domingo, 26 de janeiro de 2020

BUSCANDO ENTENDER OS CONFLITOS MILENARES DA REGIÃO DA MESOPOTÂMIA. - Artigo: Dezembro/2019.



Conhecer o passado e entende-lo, e acompanhar os acontecimentos no momento presente se torna fundamental para buscarmos formar a nossa opinião sobre qualquer assunto. 

A história universal civilizatória é marcada por conflitos em razão da luta pelo poder geopolítico e econômico. Uma das regiões que me chama mais atenção, em razão de ter ocorrido inúmeros conflitos por motivo de cobiça de vários impérios que surgiram durante o processo civilizatório, é a região da Mesopotâmia, hoje Oriente Médio, onde está situado o Estado da Síria, razão pela qual busquei aprofundar minhas pesquisas e estudos a fim de melhor entender esta região tão conflitada.
O Oriente Médio, é uma região situada ao lado do Ocidente tendo como referência o Mar Mediterrâneo, inclui os países costeiros do Mediterrâneo Oriental (da Turquia ao Egito),a Jordânia, Mesopotâmia (Iraque), península Arábica, Pérsia (Irã) e geralmente o Afeganistão.
A história da Síria é muito próxima do surgimento das civilizações como as entendemos. Há 10 mil anos, quando os conceitos mais rudimentares de vida civilizada começaram a aflorar, eles começam no Egito e na Mesopotâmia, onde ocorre a revolução agrícola, que determina a revolução urbana. Só que, no meio desse caminho, existe uma imensa área chamada Síria, no Oriente Médio.

A Síria é um país que possui a maior parte da sua extensão tomada por deserto que concentra um terço do petróleo do mundo, além de grande reserva de gás natural. Ela está localizada em uma região do planeta chamada de Mesopotâmia que , segundo estudiosos, teve início a civilização da terra, juntamente com a Suméria e o Egito.

Esta região é o principal ponto de contato entre o oriente e o ocidente, possibilitando ao continente asiático uma saída para o mar mediterrâneo, sendo, em razão disso, estratégica. Ela deu origem as principais religiões monoteístas: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Vários impérios buscaram controla-la, o que acabou acontecendo, sendo essa região sido controlada pelos impérios Persa, Grego, e Romano, que acabou sendo partido em dois, dando origem ao império Romano do Oriente, que séculos depois surgiu o império Islâmico.

Foi no período da ascensão do império Islâmico que surgem as cruzadas, uma tentativa da igreja católica europeia de conquistar essa cobiçada região, que culminou com uma grande guerra santa, entre o Islamismo e o Cristianismo.

No período seguinte, surgem os turcos oriundos da Ásia que, numa campanha religiosa islamista, avança em seu domínio tomando uma enorme parte da região e fundam o império Otomano, que dominou a região por longos 600 anos, permanecendo até a primeira guerra mundial (1914/1918).



Com o término da primeira guerra mundial, teve como resultado a divisão dessa região em vários pequenos países, surgindo à Síria e os demais países árabes. Em 1916, através de um acordo chamado Sykes-Picot, a França e a Inglaterra, com enorme interesse na região, mas, não possuindo força para derrotar o império Otomano, se aliam ao povo da região, na maioria árabes, com a promessa de, derrotando os Otomanos, criar a grande Arábia, ou seja, um país só para eles. A derrota do império Otomano ocorreu, mas o acordo não aconteceu, pois foi uma estratégia política que se tornou uma farsa.

Importante ressaltar que os Árabes são um povo, não se tratando de uma nação, e se divide em várias religiões: Mulçumanos, Cristãos e até Judaicos. 

A França e a Inglaterra remarcam a região sobre seu domínio, surgindo os países: Síria, Iraque, Irã, Arábia, Jordânia, Líbano, dentre outros, com governantes subordinados a eles, que passam a controlar a maior riqueza dessa região, o petróleo e o gás. 

Após a segunda guerra mundial (1939/1945), os europeus (França e Inglaterra) perdem o domínio, mas antes de se retirarem da região criam o Estado de Israel, decisão que dá início a uma crise geopolítica e religiosa de grandes proporções em razão dos outros países da região não aceitarem a criação do estado de Israel, ou seja, a fixação do povo judeu em suas terras sagradas, aumentando a tensão e os conflitos na região do Oriente Médio.

Voltando a Síria, foco principal da nossa pesquisa narrativa, um país instável desde seu surgimento devido a fortes interesses internacionais sobre ele, face sua localização, passa a conviver com constantes golpes de estado. Após a segunda guerra surge na Síria uma ideologia chamada BAAZ, que assume o controle e se expande pelo mundo Árabe. Essa ideologia mistura o antigo sonho de uma nação árabe com ideias socialistas e de posição laica.

A Síria se une ao Egito, que convence o governo sírio liderado por Assez Arasad a nacionalizar o petróleo. No Iraque, de mesma ideologia BAAZ, surge a figura de Sadan Hussein que aumenta as diferenças entre esses dois países, dando início a guerra fria dividindo a região em dois: os aliados dos EUA e os aliados da União Soviética, passando a região a conviver com longos períodos de conflitos, principalmente com o estado de Israel.

Com a invasão do Estado do Líbano, dando início a uma oposição islâmica ao regime de ideologia BAAZ do governo Al-Assad da Líbia, surge a Irmandade Mulçumana. É importante destacar que dentro da religião mulçumana existem dois grupos fundamentais, os sunitas, que representa a maioria, e os chiies (xiitas), que embora em menor número (13%) controlam o exército, o governo e a população sunita.



A Irmandade Mulçumana são islamistas radicais sunitas e abrem uma guerra sangrenta contra o governo chiies (xiita) de Al-Assad, que acaba com a revolta a custa da morte de milhares de civis líbios.

Em razão desses acontecimentos o governo dos EUA, era Bush, passa a considerar o estado sírio como “Eixo do Mal”. Em 2011 ocorre a “Primavera Árabe”, um protesto que foi se espalhando por todos os países árabes que pedia mais democracia. Quando esse movimento chega à Síria, o governo Al-Assad resiste e passa a utilizar o exército, passando a envolver várias facções, dentre eles a Al-Qaed e o ISIS (Estado Islâmico), os mais radicais. 

Para entender melhor essa geopolítica e seus jogos de interesse, as forças de Al-Assad são apoiadas pela Rússia, Irã e China, e as forças que se posicionam contra ao regime de Al-Assad englobam os países: EUA, Turquia, França, Grã-Bretanha e Arábia Saudita.

Diante dessa pesquisa histórica podemos concluir que os conflitos históricos que ocorreram e ocorrem nesta região se devem ao fato dela ser extremamente estratégica e de grande importância geopolítica em razão dos fortes interesses econômicos com base na energia do petróleo e gás que ela potencializa, razão que levou a Síria a ter sido sempre dominada por grandes impérios.

Importante ressaltar que a Síria é um país que foi criado a menos de 100 anos, sendo suas fronteiras impostas, e só alcançou sua autonomia de governo a cerca de 50 anos. A Europa dividiu o Oriente Médio com a intenção de controlar a região, definindo o tamanho e fronteiras dos países que o formam sem levar em consideração as especificidades de seu povo. 

Finalizando, não podemos deixar de registrar outro importante motivo de tensões nesta região, que é o fato da proclamação do Estado de Israel na Palestina em 1948, o que de imediato provocou uma série de conflitos conhecidos como as guerras árabes-israelenses, entre eles a guerra de independência de Israel, a Guerra dos Seis Dias, a Guerra de Suez e a Guerra do Iom Quipur.


Amaury Cardoso
blog: www.amaurycardoso.blogspot.com.br

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