quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

O FUTURO SE DECIDE NA EDUCAÇÃO! - Artigo: Fevereiro/2023


Educação em nosso país é um tema que me traz grande preocupação, motivo pelo qual tenho, por vezes, abordado em meus textos e palestras. Entendo que precisamos continuar a promover debates que reafirme a fundamental importância que a educação exerce no desenvolvimento humano, social e econômico. É fundamental acreditar e sonhar com uma educação de excelência e equidade!

É inadmissível e perigoso o fato do Brasil ter se descuidado tanto da educação. Os números e as comparações internacionais confirmam que o Brasil tem feito muito pouco para reduzir a distância e o atraso educacional que nos separa do desejável. O nosso país se pretende ser um país desenvolvido precisa ser mais responsável com um tema tão fundamental para o desenvolvimento de uma nação e investir mais, em todos os níveis e para todas as pessoas independente de classes sociais, em educação.

Investir com o objetivo de garantir uma escola que seja eficaz e ofereça ensino de qualidade e promova inclusão social, dando a todos oportunidades iguais na construção social de suas vidas. Entendo que só com esse propósito se abrirá uma saída que irá tirar o Brasil do labirinto em que se encontra em decorrência dos equívocos cometidos com a educação, em especial, nos últimos cinco séculos.

Há quem, como eu, tenha saudades da escola pública dos anos 60 e 70, no qual se formou parte da elite de hoje, pois tínhamos uma escola de excelência, porém para poucos. Infelizmente já a algum tempo a boa escola pública se encontra no varejo, uma vez que no atacado encontramos muitos motivos para desesperança em razão dos indicadores educacionais apontarem para uma realidade devastadora.

O fato de o Brasil estar durante anos na avaliação do Pisa oscilando entre os últimos lugares ser um indicativo agravante, o pior é que o Pisa assiná-la que metade dos estudantes brasileiros está abaixo do nível 2, linha mínima de eficácia, ou seja, esses estudantes reconhecem os temas mais importantes, mas não conseguem estabelecer conexões mais complexas. Isso é uma complicação quando o mercado de trabalho procura trabalhadores competentes.

A escola precisa ser o grande fator de inclusão, não podemos retroceder na sensação de pertencimento que o aluno tem em relação à escola. Se o aluno não se sente parte da escola ele não fica! A inclusão em massa foi um trabalho importante, mas está comprovado que o Ensino Médio é um funil. Estamos aumentando o número dos que terminam o Ensino Fundamental, porém o sistema não consegue reter os adolescentes na escola, o que é uma realidade gravíssima.

A preparação dos professores é outra gigantesca frente de trabalho. Contudo, é cada vez mais deficitário o quadro de bons professores. Por diversas razões a grande maioria não está na sala de aula. E os que estão se encontram inquietos com a falta de estrutura. É dever de qualquer país que seja governado com responsabilidade e eficácia oferecer a toda população, independente de classe social, a mesma qualidade de ensino. Quantos talentos se perde em razão da má qualidade do ensino! A educação em nosso país está parada no tempo. O Brasil precisa urgentemente rever seu modelo educacional, corrigir seus erros e pensar grande, algo que seja revolucionário na educação. Simon Schwartzman afirma que uma educação focada na memorização de informações, sem entender que sentido têm e como podem ser revistas, reinterpretadas e expandidas é tão oca quanto uma educação voltada para competências vazias.

Cabe destacar que o ensino universitário é outro grande gargalo do Brasil. O nosso país durante muito tempo conviveu com um ensino universitário gratuito apenas para a elite, que estudava em bons colégios particulares e cursinhos, e universidades privadas de qualidade variada passou a ser a opção das classes sociais de baixa renda. Esse processo mantém o sistema de domínio de classes!

Por fim, entendo que o Brasil precisa investir pesado em tecnologia de conectividade. Esse novo paradigma já se impõe no mundo. A sala do futuro tem que usar intensamente a tecnologia, mas não apenas trocando o quadro negro e o giz pela lousa eletrônica, o caderno e o lápis pelo computador. A tecnologia vai impregnar a maneira como ensinamos e aprendemos, de tal forma que nem será uma ferramenta em si, será parte do ambiente. Nesse estágio, o professor não terá que ser o depositário de todo o saber. O que está para vir na educação é um verdadeiro tsunami, e estamos longe de estarmos preparados para suportar esse choque. É imprescindível e urgente pensar o futuro da nossa educação, caso contrário nos aniquilamos enquanto nação próspera e independente!

“Só é realmente livre a pessoa que aprendeu e sabe como continuar a aprender. Só é sólida a democracia formada por seres livres”. O economista Edward Glaeser afirma que “a ligação entre educação e democracia é forte porque a educação criou a democracia”.


 Amaury Cardoso

Físico, Gestor Público e Especialista em Ciências Políticas
Blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br

2 comentários:

  1. Prezado Amaury Cardoso, o amigo mais uma vez faz uma análise perfeita e profunda no tema da educação pública.
    Peço sua permissão para publicação do texto na página do Jornal Real Notícias, com o link do seu blog.

    Abraço fraterno.

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  2. Excelente texto, concordo.
    Porém uma frase me impactou mais , " só é realmente livre uma pessoa aprendeu e sabe como continuar a aprender. " , infelizmente a maioria dos políticos não querem um população livre, que saiba dos seus direitos, independente etc é muito mais fácil manipular as pessoas quando existe a falta de conhecimento e a dependência.
    Parabéns também acredito que para melhorarmos precisamos de uma educação de qualidade acessível a todos e conscientização de uma forma geral.

    Um grande abraço!!!!

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