terça-feira, 29 de junho de 2021

EUA x CHINA: A DISPUTA PELO DOMÍNIO TECNOLÓGICO ENTRE AS DUAS MAIORES SUPERPOTÊNCIAS. - Artigo: Junho/21




China e Estados Unidos, são responsáveis por 40% de tudo que se produz no mundo, têm economias entrelaçadas, o que reforça a previsão de que essa rivalidade entre as duas superpotências não tem hora para acabar, pois estão enredados em uma guerra comercial e tecnológica sempre a um fio de explodir. Contudo, segundo o professor de Relações Internacionais da UFPE e pesquisador do Instituto de Estudos da Ásia da UFPE, Renan Holanda, diferentemente do contexto da Guerra Fria, não devemos observar conflitos militares, diretos ou indiretos, envolvendo China e EUA. “Uma questão fundamental é a interdependência gigantesca entre os dois países, diferente da URSS e os EUA que tinham laços quase inexistentes, o comércio entre EUA e China é brutal, então é problemático transpormos esse termo”, justifica.
Tenho pesquisado sobre a disputa pela hegemonia tecnológica que está opondo as duas maiores superpotências, Estados Unidos e China, e tenho observado que a intenção de ambas é o de dominar essas tecnologias com o principal intuito de usá-las para assegurar a estabilidade dos governos, por meio da vigilância e do controle sobre as populações, e não da democracia. China e Estados Unidos querem dominar a tecnologia para desenhar o futuro. Mas a imagem desse futuro que aparece, nos dois casos, ainda que com diferenças, é perigosamente autoritária e ditatorial.
O crescimento tecnológico chinês tem, porém, como mostra a revista do MIT, um enorme ponto fraco que é o da produção de microprocessadores. Apesar de a China ser o maior mercado e de mais rápido crescimento para semicondutores, nenhuma fabricante chinesa faz parte da lista das 15 maiores fabricantes de chips do mundo. Os mais avançados microprocessadores são feitos por empresas dos Estados Unidos, Taiwan, Japão e Europa Ocidental. Os EUA produzem metade dos chips importados anualmente pela China.

A implantação da rede móvel de quinta geração é um acontecimento de grande importância na internet porque vai permitir dar um salto para aplicações e usos que possivelmente ainda não tenham sido inventados. A 5G vai permitir aceder à net a partir do celular com velocidades de download e upload exponencialmente superiores ao 4G (20 vezes mais) e uma latência reduzida a 1(um) milissegundo e não aos 40 milissegundos do 4G. Comparando: o 3G permitiu-nos navegar na net e ler textos e ver imagens nos smartphones; o 4G permitiu-nos ver filmes on-line pelo sistema de streaming; o 5G vai nos permitir entrar num mundo de realidade virtual, ou andar em carros sem condutor que se comunicam entre si para evitar acidentes, controlar a distância todos os equipamentos de nossa casa, ou... bem, um futuro de aplicações que ainda não foram inventadas.

A revista Time escreveu recentemente que a corrida ao 5G é a mais importante luta pela supremacia tecnológica global desde a famosa corrida espacial em que os Estados Unidos venceram a União Soviética e puseram na Lua o primeiro astronauta. “O vencedor levará para casa bilhões, ou até trilhões em lucros e ganhará um poderoso lugar à mesa dos criadores da infraestrutura para o próximo bilhão de utilizadores da Internet”, diz a reportagem.

A disputa tecnológica China X Estados Unidos é um confronto entre superpotências, uma em ascensão e outra envolvida num processo de lenta decadência. Ambas procuram ter hegemonia das tecnologias que vão definir o futuro. Essa “guerra fria” na área tecnológica pode ter efeitos positivos para a humanidade: os supercomputadores, por exemplo, têm o potencial de ajudar a definir novos medicamentos que salvem milhares de vidas; ou de prevenir com mais antecedência a formação de furacões. Mas também pode fornecer ferramentas para reforçar os poderes de controle sobre os respectivos povos, tornando reais as piores distopias já imaginadas. Infelizmente, é isso que já está acontecendo na China e também dá passos nos Estados Unidos.


A introdução acelerada do capitalismo na China e o seu crescimento exponencial correram a par da manutenção de um regime de partido único e da persistência de uma ditadura obcecada pelo controle absoluto da sua população, para que não possam repetir-se episódios de contestação ao governo como o que ocorreu há 30 anos e foi simbolizado pela ocupação da praça Tiananmen por estudantes. 

A disputa pela hegemonia tecnológica está opondo as duas maiores superpotências; mas essas mesmas tecnologias são usadas para assegurar a estabilidade dos governos, por meio da vigilância e do controle sobre as populações, e não da democracia. China e Estados Unidos querem dominar a tecnologia para desenhar o futuro. Mas a imagem desse futuro que aparece, nos dois casos, ainda que com diferenças, é perigosamente autoritária e ditatorial.

No campo financeiro o século 21, já entrando na sua terceira década, exibe uma dicotomia decisiva. Por um lado, o capital especulativo ditando as regras de acumulação e das relações trabalhistas no panorama dominado pelo Ocidente, onde o Estado serve prioritariamente aos interesses das casas financeiras e a seu imenso poder político-econômico; por outro, a ascensão da China, que abriga o maior PIB mundial e tem no Estado o principal agente organizador e catalisador dos seus expressivos índices de desenvolvimento que perpassam pelo conjunto da sociedade chinesa e se fazem sentir em âmbito global. Qual será o desfecho entre esses dois modos de gerir a coisa pública e o capital? O capital que vive de juros se afirmará soberano no planeta? Ou é possível conciliar mercado e os valores de uma sociedade socialista? E, ainda, como foi/é possível os chineses se adaptarem às exigências da conjuntura dos últimos 40 anos e, ao mesmo tempo, preservarem os ideais de sua autoproclamada sociedade socialista? 

Contudo, um tópico parece claro: dos dois modos em disputa, um prevalecerá. Pois, se o capital especulativo é um fator crucial na atual crise sistêmica, também se configura num dos aspectos responsáveis pela queda da hegemonia ocidental liderada pelos Estados Unidos e pela consequente abertura de espaço para ascensão de uma nova força mundial, a China. Os sinais dessa convulsão e mudança macroestrutural estão em curso e são cada vez mais claros.


Immanuel Wallerstein, em Declínio do Poder Americano (2004), destaca que os Estados Unidos sofrem um constante e irreversível declínio. O que significa a decadência estrutural de um padrão capitalista que deverá ser suprido por outro modelo de capital ou, ainda, por uma revolução social. Para tanto, há em sua tese dois aspectos essenciais: a redução do nível competitivo dos Estados Unidos – explicada também pelo desvio de recursos para guerra e a diminuição de seu poder monetário do dólar –, coadunado a uma perda de legitimidade (WALLERSTEIN, 2004). O futuro próximo nos trará as respostas.


Amaury Cardoso
www.amaurycardoso.blogspot.com.br

sábado, 12 de junho de 2021

O SÉCULO XXI NOS RESERVA A MAIOR REVOLUÇÃO DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE! - ARTIGO: MAIO/21



O mundo está em convulsão diante de uma situação complexa, ameaçadora e contraditória, e corre um grande risco de sérios conflitos no campo humano, econômico e ambiental. Este alerta se sustenta no fato de estarmos observando uma degradação acelerada do meio ambiente, a volta do surgimento de tendências fascistas, segregacionistas, obscurantistas observadas em muitos governos revelando o lado mais irracional e odiento do ser humano, o risco de novas guerras, a desigualdade de renda e de riqueza se ampliando agravadas com a volta da pobreza para bilhões, tudo isso face o retorno da hegemonia do liberalismo capitalista mais radical praticado por muitos governos. Vivenciamos crises econômicas e políticas decorrentes do avanço em escala global do neoliberalismo que tem causado sérias consequências para a população de alguns países em razão de estar levando à ascensão formas autoritárias de governo neoliberais. Contudo, é inegável que no campo do bem estarà humanidade no geral está melhor apesar dessas contradições.

A população mundial tem crescido de forma acelerada nas últimas décadas e atinge na segunda década do século XXI o número de oito bilhões de pessoas, o que tem levado a uma fenomenal necessidade de elevação da produtividade e da produção de alimentos. Para tal, ocorrem uma grande ampliação das áreas agricultáveis, terras que estão sendo subtraídas em grande escala pelo ser humano, senhor do planeta,em detrimento de desmatamento de florestas e elevado sacrifício de animais. O avanço da crise ambiental, tendo como consequência maior o aquecimento global e as mudanças climáticas, tem como causa principal a ambição sem limites pelo lucro motivado pela ação econômica humana e, paradoxalmente, a única saída parece ser uma reforma radical no sistema, para a qual as elites se recusam a contribuir pelos motivos óbvios do lucro insano.

Presenciamos uma revolução tecnológica descomunal, que tem permitido aos seres humanos um poder sequer pensado antes, onde toda população está integrada em uma rede de comunicação em tempo real. O avanço das redes sociais é o símbolo do início da nova era.

É fato que o avanço tecnológico é inevitável e seus efeitos irreversíveis. No século XXI a automação através da robótica amplia sua participação em todas as esferas de trabalho e as áreas atingidas na sua grande maioria serão as que mais empregam mão de obra exercida por pessoas com pouca instrução e pouco conhecimento.

O futuro próximo será implacável para os trabalhadores nas áreas primária, secundária e terciária, ou seja, nos setores de serviços, produção e montagem, não que outras áreas de trabalho estejam protegidas da competição da máquina, pois a Revolução 4.0 na indústria vem impondo, em especial na periferia, uma competição predatória pela depreciação da força de trabalho.

As consequências do desemprego causado pela competição da máquina/robótica versos ser humano precisa ser avaliada e de alguma forma amenizada. O avanço tecnológico é inevitável, e acima de tudo necessário para a melhoria da qualidade de vida da humanidade. Porém seus efeitos negativos são muito preocupantes, pois o que fazer com milhões de pessoas que são substituídas pela tecnologia? Estamos diante da maior revolução da história da humanidade! Há tempos venho manifestando a preocupação sobre os graves sintomas social resultante desse avassalador avanço tecnológico, bem como sobre o fato de os homens, em especial os excluídos do conhecimento e menos capacitados tecnicamente, por sobrevivência se tornar inimigos do progresso.


Tenho o entendimento de que a gula do capitalismo e o avanço do neoliberalismo devam ser contidos em virtude do risco do aumento, em grande proporção, do desequilíbrio social em decorrência da grande escassez de renda por falta de emprego. Não haverá saída para os que não se adequarem à nova realidade que se impõe, pois as transformações, que já ocorrem, pode ser mais ou menos rápida, contudo certamente profundas.

Esse é parte do cenário que eu vejo se desenhar. Competição intelectual e tecnológica cada vez mais acirrada, onde o importante papel da educação de qualidade e universalização ao acesso do conhecimento se torna fundamental e imprescindível! Quem não o possuir está alijado, excluído do mercado de trabalho e, consequentemente, marginalizado socialmente.

Atualmente presenciamos a quarta Revolução Industrial, com uma convergência de tecnologia digital, física e biológica. Esta mudança provocará alterações nos sistemas econômicos, sociais e educacionais que passaram a ter como objetivo a melhoria de vida e bem estar da sociedade. Contudo, só aos que estiver alinhada a essa nova revolução serão capazes de passar para a “próxima fase”, o que pode também ser entendido como “Darwinismo” tecnológico, onde a inovação tecnológica será o eixo. A tecnologia da informação exigirá cada vez mais profissionais qualificados, trazendo como impacto negativo a perda de muitos postos de trabalho por conta da automação.

Por fim, o século XXI será marcado por profundas e rápidas mudanças tendo como resultado profundas exclusões! Para os países que continuarem com baixo nível educacional e atraso no campo da inovação e ciência & tecnologia, às sequelas no campo do desenvolvimento humano, social e econômico serão catastróficas! É preocupante e muito sério o que o futuro reserva aos marginalizados socialmente em razão do pouco conhecimento e deficiência de capacitação técnica/profissional.

Diante do que foi revelado pelo processo histórico civilizatório através dos impactos causados pelas grandes transformações causadas pelas quatro fases da revolução industrial ocorridas até agora, fica a indagação: O que os novos acontecimentos sociais, econômicos e ambientais nos ensinam, que possam nos orientar sobre as consequências que advirão para o futuro próximoda humanidade acerca da trajetória da evolução tecnológica avassaladora que está em curso neste século?Colocando na balança os prós e contras, hoje, para mim fica difícil arriscar uma previsão, razão pela qual vejo o atual quadro como extremamente preocupante.

Diante desse pequeno resumo de fatos, causas e efeitos, não tenho dúvidas de que a humanidade conhecerá “milagres” que, hoje, não podemos imaginar!



Amaury Cardoso

Blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br

VIVEMOS EM UMA REPÚBLICA, CONTUDO MUITAS PESSOAS ENTRAM EM CONFLITO COM OS SEUS CONCEITOS! - Artigo: novembro/2024

O conceito de República esteve associado ao longo dos anos a um Estado que retrata a preocupação com o bem comum, independente do tipo de re...