Cada governante tem o seu estilo, sua visão própria e capacidade de gestão, bem como suas prioridades baseadas em sua convicção política. Diante dessa afirmativa, seria um erro avaliar que nossos problemas se devem somente as pessoas, muito menos ser ingênuo ao não reconhecer erros e acertos na forma como a relação entre os poderes executivo e legislativo foi gerida e em quais escolhas de gestão funcionaram melhor.
Contudo, tenho plena convicção, em especial no ponto específico do avanço das mazelas sociais, que a evolução da desigualdade brasileira está diretamente relacionada ao descaso de décadas com a educação, cujos sucessivos governos em nosso país negligenciaram através de baixíssimos investimentos nesse setor fundamental ao desenvolvimento de uma nação, em razão disso semeando o desastre social que vêm promovendo o avanço da marginalização social, da favelização nas grandes cidades, da violência e da estagnação da produtividade em razão da desorganização macroeconômica.
Entendo que um gestor público com visão moderna de administração precisa ter a clareza da grande dificuldade em compatibilizar o estado de bem-estar social com o intervencionismo em razão de não haver orçamento para ambos, e que ele precisa saber lidar com essa escolha.
Um governante precisa ter a clareza de que qualquer projeto para o país precisa ter como ponto de partida um diagnóstico preciso do que ocorreu em nosso passado recente e propor saídas que atendam os anseios da população e que sejam factíveis. E para tal, não há espaço para aumentar a já elevada carga tributária sendo necessário cortar os gastos em demasia e muitas das vezes supérfluos para que sobrem recursos para a área social, principalmente em saúde, educação e investimentos em infraestrutura urbana com destaque para saneamento básico e mobilidade, tão necessários à população. Qualquer projeto de governo precisa ter como ponto de partida um conjunto de medidas de políticas públicas que se mostrem sustentáveis.
Certo desta visão entendo que o próximo presidente da república a ser eleito em 2022, precisa estar preparado para os enormes desafios pós-pandemia face o agravante de o Brasil ser um país com histórico de uma economia volátil, que irá obriga-lo a liderar um esforço coletivo que seja capaz de romper com o status quo característico do subdesenvolvimento. O próximo presidente precisará estar preparado para um grande período de investimentos transformadores, cujo resultado final irá depender de uma combinação entre a formação de um grande mercado consumidor interno e a consolidação de uma capacidade competitiva no mercado internacional. Caso não consiga consolidar essas duas combinações, ocorrerá o risco de ter que abortar seus projetos de desenvolvimento por insuficiência de recursos financeiros.
Penso ser imprescindível levar adiante e completar uma agenda de reformas estruturantes pontuais, em especial as reformas tributária, administrativa e politica, necessárias ao restabelecimento de um ciclo de investimentos que possibilite promover a redistribuição de renda e do gasto público capaz de sustentar o necessário e fundamental desenvolvimento nacional, tendo como principal consequência o desenvolvimento social brasileiro.
Outro grande desafio com repercussão nas contas públicas é o desequilíbrio fiscal, especialmente em relação ao cumprimento do teto de gastos, essencial à sustentabilidade das contas públicas. A adoção de duras medidas de contenção de despesas visando o cumprimento do teto de gastos é fundamental para o alcance do equilíbrio fiscal e consequente credibilidade junto aos investidores nacionais e internacionais.
Por fim, a meu ver torna-se imprescindível para a quebra da volátil economia brasileira e, redução das incertezas quanto à política fiscal, que o próximo presidente programe e implemente medidas estruturais que garantam uma trajetória sustentável para a relação dívida/PIB. Para um leigo em economia como eu, é prudente encerrar esse resumido ponto de vista, adquirido através de anos de observações e estudos, a fim de não incorrer em maiores erros.
Como sempre, muito proveitoso Dr Amaury, um abração...
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