O Rio de janeiro outrora cidade
maravilhosa, antiga capital da república, ambiente efervescente onde as
decisões políticas nacionais eram tomadas, berço cultural onde eventos
aconteciam diariamente, a arte em todos os níveis se desenvolviam, cidade mãe
da bossa nova, movimento que ganhou o mundo, e dezenas, centenas de atividades que
faziam do Rio de Janeiro atração e lugar desejado por todos.
Com a mudança da capital, em
1960, para Brasília, o Rio de Janeiro aos poucos foi perdendo a qualidade de
vida que faziam dele exemplos para o país. É relevante notar que políticos de
diferentes ideologias debatiam idéias fervorosamente, porém diferentemente de
hoje, eram de alto nível intelectual, defendendo suas idéias com argumentos
sólidos fundamentados em suas convicções. O que vemos hoje? Os serviços de
saúde precários incapazes de atender a demanda, o transporte ineficiente, com
engarrafamentos permanentes, a educação num nível extremamente baixo onde os
alunos sem condições, devido ao ambiente social desfavorável, assistem aulas
dadas por professores desmotivados com salários que mal dão para o seu
sustento.
A cidade inchada devido a
famigerada especulação imobiliária e ocupações irregulares agoniza. Por outro
lado os políticos locais que deveriam lutar para que esse caos minimizasse, de
forma acintosa procuram se beneficiar dessa insuficiência e ineficiência de
serviços, não se interessando em melhorar esse quadro, se utilizando, face
essas carências, do artifício do clientelismo e assistencialismo para “comprar”
votos, através do cúmulo da criação de “Centros Sociais” onde oferecem serviços
de baixa qualidade a população, quando deveriam cobrar do poder público o
cumprimento das atribuições que lhe são
exclusivas.
É vergonhoso, esses políticos
deveriam ser alvo de repúdio por parte da população e o Ministério Público
investigá-los levando-os de volta ao anonimato de onde nunca deveriam ter saído.
A ampliação da utilização de
“Centro Sociais” vinculados a atividade política, nos quais candidatos
demagogos oferecem serviços a eleitores em troca de votos, configura-se em
clientelismo descarado, explicitando em terras fluminenses o exercício da
política no mais atrasado dos sertões, retornando a época do coronelismo
político, ou seja, “compra” do eleitor através do fornecimento de serviços do
quais já tem direito.
Os “Centros Sociais” tem
dissiminado um clientelismo que distorce e desqualifica a representação
política, por se utilizar da troca de favores estabelecendo o vínculo de
gratidão do cidadão (eleitor) com aquele que o beneficia através dos serviços
que oferece, tais como: tratamento dentário, consulta médica, orientação e
apoio jurídico, cursinhos de baixa qualidade profissional e até mesmo “ajuda”
em dinheiro, que passa a ser retribuído pelo beneficiado por votos, fato que
tem sido recorrente nas regiões mais atrasadas e carentes, com deficiências na
prestação de serviços público.
A pratica da política
clientelista é um sintoma da degradação na forma de fazer política. A sensação
absurda que se tem é a de que os políticos que se beneficiam desses métodos não
se interessam pela mudança desse quadro, e não trabalharão para que serviços
essenciais a população, como saúde e educação, melhorem de qualidade.
O clientelismo praticado nesses
“Centros Sociais” é um eficaz instrumento de distorção da representatividade,
cuja a qualidade é essencial para o aprimoramento da democracia. A demagogia, o
clientelismo e o “toma lá dá cá” na prática política cresceu em alto grau,
fazendo vítima o sistema eleitoral e político, que pela distorção sofrida
amarga a indiferença de um eleitor indignado e incrédulo diante das
imoralidades que são praticadas por aqueles que deveriam honrar com seriedade,
correção e eficiência o mandato recebido.
É lamentável ter que admitir que
do ponto de vista da consciência de muitos se aceite o princípio do “rouba mais
faz”, “me ajuda com alguma vantagem que eu voto” e do “toma lá dá cá”, o que
vem a comprovar que a ética não é uma questão decisiva para eleger e ou deixar
de eleger em nosso país, e, infelizmente, exemplos são muitos.
Concluo com uma citação bem
apropriada ao tema do poetinha Vinícius de Morais, que a cada eleição se torna
mais atual: “POLÍTICOS, MELHOR NÃO OUVI-LOS. MAS, SE NÃO OS OUVIRMOS, COMO
SABÊ-LOS?”.
É certo afirmar que, melhoramos a
qualidade da política qualificando o nosso voto.
Amaury
Cardoso
e-mail: amaurycardosopmdb@yahoo.com.br
site: www.fug-rj.org.br