Os movimentos de rua
que surgiram em nosso país a partir de 2013 tiveram como epicentro a decadência
do sistema político/eleitoral e a crise crescente da democracia representativa
diante de uma sociedade indignada com a forma de atuação da política
tradicional, desconectada com a realidade da sociedade contemporânea e
ultrapassada nos seus métodos de atuação.
Atravessamos a segunda
metade da segunda década do século XXI sobre um contexto de estagnação
econômica, de perda da capacidade do Estado de conduzir políticas públicas e
manter o equilíbrio fiscal, de explosão do desemprego, de reversão dos
indicadores sociais, de quebra das expectativas em relação ao futuro, de
aumento e generalização da violência, de funcionamento temerário das
instituições e do maior nível de desprestígio da classe política, que culminou
com o evidenciamento do maior caso de corrupção sistêmica e institucionalizada
já vista na máquina pública. Infelizmente, esse foi o cenário que balizou as
eleições de 2018, e, dependendo do momento político eleitoral, favorece a
eleição de candidaturas extremistas no campo da esquerda e da direita.
Partindo do pressuposto
de que “a democracia é um sistema de equilíbrio baseado na crença de que as
regras serão respeitadas por todos e que, quando alguma força política atua a
revelia dessas regras”, podemos afirmar que vivemos momentos preocupantes em
razão do fato do equilíbrio entre os poderes está se desfazendo, e quando isso
ocorre oferece um sério risco a estabilidade democrática, sendo urgente a
adoção de medidas de freio e contra pesos entre os três poderes: executivo,
legislativo e judiciário.
Entendo ser essa a
preocupante crise aparente, diante de um panorama institucional confuso. No
campo político, percebe-se que as lideranças políticas atuais vieram da
redemocratização e perderam a credibilidade perante a sociedade, e as poucas
que mantiveram sua credibilidade envelheceram. Diante desse fato, o país carece
de novos lideres e vive a alternância no poder de salvadores da pátria,
agravado com a insistente negação do Congresso Nacional em conceder à sociedade
brasileira a tão exigida reforma política.
Se serve como consolo,
compartilhamos nossas dificuldades com varias outras sociedades do mundo
globalizado que desperdiçam oportunidades para avançar no campo político,
econômico e social que os impedem de atingir patamares decentes de
desenvolvimento nesses três campos, e, consequentemente, de alcançarem
patamares decentes de vida para todos.
Amaury
Cardoso
Blog de artigos:
www.amaurycardoso.blogspot.com.br
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