terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

O QUE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO NA HORA DE SE PENSAR NA CONSTRUÇÃO DA PRÓPRIA IMAGEM. - Artigo: fevereiro/2024


Aprendi nos meus estudos de MBA em Marketing Político e Eleitoral, Gestão e Estratégia, que o Marketing Político, Eleitoral e Pessoal é extremamente importante para o sucesso de um político na sociedade contemporânea e que depende da correta aplicação do marketing para dar a perfeita visibilidade pública, com repercussão positiva de sua imagem no cenário em que está inserido. A imagem de um político deve ser comparada a um rótulo de um produto na prateleira de um supermercado. Trata-se da identidade que o político quer passar para a sociedade e seus atuais e futuros eleitores, seja tradição ou quebra dela, confiabilidade, competência administrativa ou outros atributos que possam atrair determinado público ou segmento.

Durante longo período as imagens foram construídas com relativa facilidade, utilizando códigos ou fórmulas calcadas, sobretudo, na dramatização da vida do candidato, principalmente no horário eleitoral gratuito. Apresentava-se histórias recheadas de valores sociais moralizantes e aspectos intimistas do candidato em questão - os candidatos pareciam tão humanos como "gente de família".

Hoje, contudo, esse denário/personagem/roteiro construído corre sérios riscos de ser desvendado em um tweet (tuíte), uma foto (ou stories) no Instagram ou uma marcação em postagem no Facebook . Qualquer informação se torna pública em tempo real - e a todo tempo. Logo, construir uma imagem torna-se palavra perigosa.

O eleitor, do outro lado da tela - e são várias, TV, celular, computador -, tem a possibilidade de interagir, se posicionar e até ajudar a construir uma imagem positiva de um candidato - na mesma medida em que está com a faca e o queijo na mão para destruir qualquer história bem ou mal contada. O novo modelo de programação da informação - com o advindo da Internet - mudou radicalmente a forma de "construção" de uma imagem. Uma aliada contraditória surge com a sociedade em rede: as mídias sociais. Ou ferramentas de redes sociais. Isso, porque imagens podem ser construídas, mas a impossibilidade de serem mantidas talvez não valha o risco.

A meu ver, dois pontos devem ser considerados e lembrados. Os segmentos, grupos sociais sempre existiram. As redes sociais são formações desde os primórdios da comunicação de massa. O que não havia é a facilidade de encontra-se os afins, obter informações acerca desses e a ausência das barreiras geográficas. Estas são exclusividades das ferramentas oriundas da Internet. Logo, lidamos com o que já conhecemos, redes sociais, mas com o acréscimo de ferramentas que mudam a rotina das antigas interações - aplicativos de mensagens instantâneas, chat, Facebook, Instagram, Twitter, as chamadas mídias sociais.

Diante do já exposto, estou demonstrando que na sociedade em rede em que vivemos, o trabalho realizado em torno da construção da imagem deve ser pautado pela valorização das características positivas e distanciamento das menos aceitas ou negativas. Impor a imagem do candidato e saber responder, reagir (ou não) a crítica com sabedoria e estratégia. Contudo, não construir algo que não possua bases sólidas. O trabalho de marketing não deve criar um personagem, mas sim, lapide o que já possui.

Por fim, aprendi nos meus estudos, que se completa a minha experiência de longos anos atuando no campo político, que toda e qualquer imagem precisa ser meticulosamente planejada e disseminada com antecedência, se possível. Trata-se de uma construção de um processo, e isso se estende ao discurso, às palavras utilizadas, a tonalidade destas, mas também à gesticulação, à expressão facial, à roupa utilizada, à luz e a outros mecanismos que, muitas vezes, ganham ou perdem uma eleição. É fato que as pessoas escolhem um candidato pela impressão que suas atitudes passam!


Amaury Cardoso

Graduação em Física/ Pós em Gestão Pública/ Pós em Estratégia Política/ Especialização em Ciências Políticas/ Cursando MBA em Marketing Político e Eleitoral, Gestão e Estratégia.

blog de artigos: www.amaurycardoso.blogspot.com.br 

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

A CRESCENTE ESPETACULARIZAÇÃO DA POLÍTICA - Artigo: janeiro/2024


A sociedade contemporânea atravessa um século marcado por incertezas, instabilidades e vislumbra um futuro de profundas e ameaçadora transformações. Cada vez mais temos a sensação de que tudo pode acontecer, e que o improvável e o previsível não são mais tão impossíveis assim.

Com a política essa sensação é ainda mais sentida. Percebo que as pessoas estão inquietas com o andamento do processo político. Daniel Innerarity, catedrático em filosofia política e social afirma que o que torna a política tão perturbadora é a imprevisibilidade da próxima surpresa que os cidadãos estão preparando para seus políticos. Ninguém sabe ao certo como funciona essa relação entre cidadãos e políticos, que se tornou uma verdadeira “caixa-preta” da democracia. Impera para todo lado uma medida excessiva de acaso e arbitrariedade. Ao concordar com o seu ponto de vista, entendo que toda essa incerteza coloca desafios especiais para as ciências que lidam com a interpretação de assuntos políticos.

Esse momento sombrio da política nos traz o sentimento de que precisamos urgentemente de novos conceitos para entender as transformações da democracia contemporânea e não sucumbir em meio a incertezas causadas por seu imprevisível desenvolvimento. Max Weber nos ensinou que o resultado da atividade política raramente responde à intenção primitiva do ator. Quem desconhece essa máxima não sabe nada sobre como a política funciona.

O que percebemos já a algum tempo é que o embate político acontece sem que a realidade este envolvida e gira em torno de ficções úteis. Assistimos a crescente espetacularização da política, e já se sabe que uma boa história, mesmo que ilusória diverte mais que os fatos. As redes sociais permitiu uma grande amplitude ao aspecto irreal da política ao facilitar a disseminação de todo o tipo de opinião e sua vastidão de afirmações sem nenhum tipo de critério. É fato que as redes sociais democratizam na mesma medida em que desorientam.

T.S. Eliot afirmou que os seres humanos não podem suportar muita realidade, porém não podemos deixar de admitir que estamos em pior situação quando rodeados de muita incerteza. Se é verdade que nossa época é caracterizada por incertezas e medos, não é estranho que o lugar das construções ideológicas esteja parcialmente ocupado por pequenas narrativas de conspirações que se multiplicam para explicar o que de outra forma não compreenderíamos. Quando os fatos são frágeis as fabulações se tornam irresistíveis.

Na política, mas não somente nela, a partir do momento em que tudo é visto, as sociedades adquirem um poder de que pouco dispunham a tempos atrás. Os eleitores estão cada vez menos previsíveis, mais indignados e voláteis. Tudo isso se deve ao fato de que aumentaram as possibilidades de observar as pessoas sobre questões que antes eram protegidos da visão pública, mantidas na esfera privada. Hoje qualquer pessoa pode ver quase tudo e divulgar a descoberta. Anthony Giddens afirma que os antigos mecanismos de poder não funcionam em uma sociedade na qual os cidadãos vivem no mesmo ambiente de informação daqueles que os governam. Isso não significa afirmar que o sigilo e a dominação serão completamente abolidos, mas que eles estão sendo reduzidos em virtude da configuração de uma humanidade observadora que tem cada vez mais instrumentos para saber o que acontece nas tramoias do poder e nos espaços de intimidade.

O mundo se tornou um lugar publicamente vigiado. As dinâmicas de contestação significaram a entrada das sociedades no debate político. Essa vigilância já contradiz o mero jogo do poder ou o benefício da ignorância que tem sido muito útil para os poderosos que se prolongam no poder. A política a muito tempo tira proveito do benefício da ignorância das grandes massas de excluídos do conhecimento. Essa condição vem se perdendo na proporção que novos atores estão monitorando e denunciando, e dessa forma desestabilizam cada vez mais a capacidade de o poder se impor de forma coercitiva.

Segundo Daniel Innerarity, uma sociedade na qual todos veem, todos comparam, de tecnologias abertas e fáceis de usar, no mundo das redes, as fronteiras perdem sua capacidade de delimitação e reserva. Essa configuração aberta contém, ao mesmo tempo, possibilidades de avanço e retrocesso democrático que precisamos aprender a gerenciar. O espaço aberto da internet, graças ao qual monitoramos e processamos quem governa, é o mesmo no qual são realizados linchamentos digitais, notícias falsas e ataques cibernéticos. A vulnerabilidade dos espaços digitais, que era uma boa notícia para os cidadãos observadores, torna-se agora uma má notícia para o exercício da vontade popular.

Esse tema poderia ser mais explorado, mas perderia o interesse ao se tornar longo.


Amaury Cardoso

Físico/Gestor Público/Especialização em Ciências Políticas/Cursando MBA em Marketing Político e Eleitoral, Gestão e Estratégia.

Blog de artigos:  www.amaurycardoso.blogspot.com.br

VIVEMOS EM UMA REPÚBLICA, CONTUDO MUITAS PESSOAS ENTRAM EM CONFLITO COM OS SEUS CONCEITOS! - Artigo: novembro/2024

O conceito de República esteve associado ao longo dos anos a um Estado que retrata a preocupação com o bem comum, independente do tipo de re...