É evidente a desconexão entre o
sistema de ensino inspirado na sociedade de cerca de 200 anos atrás e a
realidade que vivenciamos no século 21. Com o forte dinamismo tecnológico que
impõe mudanças constantes no modo de vida da sociedade contemporânea, é certo
que dois terços das crianças matriculadas no ensino fundamental trabalharão em
carreiras que ainda não existem, bem como muitas das carreiras profissionais
diante do acelerado avanço tecnológico deixarão de existir em breve espaço de
tempo.
Segundo a Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), estima-se que 35% das
habilidades mais demandadas atualmente mudem em menos de 24 meses, ou seja, até
2020, influenciando no desaparecimento de 7,1 milhões de empregos.
O avanço tecnológico e a
necessidade de desenvolver novas aptidões têm provocado uma grande mudança no
setor educacional a nível mundial. O Brasil amarga um profundo atraso no campo
da educação comprometendo fortemente sua condição de competitividade no mercado
de trabalho, com risco de perder o atrativo de importantes investidores.
Torna-se imprescindível a mudança
de mentalidade na visão e metodologia da educação brasileira, e essa mudança se
inicia na forma tradicional de ensinar, permitindo ao aluno um maior
protagonismo em sala de aula.
A universalização do ensino de qualidade precisa ser um compromisso da
educação brasileira. O acesso a oportunidade de um ensino igual para todos,
independente da classe social, é a garantia da igualdade de oportunidades para
todos no campo educacional e profissional.
Se levarmos em consideração que
oito em cada dez estudantes brasileiros estão em colégios públicos, a
necessidade da garantia de um ensino de qualidade é condição fundamental e
determinante para o nosso país, uma vez que a realidade do nosso atraso no
campo educacional nos coloca em desvantagem absurda no campo do conhecimento e
da inovação tecnológica.
Outro dado alarmante vem de um
estudo da UNESCO, feito em 2017, que mapeou a educação de 35 países emergentes,
entre eles o Brasil - que tem a maior quantidade de trabalhadores -, revelando
estarem abaixo da média mundial em educação e podem se ver em meio a
dificuldades na próxima década se não tiver o seu serviço público educacional
revisado e reestruturado sua metodologia e grade curricular de ensino, visando
seu fortalecimento no campo da qualidade.
Fato é que entre a educação
desejada e a real há um abismo no sistema público brasileiro. E o método de
ensino atrasado, ultrapassado, com infraestrutura escolar deficitária, com
falta de profissionais preparados para trabalhar dentro de um moderno modelo de
educação, com recursos financeiros insuficientes e/ou ineficientes gestão
desses recursos, dentre outros óbices, tem sido durante décadas obstáculos ao
avanço da revolução educacional pela qualidade em nosso país.
Na sociedade contemporânea,
diferentemente do passado, os mestres/professores não são os detentores
absolutos do conhecimento e sim facilitadores que devem adotar métodos mais colaborativos
e flexíveis em sala de aula. Essa concepção de comportamento falta a uma grande
parcela do nosso corpo docente. O Ministério da Educação precisa aceitar que
com a aproximação da quarta revolução industrial, há uma necessária emergência na
reformulação dos métodos de ensino, abraçando as novas tecnologias e
reinventando nova metodologia, mais efetiva, de passar o conhecimento.
“Seja para professores, seja para
empreendedores, seja para operários, seja para empresários, se existe uma
habilidade que será imprescindível nesse novo contexto é a capacidade de
aprender constantemente. Com o surgimento de novas carreiras e o aumento da
expectativa de vida, grande parte da população continuará trabalhando depois de
60,70, 80 anos.”
Para nos mantermos competitivos e
desejados pelo mercado atual e futuro, teremos de nos tornar eternos
estudantes, pois as transformações que ocorrem nos exigem, de forma cada vez
mais latente, constante atualização profissional. O processo do conhecimento é
continuo e não mais, tão somente, construído nos bancos escolares até o inicio
da fase adulta como ainda ocorre. A busca por novos conteúdos – seja através de
jornais, revistas, aplicativos ou cursos de extensão/especialização – será
necessária, e para tal devemos intensificar a prática do bom e velho método do
autodidatismo.
Por fim, precisamos entender que
o ensino ocorre fora dos espaços formais e tradicionais de educação.
Amaury Cardoso
Presidente da Fundação Ulysses Guimarães do Estado do Rio de janeiro – FUG/RJ.
Presidente da Fundação Ulysses Guimarães do Estado do Rio de janeiro – FUG/RJ.
Blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br
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