terça-feira, 29 de outubro de 2019

O STF SUSTENTA O “MITO DA PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA” E SE DESMORALIZA PERANTE A SOCIEDADE. - ARTIGO: SETEMBRO/2019



A MANOBRA SÓRDIDA PATROCINADA PELO STF PARA ENFRAQUECER O COMBATE À CORRUPÇÃO, ANULANDO A PRISÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA, ENVERGONHA OS BRASILEIROS E DESACREDITA O BRASIL COMO PAÍS SÉRIO.

O Supremo Tribunal Federal quando está diante de temas cruciais para o país tem se mostrado dividido. Agora no caso de novo julgamento sobre a constitucionalidade da prisão em segunda instância, que tem previsão de decisão final em 07 de momento do corrente ano, o plenário do STF trava uma batalha jurídica interna dos que sustentam a constitucionalidade da prisão após condenação pelo colegiado de segunda instância e os que consideram a prisão institucional, por entender que o réu só terá prisão decretada após o transito em julgado em quarta instância.  


Essa matéria, que retorna a discussão na suprema corte federal, tem provocado uma grande polêmica não só no meio jurídico, mas, principalmente no seio da sociedade, em decorrência do cidadão comum ficar sem entender como juízes de “notório saber jurídico” conseguem se dividir entre duas teses diante de uma matéria constitucional.


A prisão em segunda instância é uma matéria que, a meu ver, vai além de uma estrita argumentação jurídica. O debate dessa matéria deve considerar o momento por que passa o país, onde a indignação com a corrupção sistêmica, em especial na máquina pública, envergonha o nosso país e tem causado um efeito extremamente nocivo a preservação dos valores morais e éticos que devem nortear o comportamento de uma sociedade.


A maioria do supremo tribunal federal caminha para o entendimento de que o réu só deva ser preso após o julgamento em última instância, ou seja, após a decisão final do STF. Se tal decisão se confirmar será um grande golpe ao processo de combate a corrupção em nosso país, que teve início há cinco anos e está longe de terminar. A suprema corte brasileira com essa decisão irá estabelecer um retrocesso jurídico, além de dificultar o avanço do combate à corrupção, envergonhando a imagem do nosso país perante os países desenvolvidos e, por conseguinte, o povo brasileiro.



É inegável a campanha para barrar a operação Lava Jato nos meios políticos e jurídicos, inclusive no supremo tribunal de justiça (STJ) e no supremo tribunal federal (STF). É fato que tem muita gente no topo do poder político, jurídico e econômico que estão sendo investigados e outros que temem serem alcançados no processo de investigação, e virem a serem presos em razão de condenação em segunda instância pela prática de crime de corrupção ativa, passiva e formação de quadrilha.


A sociedade esta atenta e percebe estar em curso uma manobra no STF, disfarçada em diferença de entendimento jurídico na interpretação das leis, mas na verdade o que está por trás é uma sórdida manobra para tirar algumas figuras da prisão e, principalmente, impedir que outras venham a serem investigadas e presas.
O fim da prisão após condenação em segunda instância é um retrocesso jurídico oportunista e imoral com consequências graves, podendo haver uma indignação generalizada que motive um levante social pelo fato desta decisão retornar a garantia da impunidade aos que se consideram acima da Lei.


A maioria do colegiado de ministros do STF insiste no entendimento de que a presunção de inocência seja um valor absoluto. Tenho o sentimento de que este equivocado e conveniente entendimento abre margem para que inúmeros criminosos sejam soltos em razão do fato de ainda não terem sido julgados pelo STF.
Por fim, entendo que o risco dessa manobra em curso é iminente e de desfecho imprevisível junto a uma sociedade indignada, frustrada e envergonhada. Os valores morais e éticos nunca estiveram tão ameaçados.

Amaury Cardoso
Blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br

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