quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O TEMPO PERDIDO NO AVANÇO POLÍTICO. ARTIGO: SETEMBRO/2014

Fazendo uma retrospectiva dos momentos políticos vividos pela minha geração, tendo passado por longo tempo ( 1964 à 1989) sem eleições gerais para presidente, período de cassações, perseguições política e proibições de manifestações, vivi intensamente um movimento de resistência ao regime militar, participei de campanhas fundamentais para o restabelecimento do regime democrático de pleno direito.

Recordo-me da campanha pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita, que permitiu a volta dos exilados, a campanha das Diretas Já e a campanha da Redemocratização, com a importante eleição indireta de Tancredo Neves a presidente no colégio eleitoral, que pôs fim ao ciclo de mais de 20 anos de governo militar, depois as passeatas pelo impeachment de Collor e, logo após, o movimento pela estabilização da economia, em meados dos anos 90, realizadas no governo FHC, e finalmente, assisti a eleição de Lula e o avanço do processo social da década passada. As conquistas foram lentas, mas alimentavam o sentimento de querer mais.

Com tristeza, percebo que essas lutas políticas que alimentaram os meus sonhos de juventude de mudar o Brasil, embora tenham provocado mudanças importantes, estão demorando a se concretizarem. É angustiante você perceber que seus sonhos do passado, sonhos e ideais políticos de 30 anos atrás, com o passar do tempo se tornam mais distantes.

Os processos eleitorais dos últimos anos, e o deste ano com mais evidência, tem revelado que o ciclo a que me referi acima, iniciado com o golpe militar de 64, esta terminando. Os partidos de hoje passam ao largo da maioria das pessoas, em especial para a juventude em razão do esgotamento de suas propostas, confirmando um quadro institucional partidário falido.

O que vivíamos a 30 anos atrás, a mobilização das ruas levantando a bandeira das eleições diretas, hoje se reflete numa descrença no processo político eleitoral, com a juventude inclinada para o voto branco e nulo, e muitos não interessados em se inscrever para votar, com o agravante do considerável número de abstenções.

Essa recusa é sintomática, que atinge diretamente os políticos e a instância partidária. Essa mensagem precisa ser entendida como advertência e alerta no sentido da necessidade da melhora da qualidade política e aperfeiçoamento da democracia representativa.

A sociedade não aceita mais “alianças” para sustentação da tal “governabilidade” em troca de espaços de poder, que passa a ser sustentada por uma base fisiológica e corrupta, com forte aparelhamento partidário, a exemplo do projeto de poder construído nestes 12 anos de governo do PT, responsável pelo aprofundamento da vergonhosa degeneração de nossas práticas políticas.

Essa perda de confiança e indignação com as práticas de governabilidade que se sustentam no aprofundamento da sucessão de escândalos praticados no governo petista, gerou uma crise institucional que atingiu frontalmente a necessária decência no trato da coisa pública, que precisa ser contida.

Não podemos nos eximir da responsabilidade de provocar a necessária mudança e, tão pouco podemos perder tempo. O novo congresso, cuja a renovação poderá influenciar nesse sentido, devido as evidências colhidas nesta eleição, onde a sociedade deixou claro não aceitar mais o atual, viciado, excludente e elitizado jogo eleitoral, razão pela qual a reforma política não tem como não entrar na pauta já em 2015. Esta eleição é uma prova incontestável de que o atual sistema eleitoral esta falido.

Não há outro caminho para a regeneração senão as urnas oficializando a mudança.



                                                              Amaury Cardoso
                                                 Presidente Estadual da Fundação Ulysses Guimarâes/RJ
                                            Blog:  www.amaurycardoso.blogspot.com
                                             Site:   www.fug-rj.org.br
                                            E-mail: amaurycardosopmdb@yahoo.com.br




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