Diante do resultado apertado, que
confirmou estarem os brasileiros divididos, a presidente Dilma obteve a
concessão de 51,64% dos votos válidos para dirigir os rumos do país por mais
quatro anos. Este quadro traz a confirmação de que o país esta dividido. populacionalmente
e geograficamente, é demonstrada pelo fato do “vencedor” ter obtido uma vitória
apertada, conquistada no “Fio do bigode”, o que exigirá da presidente reeleita
muita humildade, sabedoria e capacidade de diálogo e articulação política,
diante de uma oposição que sai bastante fortalecida, e com credenciais para
exigir mudanças de rumo na condução do país e as necessárias reformas.
Dilma em seu próximo mandato irá
enfrentar tempos difíceis, causados pela insistência em continuar conduzindo a
economia através de projetos que se revelaram frágeis e falhos, que não deram
resultados, gestão ineficiente e a grave crise institucional que se desenha
devido ao aparelhamento partidário que permitiu um elevado número de
escândalos, sendo a corrupção na Petrobras, maior empresa brasileira, a ponta
de um iceberg que começa a revelar a participação de cabeças coroadas da
república do caixa 2.
Dilme venceu em 15 estados, na
grande maioria do norte e nordeste, e Aécio venceu em 12 estados, concentrados
no centro-oeste e sul, ficando a região sudeste do país dividida, com uma
razoável vantagem para Aécio face a surpreendente vitória que obteve no maior e
economicamente mais forte estado de São Paulo. Esse resultado estabeleceu uma
divisão clara entre norte e sul do nosso país.
Diante de um país dividido
eleitoralmente, do sentimento presente de mudança em razão de um quadro de baixo
crescimento, inflação em alta, infraestrutura desmantelada e investimento em
queda, o futuro governo precisará dar respostas urgentes.
Nesses 12 anos de governo do PT,
o Brasil em geral tem chegado atrasado e o nosso ritmo de crescimento é um dado
claro desse atraso, exemplo no fato do Brasil ter, neste período, crescido 4%
ao ano em média, contra 4,8% do crescimento mundial e 7,6% do crescimento dos
países emergentes. Estamos com a inflação em alta, enquanto o mundo com
inflação em baixa; nosso crescimento zero, enquanto os emergentes crescem na
média de 4,5% ; nossa taxa de juros na casa de 11% ao ano, bem acima do padrão
mundial e dos emergentes.
Com relação ao alardeado baixo
desemprego, em artigo recente o jornalista Carlos Alberto Sadenberg sustenta
que se deve as mudanças que foram se consolidando e não uma proeza do atual
governo, destacando: “Neste momento, o Brasil não gera empregos, a população
trabalhando é estável faz algum tempo, segundo dados do IBGE. E, se continuar
sem crescimento econômico, vai gerar desemprego”.
Nas eleições que ocorreram nos
últimos 12 anos, a candidatura Aécio Neves, que conseguiu aglutinar a grande
maioria dos segmentos políticos de oposição e a grande parcela da sociedade que
clama por mudança, foi a que conseguiu chegar mais próximo da vitória, e com
isso conseguindo rearticular a oposição, onde o fato de ter alcançado 51,5
milhões (48,5%) de eleitores o coloca no cenário político atual como o maior
líder da oposição no país. A declaração do senador Aécio, de que: “Saio dessa eleição mais vivo do que
nunca, mais sonhador do que nunca”, dá o tom de que irá liderar uma
oposição sem contemplação com a má gestão, ineficiência dos serviços públicos
e, principalmente, com os desvios de natureza moral (corrupção) e de natureza
administrativa (ineficiência), contudo, sem deixar de apontar os caminhos
olhando os interesses do futuro do país.
Fica claro que o desgaste do PT,
face a revelada rejeição nesta eleição, exigirá da presidente Dilma
amadurecimento, competência e capacidade de diálogo para enfrentar a grave
realidade de um país com estagnação econômica, inflação em alta e a corrupção
institucionalizada nesses 12 anos de governo petista, que foram, estrategicamente,
escondidos e negados sua existência, no jogo mentiroso de marketing eleitoral.
Com um congresso mais
fragmentado, onde o PT encolheu, e um PMDB em razão de mágoas dividido e a
oposição saindo desta eleição mais forte e com um certo grau de coesão, o
próximo governo Dilma precisará cicatrizar feridas profundas, resultado de uma
campanha agressiva, baseadas na desconstrução dos adversários através de
mentiras e calúnias, a presidente Dilma tem como principal desafio restaurar a
confiança do congresso, do setor produtivo e de parcela significativa dos
brasileiros. Convenhamos, não será fácil!
Fica a certeza: “O Brasil quer o melhor do governo e da
oposição”
Amaury Cardoso
Presidente Estadual da Fundação Ulysses Guimarães /RJ.
Site: www.fug-rj.org.br
E-mail: amaurycardosopmdb@yahoo.com.br