O agravamento da desigualdade social que se amplia em diversas partes do mundo, em especial no Brasil, se coloca como o maior desafio a ser enfrentado neste século. Os descasos e negligências que foram responsáveis pelo aprofundamento do fosso social se refletem não só mais nas grandes metrópoles, ao contrário, se estendem e são perceptíveis em várias regiões.
O que se percebe é que o Estado está inerte diante do avanço da miséria, da fome, da falta de oportunidades de emprego e a sociedade já percebeu que as esferas de governo estão perdidas, sem ação de políticas públicas efetivas voltadas para a solução de um gravíssimo problema que pode implodir trazendo consequências de enorme gravidade, podendo implodir num caos social.
No caso específico do Brasil, milhões de brasileiros encontram-se em situação de miséria, milhares de famílias que, ainda, não estão na miséria sofrem com a perda brutal de rendimentos, tendo como consequência uma escalada da desigualdade, situação que exige medidas urgentes voltadas para uma reorganização social que assegure a reconstrução de bases de desenvolvimento familiar.
A desigualdade social e seus reflexos na sociedade sempre esteve presente no processo histórico da humanidade, portanto não é um fenômeno novo. Contudo, com o avanço do sistema capitalista (industrial e financeiro) a partir do século XIX, aceleraram um sistema desigual que ameaça sair do controle. Em várias partes do mundo a desigualdade social, que gera a desigualdade de oportunidades, se consolida em um verdadeiro abismo entre a minoria mais rica e a maioria mais pobre.
O Brasil encontra-se na faixa dos países com alto índice de desigualdade social, posicionado como o décimo país com maior desigualdade social em um ranking de 140 países. O Brasil figura, também, como o país que mais concentra riqueza entre o 1% mais rico da América Latina, o que é motivo de vergonha no contexto mundial.
Qualquer país que pense a nação na ótica do seu desenvolvimento social, humano e econômico, não pode prescindir de priorizar a formação e qualificação do jovem como alavanca de transformação social, e para tanto precisa investir pesado em educação universal de qualidade. Só dessa forma se muda realidades de exclusão social, marginalização cidadã e o futuro de gerações.
Na linha das futuras gerações o Brasil possui cerca de 1/4 da sua população, algo em torno de 50 milhões, composta por jovens. Diante dessa realidade torna-se imprescindível a implantação de políticas públicas, factíveis, que assegurem condições de promover desenvolvimento profissional, em especial aos jovens que figuram na classe social de baixo poder econômico, a fim de possibilitar a mudança da triste e preocupante realidade brasileira de milhões de jovens marginalizados por falta de oportunidade de uma educação de qualidade e formação curricular profissional e tecnológica voltada para o mercado de trabalho em constante e acelerada transformação.
Nenhum país se consolida como nação próspera tendo uma realidade educacional atrasada e de baixa qualidade. A décadas o Brasil figura em posição humilhante no ranking educacional mundial, e a permanência dessa realidade retira do nosso país qualquer expectativa de avanço se não ocorrer uma significativa mudança no quadro atual de crescimento da desigualdade social.
Por falta de qualificação profissional, a taxa de desemprego entre os jovens na faixa etária entre 15 e 29 anos é significativa, segundo o PNAD em 20,1%. Outro dado assustador é o fato de apenas 20% dos jovens que terminam o ensino médio conseguem ir para o ensino superior. Diante desse contexto não há outra alternativa senão a de permitir aos jovens do nosso país uma formação curricular de forte conteúdo profissional e tecnológico que reforce a formação geral básica, como garantia de oportunizar uma inserção digna e competitiva que possibilite uma inserção no disputado e exigente mercado de trabalho. O ensino brasileiro precisa ofertar oportunidades de carreira profissional às gerações futuras, e para tal o governo precisa ter essa prioridade na formatação de suas políticas públicas.
A convivência com a crescente deterioração da qualidade de vida da base da pirâmide brasileira, onde se encontra a população mais pobre em nosso país, precisa ser contida e combatida com ações de políticas públicas efetivas, factíveis e eficazes. A fome é uma realidade cada vez mais latente e estarrecedora, que vem causando a deterioração da dignidade de milhões de brasileiros!
Amaury Cardoso
Blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br
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