“O PODER NÃO CORROMPE O
HOMEM, É O HOMEM QUE CORROMPE O PODER”.
ULYSSES GUIMARÃES.
Diante
que tudo que tenho assistido durante os longos anos de minha militância
política posso afirmar que não há elegância na política. O atual momento
político brasileiro tem revelado um parlamento composto na sua maioria por
políticos egoístas, ávidos por dinheiro e poder a qualquer preço e que podem
ser seduzidos ou chantageados para aceitar o jogo do sistema corrupto que atua
fortemente na condução e garantia de seus interesses.
Os valores morais e éticos atravessam uma
profunda crise. Essa cultura corrupta tem se alastrado de forma perigosa por
gerações cujos seus efeitos destruidores na sociedade são extremamente
preocupantes. A ambição nas pessoas é um elemento positivo quando pode ser
controlada, quando não dominada é presa fácil da ganância e do suborno.
Infelizmente o que se percebe é que no atual
jogo político têm faltado escrúpulos, tem faltado ética, o que torna as chances
de mudar o establishment, ou seja, seu status quo, com a atual composição
das peças que jogam, bastante difícil. Contudo, é fato que as investigações em
curso da operação Lava-Jato irão soterrar a carreira política de muitos
políticos que detém grande influência política no atual sistema vigente, o que
já contribui para o processo de renovação.
O aprofundamento da renovação está, como sempre
esteve, nas mãos do cidadão eleitor, só que agora o componente do sentimento
aflorado da indignação tem sido responsável pelo alto descrédito com a classe
política o que leva a uma forte predisposição em não votar em nomes
tradicionais da política.
A sociedade faz uma leitura de que há uma
denuncia ao sistema político vigente através da corrupção que esta sendo
revelada em ampla escala englobando as cúpulas partidárias, as adjetivando como
“organização criminosa”. Percebo que esta é a interpretação da maioria das
pessoas, confirmadas pelos institutos de pesquisa, o que compromete a
sobrevivência de muitos atores políticos.
Estamos diante de um grande desafio que é o de
repensar e montar outro sistema representativo. Se tudo isso for verdade a
falência desse sistema político se confirma com a morte política dos seus
sustentáculos políticos.
A descrição trazida a público através das
investigações da polícia federal e do ministério público federal são
arrasadoras ao sistema político atual e sua classe política, salvando-se um
percentual pequeno do atual parlamento nas três esferas do legislativo, e tem
sido responsável pelo nítido crescimento do desinteresse do eleitor em votar,
também associada a pratica política da venda de esperança para obter o
voto fácil, muito comum nas comunidades carentes e em bairros da periferia, que
na grande maioria das vezes não se concretiza, se transformando em desilusão
que tem sido outro fator que tem levado ao descrédito a classe política.
Os discursos de vários membros do Supremo
Tribunal Federal deixam clara a posição de que se chegou à falência do sistema
político brasileiro. É evidente que a sociedade esta frustrada, os índices dos
que optam pelo “não voto”, que tem crescido nas últimas eleições, é uma
comprovação. O quadro eleitoral hoje é de partidos degradados, que abre espaço
para o preenchimento de figuras populistas, o que não é novidade no processo
político em crise.
Percebo que já existem conversas de grupos
políticos descontentes e preocupados com o atual momento da política e que
querem emergir e se contrapor a esse sistema político corrupto. Resta saber se
serão capazes de convencer a sociedade de que não será outra fraude como foi o
PT de Lula que se apresentou como diferente dos outros, guardião da ética e da
moralidade e que combateria a corrupção.
É difícil perceber o poder que esta por trás
do poder. Há pessoas que não se importam se são amadas ou odiadas. Só se
importam em tirar proveito do sistema corrupto, em seguir o fluxo e sair
ganhando. Essa atitude tem causado uma perda de confiança na democracia diante
da frustração que a classe política vem causando.
A recuperação da confiança da sociedade na
classe política e nas instituições partidárias dependerá da capacidade de
autocrítica que possam ter e o grau de mudança nos métodos de atuação, no seu
comportamento e sua predisposição de se renovarem, e essa atitude só irá
acontecer após vencer muitas resistências internas. Só dessa forma haverá, de
maneira muito lenta, junto a sociedade a recuperação da esperança de que a
política será exercida de forma ética voltada para os interesses da
coletividade.
Amaury
Cardoso
Presidente
da Fundação Ulysses Guimarães do Estado do Rio de Janeiro
Blog
de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com
e-mail
de contato: amaurycardosopmdb@yahoo.com.br