quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

INICIAMOS UM ANO ELEITORAL CHEIO DE IMPREVISIBILIDADES - ARTIGO: Janeiro/2018.



No campo da política o ano de 2018 inicia com uma grande reviravolta após a decisão unânime dos três desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª região – TRF - 4, que em julgamento na 2ª instância, ratificaram a condenação de Lula conferida em 1ª instância pelo juiz federal Sergio Moro, com o agravante do aumento da pena, passando a 12 anos e 1 mês de reclusão.

Esta decisão, indiscutivelmente, coloca Lula fora do pleito eleitoral em razão de sua condenação por um colegiado, incluindo-o na Lei da Ficha Limpa. Qualquer opinião contrária, a meu ver, é pura bravata, podendo ser considerada como incentivo a desobediência jurídica, o que não tem cabimento por ferir o Estado Democrático de Direito. O Partido dos Trabalhadores ao argumentar “que somente as urnas podem condenar ou absolver Lula” revela um ato claro de politizar a decisão judicial e afrontar o poder judiciário.

O poder Judiciário, em especial no julgamento dos casos de corrupção, tem atuado de forma rigorosa e a condenação de Lula é um exemplo desse rigor com o núcleo do poder político, como tem sido com o núcleo econômico com a prisão de grandes empresário-empreiteiros envolvidos no esquema corrupto que esta sendo desnudado nas investigações da operação Lava-Jato.

Em um país de cultura patrimonialista onde a impunidade sempre imperou para os ricos e poderosos, é para o povo brasileiro motivo de comemoração. O acinte do PT em querer desafiar o poder judiciário, com sua direção partidária incitando a militância a se insurgir contra a condenação de seu líder com ameaças de morte, brigas de rua e quebra-quebra é inaceitável, um afronte a democracia e ao Estado Democrático de Direito. O esperado e propagado pelos petistas “levante popular contra a justiça”, em razão da condenação de Lula por unanimidade dos desembarcadores em julgamento em 2ª instância, não ocorreu o que demonstra que diferentemente do PT, a grande maioria da sociedade reconhece a culpa de Lula e os erros do seu partido ao patrocinar nos seus 13 anos de governo a corrupção institucionalizada.

Não obstante este fato, em parte superado, o cenário político aguarda outros desdobramentos com o desenrolar das investigações da operação Lava-Jato, envolvendo outros capítulos que podem trazer mais implicações ao cenário político eleitoral.

O cidadão eleitor cansou das incoerências nas alianças partidárias onde o perfil ideológico e as questões programáticas deixaram de serem parâmetros balizadores de uma aliança política. Cansou das alianças realizadas com o único interesse de participar e dividir o poder e dele se beneficiar. Cansou de ver os mesmos partidos

 que participam do governo do partido vencedor “A”, também, participarem do governo do partido adversário vencedor “B”. Os mesmos partidos que se atacam se unem quando o interesse em jogo é conquistar o poder e depois dividi-lo. Essa política pragmática e casuística é rejeitada pela grande maioria da sociedade que não aceita mais o jogo fisiológico revelado nessas alianças esdrúxulas.

A sociedade cansou das falsas verdades, não acreditam mais nelas pelo fato da realidade por ela vivida a desmentir. O que percebem é um vazio de lideres com credibilidade, com coragem e capacidade transformadora que assegure mudanças através de reformas estruturantes que propicie o real desenvolvimento social e econômico, e através dele o avanço da justiça social, da distribuição de renda e igualdade de oportunidades, capaz de garantir o acesso da grande massa da população a uma educação de qualidade, e com isso, tirando-a da margem da ignorância excludente.

A incapacidade das instituições partidárias e a classe política de admitirem o fim desse ciclo político patrimonialista, assistencialista, fisiológico e corrupto estão impedindo o Brasil e a sua jovem democracia de avançarem. Tudo indica que a eleição de 2018 irá revelar um elevado grau de inconformidade do eleitor com a classe política, levando as eleições de 2018 há virem a ter um alto número de “NÃO VOTANTES”.

Iniciamos um ano eleitoral cheio de imprevisibilidades.



Amaury Cardoso

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