Inicio esse artigo, dirigido em
especial aos meus companheiros de partido, com a citação da afirmativa: “Política é que nem nuvem, muda a todo
momento ao sabor do vento”, frase do falecido político mineiro Magalhães
Pinto, que nos remete ao fato de que devemos ter muito cuidado ao assumir
posições no campo de alianças políticas. O processo histórico brasileiro esta
cheio de exemplos de alianças realizadas e desfeitas por conveniências de
momento.
Contudo, ocorre que o momento
político é outro, onde as instituições partidárias são tantas e tão
desacreditadas no seio da sociedade que não há espaços para erros que levem a
derrubar um patrimônio político histórico como no caso do antigo MDB, cujo a
direção do PMDB tem por obrigação preservar e dar continuidade. Para isso
precisa se renovar e reavaliar seus conceitos, programa e estratégia, colocando
sempre em primeiro plano os interesses do país e as necessidades do povo
brasileiro.
Ao não agir dessa forma estaremos
renegando nossas origens e todo o nosso patrimônio político e correndo o risco
de condenar a sigla a falência política,
que se traduz na falta de representatividade e credibilidade junto a sociedade,
que já enxerga as instituições
partidárias com alto grau de desprezo e, consequente, indiferença. Até quando
vamos continuar alimentando a pecha de partido fisiológico e aceitar o
tratamento, indevido e indelicado, como a opinião externada pelo presidente
nacional do partido dos trabalhadores Rui Falcão ao afirmar: “ O PMDB faz
chantagem para obter mais cargos...”, traduzindo o pensamento do PT a nosso
respeito, e, o que pior, passando essa imagem para a sociedade.
O PT avança sobre o PMDB na
disputa pelos governos estaduais e a conquista de mais cadeiras no congresso
nacional visando garantir o comando das duas casas, Câmara e Senado. Esse
projeto de poder hegemônico nunca esteve tão evidente, manter o poder central e
se fortalecer nos governos estaduais e no congresso nacional ampliando sua
participação na estrutura do poder, tendo o PMDB como trampolim a impulcionar o
partido dos trabalhadores no seu objetivo,
que, nesta condição, arrisca sua posição estratégica de aliado
preferêncial do governo em exercício, perdendo a condição de garantidor da governabilidade.
Esses conflitos atuam como uma força centrífuga que ameaçam a aliança PMDB e
PT.
O PMDB possui uma grande máquina
partidária estruturada em todo o país. Depois da candidatura a presidência, em
1989, do Dr. Ulysses, que surgiu como forma de fortalecer ainda mais a sigla,
mas, que foi abandonado pelos interesses regionais, o partido optou por não
disputar eleições presidenciais, aprofundando a estratégia de fortalecimento
regional, através de governos estaduais e municipais, e de forte participação
no legislativo, elegendo grandes bancadas. Ocorre que esse fortalecimento vem
perdendo força, devido a erros de estratégia, sendo ameaçado por outras siglas,
principalmente o PT.
O PMDB no Estado do Rio de
Janeiro vem se mantendo, à nível nacional, como o baluarte da força política do
partido e não pode permitir a quebra dessa hegemonia política, - o que seria um
risco para o partido não só no Estado, mas a nível nacional - que vem sendo
orquestrada pelo “aliado” PT, com o apoio de outras forças políticas recentidas
com o nosso partido no estado, que, em razão disso, abre-se feridas políticas
difíceis de se curar, e as dificuldades trazidas precisam, urgentemente, serem
solucionadas.
Somo ao entendimento de meus
correligionários quanto a necessidade de se realizar uma discussão mais
profunda sobre o processo eleitoral nacional e as bases para o real
desenvolvimento do país, e o canal seria a realização de uma pré convenção,
para tratar, principalmente, da situação política delicada para o partido resultante
dessa aliança com o PT, que atinge interesses regionais nos estados de:
SP/RJ/RG/SC/BA/CE/MA/PE/PI/GO/AC/AM E PA. Esses estados totalizam 489 votos,
dos 742 delegados a convenção nacional, ou seja, 65,9%.
Vivemos um momento crucial para o
PMDB e as vaidades e interesses não podem se sobrepor ao interesse maior do
partido que é o fortalecimento de sua legenda. Hoje essa “aliança” traz mais
prejuízos do que benefícios, esses só para uma minoria, mesmo assim se o
partido ampliar a sua força, o que, no atual quadro, parece difícil. Sendo
assim, fica a conclusão depois de quase oito anos de convivência forçada: Vamos
aceitar a condição do “venha a nós e ao vosso reino nada”?
Amaury Cardoso
Presidente
Estadual da FUG/RJ
Site: www.fug-rj.org.br
E-mail: amaurycardosopmdb@yahoo.com.br