Quando estamos diante de uma decisão que envolve um julgamento moral,
temos que nos orientar e basear em valores e códigos morais que devem pautar o
comportamento humano. Contudo, cada pessoa embora herda um conjunto
estabelecido de normas morais, chega um momento em nossas vidas em que podemos
refletir sobre elas, aceitá-las consciente e livremente ou rejeitá-las, uma vez
que o comportamento moral caracteriza-se essencialmente pela livre escolha do
indvíduo, baseado no fato da liberdade ser a base da conduta moral.
O filósofo grego Aristóteles bem define que a característica específica
do homem em comparação com outros animais é que somente ele tem o sentimento do
bem e do mal, do justo e do injusto e de outras qualidades morais. A política
era uma continuação da ética, só que aplicada a vida pública, as instituições públicas, a esfera de realização
do bem comum como um ideal a ser alcançado.
Fiz a introdução acima, pois irei abordar um tema que vem tendo muito
destaque nos últimos anos que são os casos de corrupção institucionalizada que
se instalou em nosso país, que vem causando um grande mal a sociedade e ao
avanço da democracia brasileira.
A corrupção em nosso país esta exposta como nunca antes em sua
história, com o escândalo do roubo de milhões dos cofres públicos realizados na
maior empresa pública brasileira, que a cada etapa da investigação da polícia
federal, com a operação Lava-Jato, o ministério público e a justiça federal,
com destaque a coordenação do juiz Sérgio Moro, se confirma a amplitude do
esquema criminoso montado pelo partido dos trabalhadores numa conspiração para
desviar dinheiro público envolvendo donos de grandes empresas e altos
executivos ligados a cabeças coroadas do comando político em nosso país, no
executivo e no legislativo federal, que corroem a democracia e os valores
republicanos, abalando com a estrutura da política brasileira, em razão do
processo destrutivo de financiamento político, montado pelo governo petista nos
moldes do Mensalão, para financiar a base do governo, sendo pouco provável não
haver o conhecimento de alguém do Palácio do Planalto, principalmente em razão
do fato do doleiro Alberto Yussef já ter declarado, em depoimento na delação
premiada, que tanto o ex-presidente Lula, como a presidente Dilma sabiam do
esquema que envolve a Petrobras, tornando, com o aprofundamento das
investigações, a situação de instabilidade política incontrolável, cujas as
incertezas dos seus efeitos negativos para o futuro do Brasil nos assustam.
As investigações em curso identificaram 15 grandes empresas
participantes do esquema, que juntas formaram um “ Clube” e fecharam contratos
com a Petrobras no valor de R$ 59 bilhões. Contudo, a formação desse cartel nos
permite suspeitar que seus tenebrosos negócios com o governo federal , tendo
seus lucros ampliados com obras superfaturadas, ocorram em outras áreas, sendo
o setor elétrico, através de contratos na construção de hidroelétricas, objeto
de novas investigações.
A prisão do ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque, indicado
pelo ex-ministro do governo Lula, o presidiário José Dirceu, é considerada
explosiva por sua proximidade e ligações com a cúpula do PT e do governo. Em
depoimento o ex-diretor de refino e abastecimento da Petrobras Paulo Roberto
Costa, afirmou: “Olha, em relação à diretoria de serviços, todos sabiam que 2%,
dos 3% cobrados de propina eram para atender ao PT. Outras diretorias, como gás
e energia, e exploração e produção, também eram do PT... O comentário é que
nesse caso, os 3% ficavam diretamente para o PT porque eram diretorias
indicadas PT com PT”.
Concluo destacando um trecho da coluna do jornalista e acadêmico Merval
Pereira, publicada no Globo de 16/11/14, onde diz: “O PT não inventou a
corrupção, mas inventou um método sistemico de corrupção que perpassa todo o
organismo governamental. Isso nunca ouve. Havia esquemas de corrupção localizados,
pessoas corruptas atuando, mas nunca houve um esquema desse porte organizado
pelo governo. A idéia de que é tudo igual ajuda a quem está envolvido com essas
denúncias. Não é todo mundo igual. Nunca houve um partido que tenha montado um
esquema dessa amplitude”.
No entanto, soa como o cúmulo do absurdo o fato da presidente Dilma em
seu primeiro pronunciamento após a prisão de mais um ex-diretor da Petrobras
nomeado no governo PT, juntamente com mais de duas dezenas de altos executivos
de grandes e importantes empresas brasileiras, afirmar querendo capitalizar
politicamente as ações da polícia federal na operação Lava-Jato, que é mérito
do seu governo estar investigando a corrupção, quando, a bem da verdade, a
investigação esta sendo desenvolvida pela polícia federal que é um Poder do
Estado, e não subordinada a vontade política de qualquer governante e, pior
ainda, querer culpar os governos passados pelo que esta acontecendo hoje na
Petrobras, o que é uma desfaçatez, uma vez que os ex- diretores da Petrobras
que estão presos e outros sendo investigados, foram nomeados pelo ex-presidente
Lula, seu padrinho político, e mantidos em seu governo.
O interessante é que o governo vem atuando para impedir a investigação
no congresso, rejeitando convocações de políticos do PT e aliados, inclusive o
importante depoimento do ex-diretor de serviços Renato Duque, com isso
estabelecendo um grande contraditório, ao afirmar que a investigação deve ser
rigorosa “doa a quem doer”, não ficando “pedra sobre pedra”. Convenhamos
presidente Dilma, até agora não temos motivos para acreditar na sua boa vontade
em esclarecer os “malfeitos” ocorridos nos governos do seu partido (PT).
Ao que nos parece, o governo do PT se transformou em um grande balcão
de negócios passando a querer controlar os outros dois poderes, onde os
estratégicos setores da administração pública federal foram tomados e
aparelhados pelo partido.
Diante do abalo que este escândalo da Petrobras trouxe a vida do país,
há uma enorme preocupação no governo com relação a revelação dos políticos que
serão atingidos, e esses com certeza estão em pânico. Depois dos
desdobramentos do julgamento do Mensalão do PT, que embora o fato dos
“companheiros” da direção do PT que foram presos estejam, um ano após,
cumprindo prisão domiciliar, é inegável que a investigação da Petrobras passa a
ser um marco histórico, um grande avanço no combate a corrupção, pois pela
primeira vez corruptores e corruptos, donos de grandes empresas, altos
executivos e líderes políticos são presos em nosso país.
Perde a democracia com o nível de criminalização da política.
Amaury Cardoso
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