domingo, 13 de julho de 2014

QUAIS SERÃO OS REFLEXOS DO PRAGMATISMO ELEITORAL PARA A DEMOCRACIA BRASILEIRA E AS ELEIÇÕES QUE SE APROXIMAM? ARTIGO: JUNHO/2014

Inicio este artigo destacando uma afirmação do senador Cristovam Buarque: “A democracia brasileira é uma bagunça, tanto no funcionamento do aparelho do estado (Relação entre os três poderes e pequenas repúblicas cartoriais envolvidas no exercício da atividade administrativa no dia a dia) quanto no processo eleitoral propriamente dito”.

A democracia não é estática. Ela tem por mérito promover o aperfeiçoamento das instituições. Estará a democracia brasileira ameaçada em razão da demora na realização de uma reforma política e eleitoral que acompanhe as mudanças da sociedade e se ajuste as demandas do século XXI? Baseado nesta tese, podemos afirmar que estamos diante do esgotamento dos ciclos políticos. A sociedade tem dado sinais claros da sua rejeição ao modelo político e eleitoral vigente em nosso país, por entender ser este modelo elitista, excludente, viciado e atrasado face ao seu descompasso frente aos anseios da sociedade. As reações populares, ocorridas com mais intensidade a partir de junho/2013, foi o divisor de águas, onde o jogo político mudou, e suas incertezas aumentaram.

A incompreensão e relutância na promoção das reformas política e eleitoral esta comprometendo seriamente a democracia representativa, que se vê revelada na sociedade, diante da atmosfera de impaciência, raiva, incompreensão e cansaço presentes na grande maioria dos brasileiros.

Dentro do conjunto de fatores que distanciam a população do processo político eleitoral, vejo como principal motivo a percepção do eleitor com a falta de compromisso, preparo, credibilidade, propostas convincentes e coerência em suas ações e atitudes, visíveis na grande maioria dos políticos e postulantes a cargos de representação no executivo e legislativo. É fato que essa reação vem provocando o esgotamento do atual modelo de representação na democracia brasileira.

Percebo que a sociedade espera e exige algo maior dos candidatos aos cargos de representação política no processo eleitoral que se aproxima. A indignação, descrédito e desconfiança do cidadão com os políticos de um modo geral e com as instituições partidárias, que não mais as representam, crescem a cada dia. A corrupção esta diretamente associada a classe política, e o fisiologismo e pragmatismo tem sido o vilão das instituições partidárias. É assim que enxergam!

A sociedade anseia por compromissos factíveis, com propostas claras de como avançar na questão dos direitos sociais, na qualidade dos serviços públicos, na qualidade da infraestrutura, na qualidade da mobilidade urbana, na promoção da sua inclusão social e consequente melhoria da sua qualidade de vida.

Esse é o debate que cada cidadão espera, por entender ser o caminho da superação das persistentes desigualdades estruturais da sociedade. Contudo, lamentavelmente, são muito poucos os políticos e candidatos com competência,  sensibilidade e, acima de tudo, compromisso com os anseios apontados acima, principalmente pela diversidade de alianças políticas que tem causado no eleitor uma desconfiança a mais, face as incoerências de posições políticas entre as coligações partidárias que se firmam, facilitadas e ditadas pelo atual modelo eleitoral, construídas com foco na disputa de poder, razão do jogo político. Entendo que essa realidade tem contribuído para à despolitização dos eleitores. Neste quadro, a democracia representativa perde. E quem ganha com isso?

Esta muito claro que o fato da grande maioria dos partidos terem se transformado em “Ocas siglas” sem ideologia e vazias de compromissos com a realidade traduzidas nos anseios populares e defasadas da realidade democrática de hoje, tem sido o ponto central que  tem levado a instituição partidária ao descrédito junto a população, por não se sentirem por ela representadas devido ao distanciamento e não modernização de seus programas, ideias e bandeiras.  

O mal a democracia representativa já esta posto, e seus efeitos já são sentidos e o que virá é imprevisível, e só a coragem de se realizar as necessárias reformas política e eleitoral poderá restabelecer a confiança e participação da sociedade no novo processo político em nosso país.

Com a palavra as grandes lideranças políticas e partidárias.



                                                            Amaury Cardoso
           Presidente Estadual da Fundação Ulysses Guimarães do Rio de janeiro-FUG/RJ.

                             Site: www.fug-rj.org.br
                             Blog: www.amaurycardoso.blogspot.com.br
                             e-mail: amaurycardosopmdb@yahoo.com.br

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