Inicio este artigo destacando uma afirmação do senador Cristovam
Buarque: “A democracia brasileira é uma bagunça, tanto no funcionamento do
aparelho do estado (Relação entre os três poderes e pequenas repúblicas
cartoriais envolvidas no exercício da atividade administrativa no dia a dia)
quanto no processo eleitoral propriamente dito”.
A democracia não é estática. Ela tem por mérito promover o
aperfeiçoamento das instituições. Estará a democracia brasileira ameaçada em
razão da demora na realização de uma reforma política e eleitoral que acompanhe
as mudanças da sociedade e se ajuste as demandas do século XXI? Baseado nesta
tese, podemos afirmar que estamos diante do esgotamento dos ciclos políticos. A
sociedade tem dado sinais claros da sua rejeição ao modelo político e eleitoral
vigente em nosso país, por entender ser este modelo elitista, excludente,
viciado e atrasado face ao seu descompasso frente aos anseios da sociedade. As
reações populares, ocorridas com mais intensidade a partir de junho/2013, foi o
divisor de águas, onde o jogo político mudou, e suas incertezas aumentaram.
A incompreensão e relutância na promoção das reformas política e
eleitoral esta comprometendo seriamente a democracia representativa, que se vê
revelada na sociedade, diante da atmosfera de impaciência, raiva, incompreensão
e cansaço presentes na grande maioria dos brasileiros.
Dentro do conjunto de fatores que distanciam a população do processo
político eleitoral, vejo como principal motivo a percepção do eleitor com a
falta de compromisso, preparo, credibilidade, propostas convincentes e coerência
em suas ações e atitudes, visíveis na grande maioria dos políticos e
postulantes a cargos de representação no executivo e legislativo. É fato que
essa reação vem provocando o esgotamento do atual modelo de representação na
democracia brasileira.
Percebo que a sociedade espera e exige algo maior dos candidatos aos
cargos de representação política no processo eleitoral que se aproxima. A
indignação, descrédito e desconfiança do cidadão com os políticos de um modo
geral e com as instituições partidárias, que não mais as representam, crescem a
cada dia. A corrupção esta diretamente associada a classe política, e o
fisiologismo e pragmatismo tem sido o vilão das instituições partidárias. É
assim que enxergam!
A sociedade anseia por compromissos factíveis, com propostas claras de
como avançar na questão dos direitos sociais, na qualidade dos serviços
públicos, na qualidade da infraestrutura, na qualidade da mobilidade urbana, na
promoção da sua inclusão social e consequente melhoria da sua qualidade de
vida.
Esta muito claro que o fato da grande maioria dos partidos terem se
transformado em “Ocas siglas” sem ideologia e vazias de compromissos com a
realidade traduzidas nos anseios populares e defasadas da realidade democrática
de hoje, tem sido o ponto central que
tem levado a instituição partidária ao descrédito junto a população, por
não se sentirem por ela representadas devido ao distanciamento e não
modernização de seus programas, ideias e bandeiras.
O mal a democracia representativa já esta posto, e seus efeitos já são
sentidos e o que virá é imprevisível, e só a coragem de se realizar as
necessárias reformas política e eleitoral poderá restabelecer a confiança e
participação da sociedade no novo processo político em nosso país.
Com a palavra as grandes lideranças políticas e partidárias.
Amaury Cardoso
Presidente Estadual da
Fundação Ulysses Guimarães do Rio de janeiro-FUG/RJ.
Site: www.fug-rj.org.br
e-mail: amaurycardosopmdb@yahoo.com.br