terça-feira, 29 de janeiro de 2019

TRAGÉDIAS NÃO PODEM FICAR SEM RESPOSTA! - ARTIGO: JANEIRO/2019



A tragédia em decorrência do rompimento de uma barragem da empresa Vale, ocorrida no município de Brumadinho/MG, é totalmente inaceitável. Até quando vamos conviver com crimes socioambientais de grande proporção, em razão de envolver rejeitos tóxicos que são de difícil reparação,  que tem como justificativa a ganância irresponsável de empresários, que por lucros fáceis e com a complacência de um seguimento político que são por essas empresas sem escrúpulos financiados, negligenciam suas responsabilidades sem se importar com as conseqüências que possam trazer?

A reincidência de mais um acidente de proporções catastróficas expõe o descaso, a incompetência técnica e de gestão do setor privado e público, agravada pela fragilidade na fiscalização ambiental em nosso país, cujas tentativas de fortalecer a legislação ambiental atual, conferindo mais rigor no combate e penalização por crimes ambientais são barrados no Congresso por um considerável numero de parlamentares que tem suas eleições financiadas por empresas mineradoras.

Por outro lado, não se pode eximir de culpa o poder judiciário, que em de razão de sua morosidade em julgar e sentenciar crimes, em especial os que envolvem setores que se encontram no topo da pirâmide socioeconômica, contribuem para a sensação de impunidade dos poderosos em nosso país.

É uma vergonha termos que assistir a repetição de mais um desastre ambiental causado por rompimento de barreira, com o agravante de ter sido em razão das mesmas circunstâncias do desastre ocorrido há três anos (2015) em Mariana/MG, cabendo destacar o fato de não ter ocorrido a criminalização dos responsáveis, bem como a devida indenização a população, as famílias que tiveram perdas de entes queridos e bens materiais e o meio ambiente local que sofreu perdas irreparáveis com o aniquilamento da sua fauna e flora.

Esse inaceitável desastre ambiental com mais de uma centena de mortos e desaparecidos, a grande maioria funcionários da própria empresa, evidencia a ineficácia do aparato burocrático de preservação ambiental no setor da mineração que precisa emergencialmente ser reformado.  O que não se pode continuar permitindo é que empresas, através de executivos inescrupulosos, continuem negligenciando na construção, manutenção e monitoramento de empreendimentos de alto risco, e muito menos continuar a leniência do poder público (Estado) na concessão de licenciamento e ineficácia na fiscalização.

Mais uma vez a sociedade espera e exige que o governo e a justiça responsabilizem severamente os responsáveis por essa tragédia, e que estes tenham o tratamento de criminosos. Só assim se inibira negligencias futuras e a permanência de executivos inescrupulosos na direção de empresas que operam grandes investimentos.

Tragédias não podem ficar sem resposta. Quanto às perdas, essas são irreparáveis!


Amaury Cardoso
Blog: www.amaurycardoso.blogspot.com.br

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