A vaidade política, segundo o analista político Amaury Cardoso, parece ter atropelado a razão dentro da família Bolsonaro. Com medo de perder o protagonismo que o sobrenome ganhou ao longo dos últimos anos, a estratégia do clã teria sido manter inegociável a ideia de lançar um candidato presidencial que carregue o nome Bolsonaro — mesmo que isso não represente o melhor caminho político para a direita.
A escolha de Flávio Bolsonaro como potencial candidato à Presidência, defendida internamente pela família, tem provocado ruídos nos bastidores. Para Amaury Cardoso lideranças políticas tradicionais, especialmente aquelas contrárias à reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva, o nome do senador não empolga, não agrega e, principalmente, não inspira confiança como alternativa viável.
Flávio, apesar de ocupar posição de destaque no cenário nacional, não teria a força necessária para unir os diferentes segmentos da direita. Seus adversários internos consideram que ele não possui o carisma, a habilidade e a capilaridade para coordenar um movimento amplo contra o atual governo. Com isso, o campo da direita caminha para uma eleição fragmentada, enfraquecendo qualquer possibilidade de construir uma candidatura única e competitiva.
O centro político, por sua vez, também se movimenta em busca de outros nomes. Sem encontrar viabilidade nem no bolsonarismo nem em lideranças mais radicais da direita, partidos de centro avaliam alternativas que possam dialogar com diferentes setores da sociedade, afastando-se da polarização extrema que marcou as últimas eleições.
A falta de consenso em torno de Flávio Bolsonaro é vista como reflexo direto de um projeto familiar que se sobrepõe a uma estratégia política ampla. Essa insistência, segundo analistas, cria um cenário que tende a facilitar a vida de Lula. Com uma direita dividida e um centro igualmente disperso, a reeleição do atual presidente se torna cada vez mais provável — quase um caminho natural, pavimentado pela desorganização dos seus opositores.
“A escolha do senador Flávio Bolsonaro como candidato a presidente está longe de obter consenso no campo da direita e do centro. Portanto, não aglutina. Essa decisão, praticamente, assegura a reeleição do presidente Lula”, afirma Amaury Cardoso, autor da análise.
Para ele, a conclusão é clara: quando a vaidade fala mais alto que a estratégia, o resultado costuma ser previsível — e, neste caso, favorável ao adversário.
Amaury Cardoso
Especialista em Ciência Política

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