A pandemia do coronavírus (covid-19) alterou a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo, modificando rotinas e modos de vida, em especial nos grandes centros urbanos.
A principal medida que vem sendo adotada para conter o
avanço do vírus é o isolamento. Contudo, o isolamento é visto como algo
totalmente atípico, até certo ponto radical.
A epidemia do coronavírus está causando um impacto enorme
nas cidades brasileiras, e suas medidas para conter o contágio dividem
opiniões, acirrando os debates, principalmente no campo político e ideológico.
O que não irei aprofundar nesse artigo.
É fato que o isolamento tem um impacto no bem-estar das
pessoas, principalmente nas pessoas mais pobres em razão do medo da perda do
emprego. A história da humanidade registra grandes catástrofes que revelaram
que as pessoas tendem a refletir mais sobre seu papel no coletivo, demonstrando
que a cidadania se faz nas cidades.
A crise provocada pelo coronavírus inevitavelmente irá
trazer um impacto econômico, político e social de grandes proporções, evidenciando
a imprescindível necessidade de uma gestão global de cooperação. O mundo olha
com bastante atenção para a China neste momento em que ela indica que venceu a
batalha da epidemia, sendo de interesse geral saber como o país lidou com a
epidemia e como vem lidando, quais os efeitos econômicos sobre a China e o
mundo e o que representa essa pandemia para a cooperação global Brasil-China.
Percebo que a China tratou a sua epidemia do coronavírus em
etapas bem estruturadas. A primeira etapa foi à imposição da medida de
isolamento, em razão de se tratar de um fenômeno pouco conhecido. A segunda
etapa foi a adoção de um procedimento de classificação de risco entre as
regiões/províncias aplicando medidas severas ou não dependendo de cada
realidade encontrada. A terceira etapa foi a utilização de meios digitais como
monitoramento da população nas províncias mais afetadas, visando rastrear
fontes de contaminação a fim de isola-las. Esse método ajudou muito a
identificar os possíveis atingidos pelo contágio do vírus.
É certo que no início da pandemia não se podia prever o seu grau
de alcance e a expressão de seus efeitos na economia mundial. Tem os que
afirmam que a China demorou a atuar no sentido de conter a sua epidemia, fato
que se tivesse se antecipado teria, talvez, evitado que se espalhasse pelo
resto do mundo.
As medidas voltadas a retomada da economia chinesa, com foco
maior na população rural e nas Micros e pequenas empresas, se deram nas
seguintes frentes:
Criação de linhas de créditos especiais para o setor privado e Micro e pequenas empresas;
Criação de linhas de créditos especiais para o setor privado e Micro e pequenas empresas;
Garantia de flexibilização do pagamento de empréstimos que
foram concedidos a essas empresas, com extensão do prazo para pagamento e
redução das taxas de juros, evitando com isso uma quebra do fluxo de caixa
dessas empresas;
Promoção de um ajuste da política trabalhista, buscando
aliviar o gasto com encargos, e assim reduzindo os encargos e congelando por um
período a contribuição previdenciária.
O que se percebe nesta atual fase na China, é o fato de que os
impactos internos na economia chinesa não vieram na proporção que temiam. Outro
fato importante a destacar foi a decisão da criação de uma coordenação central
da crise, presidida pelo presidente Xi Jinping, o que permitiu unificar as
decisões e aplica-las na proporção do nível de contaminação em cada província
chinesa, com isso garantindo um melhor e maior controle da epidemia.
No campo da cooperação global ao combate ao coronavírus com
vistas amenizar os reflexos que irá provocar uma recessão econômica mundial, visualizo
uma dificuldade diante da atual e complexa conjuntura geopolítica mundial que
requer muito diálogo no sentido de se obter uma maior cooperação internacional,
em virtude do forte nacionalismo existente, em especial nas maiores potencias,
que se revela diante da guerra comercial em andamento, onde a Organização
Mundial do Comércio – OMC vem encontrando dificuldades em mediar.
Todavia, diante de um mundo globalizado e sem fronteiras,
pouco adianta um ou poucos países vencer a suas batalhas internas contra a
epidemia se outros também não alcançarem o mesmo êxito a curto e médio prazo.
Torna-se crucial e de interesse de todos os países que ocorra uma cooperação
material, técnica e científica entre as nações, objetivando debelar a pandemia,
e a experiência dos países que vencerem o vírus se torna fundamental para o processo
de eliminação.
Episódios históricos de surto de pandemias revelaram a
ocorrência de períodos contínuos de décadas de investimentos limitados, fazendo
com que a recuperação econômica da maioria dos países ocorresse de forma lenta.
Isto irá se repetir, contudo face ao avanço técnico-cientifico pode se esperar
que o período de recessão seja bem mais curto na proporção do tamanho do
desemprego e das falências empresariais em cada país, bem como nas medidas
tomadas pelos governantes que visem amenizar o impacto de suas crises internas,
e uma medida crucial é a de que os governos ignorem os preceitos dominantes
sobre endividamento público e utilizem o que estiver ao seu alcance para lidar
com a crise.
No aspecto particular do Brasil, especialistas em economia
em períodos de crise apontam um cenário cada vez mais negativo com um
enfrentamento do recuo da economia, em patamar que irá lembrar a crise
financeira de 2008 e a greve de caminhoneiros de 2018, levando-se em conta as
expectativas econômicas de uma recessão mundial.
Diante de tal cenário, concluo deixando clara a minha visão
de que, pelo menos, nos temas globais se torna necessário haver uma maior
integração mundial, com troca de experiências e cooperação humanitária nas
formas de tratar os problemas globais com o propósito de melhorar a governança
global, e essa pandemia evidência essa necessidade de solução mais integrada e
eficaz.
Nesse contexto, talvez possa surgir à necessidade de se criar
uma condição de discussão construtiva de como a comunidade internacional pode,
em conjunto, responder melhor a questões tão graves, a exemplo da pandemia do
coronavírus, construindo consensos para o que ficar entendido ser o melhor para
a convivência humana mundial.
A pandemia do coronavírus precisa ser encarada com a
seriedade e responsabilidade governamental que ela exige. Medidas severas, por
si só não são suficientes. Torna-se necessário aprofundar o processo de
pesquisa visando sua cura, e para tal estão disponíveis os meios tecnológicos
que o mundo dispõe. A pandemia pode ser vencida de forma equilibrada e com
brevidade.
Neste momento não cabem disputas em nenhum campo,
principalmente no campo político, e sim a consciência de que só através de ações
bem coordenadas, eficazes e rápidas, que tenham como principal objetivo
proteger a população, ou seja, o cidadão, é o mais adequado e importante.
Amaury Cardoso
Blog de
artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br
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