segunda-feira, 18 de novembro de 2024

VIVEMOS EM UMA REPÚBLICA, CONTUDO MUITAS PESSOAS ENTRAM EM CONFLITO COM OS SEUS CONCEITOS! - Artigo: novembro/2024


O conceito de República esteve associado ao longo dos anos a um Estado que retrata a preocupação com o bem comum, independente do tipo de regime. O fundamento de uma república está alicerçado na preocupação com o bem comum, ou seja, coletivo.

Aprendi que a expressão valores republicanos tem um leque de significados positivos, a exemplo de eleições livres, separação entre Estado e Igreja, separação entre público e privado, a educação universal, dentre outros.

Contudo, é fato que os princípios republicanos são os mesmos conceitualmente, mas sua aplicabilidade e a capacidade de exercer seus princípios variam em conformidade com a sociedade. Por exemplo: tentar aplicar princípios liberais em uma sociedade que não nutre as bases do princípio liberal irá resultar em uma política conflituosa. Se não vejamos: Público, passa a visão de que é de todos nós, razão pela qual temos a responsabilidade de cuidar do que é público, ou seja, nosso. No entanto, culturalmente no Brasil, o que é público não é de ninguém. A maioria das pessoas individualmente não se considera responsável pelo que é público. Se a rua está suja, os bueiros estão cheios de lixo a calçada da sua casa está cheia de mato, a culpa é da prefeitura, não do cidadão que não cuida do público, ao contrário contribui para deteriorar o que é público porque entende que quem tem que cuidar do público é o poder público. Esse comportamento não é uma atitude republicana, no sentido de que res + publica tem dimensão de compromisso compartilhado (cidadão e governo) com o que é público.

Portanto, não se trata apenas de intuições, mas de cultura, educação, valores e compromisso em zelar pelo que é público. Mudar esse comportamento é uma tarefa muito difícil e de longo prazo, que passa pelo entendimento e reconhecimento de que espaço público é um bem de todos e, portanto, deve ser preservado, cuidado por todos.

O livro “Acabeça do brasileiro” do cientista político Alberto Carlos de Almeida, comprova por meio de uma pesquisa nacional sobre valores enraizados de nossa sociedade, que a maioria da população não tem a visão de mundo de república idealizada pelos acadêmicos e professores universitários das áreas de ciências sociais. Assim, essas elites exigem algo que o Brasil não tem condições de entregar.

É fato que a visão de mundo e os valores de uma sociedade mudam, mas é um processo muito lento. Em função dos nossos valores sociais, o Brasil ainda não é uma república na sua essência.


Amaury Cardoso

Graduação em Física; Pós graduação em Gestão Publica; Pós graduação em Políticas Públicas e Governo; Especialização em Estratégia Política; Especialização em Ciências Políticas; Especialização em Marketing Político, Comunicação, Gestão e Estratégia.

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

ERRA QUEM RELATIVIZA O CRESCIMENTO DA FORÇAS POLÍTICA DE CENTRO, CENTRO DIREITA E DIREITA! - Artigo: novembro/2024.


Com o resultado das eleições presidenciais e do Congresso nos EUA, erra quem relativiza o crescimento das forças políticas no campo ideológico de centro, centro direita e direita em varias partes do mundo.

Em julho escrevi um artigo sobre o processo eleitoral nos EUA no momento em que Trump sofreu um atentado contra sua vida. Nesta oportunidade eu afirmei que o episódio alavancaria a eleição de Trump ao ponto de assegurar a eleição dele.

O partido democrata sentiu o golpe, e reconheceram que Biden não seria capaz de conter o crescimento e a vitória de Trump, não só por ele não reunir condições políticas e físicas de vencer, mas principalmente porque seus grandes apoiadores financeiros, ao visualizar a derrota de Biden, estavam abandonando a campanha democrata.

Para evitar um fiasco eleitoral o partido democrata apresentou uma nova alternativa, e Biden escolheu sua vice-presidente Kamala , que, também em julho, afirmei que não era o perfil mais apropriado para levar a vitória dos democratas, em razão dela ter sido uma vice-presidente apagada e vacilante em três questões fundamentais para os americanos: a econômica, a migratória e a fragilidade em lidar com à questão dos conflitos internacionais. 

Durante o processo eleitoral as pesquisas falharam ao sinalizar a possibilidade de vitória dos democratas com a candidatura de Kamala, fato que deu a ela a confirmação, em convenção democrata, de sua candidatura em detrimento aos seus oponentes no partido, mesmo sendo dois governadores experientes que governam estados importantes e estratégicos. 

A vitória de Trump se mostra fragosa e humilhante para os democratas. Trump vence todos os estados pêndulos decisivos. Trump vence com grande vantagem no numero de delegados e de eleitores. Essa diferença na vitória de Trump vem em decorrência de uma melhor estratégia que focou em temas importantes para o eleitorado conservador dos EUA, em especial o fator econômico.É fato que essa vitória da direita nos EUA foi determinante para o avanço da direita no cenário político internacional!

Meu ponto de vista sobre a vitória de Trump, apresentado em julho desse ano, se confirma! Trump vence com poderes significativos!

Vence na Suprema Corte com 6 ministros conservadores e nas casas legislativas vence com folga: Senado - Partido Republicano conquista 52 cadeiras; Câmara - Partido Republicano conquista 198 cadeiras. Nos 11 estados americanos que houve disputa para governador, o partido republicano vence em 09, vencendo, também, na Suprema Corte com 06 ministros conservadores.

O Partido Democrata no senado conquista 41 cadeiras e na Câmara, conquista 180 cadeiras.

Até o fechamento desse artigo, Trump conquistou 292 delegados e Kamala 226. Esse resultado consagra a força política do presidente que irá governar os EUA pelos próximos quatro anos. Isso traz um significado com grande repercussão política internacional que irá influenciar mudanças políticas e econômicas em várias partes do mundo.

Esse é o meu ponto de vista!!!

Abraço!


Amaury Cardoso

Bacharel em Física, Pós Graduação em Gestão Pública, Pós Graduação em Políticas Públicas e Governo, Especialização em Estratégia e Política, Especialização em Ciências Políticas, Pós Graduação em Marketing Político, Comunicação Eleitoral, Gestão e Estratégia.

terça-feira, 29 de outubro de 2024

O QUE ME REVELA AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2024. - Artigo: outubro/2024



Com o encerramento das eleições municipais de 2024, ficou evidente o avanço das forças políticas de centro, centro direita e direita em todo território brasileiro, avanço que se iniciou em 2018 e foi conquistando forças e ampliando espaço nos processos eleitorais de 2020, 2022 e 2024.

Esse novo arranjo político que se desenhou nas eleições municipais deste ano certamente indica uma nova composição de forças politicas que irá influenciar o processo eleitoral nacional de 2026, principalmente nas duas casas legislativas do Congresso Nacional, mas também com a expansão dessas forças nos governos estaduais e casas legislativas estaduais na grande maioria dos Estados.

A nova configuração de forças que se estabelece em todo país revela o crescimento e fortalecimento dos partidos com perfil político de centro e direita que passaram a ocupar a grande maioria das prefeituras das capitais e cidades de médio e grande porte populacional e predominam em 75% das 5.570 prefeituras brasileiras.

Outro aspecto que se evidencia nessa eleição é o enfraquecimento das forças tradicionais de esquerda (PT, PDT, PSB, PSOL e PCdo B) em todas as regiões do país. Ficou clara a crescente rejeição aos candidatos do segmento político de esquerda, desta vez não só nas capitais e grandes metrópoles, mas também em um numero expressivo dos  municípios das periferias. 

Em síntese, os partidos do segmento ideológico de centro, centro direita e direita (PSD: 891, MDB: 864, PP: 752, UNIÃO: 591, PL: 517, REPUBLICANO: 440 e PSDB: 312) conquistaram 4.367 prefeituras. Já os partidos do segmento de esquerda e centro esquerda (PSB: 312, PT: 252, PDT: 151, PCdoB: 19 e PSOL: 0) conquistaram 748 prefeituras. Com esse resultado  eleitoral pífio, com o agravante do péssimo resultado eleitoral do partido do presidente da república, o PT, ficou claro que os partidos de segmento político de esquerda receberam neste processo eleitoral sinais de desgaste que atribuo a falta de renovação de suas pautas e na estratégia politica e eleitoral, bem como as dificuldades de comunicação com o eleitorado brasileiro e a dificuldade de se adaptar às demandas locais e de apresentar propostas atrativas a um eleitorado que não aceita promessas, que por serem repetitivas não convencem mais, e exige resultados.

Atribuo, também, ao descrédito que enfrentam os partidos de esquerda ao fato desses partidos não conseguirem mais falar para a população e insistirem em ficar repetindo o discurso tradicional, de certa forma ultrapassado, e totalmente desconectado da realidade da sociedade brasileira e das demandas mais imediatas e programáticas dos eleitores, que priorizam pautas focadas na competência de gestão  e eficiência administrativa, associada a programas e projetos factíveis que de fato leve a garantia de respostas e entregas de demandas essenciais a população.

Outra leitura que para mim fica evidente é que a sociedade não se interessa por discursos ideológicos e posicionamentos políticos excessivamente radicais e sim deseja posicionamentos voltados para propostas de soluções centradas em resolver problemas cruciais do cotidiano das cidades.

Por fim, essas eleições municipais revelam uma nova configuração de forças políticas demonstrando que a grande maioria do eleitorado prefere dar o seu voto a alguém que melhor lhe passar a certeza de ser um gestor competente e o convencer possuir eficiência administrativa, associada a um perfil político que transmita credibilidade. Arrisco afirmar que está desenhada a eleição nacional de 2026. Percebo que os critérios de escolha estão se consolidando e serão os mesmos a definir os candidatos no próximo processo eleitoral, dessa forma, indicando a continuidade do avanço dos segmentos ideológicos de centro, centro direita e direita. Esse é o meu ponto de vista!


Amaury Cardoso 

Graduado em Física, Pós graduado em Gestão Publica, Especialista em Gestão e Estratégia, Especialista em Ciências Políticas, MBA em Marketing Político e Eleitoral, Gestão e Estratégia.

www.amaurycardoso.blogspot.com.br

terça-feira, 17 de setembro de 2024

A IMPORTÂNCIA DO DOMÍNIO DA COMUNICAÇÃO NAS REDES SOCIAIS. - Artigo: setembro/2024


Aprendi em meus estudos sobre marketing político e eleitoral, gestão e estratégia, bem como na vivência como militante político, que a construção da imagem pública e o papel do marketing político e eleitoral são imprescindíveis para o sucesso de um político na sociedade contemporânea, pois depende diretamente da visibilidade pública e da repercussão positiva de sua imagem no cenário em que o candidato/político está inserido. Virou um jargão no marketing político e eleitoral que a imagem de um candidato/político pode ser comparada a um rótulo de um produto na prateleira de um supermercado. Trata-se da identidade que àquele político quer passar para a sociedade e seus atuais e futuros eleitores, seja tradição ou quebra dela, confiabilidade, competência administrativa ou outros atributos que possam atrair determinado público ou segmento.

Feita esta importante observação, passo a responder a pergunta da questão em tela: Disserte sobre a facilidade que os meios de comunicação de massa eletrônicos (rádio, televisão, internet e redes sociais) proporcionam à difusão das mensagens políticas dos mais diversos candidatos eleitorais.

Durante um longo período as imagens foram construídas com relativa facilidade, utilizando códigos ou fórmulas baseadas, sobretudo, na dramatização da vida do candidato, principalmente no horário eleitoral gratuito. Era comum a apresentação de histórias recheadas de valores sociais moralizantes e aspectos intimistas do candidato.

Com a entrada dos meios de comunicação de massa eletrônicos, esse cenário/personagem/roteiro construído corre sérios riscos de ser desvendado ou desmascarado nas redes sociais. Qualquer informação se torna pública em tempo real e a todo tempo, logo, construir uma imagem tornou-se palavra perigosa. Hoje o eleitor, do outro lado da tela tem a possibilidade de interagir, se posicionar e ate ajudar a construir a imagem positiva de um candidato, contudo, na mesma medida esse eleitor pode desconstruir e destruir qualquer história bem ou mal contada.

Com a chegada da Internet, das redes sociais e todas as suas ferramentas disponíveis o candidato/político passou a ter uma enorme condição de difundir sua imagem e as suas mensagens. Esse novo modelo de propagação da informação, através das ferramentas de redes sociais, mudou radicalmente a forma de “construção” de uma imagem. Destaco esse ponto, por entender que na sociedade em rede em que vivemos, o trabalho realizado em torno da construção da imagem deve ser pautado pela valorização das características positivas e distanciamento das menos aceitas ou negativas.

É fato que com a democratização e ampliação do acesso a informação e a garantia de comunicação em massa nas redes sociais o candidato/político passou a ter uma enorme condição de propagar sua imagem. Contudo, entendo haver a necessidade de ter muita cautela em transitar nesse universo conectado e cheio de informação. O candidato/político precisa saber aproveitar o que as ferramentas de marketing político e eleitoral lhe oferecem para fugir dos estereótipos cansativos e já manjados pelas pessoas. É fundamental ser autentico, sob o risco de vir a ser questionado por alguma atitude que não venha a condizer com aquela imagem anteriormente construída. Reverter essa situação será bem mais complicado do que trabalhar positivamente seu marketing pessoal e político. Destaco que a mensagem do candidato/político precisa ser meticulosamente planejada e disseminada, se possível, com antecedência, pois se trata da construção de um processo de imagem. Esse cuidado se estende ao discurso, falas e palavras utilizadas, a tonalidade da voz, à gesticulação, à expressão facial e outros mecanismos de comunicação que podem contribuir para vencer ou perder uma eleição.


Amaury Cardoso


Graduado em Física, Pós graduado em Gestão Pública, Especialista em Ciências Política e MBA em Marketing Político e Eleitoral, Gestão e Estratégia.

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

O POVO VENEZUELANO ESTÁ REFÉM DO DITADOR MADURO E SEUS ALIADOS MILITARES, SÓCIOS NO PODER. - Artigo: Agosto/2024


Triste realidade de um país que possui 94% de seu povo vivendo em condições socias muito precária, abaixo da linha da pobreza, e é impedida de exercer o seu direito  de lutar por mudanças!

O que assistimos na Venezuela é um insulto, um desrespeito, uma agressão ao povo venezuelano!!! Milícias armadas oprimindo a manifestação de repúdio da população que não suporta mais a tirania imposta pelo ditador Maduro, que se auto proclama, as pressas, vencedor de uma eleição fraudulenta. O que está por vir é lamentável!!!

Os "líderes" mundias que se omitem e pior apoiam a opressão que acontece por anos na Venezuela, são irresponsáveis ao desrespeitarem o direito de um povo de viver em uma democracia!!!

No meu entender é grave a crise que se instalou na Venezuela, e ela tem tudo para aprofundar o número de dezenas de mortos e milhares de presos, e se desdobrar numa guerra civil com muito derramamento de sangue. Maduro tem endurecido e não irá titubear em colocar o exército nas ruas para reprimir as grandes manifestações populares, bem como perseguir e eliminar suas lideranças. É fato que a explosão da violência terá consequências imprevisíveis! Diante de um país em grave crise política,  econômica e social, temo pelo destino de muitos venezuelanos!

O governo brasileiro, na posição de líder na América Latina, precisa assumir o seu papel e se movimentar diplomaticamente no sentido de evitar o avanço do caos. O presidente Lula é o único na América Latina que têm essa legitimidade junto ao presidente Maduro, mas se coloca de forma timida e relutante, condicionando a se posicionar após Maduro apresentar as atas das eleições, o que não irá acontecer, pois é fato que sua anunciada vitória está sendo sustentada por uma vergonhosa e criminosa fraude eleitoral. 

O governo e o Estado brasileiro erra, depois de terem se passados vários dias do processo eleitoral, ao não ter se manifestado diante do que acontece e as evidências das fraudes que ocorreram nas eleições venezuelanas! 

O Brasil detêm uma influência política e econômica sobre a América Latina, o silêncio do governo brasileiro diante do processo fraudulento das eleições na Venezuela, bem como diante da postura ditatorial do presidente Maduro que se impõe na presidência sem, notadamente, a aprovação da grande maioria do povo venezuelano é constrangedora para a nação brasileira. 

O presidente Lula se encontra numa situação delicada face o partido dos trabalhadores - PT, do qual é a maior liderança e as decisões relevantes não são tomadas sem consultá-lo e obter sua concordância, ter oficialmente emitido nota reconhecendo que o processo eleitoral na Venezuela transcorreu de forma democrática e com perfeita lisura. Fica a pergunta: Sem a devida transparência e sem a necessária apresentação das atas da eleição,  em que base o PT pode afirmar que a reeleição de Maduro é um fato indiscutível?

Diante do posicionamento da OEA e de vários países que cobram transparência e apresentação das atas da eleição, cresce a rejeição à forma como se deu o processo eleitoral na Venezuela, o que coloca o governo brasileiro, em razão da sua demora em se posicionar, em uma posição politicamente delicada no cenário internacional. 

Um fato no mínimo equivocado foi o pronunciamento do presidente Lula, feito dois dias após as eleições, que suou de maneira desastrosa e equivocada ao passar "panos quentes" na falta de transparência do processo eleitoral e no caos social em que se encontra a Venezuela diante da relutância de grande parcela dos venezuelanos em aceitar o golpe eleitoral do ditador Maduro.  


Amaury Cardoso 

Bacharel e Licenciatura Plena em Física, 

Pós graduação em Gestão Pública, Especialista em Ciências Políticas, MBA em Marketing Político e Eleitoral, Gestão e Estratégia. 

Blog artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br

segunda-feira, 1 de julho de 2024

O SEGMENTO POLÍTICO DE DIREITA VEM CRESCENDO EM VÁRIOS PAÍSES DO MUNDO, A QUE DEVEMOS ATRIBUIR? - Artigo: julho/2024



No contexto político histórico geral, principalmente depois do pós II Guerra Mundial, podemos encontrar muitos fatores pode tentar explicar esse fenômeno, dentre os quais, arrisco destacar que a ascensão da extrema direita constitui mais um movimento, que começou com o avanço da hegemonia neoliberal, no sentido da completa destruição das conquistas civilizatórias e democráticas do pós-Segunda Guerra Mundial.


O que temos visto nos últimos anos pós virada do século XX para o século XXI, é um avanço da extrema-direita nas sucessivas últimas eleições. O seguimento político conservador vem aumentando seu lastro de poder político passando, a meu ver, uma clara mensagem de que é preciso pensarmos o que está gerando nas populações esse desejo por governos conservadores. 


Porque esse avanço da direita vem sendo desejado por muitos? 

Arrisco afirmar que esse avanço do conservadorismo seja pelo fato de encarna os valores e as formas de pensar de milhares de pessoas no país, onde  uma multidão de pessoas se vê nele representados. Ele é a encarnação de um tipo de subjetividade, de desejos, de valores, de ideias, de conceitos e preconceitos que estão disseminados na sociedade mundial.


Porque foi desejado por muitos? 

Porque encarna os valores e as formas de pensar de milhares de pessoas no país, porque uma multidão de pessoas se vê nele representados.


Entendo que precisamos levar em conta essa insegurança existencial crescente produzida pela nova etapa do capitalismo. Essa insegurança se acentua a medida em que o avanço tecnológico significa a redução dos postos de trabalho e a desaparição de muitas atividades e profissões. Essa, a meu ver, é apenas uma das razões. 


Outra razão é a retórica da direita e da extrema-direita, com o reavivamento do nacionalismo, com críticas à globalização, aos acordos de livre-comércio, bem como o crescimento da concentração da riqueza e, consequentemente, o avanço da miséria em vários países do mundo têm feito com que ocorra um alinhamento com as forças da reação melhor representadas pelas forças políticas conservadoras de centro, de direita e de extrema-direita. 


Essas políticas de recuperação econômica, aplicadas, inclusive, por sucessivos governos ditos socialistas levaram a desmoralização e ao descrédito crescente dos partidos mais à esquerda no espectro político, o que também favoreceu o crescimento da direita e da extrema-direita em vários países. No Brasil, não foi diferente.


O capitalismo é gerador de insegurança a medida que está permanentemente alterando sua própria regulamentação, seus regramentos, suas formas de funcionamento, suas bases tecnológicas, deslocando sua produção de espaços, alterando as relações de trabalho e emprego. 


Quando as pessoas no mundo, em especial no Brasil, estão clamando por segurança, elas atribuem a insegurança que sentem aqueles que são execrados como bandidos ou como corruptos todos os dias na televisão. A insegurança, que é existencial, que é promovida pelas formas de vida precarizadas pelo capitalismo, é atribuída a um outro que se torna o bode expiatório do mal estar causado por vivermos em constante incerteza. A busca de forças políticas que representam a ordem e a segurança é resultado, portanto, da crescente insegurança existencial promovida pelo próprio capitalismo.


Por fim, destaco um trecho da minhapesquisa que afirma: "O estágio atual do capitalismo se caracteriza pela criação de formas vida e de trabalho cada vez mais precárias. A informalidade crescente das relações de trabalho, o crescimento das formas de trabalho temporário, a rotatividade dos postos de trabalho, a previsão de possíveis reduções de salário previstas em contratos de trabalho, a chamada flexibilização do trabalho, o fim mesmo da ideia de especialização e profissão, a competição crescente por postos de trabalho precarizados, a destruição permanente de postos de trabalho e de profissões, a exigência neoliberal de que cada um seja um empresário de si mesmo, que se vejam como capital humano, que tenham sucesso e poder sem que as condições para isso sejam dadas, produzem subjetividades e sujeitos inseguros, carentes de certezas e de ordem, o que é um caldo de cultura extremamente favorável para o crescimento de forças políticas conservadoras de centro-direita, direita e extrema-direita que se propõem a produzir a ordem, a segurança e a certeza, em todos os âmbitos. Num mundo em que tudo parece naufragar, em que todos parecem surfar sobre ondas enfurecidas, em que tsunamis varrem periodicamente as praias e as casas de nossas vidas, essas forças reativas e reacionárias aparecem como a tábua de salvação, o restolho salvador, o último porto e lugar seguro para se habitar. O encarniçamento, a violência, o aferramento com que as pessoas combatem a favor dessas forças da reação só demonstram o quanto para elas essas opções reacionárias são importantes existencialmente, o quanto elas parecem ser o único e último refúgio em um mundo hostil e perigoso."


Amaury Cardoso 

Bacharele Licenciatura emFísica, Pós em Gestão Pública, Especialista em Ciências Políticas, MBA em Marketing Político e Eleitoral, Gestão e Estratégia. 

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sábado, 8 de junho de 2024

CRISE DO ESTADO, EFEITOS DA GLOBALIZAÇÃO E NOVAS FORMAS DE PODER. - Artigo: junho/2024

(Esse texto foi objeto de estudo a ser aplicado em aula inaugural.)


A globalização pode ser entendida como processos multidiencionais que não se restringe só à vertente econômica, mas envolve também dimensões políticas, de segurança, cultural e ambiental. Este processo está associado ao crescimento dos fluxos de comércio e investimentos internacionais, reforço da concorrência, à celeridade e facilidade das comunicações, ou ainda,à convergência de valores culturais e da consciência sobre os problemas globais, especialmente os ambientais.

O surgimento deste novo modelo induz os Estados à nova condição socioeconômica, obrigando-os à uma reavaliação de seu papel nos processos decisórios e modificações de postura em relação a questões como desigualdade social, o desequilíbrio no acúmulo de capital e a corrupção, tidos como efeitos causados pela globalização. 

Ao mesmo tempo, a evolução tecnológica é a interdependência de mercados internacionais permitem que as ocorram em um espaço de tempo cada vez menor, causando impactos cada vez mais intensos.  Estes impactos provocam a necessidade de acompanhamento do capital humano dos países, principalmente daqueles que estão em processo de desenvolvimento, de modo a se tornarem aptos para concorrerem com outros países no mercado internacional. 

Em razão dessas transformações, as novas  relações tanto políticas, quanto econômicas permitiram que empresas  se internacionalizassem graças ao aperfeiçoamento da tecnologia em vários países e, com isso, instaurando um processo de co-dependência entre nações.  Esta condição, do ponto de vista da economia política, resultou no denominado "tecnocapitalismo", cujas características relacionam-se ao aumento do poder do mercado e ao declínio do Estado nação, acompanhado do crescente poder de influência das corporações transacionais nas decisões estatais, de modo a facilitar e criar condições favoráveis à reprodução do capital. 

Em suma, o capitalismo contemporâneo ou tecnocapitalismo, baseia-se na estrutura do capital e da tecnologia, que produzem novas formas de cultura, sociedade e cotidiano social. 

A exemplo de outros países onde vigorar o sistema capitalista,  o Brasil também adotou as novas regras e as formas de tecnologia com o objetivo de inserir-se ao mundo globalizado, onde as relações econômicas se tornam cada vez mais competitivas. Ressalto neste sentido, que não somente aderiram a estas regras os países capitalistas, como também a China, onde as relações socioeconômica s até então, eram essencialmente de cunho socialista. 

É importante destacar que a globalização, em suas diferentes modalidades de expressão e realização, tem o Estado cada vez mais sob o controle das organizações e das corporações transacionais,  onde instituições que normalmente controlam poderes econômicos e políticos se tornam aptos a se sobrepor e impor controle sobre os Estados. Tem poder de influenciar governos,  aparelhos estatais, burocracias e tecnocracias e estabelecem objetivos e diretrizes que se redirecionam às sociedades civis, no que concerne às políticas econômicas-financeiras. 

Por fim, obviamente não se pode creditar aos Estados o dinamismo da globalização, mas sim aos mercados comuns que buscam a conexão econômica e as empresas transacionais que detém a maior parte da produção, do comércio, da tecnologia e das finanças internacionais, que determinam estratégias cada vez mais agressivas tendo em vista a conquista do mercado e o poder de decisão no mundo global.


Amaury Cardoso
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quinta-feira, 30 de maio de 2024

AS VERDADES APRESENTADAS DE FORMA PARCIAL, QUE SÃO CONTRÁRIAS AOS FATOS, ME LEVA A MANIFESTAR O MEU PONTO DE VISTA. - Artigo: Maio/2024




Precisamos sair dessa "disputa ideológica extremista" e cobrar uma série de incoerências  e desfaçatez que impera nas rivalidades raivosas no campo ideológico. 

Desfaçatez das negativas daqueles, comprovadamente, associados aos rombos bilionários ocorridos aos cofres públicos realizados através de ilícitos de corrupção deslavada. 

Desfaçatez daqueles que cometem improbidade administrativa que, mesmo comprovadas, são descaradamente negadas e adjetivadas como golpe e perseguição. 

Desfaçatez daqueles que promovem anulações de penalidades, antes até por eles referendadas e depois ao sabor das conveniências de momento ou motivadas por preferências política,  são anuladas sem embasamento jurídico convincentes. 

Desfaçatez daqueles falsos moralistas que se apresentam como "salvadores da patria", e mesmo depois de terem deixado de combater o que afirmaram que iriam combater, fazem pior, se permitem serem aliciados, entram e participam do esquema corrupto que é alimentado pelo sistema excludente e perverso. 

Desfaçatez daqueles que insistem em mentir para uma população que, em nosso país são facilmente enganadas por não possuírem a educação e cultura que lhes são negadas, não alcançam o necessário poder de análise crítica, em razão da ignorância não lhes permitir.

Por fim, Desfaçatez e descaramento de muitos que, em virtude de seus atos ilícitos e atitudes indecorosas contribuem para o declínio da credibilidade da democracia representativa!

Destaco, que opiniões sem o devido cuidado de serem  apresentadas de forma parcial, que ignoram realidades inquestionáveis, com um  único propósito de defender o indefensável, deixando claro suas preferências, e evidenciam erros somente daqueles a quem são contrários, seja por qual motivo, estas atitudes são desprovidas de credibilidade e devem ser ignoradas. 

Esse é o meu ponto de vista!!!


Amaury Cardoso 

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segunda-feira, 29 de abril de 2024

ALTERNATIVAS DE MUDANÇA NO SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO E SUAS IMPLICAÇÕES NO VOTO POPULAR. - Artigo: Abril/2024

 


As causas mais profundas da crise das democracias representativas contemporâneas, que tem aumentado junto a sociedade o déficit de credibilidade da representação política, por consequência enfraquecendo a democracia representativa, tem origem no desencanto da sociedade com a política institucional.  De um lado, temos um sistema eleitoral com voto em listas partidárias abertas nas quais o eleitor escolhe o seu candidato ou candidata (o voto se dá no indivíduo e não no partido). De outro, embora o voto seja nominal, a conversão de votos em cadeiras no parlamento (Câmara Federal, Assembleia Estadual ou Câmara Municipal) obedece ao percentual de votos obtidos por cada partido. Ao votar em um(a) candidato(a), o eleitor(a) dá um voto ao conjunto da chapa do partido ao qual ele ou ela pertence, mesmo que não o saiba.

Tenho o entendimento de que o atual sistema eleitoral brasileiro gera uma radical desconexão entre eleitor e eleito, pelas seguintes razões:

1. A disputa entre centenas de candidatos, milhares no caso de alguns grandes Estados, torna difícil ao eleitor se informar para fazer a escolha do seu candidato, a menos que haja maior proximidade física (candidatos com forte representação em locais determinados) ou identidade partidária (pouco frequente no Brasil);

2. O tamanho do distrito eleitoral e o caráter individualizado do voto aumentam o custo das campanhas eleitorais, o que desestimula a busca por pequenas somas de doações eleitorais de pessoas físicas e contribui para afastar os candidatos e representantes do eleitor.

A ausência de conexão forte no momento eleitoral explica por que a grande maioria dos eleitores sequer se lembra do nome do candidato em quem votou, poucos meses após as eleições. Sem a retenção dessa informação básica, como acompanhar o desempenho do parlamentar? Perde-se assim o elo gerado entre o representante frente ao eleitor. Além desses problemas, o sistema adotado para as eleições proporcionais no Brasil mina a unidade e a solidez dos partidos políticos, já que estimula a competição entre os candidatos do mesmo partido. Todos somam para a legenda, mas a definição da ocupação das cadeiras que o partido proporcionalmente ocupará impõe a competição interna.

O resultado desse processo eleitoral, se traduz no fato dá governabilidade passar a depender de um delicado e sofisticado processo de construção e negociação política feito, após as eleições, em boa medida à margem do ambiente e do sentimento social produzidos pelas urnas. No meu entender, que tenho sustentado em debates e palestras que tenho participado, para lidar com esses problemas, me somo aos que percebem ser necessário a adoção do voto distrital misto ou alternativamente realizar um ajuste no tamanho dos distritos eleitorais, com a manutenção do sistema atual, proposta conhecida como voto nominal proporcional regionalizado.

Tenho o entendimento que o sistema distrital puro permite ao eleitor um controle próximo de seu representante no âmbito de um território reduzido, onde o candidato e/ou parlamentar é bastante conhecido, já que disputou um pleito majoritário contra um número pequeno de adversários. Candidatos derrotados exercem o papel de “advogados da minoria”, levantando debates sobre questões relevantes no distrito. Isso obriga o candidato/parlamentar a explicar cada voto ou posicionamento político. O deputado distrital é a encarnação e a face visível das ideias, das propostas e das ações do partido no território restrito do distrito eleitoral.

Já o voto em lista partidária permite um controle social sobre o coletivo partidário a partir das consequências de suas ideias e atitudes. A face individual da representação política, nesse sistema, não é tão visível. Prevalecem as siglas partidárias, embora dirigentes nacionais importantes sejam facilmente identificados pela população. No sistema distrital misto, há a combinação das dinâmicas do distrital puro e da lista partidária, permitindo que o eleitor acompanhe o representante distrital e também o comportamento das siglas partidárias. Trata-se de um sistema proporcional.

Em 2013, na Comissão de Estudos sobre a Reforma Política liderada pelo deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), surgiu a proposta do voto nominal proporcional regionalizado. A ideia era manter o sistema eleitoral atual, exceto na regionalização do território da disputa eleitoral. Por exemplo, em São Paulo, em vez de mais de mil candidatos competirem por uma das 70 cadeiras de deputado federal a que tem direito São Paulo, o Estado seria dividido em 10 regiões eleitorais com sete cadeiras em disputa em cada uma delas. Apesar de ter ganho simpatia, não chegou a ser pautada em plenário. A proposta se transformou no Projeto de Lei 7055/2017, mas sua tramitação não avançou.

A despeito das reformas implementadas em anos anteriores, a meu ver significou um pequeno avanço, os custos de campanhas no Brasil permanecem elevados em função do modelo de disputa previsto na legislação. Com distritos eleitorais muito populosos e extensos territorialmente e a pulverização de candidaturas gerada pelo multipartidarismo e pelo sistema proporcional de lista aberta (no caso da Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais), torna-se muito difícil (e caro) para um candidato se destacar entre a multidão de adversários.

Outra realidade que confere desigualdade na disputa eleitoral está na distribuição das verbas dos fundos partidário e eleitoral no âmbito de cada partido que é bastante concentrada, conferindo uma vantagem indevida para os candidatos preferenciais contemplados pelo partido com mais dinheiro. As cotas feminina e racial, instituídas com o propósito de democratizar o acesso aos recursos partidários, não têm sido efetivas no propósito de nivelar as condições desiguais de competição eleitoral.

A combinação de um sistema eleitoral de alto custo, agravado por um financiamento predominante público de campanhas e hiper concentrado em poucos candidatos, gera barreiras muito elevadas para a entrada na política, e condições adversas de competição para - 17 - aqueles que não desfrutam de um bom relacionamento com as cúpulas partidárias, não têm patrimônio ou contatos com a elite econômica e tampouco são famosos ou representam grupos profissionais ou religiosos.

Por fim, vejo como alternativa, a manutenção do sistema proporcional de lista aberta, porém dividir cada estado em regiões (distritos) menores para os pleitos, com isso, reduzindo os custos de deslocamentos e publicidade, além de aproximar os candidatos dos eleitores locais. No que se refere à oferta, as fontes de financiamento do sistema eleitoral, o ideal seria a adoção pelos partidos de um modelo de pulverização dos recursos dos fundos partidários e eleitoral, com essa medida estimulando uma maior aproximação entre partidos e candidatos, que se traduziria em uma maior fidelização entre ambos.

Amaury Cardoso
Blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br

quinta-feira, 21 de março de 2024

A SOCIEDADE ESTÁ REJEITANDO O ESTABLISHMENT POLÍTICO ALHEIO AO INTERESSE GERAL. - Artigo: Março/2024



O mundo contemporâneo tem nos revelado que as coisas ficam complicadas no trato do campo político, em que a dimensão de significado e interpretação fica menos evidente e implica juízos de valor. Para a sociedade o que interessa são questões como saber em que consiste a legitimidade, se algo é democrático, quem tem autoridade para decidir o quê ou a quem atribuir determinadas responsabilidades. Segundo o catedrático em Filosofia Política e Social Daniel Innerarity, entramos em um período histórico no qual a maioria dos problemas originários do campo político se tornaram especialmente controversos. Percebemos que a política, já algum tempo, entrou em uma zona de sinalização insuficiente, ou seja, entrou numa rota desconhecida, perdeu a evidência, se tornou uma área cheia de efeitos colaterais.


É fato que a política há muito tempo tira proveito do benefício da ignorância de uma enorme parcela da população, o que sustenta a dominação e a permanência do poder nas mãos dos que habitam o poder econômico e detêm o conhecimento e a informação privilegiada. Contudo, o espaço aberto da internet ampliou e permitiu um maior monitoramento de quem governa. Vivemos uma sociedade em que todos se veem, todos comparam, permitidas pela abertura de tecnologias fáceis de usar. Vivemos no mundo das redes onde as fronteiras perdem sua capacidade de delimitação e reserva. Essa configuração aberta contém, ao mesmo tempo, possibilidades de avanço e retrocesso democrático que cada pessoa precisa aprender a gerenciar.


No momento em que a internet abriu espaço para se falar com todos, a palavra delegar/representar aparece cada vez mais como abstrata e arbitraria no imaginário das pessoas. A diversidade de experiências individuais tem feito com que o monopólio exercido pelos “representantes” sobre a sociedade entrou em colapso e, com ele, as categorias que permitiam que alguns falassem e agissem em nome de outros. O que fica a cada dia mais evidente é que os indivíduos passaram a representar a si mesmos ou afirmam não ser reduzidos à categoria que os representa. Percebo que fica cada vez mais difícil identificar os desejos e vontades dos eleitores. Fica difícil calcular a sociedade sem categorizar as pessoas, sem rotulá-las. A classe política, necessariamente, precisa se reciclar, renovar e aprender a se sintonizar com as mudanças de comportamento do eleitor.


Estamos diante de sociedades exasperadas, onde multiplicam-se os movimentos de rejeição, raiva e medo. A sociedade está rejeitando o establishment político arrogante, alheio ao interesse geral e imponte para lidar com os principais problemas que afligem as pessoas. Entendo que a explicação tem como pano de fundo as mudanças sociais pelas quais passamos e a incapacidade de entende-las. Estudiosos do comportamento social e humano afirmam que assistimos impotentes a uma série de transformações profundas e brutais de nossa forma de vida. Por todo lado cresce o partido dos descontentes. Diante disso, na competição política têm mais chance de vencer os que conseguirem representar melhor esse mal-estar e serem capazes de assumir novas agendas em sintonia com o interesse geral. O que temos percebido é que em razão da grande indignação popular da população com a classe política, os últimos ciclos eleitorais foram marcados por polarização política e pela ascensão de discursos extremos. Estamos diante de uma sociedade irritada e um sistema político sem interação social que faz com que não produza nada de novo capaz de resgatar o interesse da sociedade.


Segundo alguns especialistas em ciências políticas, no qual me incluo, “quando a linguagem política se degrada e parece não ter outros recursos além da retórica da administração tecnocrática e das mensagens publicitárias, a linguagem elementar da ira popular acaba vencendo a batalha.”.

 

Amaury Cardoso

Graduação em Física/ Pós em Gestão Pública/ Pós em Estratégia Política/ Especialização em Ciências Políticas/ Cursando MBA em Marketing Político e Eleitoral, Gestão e Estratégia.

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terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

O QUE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO NA HORA DE SE PENSAR NA CONSTRUÇÃO DA PRÓPRIA IMAGEM. - Artigo: fevereiro/2024


Aprendi nos meus estudos de MBA em Marketing Político e Eleitoral, Gestão e Estratégia, que o Marketing Político, Eleitoral e Pessoal é extremamente importante para o sucesso de um político na sociedade contemporânea e que depende da correta aplicação do marketing para dar a perfeita visibilidade pública, com repercussão positiva de sua imagem no cenário em que está inserido. A imagem de um político deve ser comparada a um rótulo de um produto na prateleira de um supermercado. Trata-se da identidade que o político quer passar para a sociedade e seus atuais e futuros eleitores, seja tradição ou quebra dela, confiabilidade, competência administrativa ou outros atributos que possam atrair determinado público ou segmento.

Durante longo período as imagens foram construídas com relativa facilidade, utilizando códigos ou fórmulas calcadas, sobretudo, na dramatização da vida do candidato, principalmente no horário eleitoral gratuito. Apresentava-se histórias recheadas de valores sociais moralizantes e aspectos intimistas do candidato em questão - os candidatos pareciam tão humanos como "gente de família".

Hoje, contudo, esse denário/personagem/roteiro construído corre sérios riscos de ser desvendado em um tweet (tuíte), uma foto (ou stories) no Instagram ou uma marcação em postagem no Facebook . Qualquer informação se torna pública em tempo real - e a todo tempo. Logo, construir uma imagem torna-se palavra perigosa.

O eleitor, do outro lado da tela - e são várias, TV, celular, computador -, tem a possibilidade de interagir, se posicionar e até ajudar a construir uma imagem positiva de um candidato - na mesma medida em que está com a faca e o queijo na mão para destruir qualquer história bem ou mal contada. O novo modelo de programação da informação - com o advindo da Internet - mudou radicalmente a forma de "construção" de uma imagem. Uma aliada contraditória surge com a sociedade em rede: as mídias sociais. Ou ferramentas de redes sociais. Isso, porque imagens podem ser construídas, mas a impossibilidade de serem mantidas talvez não valha o risco.

A meu ver, dois pontos devem ser considerados e lembrados. Os segmentos, grupos sociais sempre existiram. As redes sociais são formações desde os primórdios da comunicação de massa. O que não havia é a facilidade de encontra-se os afins, obter informações acerca desses e a ausência das barreiras geográficas. Estas são exclusividades das ferramentas oriundas da Internet. Logo, lidamos com o que já conhecemos, redes sociais, mas com o acréscimo de ferramentas que mudam a rotina das antigas interações - aplicativos de mensagens instantâneas, chat, Facebook, Instagram, Twitter, as chamadas mídias sociais.

Diante do já exposto, estou demonstrando que na sociedade em rede em que vivemos, o trabalho realizado em torno da construção da imagem deve ser pautado pela valorização das características positivas e distanciamento das menos aceitas ou negativas. Impor a imagem do candidato e saber responder, reagir (ou não) a crítica com sabedoria e estratégia. Contudo, não construir algo que não possua bases sólidas. O trabalho de marketing não deve criar um personagem, mas sim, lapide o que já possui.

Por fim, aprendi nos meus estudos, que se completa a minha experiência de longos anos atuando no campo político, que toda e qualquer imagem precisa ser meticulosamente planejada e disseminada com antecedência, se possível. Trata-se de uma construção de um processo, e isso se estende ao discurso, às palavras utilizadas, a tonalidade destas, mas também à gesticulação, à expressão facial, à roupa utilizada, à luz e a outros mecanismos que, muitas vezes, ganham ou perdem uma eleição. É fato que as pessoas escolhem um candidato pela impressão que suas atitudes passam!


Amaury Cardoso

Graduação em Física/ Pós em Gestão Pública/ Pós em Estratégia Política/ Especialização em Ciências Políticas/ Cursando MBA em Marketing Político e Eleitoral, Gestão e Estratégia.

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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

A CRESCENTE ESPETACULARIZAÇÃO DA POLÍTICA - Artigo: janeiro/2024


A sociedade contemporânea atravessa um século marcado por incertezas, instabilidades e vislumbra um futuro de profundas e ameaçadora transformações. Cada vez mais temos a sensação de que tudo pode acontecer, e que o improvável e o previsível não são mais tão impossíveis assim.

Com a política essa sensação é ainda mais sentida. Percebo que as pessoas estão inquietas com o andamento do processo político. Daniel Innerarity, catedrático em filosofia política e social afirma que o que torna a política tão perturbadora é a imprevisibilidade da próxima surpresa que os cidadãos estão preparando para seus políticos. Ninguém sabe ao certo como funciona essa relação entre cidadãos e políticos, que se tornou uma verdadeira “caixa-preta” da democracia. Impera para todo lado uma medida excessiva de acaso e arbitrariedade. Ao concordar com o seu ponto de vista, entendo que toda essa incerteza coloca desafios especiais para as ciências que lidam com a interpretação de assuntos políticos.

Esse momento sombrio da política nos traz o sentimento de que precisamos urgentemente de novos conceitos para entender as transformações da democracia contemporânea e não sucumbir em meio a incertezas causadas por seu imprevisível desenvolvimento. Max Weber nos ensinou que o resultado da atividade política raramente responde à intenção primitiva do ator. Quem desconhece essa máxima não sabe nada sobre como a política funciona.

O que percebemos já a algum tempo é que o embate político acontece sem que a realidade este envolvida e gira em torno de ficções úteis. Assistimos a crescente espetacularização da política, e já se sabe que uma boa história, mesmo que ilusória diverte mais que os fatos. As redes sociais permitiu uma grande amplitude ao aspecto irreal da política ao facilitar a disseminação de todo o tipo de opinião e sua vastidão de afirmações sem nenhum tipo de critério. É fato que as redes sociais democratizam na mesma medida em que desorientam.

T.S. Eliot afirmou que os seres humanos não podem suportar muita realidade, porém não podemos deixar de admitir que estamos em pior situação quando rodeados de muita incerteza. Se é verdade que nossa época é caracterizada por incertezas e medos, não é estranho que o lugar das construções ideológicas esteja parcialmente ocupado por pequenas narrativas de conspirações que se multiplicam para explicar o que de outra forma não compreenderíamos. Quando os fatos são frágeis as fabulações se tornam irresistíveis.

Na política, mas não somente nela, a partir do momento em que tudo é visto, as sociedades adquirem um poder de que pouco dispunham a tempos atrás. Os eleitores estão cada vez menos previsíveis, mais indignados e voláteis. Tudo isso se deve ao fato de que aumentaram as possibilidades de observar as pessoas sobre questões que antes eram protegidos da visão pública, mantidas na esfera privada. Hoje qualquer pessoa pode ver quase tudo e divulgar a descoberta. Anthony Giddens afirma que os antigos mecanismos de poder não funcionam em uma sociedade na qual os cidadãos vivem no mesmo ambiente de informação daqueles que os governam. Isso não significa afirmar que o sigilo e a dominação serão completamente abolidos, mas que eles estão sendo reduzidos em virtude da configuração de uma humanidade observadora que tem cada vez mais instrumentos para saber o que acontece nas tramoias do poder e nos espaços de intimidade.

O mundo se tornou um lugar publicamente vigiado. As dinâmicas de contestação significaram a entrada das sociedades no debate político. Essa vigilância já contradiz o mero jogo do poder ou o benefício da ignorância que tem sido muito útil para os poderosos que se prolongam no poder. A política a muito tempo tira proveito do benefício da ignorância das grandes massas de excluídos do conhecimento. Essa condição vem se perdendo na proporção que novos atores estão monitorando e denunciando, e dessa forma desestabilizam cada vez mais a capacidade de o poder se impor de forma coercitiva.

Segundo Daniel Innerarity, uma sociedade na qual todos veem, todos comparam, de tecnologias abertas e fáceis de usar, no mundo das redes, as fronteiras perdem sua capacidade de delimitação e reserva. Essa configuração aberta contém, ao mesmo tempo, possibilidades de avanço e retrocesso democrático que precisamos aprender a gerenciar. O espaço aberto da internet, graças ao qual monitoramos e processamos quem governa, é o mesmo no qual são realizados linchamentos digitais, notícias falsas e ataques cibernéticos. A vulnerabilidade dos espaços digitais, que era uma boa notícia para os cidadãos observadores, torna-se agora uma má notícia para o exercício da vontade popular.

Esse tema poderia ser mais explorado, mas perderia o interesse ao se tornar longo.


Amaury Cardoso

Físico/Gestor Público/Especialização em Ciências Políticas/Cursando MBA em Marketing Político e Eleitoral, Gestão e Estratégia.

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domingo, 28 de janeiro de 2024

EM UMA DISPUTA ELEITORAL, É NECESSÁRIO IMPOR SUA IMAGEM. - Artigo: dezembro/2023


Com base na afirmativa de que para ser um vencedor, o candidato precisa possuir não apenas preparo e um bom plano de governo, mas também ser capaz de se comunicar com eficácia para os mais diversos perfis de público, e face ao fato de que a cada eleição ficar mais evidente que, - em razão ao desinteresse que a grande maioria da sociedade tem em relação a classe política, que reflete sobre a política de um modo geral -, os processos eleitorais que se sucedem são vistos com desconfiança, descrédito e desinteresse pela maioria dos eleitores. Diante dessa realidade as campanhas eleitorais tem tornado cada vez mais difícil aos candidatos a um cargo eletivo conquistar a necessária confiança e credibilidade dos eleitores. 


Esse fato tem exigido que o candidato esteja bem preparado e bem assessorado, pois é cada vez mais importante que o candidato se apresente com um perfil de seriedade e demonstre ao eleitor estar preparado, apresentando propostas factíveis voltadas para as questões sociais que mais afetam a população. Seu programa de governo precisa ser convincente aos olhos da população (eleitores), e para tal precisará, acima de tudo, convencer que são eficazes e eficientes.


Contudo, embora o afirmado acima seja fundamental, por si só não garante a eleição. Está claro que o sucesso de um político na sociedade contemporânea depende diretamente da visibilidade pública e da repercussão positiva de sua imagem no cenário em que está inserido. A imagem de um político pode ser comparada a um rótulo de um produto na prateleira de um supermercado. Trata-se da identidade que aquele candidato/político quer passar para a sociedade e seus atuais e futuros eleitores, seja tradição ou quebra dela, confiabilidade, competência administrativa ou outros atributos que possam atrair determinado público ou segmento. Tenha certeza, esse perfil será determinante!


Durante todo o longo período de campanha as imagens do candidato devem ser construídas com relativa facilidade, utilizando códigos ou formulas calcadas, sobretudo, na dramatização da vida do candidato, principalmente no horário eleitoral gratuito. Entendo ser necessário apresentar histórias recheadas de valores sociais moralizantes e aspectos intimistas do candidato em questão - o candidato precisa expor seu lado humano, seu lado família.


Precisa estar claro para o concorrente a um pleito eleitoral que hoje esse cenário/personagem/roteiro construído corre sérios riscos de ser desvendado em um tuíte, uma foto ou stories no Instagram ou na marcação em postagem no Facebook. Qualquer informação torna-se pública em tempo real - e a todo tempo. Logo, construir se torna palavra perigosa.


O eleitor, do outro lado da tela - e são várias, TV, celular, computador -, tem a possibilidade de interagir, se posicionar e até ajudar a construir uma imagem positiva de um candidato - na mesma medida em que está com a faca e o queijo na mão para destruir qualquer história bem ou mal contada. 


O novo modelo de propaganda da informação - com o advindo da internet - mudou radicalmente a forma de "construção" de uma imagem. Uma aliada contraditória surge com a sociedade em rede: as mídias sociais. Ou ferramentas de redes sociais. Isso, porque imagens podem ser construídas, mas a impossibilidade de serem mantidas talvez não valha o risco. Faço essas observações para afirmar que lidamos com o que já conhecemos, redes sociais, mas com o acréscimo de ferramentas que mudam a rotina das antigas interações - aplicativos de mensagens instantâneas, chat, Facebook, Instagram, dentre outras chamadas mídias sociais.


O que aprendemos é que na sociedade em rede em que vivemos, o trabalho realizado em torno da construção da imagem de um candidato deve ser pautado pela valorização das características positivas e distanciando das menos aceitas ou negativas. Impor sua imagem e saber responder, reagir (ou não) a crítica com sabedoria e estratégia. Importante destacar que a credibilidade é fundamental. Em uma campanha eleitoral não se deve construir algo que não possua base sólidas. É um grave risco, um erro irreparável, criar um personagem distante do perfil do candidato. O necessário é lapidar o perfil que o candidato possui. 


Essas observações que faço estão calcadas em décadas de aprendizado prático através da minha trajetória política e a experiência reunida com suas mudanças e nos diversos processos eleitorais vivenciados. É verdade que o fato de estar finalizando o curso de MBA em Marketing Político e Eleitoral, Gestão e Estratégia tem me oportunizado aprofundar meus conhecimentos no campo das renovadas estratégias política/eleitoral.


Por fim, aprendi que em processos eleitorais o objetivo principal de um candidato deve ser o de persuadir o eleitor, conquistar sua confiança e assegurar o seu voto, e a retórica argumentativa, bem elaborada e aplicada é peça fundamental para o convencimento e consequente conquista da confiança do voto, que é garantido quando o político/candidato consegue cativar o público. Outro aliado de fundamental importância é possuir “jogo de cintura", pois será de grande valia para enfrentar e vencer as adversidades que se apresentarem. Humildade, habilidade de ouvir, ter postura, perfil de seriedade, boa aparência, agir com naturalidade e demonstrar preparo e competência sobre os temas abordados são primordiais perante o julgamento do público eleitor.


Amaury Cardoso

Físico, Pós graduado em Gestão Pública, Especialização em Estratégia e Política, Especialização em Ciências Política e MBA em Marketing Político e Eleitoral, Gestão e Estratégia.


PONTO DE VISTA

VIVEMOS EM UMA REPÚBLICA, CONTUDO MUITAS PESSOAS ENTRAM EM CONFLITO COM OS SEUS CONCEITOS! - Artigo: novembro/2024

O conceito de República esteve associado ao longo dos anos a um Estado que retrata a preocupação com o bem comum, independente do tipo de re...