Quando um governante perde a condição de circular com tranquilidade sem risco de ser hostilizado, ou é impedido de falar a população por receio da reação popular, o sinal de crise passa a ser indiscutível e a insustentabilidade do governo se torna evidente.
No atual cenário social brasileiro, onde se instalou uma crise sem precedentes institucional e político, tudo é possível. Percebe-se uma visível perplexidade na maioria da população, e o índice de desaprovação à atual presidente e ao seu governo é recorde na história política brasileira.
Estamos diante de um momento crucial, onde decisões terão que ser tomadas ou a possibilidade de uma convulsão social não pode ser descartada. O desgaste do partido dos trabalhadores creio ser irreversível, pois os dois tesoureiros da direção nacional do PT, Delúbio Soares e João Vaccari Neto, estão presos por envolvimento nos dois maiores escândalos da história política contemporânea, além do seu quadro mais importante, o ex-presidente Lula, está em declínio de popularidade e credibilidade.
Tudo isso deve-se a arrogância e auto suficiência que o PT demonstrou quando teve a chance preciosa de mudar o Brasil para melhor nesses treze anos de governo, mas ao invés disso, embriagou-se com o poder e se achando o dono da verdade isolou-se, tomando para si todas as decisões políticas e econômicas, que se revelaram equivocadas, e deu no que deu, a criação de uma teia de corrupção com o objetivo de sustentar o poder em torno do partido dos trabalhadores a qualquer custo.
Negar as acusações de corrupção, quando os fatos e circunstâncias, através de provas irrefutáveis, que não deixam dúvidas, é o que a direção do partido tem utilizado resistindo em admitir o fato de terem promovido a institucionalização da corrupção na máquina de governo, reveladas em dois grandes escândalos: o mensalão e o petrolão, este segundo de amplitude extremamente superior, o maior da história da república brasileira, com ramificações, segundo as investigações da operação Lava - Jato que vem revelando a cada passar do dia que várias empresas públicas, principalmente na área de energia, e agora respingando no BNDES, que sempre foi considerado uma caixa - preta indevassável em razão de nunca ter informado para quem e em que circunstâncias foram concedidos os empréstimos bilionários a juros camaradas desde o início do governo Lula, em 2003. A força-tarefa da Lava-Jato concluiu um levantamento que revela que o BNDES teria destinado a Petrobras a cifra de R$ 17 bilhões para financiar obras que estão sendo investigadas por superfaturamento, como é o caso do empréstimo de R$ 9,4 bilhões a refinaria Abreu e Lima, em 2009, além de financiamento de obras em outros países, também, através de empréstimos do BNDES. Essa caixa-preta precisa ser aberta, e o governo Dilma tem o dever moral de dar transparência sobre os "empréstimos camaradas" realizados por esse Banco público. Isso é muito grave!
A pratica sistêmica de corrupção implantada pelo PT, que expõe diretamente suas principais lideranças, algumas julgadas e presas, causou ao partido um colapso ético, aniquilando seu passado caucado na defesa da ética e moralidade, colocando o partido dos trabalhadores no campo da marginalidade política. A estratégia petista para se manter no poder tem sido a de promover a radicalização ideológica, chegando ao ponto de ameaçar as ruas com supostos exércitos do MST.
A esmagadora maioria dos brasileiros clamam por um Brasil real, uma vida real, querem um governo competente, com procedimentos morais e éticos, querem liberdade de expressão para declarar livremente sua opinião, enfim, querem respeito. O estado não tem dono, a sociedade é autônoma e possui liberdade de exercer sua identidade. Não aceita mais a corrupção que se alastra na classe política. Se revolta com o falso moralismo, principalmente daqueles que se auto intitulam "revolucionários de esquerda", "guerreiros do povo brasileiro", cujas suas praticas e envolvimento em escândalos já os desmascararam.
É de estarrecer as imoralidades praticadas por um partido que na sua fundação afirmou que "surgia para ser diferente dos outros", e agora se vê diante dos efeitos de um projeto criminoso de poder responsável pela sangria de bilhões de reais desviados da Petrobras.
As investigações avançam para o setor elétrico, as obras do PAC e os "empréstimos camaradas" do BNDES. Porém, mesmo com provas documentais do envolvimento de dirigentes da alta cúpula do PT, dos repasses de parte da "propina" em doações eleitorais ao partido dos trabalhadores, pagas pelos cofres públicos, com dinheiro subtraído do bolso de cada brasileiro, a direção petista insiste em se colocar como vítima das elites brasileira e da perseguição da mídia.
Destaco um trecho do artigo da escritora Rosiska Darcy de Oliveira, que define, ao meu ver, com precisão: "A MENTIRA tem uma logica implacável. Só é possível mantê-la graças a mais MENTIRAS. Essas MENTIRAS a mais vão exigir, para que não sejam descobertas, uma cadeia de novas MENTIRAS. A MENTIRA é um poço sem fundo. Com o tempo, ela invade tudo e passa a alimentar-se a si mesma".
Para o mentiroso, o hábito da MENTIRA acaba por transformá-la na sua verdade. Ele se sente injustiçado quando o acusam de MENTIR. O impostor que se apresenta como herói sofre quando lhe dizem que ele não é se não um MENTIROSO impostor.
Agora no auge do desespero a presidente Dilma, seguindo o conselho do seu mentor Lula, convocou o vice-presidente, que antes foi deixado de lado, para exercer a coordenação política jogando-o às feras, tendo ele, ao nosso ver, ingenuamente aceitado esse papel, ou por vaidade ou acreditando ser capaz de exercê-lo sem desgaste.
O PMDB de hoje conserva o ranço da sua origem. Prevalece ainda a histórica divisão entre o PMDB da câmara e o do senado. Tanto Renan quanto Cunha estão em permanente litígio com o governo. Isso quer dizer que ninguém, nem Temer, pode garantir nada a Dilma, sem o aval dos dois. O senador Renan e o Deputado Cunha mantêm diferenças, o que torna ainda mais instável e imprevisível a situação dentro do partido. A realidade é que o PMDB cansou de ser legenda das "antes salas palacianas".
Diante da atual realidade política, nós que desejamos o melhor para o país não podemos esperar, devemos agir e agir conscientemente, afastando do poder nacional todos esses corruptos que levaram a política nacional à uma crise moral e ética sem precedentes.
A sociedade civil esta se mobilizando, ocupando às ruas, afirmando sua indignação e espírito cívico, o que demonstra interesse pelos destinos do nosso país. No entanto, o que é de se estranhar é o silêncio de entidades que, em outro momento triste do Brasil estiveram à frente na defesa do Estado Democrático de Direito, em especial a OAB, UNE, parcela de intelectuais, artistas e sindicatos.
Qual a razão desse silêncio?
Amaury Cardoso
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