domingo, 11 de dezembro de 2022

A CRISE DO MUNDO MODERNO - DEZEMBRO/2022

 


A intensa e inadmissível desigualdade social em nosso país tem se revelado estrutural, cuja a superação vem se tornando cada vez mais difícil, em razão de suas causas não terem sido tratadas com a devida e necessária eficácia e responsabilidade pelos sucessivos governos de plantão, que se sucedem, sempre apresentando diagnósticos acompanhado de promessas de solução não realizadas na devida e necessária amplitude de suas políticas públicas.


O fosso da desigualdade e da injusta falta de garantias de oportunidades iguais, causadas por décadas de descasos na imprescindível oferta de educação universal e de qualidade, tem acelerado o processo de marginalização social com consequências severas para as gerações que se sucedem, podendo colocar a sociedade brasileira diante de um caos social de proporções imprevisíveis.


A crise do mundo moderno contemporâneo está instaurada, e o Brasil já a sente e irá experimentar ebulições sociais de graves consequências que deixaram sequelas estarrecedoras e de difícil reparo. As transformações que já ocorrem e, principalmente, as que estão por vir durante o decorrer do século XXI, irão dizimar as sociedades desestruturadas, que não acompanharam às mudanças tecnológicas já em acelerado curso.


É fato que as crises sociais causadas pelas grandes transformações figuram na história da humanidade, e sempre estarão presentes. Contudo, com o avassalador avanço tecnológico e científico seus impactos produzirão enormes desajustes em sociedades desestruturadas no campo econômico e social.


Diante da gravidade social em que se encontra o nosso país, causada em decorrência de gestões ineficazes e, por vezes, negligentes, torna-se fundamental e imprescindível a aplicação de altos, porém eficazes, investimentos em educação com vista assegurar a sua modernização e qualidade em sintonia com as transformações tecnológicas que tem causado profundas mudanças de comportamento social, cultural, costumes e, principalmente, no mercado de trabalho em virtude dá exigência de conhecimento profissional/tecnológico, para o qual a mão de obra com especialização técnica é o balizador fundamental e imprescindível para a inserção no novo mercado de trabalho que passa por profunda reestruturação.


É correta a premissa de não haver como amenizar as graves questões sociais sem equilíbrio das contas públicas, ou seja, sem superavit fiscal. Sem receita não há investimento, a não ser agravando o déficit fiscal, cuja consequência para a economia e finanças públicas é desastrosa. Como gestor público, entendo que a responsabilidade fiscal não deve ser negligenciada!


Por fim, não se combate a desigualdade social com assistencialismo. Essa prática faz com que a desigualdade se perpetue em razão de políticas públicas paliativas, que deixam de atacar as reais causas que às alimentam, cuja principal delas é a negação de sucessivos governos da universalização da educação em regime integral e ensino de qualidade, com foco no conteúdo profissionalizante. Acredito que essa política pública é o caminho que irá sedimentar e incentivar a reinserção dos pobres que se encontram marginalizados diante do atual mercado de trabalho. Sem inserção no exigente mercado de trabalho do século XXI não iremos ultrapassar o enorme desafio diminuição da nossa vergonhosa desigualdade social.


Amaury Cardoso

Físico/Gestor Público/Especialista em Ciências Políticas


Blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br

domingo, 6 de novembro de 2022

A NECESSÁRIA MAESTRIA POLÍTICA QUE SE IMPÕE PARA O PRÓXIMO PRESIDENTE ELEITO! - Artigo: Novembro/2022.



Começo esse meu texto afirmando que nunca me surpreendi com o pragmatismo da política, e que essa prática vem crescendo na política contemporânea.

A   disputa   eleitoral   deste   ano   para   presidente   da   república,   desde   seu   início,   se caracterizou por uma profunda polarização inflamada entre duas candidaturas de perfis populistas e viés ideológicos antagônicos, que, infelizmente, não permitiu o avanço de uma   candidatura   no   campo   político   do   “Centro   Progressista”,   alternativa   que   era defendida por  aqueles que  não se viam representados pela continuidade do governo Bolsonaro e nem pela volta do governo petista, representada pelo seu líder Lula.

A disputa presidencial desse ano se deu de forma bastante agressiva com a utilização, de ambas as partes, de inúmeros casos de Fake News, debates baseados em troca de   acusações   e   sem apresentação de propostas de governo sólidas e factíveis. Impossível ignorar o resultado desta eleição, onde o candidato vencedor obteve 50,90% contra 49,10% do candidato derrotado. A diferença foi 1,8%, o que corresponde a 2,1 milhões de votos, com destaque para o fato de 38 milhões de eleitores aptos deixaram de votar, ou seja, desaprovaram os dois candidatos que disputaram o segundo turno da eleição. Pelo que pesquisei, essa foi a disputa mais apertada da história política brasileira.

Este resultado revelou um país extremamente dividido ao meio, que, inevitavelmente, obriga ao presidente eleito a ter que enfrentar o seu maior desafio que é o de unir o país, o que exigirá o exercício de estratégias política bastante eficazes, não permitindo gestos de arrogância que venha atrapalhar uma aliança mais ampla, além dos partidos que o apoiaram na campanha, que objetive   a   eficácia de   gestão   e   assegure   a   necessária governabilidade.

A sensatez do discurso da vitória do presidente eleito, que foi muito bem construído, sinaliza que ele sabe a dimensão do desafio de governar um país dividido, onde grande parcela do lado perdedor não aceita e questiona o   resultado   das   eleições. Outra resistência a ser enfrentada será no Congresso Nacional, onde o segmento de esquerda que é minoritário, e será ainda menor na próxima legislatura em razão da força política de “Centro Direita” ter alcançado um crescimento significativo nas duas casas legislativas, o que a confere a condição de exercer uma oposição muito forte, principalmente pelo fato de ter fortes chances de ocupar a presidência na Câmara e Senado Federal.

O resultado do primeiro turno das eleições de outubro mostrou que, se Bolsonaro acabasse vencendo Lula no segundo turno, teria mais facilidade para governar no seu segundo mandato, com uma base aliada mais ampla do que vinha tendo. De fato, o eleitor deu mais cadeiras aos partidos que vêm apoiando o atual presidente da República. Mas isso não quer dizer que a vitória de Lula lhe traga dificuldades intransponíveis para construir maioria parlamentar, pois partidos e políticos prontos a abraçar a mudança de aras não faltaram e já começam a sinalizar suas intenções ao presidente eleito, o que confirma o que afirmei no início: “que nunca me surpreendi com o pragmatismo da política, e que essa prática vem crescendo na política contemporânea.”.
 
É claro que não cabe ingenuidade política de minha parte, pois sabemos que os cardeais (caciques adesistas) partidários de hoje são os mesmos de ontem, cujas as práticas são conhecidas, e definem suas posições de momento ao sabor de   suas   conveniências asseguradas pelos “espaços orçamentários” no governo de plantão. O preço dessas “parcerias” deve ser calculado! No entanto, não estou afirmando que a tendência reformista, muito ativa no governo Bolsonaro, será superada ou que a ideologia de centro-direita será enfraquecida, pelo contrário, ela continuará viva aguardando o seu momento de atuar, pois entendo também que há razões para crer que a oposição terá força, se assim desejar é claro, para barrar ao menos os projetos mais radicais que Lula e o PT desejarem colocar em prática pela via parlamentar.

Ressalto, embora em menor escala, que alguns governadores que foram eleitos fazendo oposição ao candidato Lula, poderão mesmo de forma comedida em   suas   posições   políticas   fazer   oposição   ou   no   mínimo   resistências ao governo Lula em   algumas unidades da federação, principalmente nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste onde se concentra os maiores PIBs do Brasil.

É   certo que o presidente eleito Lula entendeu o recado das urnas, e reconhece o tamanho do desafio que enfrentará não só no campo político, mas principalmente neste. Contudo, não se pode menosprezar o seu grande potencial de articulação e perspicácia política. Lula sabe que essa sua inédita terceira eleição é sua grande oportunidade de limpar sua biografia e passar para a história   principalmente pelo fato de ter vindo de uma condenação   após   responder   processos   judiciais   por   participação   em   atos   ilícitos   de corrupção, como o grande líder popular no Campo da esquerda brasileira. No entanto, isso só ocorrerá se ele conseguir realizar um governo de união de várias forças políticas, em especial as de centro e centro-direita, que o possibilite fazer uma governança de forte avanço no campo da desigualdade social, do desenvolvimento econômico e assegurador da sustentabilidade. Entendo que o grande inconveniente para Lula, que tem pressa de impor a sua marca, será o fato deste avanço só ter condições de se viabilizar de forma gradual, sem pressa, em virtude da realidade da economia nacional e mundial se apresentaram em queda para os próximos anos.

 Por fim, quero deixar claro que sempre me posicionei que em uma democracia alternância de poder deve ser garantida e transcorrer com total transparência e lisura. Em decorrência dessa premissa, entendo que o processo eleitoral é essencial e faz parte da sua natureza. Toda eleição traz resultados que devem ser aceitos, principalmente quando se tem garantida à sua lisura. A saudável disputa política prevê o respeito a decisão de escolha das pessoas e, consequentemente, à vontade da maioria. Entendo que cabe ao perdedor fazer uma reflexão sobre os erros que levaram a sua derrota e buscar corrigi-los, caso seja sua intenção voltar ao jogo político e a uma nova disputa eleitoral. A rivalidade   política deve ficar no campo das ideias, mesmo diante da polarização política de viés extremista.

 

Amaury Cardoso

Blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br

  

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

“BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA: 200 ANOS DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO NO BRASIL”. - Outubro / 2022

(Pronunciamento na abertura da comemoração nacional da ciência e tecnologia.)




Inicio traçando um panorama da história da atuação das ciências no processo histórico de formação do Brasil como nação. Em consonância com o tema “Bicentenário da Independência: 200 Anos de Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil”, abordarei em minha análise o período compreendido entre 1822 e 2022, onde os cientistas deram contribuições cruciais ao debate sobre constituição do Estado; identidade nacional; cidadania; visões sobre populações; políticas públicas de saúde e educação; projetos de criação de universidades; circulação internacional de saberes; soberania, desenvolvimento nacional, inserção do Brasil no mundo e convivência entre o atraso e a modernidade.

Em virtude da minha graduação em Física, tenho claro a importância das ciências, e da sustentabilidade da atividade científica, na resposta à crise e aos desafios contemporâneos; a persistência das desigualdades, inclusive as relacionadas ao desenvolvimento científico e tecnológico, e a questão ambiental, transversal e incontornável para todas as áreas do conhecimento.

Atravessamos um contexto atual, apesar das evidentes especificidades históricas, de crise política, econômica e institucional. A agenda de 2022, ainda largamente indefinida, prevê a reconstrução do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, destruído em incêndio em 2018, e a reinauguração do Museu do Ipiranga em São Paulo. Nos meios acadêmicos e intelectuais está presente uma enorme resistência ao sentido de comemoração, ao se esta tentar invisibilizar as crises então latentes. Que Independência, afinal, tivemos? Que cidadania fomos capazes de construir em 200 anos? - essas são algumas perguntas que norteiam o balanço inicial sobre o Bicentenário, com, a meu ver, juízos contrários ao discurso ufanista que marcou o Centenário do Brasil independente.

Cabe destacar a importante participação das ciências e dos cientistas nas disputas entre diferentes projetos de país nos últimos 200 anos. Contudo, por oportuno, focarei no desdobramento e na abordagem da ciência como produção de conhecimento multicêntrica, com ênfase em redes de comunicação, alianças, intercâmbios e hibridismo cultural; circulação de ideias, pessoas e artefatos tecnológicos; sincronias, reciprocidade e interseções. No entanto, não posso deixar de fazer menção ao ideário iluminista de crença no poder da razão, única e universal, e na função pragmática da ciência a serviço do progresso material que estava presente na política promovida pela Coroa portuguesa que fomentava a realização de atividades de pesquisa e de exploração que produzissem conhecimentos que pudessem ser úteis.

Essa política de promoção da ciência, como instrumento de intervenção na realidade brasileira, estimulou o estudo das ciências naturais entre os luso-brasileiros e caracterizou o perfil aplicado do conhecimento produzido como um traço do exercício da atividade científica existente na América Portuguesa desde o século XVIII, marcando o início do processo de institucionalização das ciências no Brasil. Muitos acreditavam que os estudos científicos deveriam servir ao progresso material e às melhorias nas condições de vida. Viam-se como sábios e homens práticos, aos quais caberia construir a felicidade com inventos e descobertas importantes para o bem-estar, a saúde e o proveito da sociedade.

Embora o surgimento da consciência nacional só tenha vindo a ocorrer posteriormente, em meados do século XIX, a pesquisa científica promovida nas últimas décadas do século XVIII foi fundamental para despertar, nos ilustrados, a ideia de pátria.   

Nas primeiras décadas do século XX, as atividades científicas encontravam legitimidade por meio de sua capacidade de avaliar e solucionar problemas da sociedade brasileira. Mas, além da promoção do valor social da ciência, os cientistas buscavam mecanismos para maior profissionalização das atividades científicas no país. Inseparável deste processo é a criação da Academia Brasileira de Ciências (ABC), que esteve envolvida na implementação das universidades públicas brasileiras a partir da década de 1930, entre tantos outras contribuições.

Importante ressaltar que os cientistas defendiam o fomento institucional a pesquisas e formação em ciência básica, a criação de novos campos do conhecimento, em contexto de baixa especialização disciplinar; a exortação à realização de pesquisas sobre temas nacionais; e a definição de novas áreas de atuação pública. A ABC foi fundamental no Brasil para a emergência de um tipo especializado de profissional que se autodenominava e era reconhecido socialmente como “cientista”, quanto também para a discussão sobre o papel nacional a ser exercido pela ciência nas primeiras décadas do século XX: tratava-se de ampliar o diálogo entre os cientistas e a sociedade, e fornecer estudos e evidências científicas para a formulação de políticas públicas.

As décadas seguintes, sobretudo no contexto do pós-Segunda Guerra, foram marcadas pela convicção acerca do papel decisivo que a ciência e a tecnologia poderiam ter no processo de elevação dos níveis socioeconômicos da América Latina. No Brasil, os programas do Estado desenvolvimentista acionaram a organização profissional das ciências, bem como a estrutura educacional superior, como motores para o desenvolvimento de projetos que viabilizassem a soberania, a segurança e a autonomia nacionais (Cunha, 2007).

A Segunda Guerra Mundial também teve impactos na organização internacional da ciência. Teve início na década de 1940 por meio da construção dos grandes laboratórios de física de partículas elementares. A partir da organização da Big Science em diferentes países, “a ciência torna-se cada vez mais dependente do Estado ou de recursos financeiros que as indústrias e o setor privado aplicam em seus próprios centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico” (Videira, 2010, p.67).

O emprego da ciência e de alta tecnologia balizaram projetos político-econômicos em escala global. Esses projetos tinham relação com a ideia de desenvolvimento, que significava, na ocasião, o caminho que a humanidade deveria trilhar, depois das crises econômicas perpetradas por duas guerras mundiais, rumo a conquistas que caracterizariam as sociedades “avançadas”: industrialização, urbanização, modernização da agricultura, aumento da oferta de serviços sociais, altos padrões de produtividade material e elevados níveis de qualidade de vida e saúde (Cooper; Packard, 2005; Lleys, 2005).

A adoção e a promoção desses projetos, especialmente no pós-Segunda Guerra, figuraram como condições indispensáveis para vencer o “subdesenvolvimento”, cujas principais marcas seriam atraso econômico, alto crescimento populacional, desindustrialização, doenças, analfabetismo, desnutrição, fome, pobreza e prevalência de práticas agrícolas extrativistas.

É fato que, em nível de recursos orçamentários, o tratamento dado a ciência, tecnologia e inovação em nosso país sempre foi aquém da necessidade de oportunizar o Brasil de se libertar da condição de país periférico e subdesenvolvido. Orçamentos e prioridades do MCT sofreram flutuações em razão das políticas estratégicas de diferentes governos, mas, especialmente a partir de 2014, passaram a ocorrer cortes sistemáticos e crescentes no orçamento de CT&I no país. Diante dessa realidade, como enfrentar essas transformações radicais do lugar periférico que o Brasil ocupa em ciência, economia e desenvolvimento humano no mundo? Além dos 200 anos da Independência do Brasil, em 2022, teremos também os 50 anos da Conferência de Estocolmo, e a ONU planeja lançar a Década da Restauração de ecossistemas, biomas e ambientes marinhos. Como integraremos esses debates numa das piores crises científicas em dois séculos de país “independente”? Os projetos de ciência profissional, comprometida com visões de um país soberano, como vimos, estruturaram a própria história do campo científico brasileiro. Que agendas de futuro poderemos edificar com o desmonte de toda a estrutura pela qual os cientistas brasileiros lutaram arduamente por dois séculos?

É preciso renovar o conhecimento científico para a compreensão das transformações inauditas que vivenciamos. É preciso uma nova ciência, sem fronteiras entre as disciplinas, mas tampouco entre os países, em prol da solidariedade e cooperação global. A nova ciência deve carrear também reflexão crítica sobre as fronteiras entre o mundo humano e o mundo natural, do qual o Homo sapiens, afinal, também faz parte. Sem a ciência, seremos incapazes de enfrentar os tempos de mudanças radicais que temos pela frente. Em entrevista de setembro de 2020, o importante filósofo e antropólogo francês Bruno Latour chegou a declarar: “Se o Brasil achar solução para si, vai salvar o resto do mundo”.


Amaury Cardoso
www.amaurycardoso.blogspot.com.br


SÓ MUDAREMOS O PAÍS QUANDO ENTENDERMOS NOSSO VERDADEIRO PAPEL COMO CIDADÃOS. Palestra/aula inaugural proferida pelo Prof. Amaury Cardoso, em setembro/2022.

 O QUE DIZ O PROCESSO HISTÓRICO NO CAMPO POLÍTICO.




Na verdade, o século XX trouxe um grande retrocesso para a evolução política e para o progresso da sociedade. Oligarquias políticas, como o partido e os sindicatos trabalhistas, garantem os interesses das oligarquias econômicas e são sustentadas por elas. Oligarcas políticos e econômicos vivem, em suma, em perfeita simbiose, eleição após eleição. Com um braço no poder político, outro no econômico, ambos conspiram contra o Estado de direito e os anseios da sociedade. Assim se fecha o modelo de oligarquismo que temos no Brasil.

Entendo que se o Brasil quiser promover a real ascensão social, enriquecendo seu povo de maneira sustentável, terá de evitar as arapucas políticas que o levam reiteradamente a querer controlar a economia de um lado para distribuir migalhas do outro. Implementar uma economia verdadeiramente liberal é um ideal que parece distante em nosso país.

Interessante destacar que durante 106 anos, de 1824 até 1930, o Brasil foi uma nação de política e economia liberais, com um mercado aberto desregulamentado, Estado de direito não intervencionista e, consequentemente, pequeno, custando apenas 13% do produto interno bruto em tributos.

Outro fator importante na época era a exclusão política causada pela oligarquia agropecuária que se instaurará no poder desde 1891. Os proprietários rurais limitavam a renovação e inclusão política de novos setores da sociedade, notadamente banqueiros, comerciantes e militares. Esses grupos importantes para a economia mais excluídos do espectro de influência política formaram uma nova oligarquia voltada a destituir a oligarquia agropecuária.

Quando a ditadura getulista surge, em 1930, essa nova oligarquia se apresenta como patrocinadora. Outros segmentos da sociedade brasileira tacitamente aprovam Vargas ao enxergá-lo como um salvador do Brasil contra a ascensão do comunismo. Ironicamente Vargas trouxe consigo as ideias favoráveis a um Estado intervencionista que começavam a dominar o mundo na época.

O resultado foi a Constituição de 1934, que marca o fim do liberalismo no Brasil e o início do ciclo de centralizações e inchaços da máquina estatal que dura até hoje. Influenciada fortemente pelos sindicatos, a constituição inclui novos direitos trabalhistas, nacionaliza bancos, seguradoras e todo subsolo nacional, limitando o direito à propriedade individual.

Vou avançar no processo histórico político brasileiro deixando de abordar outros acontecimentos políticos de grande significado. Em 1988, o Brasil embarcou em campanhas liberalizantes da economia. Com a onda de liberalismo econômico que reconquistava a Europa e os Estados Unidos no final do século XX e por força da caótica situação econômica em que o país se encontrava após ter estatizado a economia durante o regime militar, os governos Fernando Collor (1990-1992), Itamar Franco (1992-1995) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) viram-se forçados a se alinhar com as ideias do liberalismo econômico de abertura de mercado, redução do protecionismo, privatização e desregulamentação. O Brasil passou a optar por processos graduais de redução do campo de atuação do Estado. Contudo, o Brasil não chegou a se tornar uma economia de livre mercado e permanecia uma economia dirigida e estatizada, ainda que com uma máquina estatal levemente mais enxuta.

A conclusão é que o Brasil viu, desde de sua primeira Constituição, várias adições de direitos individuais postulados como função permanente do Estado. À exceção de duas constituições ditatoriais, ( a de 1937, que legitimava Getúlio Vargas como ditador; e a de 1967, que legitimava a permanência dos militares no poder), os direitos individuais e políticos assegurados só aumentaram. Com o aumento de “direitos” que o Estado deveria garantir, aumentaram-se impostos, as regulamentações e a burocracia.

Por fim, contada do ponto de vista da evolução das ideais,. A história do Brasil é muito clara e simples: o país nasceu em 1824 com a Constituição liberal e os princípios de Estado passivo, limitado, de economia livre e que tributava pouco permaneceram presentes até 1930. Em 1934, uma nova Constituição de viés socialista iniciou um ciclo de aumento contínuo do poder do Estado, que criou para si deveres intervencionalistas na sociedade e na economia. As constituições subsequentes de 1946 e de 1988 só adicionaram mais legislação a favor do Estado e contra o liberalismo político e econômico, dando legitimidade legal à criação de um Estado totalitário e interventor na economia de certa forma fechada que temos hoje no Brasil.


Amaury Cardoso
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sábado, 27 de agosto de 2022

O VALOR DA EDUCAÇÃO É INCOMENSURÁVEL! - Artigo: Agosto/2022.



O Brasil encontra-se dividido, fraturado, não mais se reconhecendo em valores e princípios comuns, carecendo, mais do que nunca, de solidariedade, da contribuição de todos para todos, sem nenhum tipo de exclusão. Entendo ser de fundamental importância que nos reconheçamos em princípios que sejam por todos compartilhados. A política da forma como é praticada em nosso país tem contribuído para o seu descredito, o que ao meu ver torna-se um risco para o avanço da democracia. Infelizmente, a democracia representativa a cada eleição vem perdendo qualidade, o que contribui para o seu discrédito junto a sociedade. Entendo ser imprescindível a realização de uma reforma profunda no sistema político/eleitoral brasileiro.

Tenho a clara percepção da necessidade de articular o diálogo social e político, procurando fazer com que os Poderes falem entre si, com o objetivo fundamental de enfrentar a grave desigualdade social existente em nosso país que tem levado milhões de brasileiros a fome. Esse enfrentamento deve ser realizado pelas três esferas do poder executivo, e que elas ofereçam educação de qualidade para todos, independentemente de condição social, gênero, raça ou religião. Além da educação de qualidade, a justiça social precisa, de forma emergêncial, merecer reparação social atráves da criação de base legal de programas sociais, os quais servirá de alicerce para ações que depois se desenvolverão. A proteção social, para mim é imprescimdível, razão pela qual defendo a implantação de um amplo sistema de assistência social, direcionado aos pobres e desamparados.

Parto do princípio de que desenvolvimento humano se dá com a elevação do padrão social de todos, reconhecendo a dignidade humana de cada um. Sempre  defendi a importância de se estabelecer um compromisso com o desenvolvimento socialmente inclusivo, capaz de incorporar as pessoas ao mercado de trabalho. A educação, em especial na sua base através do ensino integral, e o bem estar material sempre foram a minha maior bandeira de luta política. Sem igualdade de oportunidades, sem uma efetiva igualdade de todos perante a Lei, sem uma educação de qualidade que permita acesso a todos e sem condições sociais e de amplo acesso aos modernos meios de comunicação, nenhum país pode crescer com justiça social. É preciso romper esse sistema onde os pobres são os mais prejudicados. O nosso país não pode continuar convivendo com elevado grau de injustiça social e disparidade de oportunidades. Sonho que chegue o dia em que cada brasileiro tenha o direito pleno de cidadania, e com isso uma elevada autoestima e emancipação. "O trabalho enobrece, o desemprego avilta as pessoas e fere sua dignidade!".

Sempre defendi, o que para mim é primordial, a garantia a igualdade de oportunidades para todas as pessoas. Essa deve ser a principal obstinação de um político bem intecionado e compromissado com transformações, esse deve ser a prioridade de um governo progressista com forte sensibilidade para as causas sociais. Mas do que um consenso, há uma unanimidade: a Educação é o caminho para a construção de uma sociedade mais justa e digna, e deve se tornar uma prioridade de governo. Vivenciamos a carência alimentar de crianças, mas também o baixo nível digital da educação pública. Aulas online são majoritariamente utilizadas por escolas privadas que atendem a uma população de alto nível social, capazes de pagar por esses serviços. Logo, os que estão no andar de baixo da pirâmide social sentem ainda mais fortemente a desigualdade, não podendo ter acesso a um mundo digital que se impõe. Trata-se de  lhes dar passagem para esse "novo" mundo, algo que veio para ficar. É imperioso elevar a capacitação educacional do povo mediante uma educação de qualidade e universal, utilizando os novos meios tecnológicos e digitais. Tudo isso, evidentemente, valorizando os professores, treinando-os e aumentando seus salários, ou seja, dignificando essa valorosa profissão.

O grande avanço da educação sempre foi meu sonho e prioridade na minha militância política. Não há como pensar em igualdade de oportunidades sem elevar a qualidade da educação e ampliar o seu acesso. Avançar na Reforma Educacional a partir da sala de aula pressupõe renovação de metodologias, utilização das mais modernas e eficientes ferramentas educacionais, em particular as digitais, alcançando todas as crianças, jovens e adolescentes, sobretudo os mais carentes. Isso implica, inclusive, fornecer computadores para os que não têm condições de comprá-los e dotando as escolas de internet de qualidade. Para mim o valor da Educação é incomensurável!

O nosso atual sistema político é elitista, perverso e excludente, em razão disso deve ser reformado, atento às melhores condições de exercício da democracia. Visando aperfeiçoar o nosso sistema político, defendo eleições com menor custo, algo que pode ser atingido por intermédio do voto distrital e do voto proporcional por lista, com o substancial ganho de aproximar o eleitor de seus representantes políticos. Trata-se de empoderar o cidadão enquanto eleitor. Penso ser necessário devolver a dignidade à política e não fortalecer o seu aviltamento atual. Política e moralidade não são termos que se excluam entre si. Não abro mão desses princípios na minha trajetória política.

Estamos as vésperas  de mais um período eleitoral, e em meio a um contexto de profundas transformações, avanços tecnológicos, novas dinâmicas sociais e expansão da desigualdade social, para mim está posto o desafio a todos os atores políticos. Dificil é acertar na escolha de quais candidatos estão conscientes do desafio que terão que enfrentar e, principalmente, do que precisa ser feito. Infelizmente a realidade é que poucos estão preparados para o enfrentamento dos grandes desafios que a posição de "representates do povo" os impõe. Neste contexto, defendo políticas públicas modernas e arrojadas, novas formas de geração de emprego e renda, além de pesados investimentos na infraestrutura e na formação, qualificação e aprimoramento da nossa mão de obra, para que brasileiros estejam alinhados às tendências e demandas do mercado de trabalho do século 21.

O sucesso econômico de um governo deriva da ação ou da omissão de seus governantes. Não se trata de análise, mas de um fato. A segurança jurídica e a institucional são condições igualmente importantes de uma economia saudável e pujante. Os custos da eficiência e do desperdício sobrecarregam e, ao mesmo tempo debilitam qualquer governo, e impede a execução de políticas públicas fundamentais. Penso ser obrigação do político repensar o papel social do Estado, garantindo ao mesmo tempo a confiança daqueles que empreendem.


Vivemos em um país com graves desigualdades sociais. O Estado não pode ser o dos privilegiados, mas o dos carentes e deserdados. Entendo a importância da parceria público-privada, pois consiste em suprir as necessidades de investimentos, algo que o Estado (Governo) não consegue fazer. Na minha visão, áreas particularmente propícias para tais investimentos são as obras e melhorias em ferrovias, rodovias, saneamento básico, entre outras pautas de infraestrutura. Isso demanda igualmente a elaboração de projetos arrojados e transparentes, de ampla discussão com a sociedade.

É essencial que as ações tomadas na busca pela igualdade de oportunidades não sejam consideradas como gasto público, mas como um importante investimento. Em suma, para que possamos nos desenvolver, o Estado precisa dar atenção, em primeiro lugar, aos que mais necessitam. Não basta garantir aos cidadãos com maior vulnerabilidade social apenas acesso à internet e aos meios digitais. A eles devem ser oferecidos a melhor qualidade e o melhor acesso possível. É dessa forma, ao me ver, que se viabiliza realmente um impacto positivo na sociedade por meio da Educação, capaz de libertá-los da exclusão e da invisibilidade a que foram submetidos durante décadas.

As novas dinâmicas sociais do século 21, marcadas por constantes transformações, alteraram completamente o modo das pessoas de viver, conviver, produzir e consumir. O mercado de trabalho apresenta novas exigências de competências e habilidades. É percepitível o crescimento em nosso país do contigente formado por informais, desempregados e desalentados que somente será reduzido por políticas públicas que, gerem uma profunda inserção social. A dinâmica do mercado de trabalho está intimamente ligada ao desenvolvimento é a qualidade educacional. O compromisso  com um grande avanço nessa área precisa ser uma das grandes lutas de quem respeita e dignifica o mandato recebido. Igualdade de oportunidades é, sobretudo, educação de qualidade para todos.

Destaco a importância de políticas públicas sociais, que permitam que seus beneficiários tenham a capacidade de atingir graduação superior, por consequência, uma autonomia financeira através da condição de conquistar vagas de emprego no novo mercado de trabalho, oferecido através de uma inclusão produtiva. Cabe ressaltar que reconheço a importância do sistema de cotas como instrumento que visa garantir que, em futuro imediato, rompa-se o circuito fechado da desigualdade e haja oportunidades justas para todos.

Percebo que uma das maiores difuiculdades no que tange às políticas públicas de enfrentamento dessa mazela tem sido a mera tentativa de conter suas consequências, em vez de secar-lhe a fonte. Entretanto, a violência só diminuirá de forma significativa com pesados investimentos em educação. Evidentemente, a valorização dos profissionais de segurança pública e o policiamento ostensivo merecem atenção do Estado, mas compoem apenas uma parte de um amplo conjunto de políticas integradas de segurança cidadã.

Penso que devem ser consideradas também, e de modo prioritário, a prevenção e a ressoalização enquanto formas de promover a redução da violência. Isso pode ser concretizado por meio de atividades esportivas, culturais e educativas, sobretudo voltadas para populações em situação de maior vulnerabilidade social e econômica, já que os índices de violência estão ligados aos patamares de desigualdade social, sobretudo nos grandes centro urbanos. Contudo, não se pode partir do pressuposto de que todos os criminosos possam ser ressocializados.

Outro tema que reputo grande relevância é o fato de estarmos diante da triste realidade do aumento do pior indicador social, que é a fome. É inadimissível a banalização do aprofundamento de uma crise humanitária dessa magnitude. Entendo e defendo que os benefícios sociais, como o abono salarial, o seguro-desemprego, o FGTS e o Salário Família, que protegem o trabalhador contra flutuações no mercado de trabalho, deveriam de alguma forma estar vinculados às ações de desenvolvimento social. O Estado precisa agir de maneiras transversal e não segmentada, pois o século 21 nos impõe uma realidade na qual os benefícios sociais, trabalho, previdência e seguridade social precisam estar contextualizados com as novas dinâmicas das relações laborais e socioeconômicas.

É igualmente fundamental a integração entre os Poderes, com definições claras acerca das atribuições de cada ente federativo, e a priorização da recuperação dos espaços nos grandes centros urbanos, como passeios públicos e transporte coletivo, no intuito de gerar uma sensação de pertencimento à sociedade com relação ao lugar em que vivem e aos espaços compartilhados pela coletividade.Um dos pontos que precisa avançar com maior urgência é o da modernização da Gestão Pública, que possui uma organização estrutural pesada e com práticas oriundas do século passado, as quais, frequentemente, não se refletem na execução de serviços de qualidade. Os programas que precisam ser implementados nas diversas áreas do Setor Público dependem de uma correta execução para gerar impacto positivo na vida de quem mais necessita.

Por isso, é preciso adotar procedimentos que aumentem a eficiência e a eficácia da gestão, gerando estímulo aos servidores e valorizando as boas práticas. Entendo que a melhoria da qualidade de vida em nosso país depende da correta apliacação dos recursos públicos e de foco no resultado, o que pode ser alcançado com ações como o aprimoramento da comunicação entre Setor Público e a sociedade e a proximidade da Gestão com as demandas do cidadão, reduzindo a burocracia e agilizando o atendimento, devendo ser a transparência o seu norte. Um Estado avançado, deve realizar parcerias público-privadas para oferecer serviços de qualidade aos cidadãos, aprimorar a transparência das finanças públicas, apresentando dados como arrecadação e gastos públicos de modo mais didático e acessível aos cidadãos. Governo Funcional é um governo que funciona, aquele que se orienta pela compreensão das prioridades das pessoas. Que entende que a responsabilidade fiscal é um valor maior da administração pública, sem a qual osd mais prejudicados são os mais necessitados. Isso se traduz pela necessidade de uma gestão que dê agilidade e funcionalidade à máquina estatal, evitando desperdícios e valortizando os impostos e contribuições pagas.

Por fim, entendo que a política é o lugar de confronto entre atores responsáveis por suas ações e atitudes. Me posiciono com profundo respeito pelas instituições republicanas, cuja preservação é um princípio inabalável. Para mim instituições estáveis são inquestionaveis, sendo os pilares da nossa Constituição e, consequentemente, da democracia. Tenho um profundo respeito pelo direito sagrado da liberdade expressão, de pensamento e circulação de ideias, contra a censura.


Amaury Cardoso

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terça-feira, 5 de julho de 2022

A INCAPACIDADE DOS GOVERNOS EM DAR RESPOSTAS AO CRESCIMENTO DA DESIGUALDADE. - ARTIGO: JUNHO/2022


O agravamento da desigualdade social que se amplia em diversas partes do mundo, em especial no Brasil, se coloca como o maior desafio a ser enfrentado neste século. Os descasos e negligências que foram responsáveis pelo aprofundamento do fosso social se refletem não só mais nas grandes metrópoles, ao contrário, se estendem e são perceptíveis em várias regiões.

O que se percebe é que o Estado está inerte diante do avanço da miséria, da fome, da falta de oportunidades de emprego e a sociedade já percebeu que as esferas de governo estão perdidas, sem ação de políticas públicas efetivas voltadas para a solução de um gravíssimo problema que pode implodir trazendo consequências de enorme gravidade, podendo implodir num caos social.

No caso específico do Brasil, milhões de brasileiros encontram-se em situação de miséria, milhares de famílias que, ainda, não estão na miséria sofrem com a perda brutal de rendimentos, tendo como consequência uma escalada da desigualdade, situação que exige medidas urgentes voltadas para uma reorganização social que assegure a reconstrução de bases de desenvolvimento familiar.

A desigualdade social e seus reflexos na sociedade sempre esteve presente no processo histórico da humanidade, portanto não é um fenômeno novo. Contudo, com o avanço do sistema capitalista (industrial e financeiro) a partir do século XIX, aceleraram um sistema desigual que ameaça sair do controle. Em várias partes do mundo a desigualdade social, que gera a desigualdade de oportunidades, se consolida em um verdadeiro abismo entre a minoria mais rica e a maioria mais pobre.

O Brasil encontra-se na faixa dos países com alto índice de desigualdade social, posicionado como o décimo país com maior desigualdade social em um ranking de 140 países. O Brasil figura, também, como o país que mais concentra riqueza entre o 1% mais rico da América Latina, o que é motivo de vergonha no contexto mundial.

Qualquer país que pense a nação na ótica do seu desenvolvimento social, humano e econômico, não pode prescindir de priorizar a formação e qualificação do jovem como alavanca de transformação social, e para tanto precisa investir pesado em educação universal de qualidade. Só dessa forma se muda realidades de exclusão social, marginalização cidadã e o futuro de gerações. 

Na linha das futuras gerações o Brasil possui cerca de 1/4 da sua população, algo em torno de 50 milhões, composta por jovens. Diante dessa realidade torna-se imprescindível a implantação de políticas públicas, factíveis, que assegurem condições de promover desenvolvimento profissional, em especial aos jovens que figuram na classe social de baixo poder econômico, a fim de possibilitar a mudança da triste e preocupante realidade brasileira de milhões de jovens marginalizados por falta de oportunidade de uma educação de qualidade e formação curricular profissional e tecnológica voltada para o mercado de trabalho em constante e acelerada transformação.

Nenhum país se consolida como nação próspera tendo uma realidade educacional atrasada e de baixa qualidade. A décadas o Brasil figura em posição humilhante no ranking educacional mundial, e a permanência dessa realidade retira do nosso país qualquer expectativa de avanço se não ocorrer uma significativa mudança no quadro atual de crescimento da desigualdade social.

Por falta de qualificação profissional, a taxa de desemprego entre os jovens na faixa etária entre 15 e 29 anos é significativa, segundo o PNAD em 20,1%. Outro dado assustador é o fato de apenas 20% dos jovens que terminam o ensino médio conseguem ir para o ensino superior. Diante desse contexto não há outra alternativa senão a de permitir aos jovens do nosso país uma formação curricular de forte conteúdo profissional e tecnológico que reforce a formação geral básica, como garantia de oportunizar uma inserção digna e competitiva que possibilite uma inserção no disputado e exigente mercado de trabalho. O ensino brasileiro precisa ofertar oportunidades de carreira profissional às gerações futuras, e para tal o governo precisa ter essa prioridade na formatação de suas políticas públicas.

A convivência com a crescente deterioração da qualidade de vida da base da pirâmide brasileira, onde se encontra a população mais pobre em nosso país, precisa ser contida e combatida com ações de políticas públicas efetivas, factíveis e eficazes. A fome é uma realidade cada vez mais latente e estarrecedora, que vem causando a deterioração da dignidade de milhões de brasileiros!


Amaury Cardoso

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sábado, 21 de maio de 2022

O WEB SUMMIT REFORÇA A VISIBILIDADE INTERNACIONAL DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. - MAIO/2022


A Cidade do Rio de Janeiro irá receber em maio de 2023, no Riocentro, o WEB SUMMIT. Trata-se de um megaevento de Inovação Tecnológica que teve sua origem em 2009 na Irlanda e ganhou fama durante os anos em suas edições em Lisboa, pois passou a reunir alguns dos maiores nomes da Tecnologia Mundial, passando a atrair milhares de pessoas, fazendo com que a Capital Portuguesa se transformasse em um dos maiores polos tecnológicos da Europa.

Este Megafestival Tecnológico está vindo para a América Latina e a nossa Cidade Maravilhosa ganha um reforço na sua visibilidade internacional e irá colher muitos benefícios em razão dos negócios que surgirão através de Empresas importantes no Setor Tecnológico oriundas dos Estados Unidos, Canadá, Europa e Ásia, abrindo possibilidades de parcerias entre Startups brasileiras e de outros países.

Somamo-nos ao sentimento do Prefeito Eduardo Paes ao afirmar que o Rio está voltando ao seu lugar de destaque no cenário mundial e a escolha da Cidade do Rio de Janeiro vai ao encontro do seu objetivo de torna-la a Capital da Inovação e Tecnologia na América Latina. Foi essa sua visão empreendedora que o motivou a ir a Lisboa para participar da edição de 2021 do WEB SUMMIT e observar a sua grandiosidade de oportunidades.

Na Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia temos nos empenhado muito para oportunizar a população carioca, em especial a nossa juventude, com projetos voltados para a capacitação tecnológica e o incentivo ao empreendedorismo através dos projetos “Nave do Conhecimento”, 09 (nove) naves distribuídas nas regiões da zona oeste, zona norte e zona do subúrbio. Estamos no início de junho lançando o edital para três novos projetos: “Nave On-line”; “Nave Espacial” (02 caminhões itinerantes) e “Nave Satélite”, este último será implantado nos CIEPs.

Outra novidade que nos remete uma expectativa bastante positiva, em razão de estarmos vivendo uma nova cultura estabelecida pelas tecnologias, onde a presença as telas está cada vez mais efetiva em nossa rotina diária, sendo inquestionável que essas novas tecnologias tem possibilitado aos jovens desenvolverem processos de inclusão dentro e fora das salas de aula.

Seja através do teclado, do mouse ou digitando no smartphone, os Games tem possibilitado suprir quaisquer diferenças de gênero, raça e características físicas. Hoje os vídeos games podem ser apontados como uma eficaz ferramenta de aprendizagem, especialmente na inclusão de crianças e jovens portadores de necessidades especiais devido ao ambiente lúdico proposto.

Os jogos propiciam o desenvolvimento de habilidades como atenção, concentração, memória, agilidade e criatividade. Segundo dados da consultoria American Accenture, o setor de Games fatura mais que o de cinema e música juntos. Ele é responsável por mais da metade do valor da indústria de entretenimento atualmente. De acordo com os analistas da plataforma Newzoo, o Brasil é líder de lucratividade no mercado de Games na América Latina e o 13º colocado no Ranking Mundial.

Diante deste cenário pujante, o Rio de Janeiro, através da Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia (SMCT), saiu na frente e criou em sua estrutura o primeiro órgão focado no cenário de games e e-sports.

O novo órgão tem a finalidade de desenvolver e executar políticas públicas envolvendo todo o cenário de games, desde eventos, palestras, competições, organizações e projetos sociais, com foco também na inclusão de pessoas com necessidades especiais para dentro deste universo.

É nosso propósito que a SMCT, através de sua Coordenadoria de Games, buscará retornos para o Município em diversas áreas como turismo, arrecadação, desenvolvimento social, educação, entretenimento, novas carreiras e oportunidades no mercado de trabalho, bem como estimular toda a indústria de games, como estúdios, profissionais da área, publicadoras, plataformas e todos os demais players desse ecossistema.

Importante destacar que  a Pesquisa Game Brasil 2021, fez um levantamento anual e revelou em sua 8ª edição que 72% da população do país joga games. O levantamento da PGB também indicou que as mulheres são maioria, representando 51,5% dos jogadores. Já na faixa etária, os adultos entre 20 e 29 anos são maioria com 41,1%, e que os smartphones continuam sendo a plataforma favorita dos jogadores, com 41,6% da preferência.

Temos motivos para estarmos entusiasmados com os resultados, que esperamos e torcemos, que a recém-criada Coordenadoria de Games e e-Sports possa trazer nas ações que irá criar.


Willian Coelho
Secretário Municipal de Ciência e Tecnologia-SMCT

Amaury Cardoso
Físico – Gestor Público
Chefe de Gabinete/ SMCT

segunda-feira, 4 de abril de 2022

A DEMOCRACIA REPRESENTATIVA ESTÁ AMEAÇADA EM RAZÃO DO AFASTAMENTO DOS CIDADÃOS DA POLÍTICA. - ARTIGO: ABRIL/2022.


Está em curso em nosso país um ano de eleições nacional, e tudo indica que o processo eleitoral será disputado sem novidades aparentes que seja capaz de enfrentar a descrença e desconfiança crescentes de uma sociedade que demonstra não estar mais disposta a aceitar somente boas intenções e muito menos mentiras sinceras e encenação já saturadas de uma considerável parcela de candidatos.

A desilusão do eleitor com a insistência de muitos políticos tradicionais, ou seja, já conhecidos, em repetir promessas e compromissos com a realização de políticas públicas que não são e nem serão cumpridas têm elevado o índice de indiferença da maioria da população com a classe política, que, no meu entender, não irá se permitir tão facilmente ser manipulada pelo teatro político de muitos cujo roteiro e cenário já cansaram a plateia.

Diante dessa realidade, o que se lamenta é o risco de um número considerável da população incorrer no erro de penalizar uma parcela de políticos (candidatos) sérios, competentes e possuidores de perfil moral e ético ilibado, estes serem injustiçados pelo eleitor desinformado que erradamente, não querem ou não sabem fazer a necessária distinção. Essa realidade ocorre principalmente nas regiões onde os eleitores têm menor renda, pior nível educacional e menos acesso à informação. São esses que menos participam, porém, por serem mais afetados socialmente, são os que mais precisam participar do processo político. A falta de interesse em ter envolvimento político de setores menos favorecidos da sociedade acaba reproduzindo as desigualdades e deixando essas pessoas de fora do processo, em razão disso mais vulneráveis.

É fato que a política não interessa a todo mundo, o que pode ser visto como algo natural mesmo em democracias altamente consolidadas. Contudo, o processo eleitoral brasileiro em especial passa por um momento de afastamento dos cidadãos em relação a política, notadamente a partir das eleições de 2010.

O que se percebe é o crescimento do sentimento da antipolítica que tem se confirmado pela tendência de distanciamento dos eleitores em diferentes países, sobretudo no Brasil, em tempos recentes. Os motivos são vários, mas destaco o fato do sentimento de cada cidadão/cidadã em acreditar que a possibilidade de seu voto influenciar na mudança do sistema político vigente, que ele não acredita mais, é ínfimo. A maioria vota só porque é obrigatório.

Nossa experiência democrática ainda é recente e frágil, em razão de avanços e retrocessos que é agravado pelo frágil laço da população brasileira com as instituições partidárias, essências a democracia. Considero que nossa democracia está relativamente consolidada, embora enfrente uma situação paradoxal em virtude de 2/3 dos brasileiros, como afirmei acima, não confiarem em políticos, partidos, governos, tribunais de justiça, dentre outras instituições em menor grau. Essa percepção negativa das instituições está presente em todos os segmentos de renda, escolaridade, idade, e são responsáveis por influir na disposição dos cidadãos em participar de processos de escolha de governos, bem como revelam a grande insatisfação com o funcionamento correto da democracia. Esse cenário tem dificultado a evolução política, em especial a democracia representativa, em nosso país. 

Outra grande preocupação são os conflitos institucionais entre os três poderes da república (Executivo, Judiciário e Legislativo) cujos antagonismos quase inconciliáveis, tem gerado paralisia decisória e superexposição de poderes que tem como consequência perigosas tensões que tem levado a sociedade brasileira a questionar o desempenho, contradições e ações de algumas instituições que atuam em conflito com os limites constitucionais.

Por fim, entendo ser importante destacar que a grande dificuldade que os atores políticos irão enfrentar nesta eleição será o de convencer a sociedade brasileira, em especial a população socialmente marginalizada, do porque não foi feito nada no sentido de buscar impedir o enorme aumento da população de rua em nosso país, evidenciado em especial nos grandes centros urbanos.

Inegavelmente o desemprego e a falta de moradia que colocaram nas calçadas milhões de famílias, serão os maiores desafios. É vergonhoso que tenhamos tantas pessoas na rua, famílias inteiras, com crianças, desprovidas de tudo. Um atentado a dignidade humana! É fato que a economia e o emprego sofreram forte impacto da pandemia, mas esse grave problema social vem de antes.

As pessoas em situação de rua não trabalham, vivem de bico. A maioria não consegue emprego regular, pois, além da falta de qualificação profissional da grande parcela dessas pessoas e da competição com outros empregados, se deparam com o agravante de não poderem se candidatar a um posto de trabalho por não ter residência fixa. Falta de moradia e desemprego se retroalimentam, num círculo vicioso e será o desafio do século que os atuais (prefeitos) e próximos governantes (governadores e presidente da república) não podem irresponsavelmente ignorar, se esquivando de suas responsabilidades constitucionais. Entendo a importância de haver ampliação das políticas habitacionais e de transferência de renda e que para que tal ocorra, os governantes precisam demonstrar mais empenho na execução desses programas.


Amaury Cardoso

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quinta-feira, 3 de março de 2022

O SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO E SUA RELAÇÃO DIRETA COM A PERPETUAÇÃO DOS GRAVES PROBLEMAS SOCIAIS. - ARTIGO: MARÇO/2022.


 O sistema educacional brasileiro está na raiz da perpetuação dos graves problemas sociais. O atraso educacional e cultural imposto por décadas a expressiva parcela da população é um projeto de poder que vêm permitindo a elite brasileira o domínio através da imposição da ignorância a seguidas gerações. Entendo que este ciclo só será rompido através do avanço da consciência política dos cidadãos e cidadãs de nosso País, e para tal se faz necessário oportunizar educação de qualidade para todos e, dessa forma, livrando os oprimidos das amarras da ignorância educacional a que estão submetidos, e que os impede de provocar o processo de mudança que leve ao rompimento desse sistema perverso de domínio de massas.

A sociedade brasileira precisa estar na vanguarda do processo de discussão de um novo sistema político/eleitoral, forçando o Congresso Nacional a debater e promover uma nova ordem política, sem os vícios da enrraigada cultura política elitista, atrasada e excludente. Faço essa afirmação em razão de,  infelizmente, entender que a política a que estamos submetidos se apequenou, empobreceu, o que se comprova no descrédito quase que absoluto da classe política.

A sociedade brasileira contemporânea não acredita na política como força de ação transformadora, e percebem que a atual composição do parlamento brasileiro está comprometido com o sistema, ainda, vigente. Infelizmente a grande maioria da população não percebe a política como uma atividade humana fundamental, e que e´ a política que move com o destino humano. O Brasil precisa deixar de ser um País enfermo de desigualdades, de perversidade - ao negar qualidade nos serviços públicos básicos, em especial no campo da educação e saúde -, afundado na corrupção sistêmica e arauto da impunidade.

Até quando vamos viver sobre as amarras de um estado de cinismo e falsidade social, onde grande parcela do poder dominante continuará a fingir uma conduta moral que não possuem e, pior, cobram da sociedade que está sobre seu domínio. Esse sistema é responsável pela formação de uma sociedade falsa, moralista e apodrecida por um discurso artificial que pouco tem a ver com o cotidiano da vida das pessoas. Destaco a frase do filósofo Jacques Rousseau: "Tudo é perfeito, ao sair das mãos do criador de todas as coisas, e tudo degenera entre as mãos dos homens", ou seja, o homem nasce bom, e a sociedade o corrompe. As pessoas tem o direito de serem livres pensadores e não doutrinados pelo sistema no poder.

O conhecimento deve ser universalizado em todas as classes sociais. Isso é liberdade intelectual, é igualdade de oportunidades através da educação de qualidade para todos, independente de classe social, que universaliza o conhecimento. A educação e o conhecimento é a grande ameaça ao processo de domínio pela ignorância. Devemos ser críticos a verdades absolutas, mas essa condição, que é negada a massas de ignorantes educacional, só será transposta com a conquista do pensamento crítico que é possibilitado pela educação sem doutrina e de qualidade.

A educação liberta o indivíduo de qualquer processo de dominação, fazendo com que perceba que  ninguém tem a totalidade da verdade. As pessoas precisam perceber que  a história da humanidade é o grande marco das teses nas diversas ciências que balizaram o avanço e desenvolvimento científico, e que  o século XX entrou para a história como um período de guerra entre as grandes ideologias.

Na minha percepção a liberdade foi representada pelo liberalismo moderno responsável por novos direitos civis e políticos, a igualdade é fruto do socialismo que buscava estender a revolução no campo econômico, acabando com a diferença entre as classes oprimidas e opressoras e a Fraternidade transformou-se no facismo, o sonho de um novo elo social que unificasse um território, a língua e o povo numa identidade Nacional regida pelo estado.

O filósofo americano John Dewey afirmava que: "A democracia deve renascer a cada geração e a educação é sua parteira.". Anísio Teixeira foi um grande adepto da filosofia de John Dewey, e seu ponto de vista era a de que: "A educação escolar é o processo pelo qual se distribuem adequadamente os homens pelas diferentes ocupações da sociedade.". Através desse visão surge no Brasil o conceito de "Escola Nova", que trazia uma filosofia de liberdade de ensino e uma presença da escola técnica no ensino educacional brasileiro a partir do ideário de Anísio Teixeira.

O ano de 1968 foi a grande tentativa de questionar os fundamentos do nosso modo de vida, onde muitos entendem que foi o último momento em que as pessoas, não apenas alguns expoentes marxista, perguntaram se seria o último ano do sistema capitalista. É preciso ter clara a visão segundo Mortines Adller de que a crítica na primeira etapa nos permite uma visão panorâmica, na segunda etapa analisamos, entendemos partes dos detalhes e na terceira etapa passamos a ter a condição de criticar.

Outra questão importante é a de aceitarmos, não necessariamente concordando, diferentes saberes, sem aceitar que todos os saberes são válidos. Entendo que a pedagogia do ensino não pode ter como princípio a alienação do aprendiz. As instituições de ensino não podem sofrer a influência de aparelhamentos ideológicos, pois qualquer aparelhamento ideológico visa a alienação, ou seja, impedem a liberdade de pensamento crítico. A formação educacional deve seguir sem amarras ideológicas, e sim permitir a evolução do pensamento crítico e a consequente liberdade de escolha, inclusive do viés ideológico, que deve ser construído em razão da conscientização e convencimento de cada pessoa, sem perder a condição de respeitar a posição dos que pensam diferente. Afinal posição é pessoal, que se constrói e se modifica, ou não, com o tempo.

Após a reforma protestante é que o sistema de ensino fortaleceu-se e foi rompendo com a ideia de ensino da igreja católica e passou a ser utilizado como propagação de ideias, ou seja, uma "Educação Iluminista". No Brasil o iluminismo teve sua expressão inicial através do Marquês de Pombal, que expulsou os jesuítas e deu início ao ensino brasileiro no século XVI, fechando as escolas e mosteiros espalhados pelo Brasil.

No século XX, com a revolução industrial, o ensino pragmático ganha força em razão da necessidade de formação de mão de obra, e passou a utilizar métodos de ensino, através de uma educação massificada, que passa a ganhar protagonismo no combate ideológico, onde os alunos ganham o papel de agentes transformadores da sociedade.

A herança deixada na educação brasileira é a de fusão entre uma educação crítica e o ensino pragmático voltado para o trabalho, ou seja, educação para gerar agentes transformadores da sociedade e trabalhadores para o mercado. Hoje o que se percebe é que todos os que atravessam uma escola, com sua vida toda pela frente, um dia sairão do ciclo educacional para serem atores no nosso País. É na escola que os jovens conhecerão seus amigos, compartilharão o seu caráter e obterão a sua formação interior. Esse é um ciclo importante de sua vida.

É fato que os pais entregam para a escola grande parte da vida de seus filhos. O problema é que a educação brasileira a décadas vem se desqualificando, chegando a condição de ser uma das piores educação  no ranking do PISA. É claro que temos algumas exceções, onde poucas instituições de ensino fogem a regra do ensino desastroso.

Sempre que a discussão sobre atraso do ensino brasileiro vem à tona, o maior argumento é a falta de investimento, mas infelizmente não é só esse o maior obstáculo para mudar a triste realidade do ensino em nosso País. O fato é que se gasta com educação no Brasil o equivalente a 6% do PIB Nacional (algo em torno de 100 bilhões de reais) o que está  acima de vários países do ocidente. Acontece é que se gasta mal. devemos nos perguntar: Porque se gasta tanto na educação  brasileira, e tão pouco chega no ensino fundamental (Base do ensino).

A prioridade do destino dos recursos financeiros com educação é para as universidades. Essa realidade revela que o ensino no Brasil nunca teve a preocupação de educar a base (Creches, ensino fundamental e médio). O curioso é que os altos gastos com ensino superior tem produzido resultados fracos. Infelizmente temos uma realidade triste no meio acadêmico. Me refiro ao fato de termos uma precária formação pedagógica, o que acarreta em um corpo docente pouco capacitado para a realidade do ensino moderno contemporâneo.

Recentemente foi lançado o BNCC (Base Nacional Comum Curricular) que tinha como objetivo implantar um currículo unico obrigatório para todas as escolas, o que não é uma novidade no mundo. Esse método é utilizado em vários países e visa padronizar a educação básica, estabelecendo o mínimo que cada escola deve ensinar, permitindo a atualização da maior parte do currículo, onde o básico é a alfabetização, a ciências exata e os objetivos de aprendizagem.

Esse método fez com que muitos depositassem suas esperanças na melhora da qualidade do ensino brasileiro, o que infelizmente até agora não ocorreu. O método BNCC tem, em síntese, o seguinte objetivo: Formação de cidadãos críticos, cientes de suas responsabilidades sociais; cidadãos construtivos, engajados e reflexivos, ou seja, cidadãos produtos de sociedades. Traduzindo, o currículo deixa de estabelecer metas e conteúdos basicos para o essencial, reduzindo significativamente a margem das escolas.

Entendo que o papel da escola seja o de formar pessoas, despertar e trabalhar sua imaginação e permitir que elas exercitem o pensamento livre, sem doutrinação, passando a ter pensamento crítico.

Por fim, encerro afirmando que a minha esperança profunda é a de ver o meu País dar certo. O analfabetismo funcional impacta a grande maioria dos brasileiros, que possuem deficiência na compreensão e forma de se expressar, sendo facilmente manipulado, acreditando em tudo que lhe dizem, e a culpa é da má educação.



Amaury Cardoso

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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

O SENTIDO DA VIDA EM NOSSO MUNDO COMPLEXO. - ARTIGO: FEVEREIRO/2022.

(Este artigo é resultado de meus estudos e pesquisas, sendo os aspectos abordados retirados de opiniões com as quais eu me alinho.)



O debate sobre clima tem sido marcado pela confusão entre ciência, politica e interesses comerciais e financeiros. Em razão dessa afirmativa tenho a sensação de que os acontecimentos deste século irá ressoar por milhares de anos. Sobreviver a esse século e assegurar o futuro do nosso mundo cada vez mais vulnerável no longo prazo depende de acelerar algumas tecnologias, mas restringir responsavelmente outras, afim de evitar o crescimento descontrolado da degradação ambiental, com isso minimizando os riscos de causarmos mudanças climáticas drásticas que levarão a cenários devastadores que ecoarão por muitos séculos.

Os humanos são hoje tão numerosos e deixaram ações individuais e coletivas tão pesadas que serão capazes de transformar, ou mesmo destruir, toda a biosfera. O mundo está crescendo, e uma população mais exigente pressiona o meio ambiente; as ações das pessoas podem disparar mudanças climáticas perigosas e extinções em massa caso se atinjam "pontos de inflexão" - resultado que deixariam como herança às futuras gerações um mundo empodrecido e esgotado, o que nos obriga a melhorar nossa relação e compreensão da natureza e implementar tecnologias adequadas com necessária urgência.

Graças ao avanço da tecnologia, a humanidade alcançou uma melhoria de vida evidente e bem vinda, em especial na educação, saúde e expectativa de vida. No entanto, a distância entre o que o nosso planeta é e o que poderia ser está maior do que nunca. Tal afirmação se baseia no fato de sermos individualmente e coletivamente, tão beneficiados por inovações  crescentes que podemos gerar mudanças globais que ecoarão por séculos.

Nosso planeta possui 4,5 bilhões de anos de existência, já sofreu vários processos de transformação, contudo entendo que este século seja o primeiro no qual a espécie humana  pode determinar o destino da biosfera. Embora não tenha a opinião alarmista de que vamos nos extinguir, porém acredito que vamos precisar de muita sorte para evitar colapsos devastadores em futuro próximo, face a enorme pressão que vêm ocorrendo em nossos ecossistemas com potencial poder de devastação provocado pela degradação ambiental e por fortes mudanças climáticas, que geram perda de biodiversidade.

Percebo uma grande possibilidade de, ainda neste século, ocorrer um realinhamento geopolítico que culmine em um perigoso impasse entre novas superpotências. Interessante observarmos que a cinquenta anos atrás, a população mundial era de cerca de 3,5 bilhões de pessoas. Estima-se que agora seja de 7,6 bilhões com previsão de chegarmos em 2050 com uma população mundial em torno de 9 bilhões de pessoas. Um mundo com essa população trás como consequência principal um aumento de cerca de 30% da produção energética e 70% do consumo de água.

Um dos grandes desafios será o de melhorar as perspectivas de vida das pessoas mais pobres do mundo fornecendo nutrição adequada, educação primária e outras necessidades básicas que, embora alcançaveis, sempre enfrentaram impedimentos políticos. Gandhi afirmava que: "Há o suficiente para as necessidades de todos, mas não para a ganância de todos.".

A frase "desenvolvimento sustentável" significa dizer desenvolvimento que atende às necessidades do presente, especialmente dos pobres, sem comprometer a habilidade de as gerações futuras suprirem suas próprias necessidades. Isso não acontecerá se os países em desenvolvimento imitarem o caminho de industrialização seguido pela Europa e América do Norte. As nações mais desenvolvidas, responsáveis pelo aceleramento da degradação ambiental, negligenciaram na sua responsabilidade com a preservação do meio ambiente e  não podem continuar negligenciando em fazer sua fundamental e urgentíssima transição.

Estamos tão interligados que não é impossível que uma catástrofe possa atingir qualquer região sem que ocorra uma cascata de consequências mundiais. Pela primeira vez, precisamos considerar um colapso - social ou ecológico - que seria realmente um retrocesso mundial para a civilização.

A vanços tecnológicos que levaram a um mundo onde a maioria das pessoas desfruta de uma vida mais segura, longa e satisfatória do que as gerações anteriores, e essas tendências positivas podem continuar. Por outro lado, concordo com os que acham que a degradação ambiental, mudanças climáticas sem controle e situações indesejadas causadas por tecnologia avançada são efeitos colaterais desses avanços. Um mundo com uma população maior, com mais demanda de energia e recursos, e mais tecnológico, poderia causar contratempos sérios ou até mesmo catastróficos a nossa sociedade.

Diante dessa realidade, torna-se emergencial termos responsabilidade coletiva e buscarmos viver em harmonia com a natureza, buscarmos uma convivência respeitosa uns com os outros em busca de construirmos uma fraternidade sem fronteiras.
 
Por fim, cabe ressaltar que o poder das biotecnologias, robóticas, cibertecnologias e a inteligência artificial é outro aspecto relevante que terá grande avanço no século XXI, causando grandes transformações no campo social e econômico. Mas, deixarei para abordar esse assunto em outra oportunidade.

Amaury Cardoso
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terça-feira, 4 de janeiro de 2022

PRECISAMOS VIRAR ESSA TRISTE PÁGINA DA POLÍTICA BRASILEIRA! - Artigo: Janeiro/2022.



Inicio o meu ponto de vista trazido neste texto com a afirmação de que o crescente descrédito da democracia representativa, bem como das instituições partidárias, é ruim e tem sido um obstáculo ao avanço da democracia. Faço essa afirmação por entender que na politica os interesses firmados em oportunismos e incoerências de caráter esdrúxulo, não deve se sobrepor aos princípios.

Não devemos negar a política, pois ela é essencial para o avanço da democracia e influência diretamente na vida das pessoas. Contudo, não devemos aceitar a institucionalização da prática da velha política rasteira, oportunista, fisiológica e sem princípios.

Grande parcela da sociedade está rejeitando, de forma indignada, a continuidade da prática política onde prevalece os interesses de grupos de poder, prevalece a hipocrisia, prevalece a mentira, prevalece o vale tudo sem escrúpulos, desde que sirvam aos interesses de determinados grupos de poder. A política, sua boa pratica e essência, deve seguir o seu curso histórico. O que precisa ser abolido da política são os atores políticos que se beneficiam dessa prática política nociva a democracia representativa.

Em qualquer democracia, políticos enfrentam desafios graves. Crise econômica, insatisfação popular crescente e declínio dos partidos políticos, abrem espaço para demagogos populistas de viés extremista, que desafiam a velha e indesejável ordem estabelecida, criando processo de alto desgaste junto a sociedade. Cabe ressaltar que populistas tendem a negar a legitimidade dos partidos estabelecidos e prometem acabar com a elite que sustenta o sistema, devolvendo o poder ao povo.

É preocupante o fato da grande maioria da população não se identificar com os partidos, o que configura o avanço do descrédito popular dos partidos políticos, pondo em risco a construção do processo democrático, bem como a permanência da corrupção que segue em alta escala corroendo a credibilidade dos políticos, afetando diretamente a democracia representativa. 

Quando o sistema partidário e a representação política são vistas com descrédito pela sociedade, é sinal de que caminham para o colapso. Cabe ressaltar que esse processo abre espaço para o surgimento, com protagonismo político/eleitoral, de outsiders com talento para capturar a atenção da grande massa de insatisfeitos. Destaco que esse processo se consolida quando o poder político de ocasião (establishment) negligencia aos sinais de alerta emitidos pelas insatisfações da grande maioria da população. “Se o povo abraça valores democráticos, a democracia estará salva. Se o povo está aberto a apelos autoritários, então, mais cedo ou mais tarde, a democracia vai ter problemas.”

Demagogos potenciais que fazem vibrar o sentimento social, aflorando sua esperança, existem em todas as democracias. Daí decorre o perigo de surgir extremistas, demagogos e falsos moralistas, e a história política mundial confirma este fato. Se não houver um filtro, sobretudo nos partidos políticos, o risco de se instalar um governo autocrático com consequências imprevisíveis serão grandes. Afinal, nem sempre os políticos revelam toda plenitude do seu autoritarismo antes de chegar ao poder.

 O cientista político Juan Linz, alerta que um perfil autoritário reúne quatro tendências em seu perfil político que devemos nos preocupar:
1 - Rejeitam, em palavras e ações, as regras democráticas do jogo;
2 - Negam a legitimidade de oponentes;
3 - Toleram e encorajam a violência;
4 - Dão indicações de disposição para restringir liberdades civis de oponentes, inclusive a mídia.

O que se observa em vários casos ocorridos em processos eleitorais em diferentes países é o fato de que sempre há incerteza sobre como um político sem histórico vai se comportar no cargo. Esta situação se estabelece em virtude de posturas antidemocráticas, bem como traços de desvios de caráter serem, na maioria das vezes, difíceis de se identificar antes de chegarem ao poder.
Diante da configuração desse quadro, visando evitar a decadência democrática com a ascensão de extremistas, entendo que os partidos políticos alinhados com a democracia e comprometidos com a ordem política democrática devem formar uma frente única para derrotar o extremismo autoritário seja de viés ideológico de esquerda ou de direita, razão pela qual tenho defendido com certa veemência, em artigos e palestras, o alinhamento político das forças politicas de centro progressista.

Tenho afirmado: Que a democracia não pode ser ameaçada por nenhum retrocesso político de momento! Que partidos políticos não irão se sustentar ao ignorar os interesses de suas bases popular! Que representação popular, democraticamente eleita, precisa ser exercida em sintonia aos anseios da sociedade a qual representa!

Tenho o entendimento que à partir do processo de redemocratização em nosso país, em especial nos últimos 15 anos, atravessamos um momento delicado no campo político, econômico e social que tem ameaçado o processo democrático brasileiro. Observo que as ameaças à nossa democracia vem crescendo e assumindo variadas formas, muitas não perceptíveis a uma grande parcela da população que se mantém apática e desinformada politicamente, afetando à confiança da população nas instituições e na própria democracia, com o agravante de estar gerando um gradual afastamento dos cidadãos da política democrática e os aproximando de ideias autoritários. Essa afirmativa está baseada no fato do aumento do discurso extremista do ódio e da prática da violência política com crescente ataque de intolerância nas redes sociais. Para o bem da nossa jovem democracia, precisamos virar essa triste página da política brasileira!

Por fim, no fechar do ano legislativo de 2021, o Congresso Nacional, em um enorme acórdão, aprova o valor imoral de 5 bilhões para custear, com dinheiro público, as eleições de 2022. No momento em que o país atravessa uma enorme dificuldade, agravada pela pandemia, com severas consequências para a população brasileira, o Congresso, numa demonstração de total insensibilidade, eleva o Fundo Eleitoral para uma cifra bilionária surreal. Essa decisão é recebida pela população como um deboche, um tapa na cara do cidadão/cidadã eleitor. Entendo, já que, felizmente, foi interrompido o imoral financiamento privado nas eleições, ser necessário a democracia e para o processo democrático eleitoral o custeio público das eleições, mas convenhamos não no patamar estabelecido e aprovado pelo Congresso Nacional. Nada justifica essa constrangedora excrescência!
Esse é o meu ponto de vista.

www.amaurycardoso.blogspot.com.br 

Amaury Cardoso

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