terça-feira, 24 de julho de 2018

A REVOLUÇÃO EDUCACIONAL DO SÉCULO 21 DIANTE DA QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL. - ARTIGO: MAIO/2018



É evidente a desconexão entre o sistema de ensino inspirado na sociedade de cerca de 200 anos atrás e a realidade que vivenciamos no século 21. Com o forte dinamismo tecnológico que impõe mudanças constantes no modo de vida da sociedade contemporânea, é certo que dois terços das crianças matriculadas no ensino fundamental trabalharão em carreiras que ainda não existem, bem como muitas das carreiras profissionais diante do acelerado avanço tecnológico deixarão de existir em breve espaço de tempo.
Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), estima-se que 35% das habilidades mais demandadas atualmente mudem em menos de 24 meses, ou seja, até 2020, influenciando no desaparecimento de 7,1 milhões de empregos.
O avanço tecnológico e a necessidade de desenvolver novas aptidões têm provocado uma grande mudança no setor educacional a nível mundial. O Brasil amarga um profundo atraso no campo da educação comprometendo fortemente sua condição de competitividade no mercado de trabalho, com risco de perder o atrativo de importantes investidores.
Torna-se imprescindível a mudança de mentalidade na visão e metodologia da educação brasileira, e essa mudança se inicia na forma tradicional de ensinar, permitindo ao aluno um maior protagonismo em sala de aula.
A universalização do ensino de qualidade precisa ser um compromisso da educação brasileira. O acesso a oportunidade de um ensino igual para todos, independente da classe social, é a garantia da igualdade de oportunidades para todos no campo educacional e profissional.
Se levarmos em consideração que oito em cada dez estudantes brasileiros estão em colégios públicos, a necessidade da garantia de um ensino de qualidade é condição fundamental e determinante para o nosso país, uma vez que a realidade do nosso atraso no campo educacional nos coloca em desvantagem absurda no campo do conhecimento e da inovação tecnológica.
Outro dado alarmante vem de um estudo da UNESCO, feito em 2017, que mapeou a educação de 35 países emergentes, entre eles o Brasil - que tem a maior quantidade de trabalhadores -, revelando estarem abaixo da média mundial em educação e podem se ver em meio a dificuldades na próxima década se não tiver o seu serviço público educacional revisado e reestruturado sua metodologia e grade curricular de ensino, visando seu fortalecimento no campo da qualidade.
Fato é que entre a educação desejada e a real há um abismo no sistema público brasileiro. E o método de ensino atrasado, ultrapassado, com infraestrutura escolar deficitária, com falta de profissionais preparados para trabalhar dentro de um moderno modelo de educação, com recursos financeiros insuficientes e/ou ineficientes gestão desses recursos, dentre outros óbices, tem sido durante décadas obstáculos ao avanço da revolução educacional pela qualidade em nosso país.
Na sociedade contemporânea, diferentemente do passado, os mestres/professores não são os detentores absolutos do conhecimento e sim facilitadores que devem adotar métodos mais colaborativos e flexíveis em sala de aula. Essa concepção de comportamento falta a uma grande parcela do nosso corpo docente. O Ministério da Educação precisa aceitar que com a aproximação da quarta revolução industrial, há uma necessária emergência na reformulação dos métodos de ensino, abraçando as novas tecnologias e reinventando nova metodologia, mais efetiva, de passar o conhecimento.
“Seja para professores, seja para empreendedores, seja para operários, seja para empresários, se existe uma habilidade que será imprescindível nesse novo contexto é a capacidade de aprender constantemente. Com o surgimento de novas carreiras e o aumento da expectativa de vida, grande parte da população continuará trabalhando depois de 60,70, 80 anos.”
Para nos mantermos competitivos e desejados pelo mercado atual e futuro, teremos de nos tornar eternos estudantes, pois as transformações que ocorrem nos exigem, de forma cada vez mais latente, constante atualização profissional. O processo do conhecimento é continuo e não mais, tão somente, construído nos bancos escolares até o inicio da fase adulta como ainda ocorre. A busca por novos conteúdos – seja através de jornais, revistas, aplicativos ou cursos de extensão/especialização – será necessária, e para tal devemos intensificar a prática do bom e velho método do autodidatismo.
Por fim, precisamos entender que o ensino ocorre fora dos espaços formais e tradicionais de educação.

Amaury Cardoso
Presidente da Fundação Ulysses Guimarães do Estado do Rio de janeiro – FUG/RJ.

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