quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

O HOMEM, SEU TEMPO E SUAS INQUIETAÇÕES - Artigo: Dez/2018



Recentemente li um artigo de Cacá Diegues publicado no jornal O GLOBO, o qual destaco um pequeno trecho: “ Sabemos, por experiência tanto teológica, quanto científica, que Deus criou o universo dinâmico, em constante evolução. Sua preocupação não é apenas com o que é, mas sobretudo com o que virá a ser. A principal linguagem descoberta pelos humanos é a da esperança.”

 Achei muito interessante, o que me instigou uma profunda reflexão,  que inicio com uma das afirmações de Pasteur: ...” Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muita, nos aproxima”.

Somos acometidos de muitas perguntas sendo algumas tão intrigantes que chegam a nos inquietar: Quem somos? Como é o mundo? Como são as coisas? Que lugar ocupamos no mundo? Afinal para onde vamos?

Essas indagações expressam nosso desejo de descoberta, de conhecer cada vez mais sobre algo que seja do nosso interesse e aguçam nossas reflexões, uma vez que observamos o mundo e os acontecimentos que nos cercam a partir de perspectivas diferentes.

Baseado no sentido de moral e ética que nos remete a um conjunto de questões comportamentais ligados ao dever, a como devemos agir em relação aos conceitos e valores pré-estabelecidos, Platão e Aristóteles concordavam que a finalidade de todos os indivíduos é a felicidade, contudo ela é vista por cada ser humano de forma diferenciada. Já o filósofo Kant observava que o nosso comportamento deve servir de  máxima universal, ou seja,  deve servir de exemplo para todos os homens.

Há os que encontram a felicidade no prazer das coisas mais simples, outros não concebem felicidade sem liberdade, tem os que condicionam a felicidade a bens materiais. Enfim, os elementos que levam a felicidade são dispares.

Dentro do plano das relações humanas, somos seres profundamente sociais. Estudos confirmam que tanto a vida familiar e conjugal, bem como o convívio com amigos e a relação com a comunidade são fundamentais para a constituição de nossa identidade pessoal e do sentido de nossas vidas. Esses ingredientes definem em grande medida a forma com que nos posicionamos em relação ao mundo e nossas possibilidades de sermos felizes. Uma coisa tenho certeza, a vida seria muito diferente se não houvesse tanta necessidade de afirmação pessoal e competição.

Percebo que a busca desenfreada de felicidade na sociedade contemporânea sinaliza no sentido de que grande parte das pessoas tomou um rumo equivocado. A vida feliz é uma construção nossa de cada dia, que sofre mudanças na medida da nossa compreensão de vida e elevação interior (espiritual).
Ambas  proporcionam o nosso alto conhecimento.

Muitas vezes nos deparamos com temas para os quais não encontramos respostas imediatas, e ficamos com dúvidas, com uma necessidade inquietante de explicação racional para algo da existência humana que nos parece incompreensível, ou cuja compreensão existe, mas não satisfaz, tais como: Porque tanta maldade? O que é o ser humano; e sentimos a necessidade de construir uma explicação lógica, bem fundamentada, clara e confiável, uma vez que investigar o mundo em que vivemos é uma experiência básica e necessária para nossa adaptação à realidade, à vida, à existência, o que é esse mundo que nos envolve e nos absorve.

Partindo do conceito elaborado pelo filósofo Aristóteles, “Não acreditamos conhecer nada antes de ter apreendido cada vez o seu porque”, devemos entender que esse algo mais é o efeito, justamente aquilo que queremos compreender, o que nos remete a uma causa, pois concordamos que para tudo que nos acontece existe um porque, uma razão, que nos faça entender os acontecimentos, como as coisas são de verdade, livres das aparências, ou seja, na essência.

As diversas religiões existentes apresentam explicações para o mundo, sobre como são as coisas. No entanto, as explicações religiosas são conflitantes e insuficientes, não estão fundadas em conhecimentos científicos obtidos por meio da razão, e sim se baseiam nas chamadas verdades reveladas, ou seja, em concepções consideradas verdadeiras pelo fato de constarem dos textos sagrados de cada religião, já que estes seriam a transcrição de revelações trazidas pela divindade, como no caso do Cristianismo, para ficar só neste exemplo, cuja crença predominante no mundo ocidental baseia-se nos relatos bíblicos do novo e velho testamento, especialmente aquele contido no livro do Gênesis: “Deus criou o universo e tudo o que nele existe a partir do nada”.

Com o passar dos séculos ocorreram uma série de transformações nas sociedades, no campo político, econômico e social, que foram responsáveis pela construção de novas maneiras de entender as coisas. Filósofos, e cientistas no passar dos tempos construíram novas teorias que não apenas modificaram sistemas antigos de explicação da natureza e do real, como também destruíram um mundo, substituindo-o por outro, que causaram uma reforma na estrutura do pensamento e a maneira de entender a realidade, situação que provavelmente irá perdurar nos séculos futuros, o descobrimento se redescobrindo numa verdadeira revolução espiritual vinculada, em grande parte, à física e à astronomia, cujos sucessivos êxitos em explicar a realidade se apresentam e se transformam em função do tempo, trazendo a evolução, em virtude da revolução do pensamento e novos experimentos.

Sou um homem inquieto, que vive a angústia da busca do conhecimento, que diante de uma gama profusamente variada de concepções sobre a origem, estrutura e organização das realidades já formuladas por profetas, sábios, filósofos e cientistas de todas as partes, que construíram distintas visões de mundo, se depara em desesperadora conclusão de que nesta curta existência, que sequer sei o meu tempo, não decifrarei as minhas várias dúvidas sobre inúmeras respostas que se acumulam na minha mente.

Sobre as coisas da vida e do meu mundo, parafraseando Sócrates, o pouco que sei me revela que na verdade menos ainda sei diante da grandiosidade de incertezas sobre determinadas coisas.

Concluo agradecendo a essa energia suprema que rege o imenso universo, que chamamos de Deus, pela oportunidade de estar neste plano astral chamado por nós de planeta terra, em busca do conhecimento, alimento da minha alma, tão fundamental a minha evolução.

“Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia, tudo passa tudo sempre passará. A vida tem milhões de ondas como o mar, num indo e vindo do infinito”.


Amaury Cardoso
Blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br

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