terça-feira, 9 de dezembro de 2025

A DEMOCRACIA SE FORTALECE COM LIBERDADE E TRANSPARÊNCIA - Artigo: dezembro/2025


Ao longo de cinco décadas de minha militância política e dos meus estudos sobre a ciência da política, diante de tudo que ela abrange em seus múltiplos níveis, não tenho dúvida em afirmar que a concentração de poder é inevitável, mesmo entre os que se consideram democratas e defendem a democracia. Para mim é um fato a afirmação do sociólogo e cientista político Robert Michels ao declarar que a democracia leva inevitavelmente à oligarquia e contém, em si, o seu próprio princípio de negação. Temos diversos exemplos que confirmam essa afirmação.

Entendo que a democracia se fortalece com liberdade e transparência. A defesa da democracia não se faz com censura, mesmo sob a alegação do Estado Democrático de Direito. O direito à liberdade não está garantido quando há vigilância e perseguição ao direito de expressar ideias e opiniões. Em uma democracia todo poder precisa atuar e respeitar o seu limite, e o limite é definido e imposto pela Constituição. Qualquer ato de poder cometido que contrarie a Constituição, pode ser considerado como uma forma de autoritarismo. 

O processo político e as relações de poder nos revelam que o poder político concentra sua influência e liderança e o monopólio da representação através de fortes vínculos financeiros e uma simbiose bem construída com os veículos tradicionais que concentra o poder da comunicação/informação. Essa aliança, com raras exceções, leva o representante político a se distanciar ou até romper com a base popular que diz representar. Daí a relevância crescente, mesmo diante dos casos de desinformação e fake News, da comunicação através das redes sociais, que ameaça essa perigosa simbiose. A meu ver, essa é a razão do profundo enfraquecimento da democracia representativa!

Atravessamos um momento extremamente delicado na política brasileira devido aos conflitos entre os três poderes da república, Executivo, Legislativo e Judiciário, conflito esses que colocam em risco a nossa jovem democracia brasileira. Me chama a atenção os avanços do poder judiciário sobre competências definidas constitucionalmente a outros poderes. Entendo que o poder judiciário não deve tomar ou expressar posição política, e sim se posicionar com independência e parcialidade, sempre em obediência a Constituição, o que a meu ver não vem ocorrendo. A Suprema Corte Federal - STF, está caminhando para a autocracia, e esse meu entendimento se baseia no fato de que a alguns anos o poder executivo federal, a quem cabe indicar a composição do STF, vem realizando indicações de pessoas com claro vínculo pessoal e/ou político do mandatário da nação de plantão. Para mim fica evidente a intenção de aparelhar e interferir nas decisões da suprema corte. Nenhum presidente da república é eleito para isso, ou seja, ter influência política sobre membros da alta corte do país.

Vivemos uma escalada de decisões monocráticas, restrições de fala e de perseguições pelo simples ato de discordar que vem destoando do real sentido do poder judiciário, que deveria ser o respiro institucional do país, passou a ser palco de disputas políticas, decisões monocráticas intermináveis e interpretações elásticas da Constituição. Esse grande poder está concentrado em poucas mãos, que coloca em jogo o futuro da própria democracia. Em um país onde opiniões geram processos, em que investigações são abertas com base em interpretações subjetivas e em que criticas ao governo viram justificativas para acusações, deixam claro que a liberdade perde às bases que a sustentam. A democracia é medida pela capacidade do cidadão comum de falar sem medo. 

Finalizo destacando uma afirmação do ex-ministro do STF, Marco Aurelio: O Brasil atravessa um momento político delicado no momento em que o poder se move sem limites claros, onde a justiça é usada como escudo político e onde os freios institucionais se afrouxaram de forma perigosa. Se a democracia é realmente sólida, por que até opiniões viraram alvo de punição   ! 

O supremo tribunal federal precisa deixar de exercer papel político, que não lhe é garantido pela Constituição, e passar a exercer o seu papel institucional, atuando em sintonia com a constituição sem se deixar levar por questões pessoal.


Amaury Cardoso

Graduação em Física, Pós Graduação em Gestão Pública, Pós Graduação em Políticas Públicas e Governo, Pós Graduação - MBA em Marketing, Comunicação, Planejamento e Estratégia em Campanhas Eleitorais, Especialização em Política e Estratégia, Especialização em Ciências Políticas.

Divisão na Direita e Vaidade Política: Escolha de Flávio Bolsonaro Pode Garantir Reeleição de Lula, diz o Analista Politico Amaury Cardoso.



A vaidade política, segundo o analista político Amaury Cardoso, parece ter atropelado a razão dentro da família Bolsonaro. Com medo de perder o protagonismo que o sobrenome ganhou ao longo dos últimos anos, a estratégia do clã teria sido manter inegociável a ideia de lançar um candidato presidencial que carregue o nome Bolsonaro — mesmo que isso não represente o melhor caminho político para a direita.

A escolha de Flávio Bolsonaro como potencial candidato à Presidência, defendida internamente pela família, tem provocado ruídos nos bastidores. Para Amaury Cardoso lideranças políticas tradicionais, especialmente aquelas contrárias à reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva, o nome do senador não empolga, não agrega e, principalmente, não inspira confiança como alternativa viável.

Flávio, apesar de ocupar posição de destaque no cenário nacional, não teria a força necessária para unir os diferentes segmentos da direita. Seus adversários internos consideram que ele não possui o carisma, a habilidade e a capilaridade para coordenar um movimento amplo contra o atual governo. Com isso, o campo da direita caminha para uma eleição fragmentada, enfraquecendo qualquer possibilidade de construir uma candidatura única e competitiva.

O centro político, por sua vez, também se movimenta em busca de outros nomes. Sem encontrar viabilidade nem no bolsonarismo nem em lideranças mais radicais da direita, partidos de centro avaliam alternativas que possam dialogar com diferentes setores da sociedade, afastando-se da polarização extrema que marcou as últimas eleições.

A falta de consenso em torno de Flávio Bolsonaro é vista como reflexo direto de um projeto familiar que se sobrepõe a uma estratégia política ampla. Essa insistência, segundo analistas, cria um cenário que tende a facilitar a vida de Lula. Com uma direita dividida e um centro igualmente disperso, a reeleição do atual presidente se torna cada vez mais provável — quase um caminho natural, pavimentado pela desorganização dos seus opositores.

“A escolha do senador Flávio Bolsonaro como candidato a presidente está longe de obter consenso no campo da direita e do centro. Portanto, não aglutina. Essa decisão, praticamente, assegura a reeleição do presidente Lula”, afirma Amaury Cardoso, autor da análise.

Para ele, a conclusão é clara: quando a vaidade fala mais alto que a estratégia, o resultado costuma ser previsível — e, neste caso, favorável ao adversário.



Amaury Cardoso
Especialista em Ciência Política

A DEMOCRACIA SE FORTALECE COM LIBERDADE E TRANSPARÊNCIA - Artigo: dezembro/2025

Ao longo de cinco décadas de minha militância política e dos meus estudos sobre a ciência da política, diante de tudo que ela abrange em seu...