Nossas sociedades
enfrentam crescentes crises em decorrência do agravamento das desigualdades,
das questões climáticas, do aumento da fome, da imigração desordenada, da
intolerância, da descriminalização, do terrorismo, da xenofobia, do
protecionismo e do autoritarismo, que se revezam no seu grau de gravidade nos
cinco continentes dependendo do nível de desenvolvimento econômico, social e
humano de cada pais. Contudo, dentre esses males sociais que atingem fortemente
as sociedades contemporâneas, e que vem causando em alguns países maiores
riscos de convulsão social, destaco como maior relevância a questão das
desigualdades no campo da oportunidade ao acesso a educação de qualidade e ao
trabalho e renda.
Embora a Globalização
seja um fator relevante no sentido de ter retirado centenas de milhões de
pessoas da linha da pobreza pelo fato de ter barateado os produtos básicos e,
com isso, alavancado o desenvolvimento de vários países que por séculos viviam no
atraso econômico e social, por outro lado aprofundou a desigualdade de renda
entre os que têm acesso a uma educação de qualidade, ao conhecimento e dominam
as profissões que exigem o domínio de alto valor tecnológico agregado, e com
isso se tornam inovadores, tendo esses aspectos resultado no aumento da
concentração de riqueza em algumas pessoas espalhadas em regiões do planeta.
Diante dessa cruel realidade, o grande desafio do século XXI será equilibrar a distribuição da riqueza de forma a torná-la mais equitativa, principalmente diante das grandes transformações causadas com a chegada da quarta revolução industrial, a chama “Revolução 4.0” e seus efeitos adventos da competição sofrida pelo ser humano através dos algoritmos, responsável pelo avanço da robótica e da Inteligência Artificial, que fazem as máquinas analisar dados em uma velocidade que um humano não conseguiria em uma vida inteira. Esse diferencial tem ocupado espaços na produção, retirando empregos e, em razão disso, resultando na formação de uma enorme contingente de pessoas sem trabalho, o que vem ampliando as desigualdades. No livro “A segunda era das Maquinas”, Brynjolfsson afirma que a sociedade precisa discutir a distribuição da prosperidade com urgência. Afinal, a indústria 4.0 trará riqueza para alguns, mas a demissão de milhões. Uma pesquisa realizada em 2016 junto a empresários de 15 países de forte economia estimou que as novas tecnologias suprimiriam até 7 milhões de postos de trabalho em países industrializados nos próximos cinco anos seguintes, e tal previsão vem ocorrendo.
Devemos ter o
entendimento de que o avanço da tecnologia industrial é inevitável e está cada
vez mais eficiente, mais inteligente, mais rápida e mais precisa, em razão desse
fato, não devemos enxergá-la como algo ruim e sim buscar compreender o momento
para melhor aproveitar os impactos positivos e minimizar os negativos.
No caso específico
brasileiro, os principais desafios da Indústria 4.0 é o fato da nossa economia
ser baseada em serviços e em produtos de pouco valor agregado, altamente
sujeitos à volatilidade do mercado internacional e com margens de lucro
pequenas. Nossa indústria, mesmo se comparados a outros países em
desenvolvimento, se encontra estagnada, com baixo valor tecnológico agregado, o
que deixa claro que implantar a realidade da Quarta Revolução Industrial em
nosso país é um desafio, tendo em vista que além de atrasados sempre
engatinhamos nas revoluções anteriores.
Para mudar essa
realidade, o Brasil precisa formar profissionais qualificados, para PLANEJAR,
EXECUTAR E GERENCIAR as inovações tecnológicas. Além do conhecimento técnico,
se faz necessário a CRIATIVIDADE, PROATIVIDADE E GOSTO DE INOVAÇÃO, ofertando
uma melhor infraestrutura em logística e telecomunicações. Diante da realidade
da falta de vontade política de governos passados em tratar a nossa educação e
a pesquisa em Ciência & Tecnologia como elementos fundamentais e
imprescindíveis ao desenvolvimento de uma nação, temos como certa a permanência
do atraso do nosso país, impossibilitando a curto e médio prazo ingressar no
cenário das potencias desenvolvidas, o que resulta constatar que a permanência
da nossa, já muito tempo grave, desigualdade social e baixo IDH será
responsável por resultados num futuro próximo alarmantes e de conseqüência
previsível.
Amaury Cardoso
Blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário