segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

A CORRUPÇÃO TEM ELEVADO A DESCONFIANÇA E O DESCRÉDITO DA INSTITUIÇÃO POLÍTICA. - ARTIGO: NOVEMBRO/2019


Em vários artigos tenho destacado o fato do enfraquecimento da democracia representativa em nosso país, que vem se agravando nas últimas três eleições, devido à insistência da classe política brasileira em ignorar as sinalizações da população, que tem deixado clara o seu descontentamento com o atual processo político e eleitoral, por considera-lo envelhecido e desconectado com a realidade da sociedade contemporânea.


A classe política quando opta e insisti em permanecer desconectada da realidade da sociedade contemporânea, que é atingida por profundas mudanças impulsionadas pelas fortes transformações no campo da tecnologia, do conhecimento e da informação instantânea e universal, sem se sintonizar com os seus anseios só pode ser entendido pelos cidadãos como um gesto de conveniência política ou burrice. Para a democracia representativa a falta de conecção do representante com o representado é fatal!



É fato que a corrupção se tornou um processo estruturante da política nacional, e, lamentavelmente, que o processo político em nosso país tenha a corrupção como base de sustentação. Desmontar essa lógica da política não será possível sem mudar as regras do atual processo político e eleitoral brasileiro, que se revela viciado, elitista e que dificulta ao máximo a democrática e necessária renovação da representação política.


Infelizmente, diante de uma visão realista do sistema que alimenta a permanência do atual processo político, a sociedade tem a clara percepção de que a corrupção é parte estruturante do processo político em nosso país, razão pela qual tenta de alguma forma mudar esse quadro.



Enquanto esse sistema político prevalecer muito pouca coisa irá mudar com relação aos graves e duradouros problemas que assolam a nação brasileira, que prolongam a má distribuição de renda, o vergonhoso panorama de uma educação de baixa qualidade - que se revela longe de atender as exigências de um mercado de trabalho altamente competitivo proveniente das profundas transformações tecnológicas trazidas pela quarta revolução industrial-, o aumento da desigualdade de oportunidades que levam a marginalização milhões de pessoas a cada década de atraso, os ineficientes e degradantes serviços públicos, que somados a outras mazelas sociais vem modelando a deformação moral e ética das gerações futuras. 


Somo-me aos que apoiam as operações que visam desestruturar a corrupção, por entenderem que foi implantado um enorme esquema de corrupção em nosso país, inegavelmente responsável pelo atraso do nosso desenvolvimento econômico e social, e consequentemente, por tirar as chances de milhões de brasileiros de terem uma vida digna.


Diante desse quadro, a sociedade não deve assistir inertes as tentativas que surgem nos três poderes da república de enfraquecer o combate à corrupção sistêmica, pois, se tal ocorrer, se perde a grande oportunidade de enterrar de uma vez por todas a secular prevalência da impunidade dos “ditos poderosos” com fórum privilegiado em nosso país. 


Por fim, entendo que a grande maioria da população brasileira está disposta a atuar de forma mais profunda no processo de mudança da representação política, a despeito do que já vem ocorrendo, aprofundando a renovação iniciada, principalmente, nas duas últimas eleições. Portanto, tenho a certeza que essa será a intenção dos eleitores que irão as urnas no processo eleitoral de 2020.


Amaury Cardoso
Blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br

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