessões por toda parte, com consequências da queda dos PIBs no mundo. Mas, a ciência não avança no mesmo ritmo que o vírus. 

Concordo com os que defendem que essa crise histórica exige da sociedade e seus líderes políticos a clareza sobre o que precisa ser defendido: democracia, liberdades, a vida e o conhecimento científico. 

Somo-me aos que entendem que não podemos arriscar saúde e segurança das pessoas através de decisões tomadas sem uma base sólida de conhecimento, e ter a intenção de justificar possíveis erros pelo fato de estarmos vivendo o pavor diante do que está ocorrendo, com a sensação de que o pior está por vir. Contudo, é difícil fazer previsões como será o mundo do pós-crise. 

É fato que essa crise expõe falhas, evidencia as profundas e dolorosas desigualdades, exige mudanças de comportamento dos governos, bem como sobre o papel do Estado. “É preciso transformar o Estado cartorial e patrimonialista num Estado eficiente e a favor da população”... “Trata-se da oportunidade de revalorizar a política”, afirmou o economista André Lara Resende. 

Infelizmente em nosso país tem prevalecido o oportunismo político, a incompetência administrativa, a ineficiência de gestão, o descaso social e falta de valores morais e éticos que levam a prática da corrupção que, culturalmente, insiste em predominar no meio político, salvo raras exceções. Esses fatores tem sido os causadores das profundas mazelas sociais, em especial nos campos da saúde, educação e saneamento, que se perpetuam por longos anos em nosso país e tem ampliado a marginalização social de grande parcela da população. 


A pandemia que atravessamos tem escancarado à evidência da falência no setor da saúde no mundo e em especial em nosso país. No Brasil são as carências extremadas que atingem uma enorme parcela da população, associadas a serviços básicos deficitários, de baixa qualidade e que se eternizam, os responsáveis diretos pelo aumento da nossa marginalização social. 

Importante registrar que mesmo diante do enorme caos em que se encontra o nosso sistema de saúde, a crise na saúde brasileira não tem sido pior em razão do nosso Sistema Único de saúde – SUS estar funcionando como uma trincheira valiosa de atendimento a população, onde milhões dependem de seu atendimento, e se não possuí a qualidade ideal e desejável é razão da falta de um choque de eficiência administrativa e fiscalização rigorosa visando diminuir os casos de sangria de recursos com inúmeros casos de superfaturamento de seus gastos na compra de insumos hospitalares e convênios mal realizados. 

Contudo, a imoralidade do jogo politiqueiro sórdido praticado por muitos políticos, empresários e gestores públicos, a maioria incompetentes e corruptos, que em momentos de crise que leva a fatores emergenciais, se aproveitam do caos instalado para tirar algum benefício no campo político e eleitoral, proferindo discursos cuja suas práticas desmentem, quando na verdade se aproveitam do momento para a prática de atos de corrupção com recursos públicos, que, em razão de serem constantes, tem causado um grande prejuízo aos cofres públicos e levado indignação à população, que tem sentido os efeitos danosos dessa prática imoral, indecorosa e desumana. 

É deplorável que ocorram atos de corrupção em contratos emergenciais realizados em nome da urgência da prestação de serviços públicos que visam o tratamento e combate a expansão da contaminação causada pelo vírus covid-19. Em nome de uma pandemia que evidência uma grave crise na área da saúde, nos deparamos com casos de empresários, políticos e gestores públicos inescrupulosos e desumanos que se aproveitam da urgência e emergência para aquisição de remédios, material hospitalar e construção de hospitais de campanha, cujos gastos são realizados com dispensa de licitação, se aproveitando dessa oportunidade para obter vantagem financeira com a costumeira prática da corrupção. Essa atitude é intolerável! 

Atitudes abomináveis e desumanas como essas que são praticadas contra a população em razão da ganancia, precisam ser combatidas pelas pessoas de bem e serem levadas aos tribunais, e lá receberem o rigor da lei. 


O serviço público de qualidade, seja ele qual for, é um direito de todo cidadão, afinal é para isso que servem os altos impostos que pagamos. O que a população espera da classe política e de seus governantes são atitudes éticas, conduta transparente de suas ações, competência e eficiência de gestão nos três poderes da república. 

Devemos procurar sermos mais participativos na nossa vida social e política, nos tornando cidadãos conscientes e politizados, sendo nosso dever repudiar atos de corrupção cometidos por quem quer que seja, bem como a pratica política clientelista, assistencialista, fisiológica e, acima de tudo, corrupta. Agindo dessa forma iremos, aos poucos, diminuindo a cultura da corrupção em nossa sociedade. 

Até quando a corrupção, que é uma instituição que data dos primórdios da nossa nação e tem feito parte da nossa cultura, irá permanecer prevalecendo no seio da nossa sociedade? 

Amaury Cardoso 

Blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br

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