A rejeição a todos os políticos, que se faz presente em todas as pesquisas e manifestações populares, está evidenciando que o atual sistema de representação política sofre uma grande crise por estar gasto, envelhecido e ultrapassado. Nossa jovem democracia envelheceu precocemente em razão da presença constante de jogos de conchavos, pelas escolhas erradas dos eleitores, pela mesmice de oligarquias políticas que controlam partes da federação e espaços importantes da administração pública. Uma grande parcela da população está acometida pela sensação de divórcio com a classe política, ou seja, seus governantes.
A cada processo eleitoral tem ficado mais evidente que o atual sistema de representação política está ficando obsoleto. Os processos eleitoras em nosso país tem demonstrado que os eleitores se movimentam por ciclos e que suas decisões nem sempre seguem uma coerência, uma lógica. Tenho afirmado que não devemos ignorar o peso da desesperança presente na grande maioria da sociedade, e que este sentimento tem ligação direta com o desinteresse das pessoas com a classe política em razão do grau de seu descrédito.
A política está confusa. Os cidadãos não tem mais confiança nos partidos e vivem sonhando com uma reforma que mude tudo. Percebo que nos próximos anos a pressão sobre a classe política vai aumentar, pelo fato dás pessoas terem adquirido mais capacidade de acompanhar a vida parlamentar e as decisões partidárias. O que acontece no meio político vêm desagradando, e até certa medida indignando, a grande maioria da população cujo o resultado é a descrença em grande proporção. É nítido o sentimento de insatisfação e desconfiança com os políticos de um modo geral! A população acha que os governos tem gasto mal o dinheiro que sai do seu bolso, o que de certa forma em alguns setores este entendimento se evidência.
Há anos me somo aos que defendem uma profunda reforma política e eleitoral por estar convencido de que o atual sistema político, nascido no berço de grupos oligarcas que se perpetuam no poder desde do início do Brasil República, é elitista, ultrapassado e excludente. Estou convencido de que não haverá, por mágica, reforma capaz de corrigir todos os defeitos desse sistema político secular, muito menos que consiga atingir o núcleo de sustentação do poder político que se impõe e é responsável pela degradação da democracia representativa. Tentar mudar o atual status quo, que estabelece que os espaços de poder sejam controlados pelas mesmas pessoas que fazem leis e criam regras para benefício deles mesmos, requer um bom nível de conscientização política da sociedade o que “os donos do poder” cuidaram de retirar as condições para que tal ameaça se concretize. Ou seja, “os grupos monopolistas do poder criam proteção para si. Os que ficam abaixo da pirâmide não tem acesso.” Isso ameaça a democracia!
O fato é que implementar essa necessária reforma Política e Eleitoral é o grande desafio que se impõe aos brasileiros. Tenho a consciência que, embora seja imprescindível, não será algo fácil, exigirá muita participação popular e luta constante por mudanças que só virão se houver grandes avanços no sistema educacional que assegure uma educação universal de qualidade que, aí sim, irá permitir o movimento de elevação do pensamento crítico associado a elevação do nível de desenvolvimento humano e social dos mais pobres no Brasil, hoje aprisionados na sua ignorância que os impede de enxercar o núcleo central do sistema de dominação política e social.
Por fim, não há outro caminho senão o combate sistemático contra a pobreza, contra as desigualdades responsáveis pelo continuo crescimento da marginalização social de geração após geração. Interromper esse ciclo perverso é fundamental no sentido de impedir um futuro sombrio que se vislumbra: jovens com baixo nível de escolaridade num mercado de trabalho cada vez mais exigente, população envelhecendo com grandes parcelas de pobres, economia sem dinamismo para enfrentar um mundo cada vez mais competitivo.
Só iremos evitar esse futuro sombrio se tivermos sucesso no alcance de uma educação pública moderna e de qualidade, associada a criação de condições da manutenção do desenvolvimento econômico e social. Quanto mais o Brasil tiver progresso social, mais forte estará sua economia e mais protegido seu povo e, consequentemente, sua democracia.
Amaury Cardoso
Físico/Gestor Público/Especialista em Ciências Políticas.
Blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br
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