segunda-feira, 27 de outubro de 2014

“O MEDO VENCEU A MUDANÇA” ARTIGO: OUTUBRO/2014.

Diante do resultado apertado, que confirmou estarem os brasileiros divididos, a presidente Dilma obteve a concessão de 51,64% dos votos válidos para dirigir os rumos do país por mais quatro anos. Este quadro traz a confirmação de que o país esta dividido. populacionalmente e geograficamente, é demonstrada pelo fato do “vencedor” ter obtido uma vitória apertada, conquistada no “Fio do bigode”, o que exigirá da presidente reeleita muita humildade, sabedoria e capacidade de diálogo e articulação política, diante de uma oposição que sai bastante fortalecida, e com credenciais para exigir mudanças de rumo na condução do país e  as necessárias reformas.

Dilma em seu próximo mandato irá enfrentar tempos difíceis, causados pela insistência em continuar conduzindo a economia através de projetos que se revelaram frágeis e falhos, que não deram resultados, gestão ineficiente e a grave crise institucional que se desenha devido ao aparelhamento partidário que permitiu um elevado número de escândalos, sendo a corrupção na Petrobras, maior empresa brasileira, a ponta de um iceberg que começa a revelar a participação de cabeças coroadas da república do caixa 2.

Dilme venceu em 15 estados, na grande maioria do norte e nordeste, e Aécio venceu em 12 estados, concentrados no centro-oeste e sul, ficando a região sudeste do país dividida, com uma razoável vantagem para Aécio face a surpreendente vitória que obteve no maior e economicamente mais forte estado de São Paulo. Esse resultado estabeleceu uma divisão clara entre norte e sul do nosso país.

Diante de um país dividido eleitoralmente, do sentimento presente de mudança em razão de um quadro de baixo crescimento, inflação em alta, infraestrutura desmantelada e investimento em queda, o futuro governo precisará dar respostas urgentes.

Nesses 12 anos de governo do PT, o Brasil em geral tem chegado atrasado e o nosso ritmo de crescimento é um dado claro desse atraso, exemplo no fato do Brasil ter, neste período, crescido 4% ao ano em média, contra 4,8% do crescimento mundial e 7,6% do crescimento dos países emergentes. Estamos com a inflação em alta, enquanto o mundo com inflação em baixa; nosso crescimento zero, enquanto os emergentes crescem na média de 4,5% ; nossa taxa de juros na casa de 11% ao ano, bem acima do padrão mundial e dos emergentes.

Com relação ao alardeado baixo desemprego, em artigo recente o jornalista Carlos Alberto Sadenberg sustenta que se deve as mudanças que foram se consolidando e não uma proeza do atual governo, destacando: “Neste momento, o Brasil não gera empregos, a população trabalhando é estável faz algum tempo, segundo dados do IBGE. E, se continuar sem crescimento econômico, vai gerar desemprego”.

Nas eleições que ocorreram nos últimos 12 anos, a candidatura Aécio Neves, que conseguiu aglutinar a grande maioria dos segmentos políticos de oposição e a grande parcela da sociedade que clama por mudança, foi a que conseguiu chegar mais próximo da vitória, e com isso conseguindo rearticular a oposição, onde o fato de ter alcançado 51,5 milhões (48,5%) de eleitores o coloca no cenário político atual como o maior líder da oposição no país. A declaração do senador Aécio, de que: “Saio dessa eleição mais vivo do que nunca, mais sonhador do que nunca”, dá o tom de que irá liderar uma oposição sem contemplação com a má gestão, ineficiência dos serviços públicos e, principalmente, com os desvios de natureza moral (corrupção) e de natureza administrativa (ineficiência), contudo, sem deixar de apontar os caminhos olhando os interesses do futuro do país.

Fica claro que o desgaste do PT, face a revelada rejeição nesta eleição, exigirá da presidente Dilma amadurecimento, competência e capacidade de diálogo para enfrentar a grave realidade de um país com estagnação econômica, inflação em alta e a corrupção institucionalizada nesses 12 anos de governo petista, que foram, estrategicamente, escondidos e negados sua existência, no jogo mentiroso de marketing eleitoral.

Com um congresso mais fragmentado, onde o PT encolheu, e um PMDB em razão de mágoas dividido e a oposição saindo desta eleição mais forte e com um certo grau de coesão, o próximo governo Dilma precisará cicatrizar feridas profundas, resultado de uma campanha agressiva, baseadas na desconstrução dos adversários através de mentiras e calúnias, a presidente Dilma tem como principal desafio restaurar a confiança do congresso, do setor produtivo e de parcela significativa dos brasileiros. Convenhamos, não será fácil!

Fica a certeza: “O Brasil quer o melhor do governo e da oposição”




                                                                    Amaury Cardoso
                                      Presidente Estadual da Fundação Ulysses Guimarães /RJ.
                                    Blog: www.amaurycardoso.blogspot.com
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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O TEMPO PERDIDO NO AVANÇO POLÍTICO. ARTIGO: SETEMBRO/2014

Fazendo uma retrospectiva dos momentos políticos vividos pela minha geração, tendo passado por longo tempo ( 1964 à 1989) sem eleições gerais para presidente, período de cassações, perseguições política e proibições de manifestações, vivi intensamente um movimento de resistência ao regime militar, participei de campanhas fundamentais para o restabelecimento do regime democrático de pleno direito.

Recordo-me da campanha pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita, que permitiu a volta dos exilados, a campanha das Diretas Já e a campanha da Redemocratização, com a importante eleição indireta de Tancredo Neves a presidente no colégio eleitoral, que pôs fim ao ciclo de mais de 20 anos de governo militar, depois as passeatas pelo impeachment de Collor e, logo após, o movimento pela estabilização da economia, em meados dos anos 90, realizadas no governo FHC, e finalmente, assisti a eleição de Lula e o avanço do processo social da década passada. As conquistas foram lentas, mas alimentavam o sentimento de querer mais.

Com tristeza, percebo que essas lutas políticas que alimentaram os meus sonhos de juventude de mudar o Brasil, embora tenham provocado mudanças importantes, estão demorando a se concretizarem. É angustiante você perceber que seus sonhos do passado, sonhos e ideais políticos de 30 anos atrás, com o passar do tempo se tornam mais distantes.

Os processos eleitorais dos últimos anos, e o deste ano com mais evidência, tem revelado que o ciclo a que me referi acima, iniciado com o golpe militar de 64, esta terminando. Os partidos de hoje passam ao largo da maioria das pessoas, em especial para a juventude em razão do esgotamento de suas propostas, confirmando um quadro institucional partidário falido.

O que vivíamos a 30 anos atrás, a mobilização das ruas levantando a bandeira das eleições diretas, hoje se reflete numa descrença no processo político eleitoral, com a juventude inclinada para o voto branco e nulo, e muitos não interessados em se inscrever para votar, com o agravante do considerável número de abstenções.

Essa recusa é sintomática, que atinge diretamente os políticos e a instância partidária. Essa mensagem precisa ser entendida como advertência e alerta no sentido da necessidade da melhora da qualidade política e aperfeiçoamento da democracia representativa.

A sociedade não aceita mais “alianças” para sustentação da tal “governabilidade” em troca de espaços de poder, que passa a ser sustentada por uma base fisiológica e corrupta, com forte aparelhamento partidário, a exemplo do projeto de poder construído nestes 12 anos de governo do PT, responsável pelo aprofundamento da vergonhosa degeneração de nossas práticas políticas.

Essa perda de confiança e indignação com as práticas de governabilidade que se sustentam no aprofundamento da sucessão de escândalos praticados no governo petista, gerou uma crise institucional que atingiu frontalmente a necessária decência no trato da coisa pública, que precisa ser contida.

Não podemos nos eximir da responsabilidade de provocar a necessária mudança e, tão pouco podemos perder tempo. O novo congresso, cuja a renovação poderá influenciar nesse sentido, devido as evidências colhidas nesta eleição, onde a sociedade deixou claro não aceitar mais o atual, viciado, excludente e elitizado jogo eleitoral, razão pela qual a reforma política não tem como não entrar na pauta já em 2015. Esta eleição é uma prova incontestável de que o atual sistema eleitoral esta falido.

Não há outro caminho para a regeneração senão as urnas oficializando a mudança.



                                                              Amaury Cardoso
                                                 Presidente Estadual da Fundação Ulysses Guimarâes/RJ
                                            Blog:  www.amaurycardoso.blogspot.com
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VIVEMOS EM UMA REPÚBLICA, CONTUDO MUITAS PESSOAS ENTRAM EM CONFLITO COM OS SEUS CONCEITOS! - Artigo: novembro/2024

O conceito de República esteve associado ao longo dos anos a um Estado que retrata a preocupação com o bem comum, independente do tipo de re...