Embora o dilema da desigualdade social esteja incorporado no
processo histórico da humanidade, vários países, hoje desenvolvidos, diminuíram
suas desigualdades investindo fortemente na educação de qualidade para todos,
demonstrando que o investimento em educação é a forma mais eficaz e eficiente
de reduzir a pobreza e a desigualdade de renda no país.
No caso da degradante situação em que se encontra a educação
brasileira, podemos atribuir nosso baixo nível educacional a uma
irresponsabilidade e negligência do conjunto de governos pós golpe militar de
1964, com um destaque maior aos últimos treze anos dos governos do Partido dos
Trabalhadores, que nos insulta com o slogan “Pátria Educadora”, chamariz da sua
política pública na área da educação.
O governo petista, através do programa Bolsa Família, cujo
objetivo é induzir as famílias pobres a deixar seus filhos na escola em lugar
de direcioná-los para o mercado de trabalho, e desta forma, aumentar a renda
destas crianças quando se tornarem adultas, tem sido tratado como um programa
tradicional de transferência de renda cujo objetivo é diminuir a pobreza no
presente. A pouca importância dada as condições educacionais e a busca de “portas
de saída” mostram que seus admiradores e detratores não entenderam a
importância da educação. Se a prioridade for melhorar a educação das crianças
pobres, a única porta de saída do programa é escola em tempo integral e ensino
público de qualidade.
Poucos políticos brasileiros tiveram ou têm como prioridade a
melhoria da educação fundamental pública. O primeiro político brasileiro de
importância nacional que colocou a educação como prioridade foi o governador
Leonel Brizola, que implementou o programa dos CIEPs. E a reação da sociedade
não foi muito positiva. Cabe destacar que o senador Cristovam Buarque tem feito
uma cruzada a favor da educação pública de qualidade, mas os resultados, em
termos de opinião pública e programas de governo tem sido medíocre.
Debate-se muito sobre a necessidade de reduzir a desigualdade
da renda no Brasil. Mas a renda é desigualmente distribuída porque algumas
pessoas têm maiores oportunidades do que outras.
“A desigualdade de oportunidade depende de forma fundamental
da desigualdade educacional. Se os mais ricos têm acesso a educação de melhor
qualidade do que os mais pobres, é impossível reduzir a desigualdade de renda
de forma sustentável.”
A maior desigualdade que assola o nosso país é a desigualdade
de oportunidades educacionais, que se aprofunda, permitindo que a pequena casta
dos mais educados continuem a ganhar mais do que a grande maioria dos menos
educados, e com isso a desigualdade se mantém, persistindo o domínio daqueles
que detém o conhecimento.
Finalizo estas considerações, destacando um trecho do artigo
do senador Cristovam Buarque, sob o título “Perdemos feio”, quando afirma:
...Perdemos a guerra da educação. Com mais de 50 milhões de brasileiros adultos
sem ensino fundamental, ainda que um governo sério decida fazer a revolução na
educação de base, as crianças já nascidas chegarão à idade adulta despreparadas
para enfrentar o desafio da era do conhecimento. Não serão capazes de levar o
Brasil ao desenvolvimento que precisamos.
Perdemos feio a guerra contra a desigualdade social. Mesmo
depois de 15 anos de Bolsa Escola/Família, continuamos campeões de
desigualdade, e os resultados na luta contra a fome estão regredindo por causa
da inflação.
Perdemos feio a guerra do desenvolvimento científico e
tecnológico, da inovação e da competitividade. E nossa educação, nossas
empresas, nossas universidades não estão preparadas para enfrentar este
desafio.”
O saudoso Professor Darcy Ribeiro definia em uma frase a
realidade da educação brasileira: “A CRISE DA EDUCAÇÃO NO BRASIL NÃO É UMA
CRISE; É UM PROJETO”.
Esse projeto de grande parcela das elites políticas e econômicas
em nosso país, com a complacência dos governos, tem condenado a ignorância e ao
atraso social milhões de brasileiros, e vem comprometendo o futuro de várias
gerações.
ATÉ QUANDO IRÃO
CONTINUAR TRATANDO A NOSSA EDUCAÇÃO COM DESCASO?????
Amaury Cardoso
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