terça-feira, 2 de junho de 2020

OS RISCOS DE UMA CRISE INSTITUCIONAL PROFUNDA. - ARTIGO: JUNHO/2020


“Quando um Estado tem suas instituições em situação de descrédito, começa a ruir toda a ordem institucional”. 

É preocupante o fato de constatarmos que o Brasil não se preparou para esse momento de pandemia, e se mostra vulnerável no setor econômico diante da declaração do ministro da economia de que “o país quebrou e que suas reservas não possui lastro”. O ministro Paulo Guedes, com essa declaração, passa uma insegurança para o mercado em razão de evidenciar a vulnerabilidade do país no campo econômico. 

Não obstante o fato de estarmos enfrentando uma crise econômica que tem tudo para se agravar, o país se encontra diante de uma crise institucional séria e preocupante face seus desdobramentos, pelo fato dos poderes da república não se entenderem e entrarem em conflito gerando uma crise política que só contribui para acelerar a crise econômica em nosso país, em virtude de inviabilizar o debate e aprovação, nas duas casas no Congresso, das importantes reformas: tributária, administrativa e política/eleitoral. 

O país está dividido no campo político, sem hierarquia e sem comando e isso é grave, principalmente, nesse momento de crise sanitária. As consequências desse acúmulo de crises para a população brasileira são severas levando ao aprofundamento da crise social, por ampliar as desigualdades em virtude do aumento do desemprego. 




É preocupante o fato de não se perceber, em curto e médio prazo, a possibilidade de haver um entendimento por parte das lideranças dos três poderes da república que levem a chegar a um consenso nas questões que são essenciais para amenizar os efeitos danosos no campo econômico e social pós-pandemia. Se as divergências no campo político e ideológico não forem deixadas de lado nesse momento em prol do país, as chances de se evitar um colapso econômico de grandes proporções serão pequenas. 

Há uma necessidade de se chegar a uma pauta mínima de medidas de consenso entre união, estados e municípios, caso contrário iremos enfrentar uma situação de casos de fome, onde milhões de pessoas não terão o essencial, e com isso se estabelecendo os ingredientes que levarão a uma desordem social de consequências imprevisíveis. 

A possibilidade de se chegar a uma situação que leve a desordem social, é um fator de extrema relevância que exige um movimento de união nacional entre os poderes institucionais, através do entendimento de que o que está em jogo é o destino de milhões de brasileiros que se encontram vulneráveis, muitos na marginalidade social, diante de um cenário de grande recessão pós-pandemia. 

A pauta de medidas deve priorizar um planejamento conjunto que vise amenizar os efeitos do alto índice de desemprego, a possibilidade de casos de desabastecimento, o socorro financeiro aos pequenos empreendedores e as micro, pequenas e médias empresas. 



A história universal tem registrado que a hora que as ruas se insurgem com críticas aos poderes de uma nação, esse é um forte sinal de que começam a aflorar o sentimento de revolta. É quando o povo não sabe a quem apelar e confiar. Esse desespero abre espaço para o surgimento de radicalismos, e casos de propostas de soluções extremadas passam a serem consideradas. Esse quadro favorece a uma situação de ruptura social, o pior que pode acontecer a uma Nação. 


O Brasil precisa urgentemente construir o seu grupo estratégico e, através dele, entender os efeitos da resseção mundial que já se instalou e como pensam os grandes monopólios financeiros espalhados pelo mundo e que não tem pátria, analisar seus impactos e construir um plano de ação amplo e robusto. Não o fazendo o Brasil irá sofrer um processo de desnacionalização de grande parte de suas empresas, com o risco da perda de sua soberania, se tornando um país servil diante dos interesses internacionais em nossas reservas. 

O governo brasileiro não pode continuar em estado de inação, sob o risco de colocar o nosso país em situação de alto risco diante do que virá pós-pandemia. Não havendo um gesto de grandeza dos líderes dos três poderes, a crise política, econômica e social brasileira continuará a avançar com fortes implicações geopolíticas regionais. 

Que as diferenças políticas, ideológicas e as vaidades sejam postas de lado e o espírito cívico e o bom senso prevaleçam!!! 


Amaury Cardoso 

Blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br

Um comentário:

  1. Que assim seja dr., muitíssimo agradecido pela lucidez deste post! Como sempre muitíssimo proveitoso.

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