sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O GARGALO NA EDUCAÇÃO, UM DESAFIO, AINDA, A SER VENCIDO! - ARTIGO: FEVEREIRO/2015.


O maior gargalo para o efetivo desenvolvimento do país tem sido a educação, e o Brasil insiste em ficar para trás, ariscando seu futuro como nação desenvolvida, em razão de não promover mudanças estruturais voltado para o ensino de qualidade e universal, sendo um dos principais obstáculos o baixo investimento e má gestão dos recursos que são destinados ao setor educacional.
Seria injusto deixar de registrar que no governo FHC, avançou-se na meta de universalizar o acesso ao ensino fundamental, e que no governo Lula, a opção de dar prioridade ao ensino superior, que considero um equívoco, foi revertida no segundo mandato, através da implantação do Plano de Desenvolvimento da Educação, para o ensino básico. O FUDEF, no governo Fernando Henrique, e o FUNDEB, no governo Lula, proporcionaram ao poder público investimentos para equacionar o repasse de verbas destinadas a educação para estados e municípios. Contudo, o que ficou claro com o passar dos anos, é que os problemas da educação, bem como para outras áreas do serviço público, não decorrem tão somente de aplicação de recursos, e sim de má gerência, comprovadas nos conhecidos casos de deficiência de gestão.
Um outro aspecto importante que evidencia o nosso atraso educacional, é o fato de nos depararmos com um número cada vez menor de jovens trabalhando em razão da baixa qualificação do ensino, que se configura como um grande desafio, colocando a educação na raiz dos principais problemas, que se tornou um entrave ao desenvolvimento social e econômico ao país.
O conhecimento esta no centro do futuro de toda nação por ser o principal ativo do século XXI. Concordo com o economista Sérgio Besserman Vianna, ao afirmar que o problema que o Brasil tem em mãos é, portanto, mais profundo. É cultural e é nesse plano que tem de ser enfrentado: a sociedade brasileira não dá valor e não se organiza para dar valor ao conhecimento.
As estatísticas oficiais, durante anos seguidos, alerta para o fato do atual modelo educacional em nosso país estar formando jovens sem grandes capacidades de desenvolvimento de idé ais através da escrita, o que foi comprovado em virtude do péssimo resultado na prova de redação do último Exame Nacional do Ensino (ENEM), revelando que 529 mil candidatos obtiveram conceito ZERO, confirmando que a educação é um desafio para aqueles que, como nós, tem responsabilidade com os destinos da sociedade.
No caso específico da realidade brasileira, na atualidade, a resolução das questões educacionais são primordiais para o nosso desenvolvimento global. Estamos numa situação delicada devido à carências estruturais que nos colocaram em nível baixíssimo dentre os países que buscam sua condição de pais desenvolvido, e essa situação é histórica. A questão política está presente de forma decisiva, tendo sido um dos fatores que contribuiu para o agravamento desse quadro. A política educacional implementada pelo golpe militar de 1964, pôs por terra todo um projeto qualitativo de educação e impôs uma diretriz quantitativa baseada em números e estatísticas, com a principal intenção de banalizar a filosofia adotada pelo sistema militar, como por exemplo: Baixa qualidade do ensino, professores eméritos aposentados, exilados ou presos, disciplinas humanas (sociologia, filosofia, antropologia, etc...) relegadas a segundo plano, ou simplesmente banidos da grade curricular, remuneração baixa para os professores, massificação do processo educacional, vide Mobral, dentre outros.
Privilegiar o ensino técnico também foi, e continua sendo, mais uma forma de se tentar colocar os alunos das classes pobres no mercado de trabalho prematuramente, os inviabilizando para o ensino universitário, deixando para esse, os oriundo das classes médias e/ou das elites, a formação de nível superior.
Diante desse quadro os governos pós golpe militar, nos quais a população depositava esperança de reversão desse quadro perverso não corresponderam as expectativas, decepcionando todos aqueles que acreditavam numa mudança ou retomada do processo interrompido em 1964. Entendo que uma exceção que confirma a regra foi a gestão do ex-ministro, já falecido, Paulo Renato que esteve a frente do Ministério da Educação na gestão do ex-presidente Fernando Henrique, e, no âmbito estadual, os CIEPs no governo Leonel Brizola, sob os ideais do saudoso Prof. Darcy Ribeiro.
Torna-se urgente uma tomada de posição por parte daqueles que como nós tem responsabilidade social e creem ser possível a libertação nacional sendo a educação seu motor propulsor.
Hoje é preciso uma reflexão profunda para que se tenha condições de fomentar ações sérias no sentido de redirecionar isso tudo que estamos vivendo dentro do contexto sócio-educativo. Entendo ser urgente a federalização do ensino básico, pois a grande maioria das prefeituras não possuem recursos necessários para uma boa qualidade do ensino e, nas que possuem recursos é comum o mau uso das verbas, quando não o desvio para outras atividades, sendo necessária uma fiscalização severa para garantir uma aplicação correta desses recursos.
Não alimentemos falsas ilusões, pois novas ações para que a educação seja o alicerce cultural da sociedade, só terão resultado a longo prazo e o momento de agir já se faz tarde, sinalizando que não temos tempo a perder, pois as novas gerações merecem respeito, e só ações sérias e responsáveis, que visem amenizar as perdas e prepará-las adequadamente para o verdadeiro exercício da cidadania, podem nos livrar de resultados vexatórios.
O governo petista não podem continuar a tratar a educação com frases de efeito, como foi o caso da última tirada cômica, de puro marketing, adotado no discurso de posse de reeleição da presidente Dilma, ao declarar que seu foco será a educação, através do "Brasil, Pátria Educadora". Ocorre que já se passaram 12 anos de governo do partido dos trabalhadores, havendo tempo suficiente de alterar o deprimente quadro educacional em nosso país e ter avançado neste aspecto social importante, principalmente para os filhos dos trabalhadores assalariados, e o "partido da classe operaria" vem confirmando seu fracasso em razão da sua ineficiência, também, nesse setor.

                                                                        Amaury Cardoso
                                                    blog: www.amaurycardoso.blogspot.com 
                                                     site: www.fug-rj.org.br
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