domingo, 31 de janeiro de 2021

A FILOSOFIA ASSOCIADA À FÍSICA QUÂNTICA E A ASTRONOMIA SERÃO O GRANDE SABER DO SÉCULO XXI. - ARTIGO: FEVEREIRO 2021.



A vida dura um lapso de tempo pequeno, razão pela qual a morte é vista por muitos como eterna, ou seja, a morte e entendida como uma vida eterna em outro plano. E eu me incluo entre os que possuem esse entendimento.

Sou uma pessoa que convive com muitas indagações, em especial no ramo do saber, e tenho buscado ler sobre filosofia, embora tenha o entendimento de que a filosofia não tenha uma finalidade própria, específica, contudo sua importância é grande, pois a filosofia busca o saber e o conhecimento, visando construir muito para várias áreas do saber humano. A filosofia não pretende apresentar respostas e sim formular indagações, divagações, excitando reflexões e questionamentos.

Platão acreditava que só existem verdades absolutas no mundo das ideias, e demonstra sua crença através da construção da sua tese na “Alegoria das Cavernas”, onde cria uma metáfora de homens presos em uma caverna que só enxergavam suas sombras, não viam realmente as coisas. Portanto achavam que já sabiam de tudo, ou seja, de conhecer a verdade. Contudo, o que eles sabiam eram as sombras da vida, que se comprova quando alguém consegue sair da caverna, ou seja, da ignorância, e descobre que o que se acreditava como verdade absoluta não passava de mentira diante de outra realidade, uma nova descoberta.




A história está repleta de fatos onde aqueles que contradizem verdades, até então, absolutas são incompreendidos e sofrem sanções do sistema vigente da época. Na filosofia Sócrates é o principal exemplo, que o levou a ser condenado a morte, dentre tantos outros contestadores das verdades absolutas.

Dito isto, destaco uma afirmação do filósofo Sócrates “que esta (...) é a ordem de Deus; e estou persuadido de que não há para vós maior bem na cidade do que esta minha obediência a Deus. Na verdade, não é outra coisa o que faço nestas minhas andanças a não ser persuadir a vós, jovens e velhos, de que não deveis cuidar do corpo, nem das riquezas, nem de qualquer outra coisa antes e mais do que a alma, de modo que ela se torne ótima e virtuosíssima; e de que não é das riquezas que nasce a virtude, mas da virtude nascem à riqueza e todas as outras coisas que são individualmente para cidadãos como para o Estado.”.

Quando Sócrates afirmou “Só sei que nada sei” eu pergunto: A ignorância é um castigo ou uma dádiva? Ou seja, é melhor vivermos nas sombras, sem pensamento crítico, ou buscarmos o conhecimento e com ele descobrir novas verdades?
Eu me enquadro no grupo dos que não se contentam com verdades estabelecidas, e  estão abertos para o exercício do aprimoramento do pensamento crítico. Eu busco o desconhecido, busco sempre o querer saber mais como forma de ampliar minha compreensão sobre coisas que me são importantes, pois não aceito viver dentro da caverna da parábola de Platão.




São tantos os filósofos, muitos com grande genialidade, mas Platão foi o filósofo que mais influenciou a forma de pensar no ocidente, sob a influência de Santo Agostinho e toda a igreja católica, o pensamento de Platão continua original e bastante interessante.

A filosofia moderna foi fundamental na formulação do pensamento moderno, e entre os grandes filósofos da modernidade destaco o filósofo Baruch Spinoza, que era português e judeu. Ele escreve uma obra maravilhosa, de título um tanto estranho, chamada “Ética demonstrada à maneira dos geometas”. Ele afirmou que Deus é intranscendente, Deus é a natureza. Essa declaração o levou a ser excomungado pelo Judaísmo e pela igreja católica, em razão de contrariar a definição de que Deus é transcendente e onipotente.

Para Spinoza Deus está contido em todas as coisas do universo. Esta visão do filósofo Baruch Spinoza caiu como uma bomba para as religiões, pois, como ele afirma, se tudo está ligado, dentro, de Deus é o mesmo que afirmar que as pessoas não precisam de religião – que tem como fundamento ligar as pessoas a Deus – para estar ligado a Deus. Partindo desse pensamento a igreja se vê ameaçada de perder poder.  




Outro filósofo que marcou o pensamento moderno, que junto com Kant e Descartes formou o tripé da modernidade, foi Nietzsche cujo pensamento de amar a vida com tudo que ela tem para nos dar, vem para quebrar os antigos mitos, destruir as ideias pré-concebidas, propondo uma nova forma de ver o mundo, onde as pessoas devem “Amar a vida com tudo de bom e ruim que ela tem para nos dar... aceitando tudo e entendendo que a vida também é composta por tragédias”. Ele pregava o “Amor Fati”, ou seja, entender as tragédias da vida e amar a vida pelo que ela tem. Ele afirmava também que nós não devemos seguir o que outras pessoas querem que sigamos, mas devemos ter o nosso próprio pensamento e segui-lo. Que devemos encontrar os nossos valores e fazer aquilo que nos faz bem, não seguindo simplesmente o que já está pré-determinado pela sociedade. Fica a pergunta: O que é ser normal? Será que ser normal é ser e pensar em harmonia com a grande maioria? A sociedade forma um padrão e quem foge a ele é por ela marginalizado!  

O padrão de normalidade na vida em sociedade não seria um comportamento social, uma forma de dominação de uma classe dita superior sobre uma classe dita inferior? Isso não seria uma forma de imposição da elite social sobre a maioria marginalizada socialmente?
Do pouco que li no campo da filosofia, sendo meus estudos superficiais, destaco que entre os pensadores da filosofia moderna o pensamento de Nietzsche, Spinoza e Foucault repercutem na filosofia contemporânea. 

“E se Deus não for aquele velhinho de barba branca” – O Deus de Spinoza. Poucos filósofos foram tão controversos quanto Baruch Spinoza.
“A vida não é um mar de rosas”. Como encarar a vida com tudo que ela tem para nos dar – uma análise nietzschiana.
“Ainda existe a normalidade?” – Durante praticamente toda a existência da humanidade, sempre tivemos uma ideia do que era ou não era normal. Ninguém discutiu isso de uma forma tão profunda e sofisticada quanto Foucault.  




Convenhamos que a tolerância nunca foi o forte da humanidade. A intolerância está nas pessoas e tem crescido muito com o avanço das redes sociais, pois ela é uma característica do ser humano. 
Ao falar de tolerância não posso deixar de citar a importância do pensamento de Voltaire. Ele tinha a visão de que não vivemos no melhor dos mundos. Afirmava que as pessoas não podiam concordar com tudo e todos. Partindo dessa premissa ele reconhecia a importância do papel da tolerância e que as pessoas precisam suportar as discordâncias e serem tolerantes com as diferenças, pois a verdade não pode ser alcançada apenas com a razão, uma vez que a ciência estava revelando a ocorrência de vários erros e equívocos da suposta verdade definitiva.

Voltaire tinha uma visão de que a tolerância era o apanágio da humanidade. Nós todos estamos prenches da fraqueza e de erros. Perdoemo-nos reciprocamente nossas bobagens. Essa é a primeira lei da natureza. Voltaire enxerga a nossa incapacidade de conhecer tudo apenas com a razão. Ele reconhece que a melhor forma de conhecer a verdade está cheio de erros. Baseado nesta visão podemos concluir que não existe essa coisa de um filósofo, de um teólogo, de um religioso, de uma pessoa apenas sentar e conseguir descrever como o universo funciona, falar sobre um modelo ético perfeito e absoluto. 
Precisamos admitir que todos nós somos passíveis de cometer erros e não devemos nos abalar por isso, e sim reconhecer que cometemos erros. A meu ver uma celebre frase de Voltaire sobre esse tema é: “A discórdia é a grande peste do gênero humano e a tolerância é o seu único remédio”.

Portanto, ideias que pregam tratamentos desiguais não podem ser toleradas, não podem ser admitidas como normal e precisa sofrer o nosso repúdio para que não nos acostumemos com a banalização do mal, da violência, da corrupção e com o descaso com a prevalência do erro. A filosofia nos provoca reflexões sobre se algo tem fundamento ou não, e melhor entender para construir o nosso pensamento crítico, bem como amadurecer o nosso conhecimento.




Por fim, o que vejo de mais interessante no estudo da filosofia é que ela não pode ser taxada como tendo viés político, embora seus pensadores nas três fases (Clássica, Moderna e Contemporânea) tenham suas posições políticas/ideológicas no núcleo de seus pensamentos que os levam a divergir no mundo das ideais. O estudo da filosofia é um ramo do saber que nos revela que ela busca fazer perguntas com a tentativa de nos fazer compreender o mundo e nós mesmo no aspecto físico e também no aspecto metafísico. 

Amaury Cardoso
Blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br   

Um comentário:

  1. Caro amigo Amaury, bom dia! Li seus 2 últimos artigos de 2021, a trajetória da democracia do fim do regime militar, até os dias de hoje e os efeitos da filosofia ao longo dos séculos, definições minhas, para as suas palavras, nos textos lidos por mim. Confirmo minha afirmação que fiz, numa sugestão encaminhada pelo menssage do facebook que, o seu conhecimento vale ouro e porisso, reafirmo o interesse em vender este conhecimento a quem quiser comprar pois, dizem por ai, que tudo tem um preço. Parabenizo-te por tão sagradas palavras e pelo aprofundamento e pesquisa em busca do conhecimento, fato este que, sempre é enfatizado por ti em todos os encontros que temos, mais uma digo: parabéns...

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